sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Lunário: Outubro de 2023


Cálculos para a Hora de Lisboa e com software Planet Dance.


Pode descarregar aqui o ficheiro em pdf com todas os Lunários de 2023.

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Conheça também no nosso blogue a tabela mensal da Lua Fora de Curso

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Novidades 2023: 2 Livros, 3 Gerações


Em 2023, os Livros - Rodolfo Miguel de Figueiredo editaram duas obras que fazem uma ponte entre três gerações. No mês de Abril, aquando do centenário do nascimento da minha avó, Margarida Figueiredo, foi publicado a sua Obra Reunida. Este livro é uma edição crítica, uma opera omnia, editada e organizada por mim, que reúne os poemas que publicou em vida, bem como muitos inéditos.

Já o livro A Menina do Futuro que Vivia numa Biblioteca é o meu primeiro livro infantojuvenil, uma obra feita com e para minha filha, que é a sua ilustradora e que foi uma colaboradora atenta e participativa de todo o processo editorial. É uma história muito bonita e que naturalmente teve a minha filha como inspiração.

Estes dois livros são assim uma união geracional, dando-se a palavra que quer caminho à justiça do tempo.

Saiba mais acerca destes e de outros livros em https://rodolfomfigueiredo.wixsite.com/livros

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Reflexões Astrológicas 2023: Lua Nova em Virgem

  Reflexões Astrológicas


Lunações


Lua Nova em Virgem

Lisboa, 02h39min, 15/09/2023

 

Sol-Lua

Decanato: Mercúrio

Termos: Marte

Monomoiria: Mercúrio      

 

  A Lua Nova de Setembro ocorre no signo de Virgem, estando Caranguejo a marcar a hora para o tema de Lisboa e, deste modo, na III, no lugar da Deusa, no decanato de Mercúrio, nos termos de Marte e na monomoiria de Mercúrio. A sizígia dá-se pois abaixo do horizonte e a cerca de quatro horas e meia do pôr-do-sol. Os luminares, estando a Lua no seu próprio segmento, embora submersa, encontram-se num caminho de ascensão, rumo ao lugar de origem. Esse efeito matriz é expresso pelo facto da distribuição tópica de lugares ou casas ser a mesma do Thema Mundi, ou seja, com Caranguejo a marcar a hora. A disposição torna-se particularmente significativa se tivermos em consideração que a luz da sizígia emana de um lugar que lhe natural.

  Segundo o Thema Mundi, o Eterno Feminino expressa, no eixo de Virgem-Peixes, o seu valor de númen primordial de transformação, mas de também de revolução. Este eixo, porque na ordem Vernal indica o meio e o fim e na ordem do Thema Mundi o lugar da Deusa e do Deus, vai apresentar o sentido profundo da parte e do todo. Esse é um mistério iniciático que permite a revelação ou a interiorização dos desígnios da Necessidade, da Fortuna. A compreensão da parte, ou seja, do lote ou do quinhão do destino, do pequeno fio que cinge o caminho na urdidura da Grande Tecedeira, é algo que podemos encontrar no signo de Virgem.

  Toda a parte passa, em Virgem, por um processo de distinção que só será estabilizado em Peixes, com a integração no todo. Ora é neste lugar que Mercúrio encontra o seu domicílio e exaltação, pedindo portanto esse esforço de análise ou compreensão. Da lição de Hermes Trismegisto, isto é, do lugar da Deusa, o de Virgem, podemos elevar-nos até ao lugar do Deus, onde os benéficos, Júpiter e Vénus, expressam a sua luz. Em Peixes, a visão do todo vai permitir o regresso da Deusa Mãe e a harmonia dos opostos. Esta é a sibila do tempo, cantando a madrugada futura. A luz de uma sizígia em Virgem, no lugar da Deusa, escreve esse potencial, guardando a candeia que se erguerá. No entanto, o esforço de compreensão da parte não é fácil. Cada lote emanado pelas Meras representa um desafio. Ele surge pois como um enigma, uma suspensão da realidade, do todo, de modo a tornar possível a sua distinção face aos demais.    

  Plutarco, no livro A Fortuna ou a Virtude de Alexandre Magno, fala-nos desta dificuldade, quando diz que Devemos dizer, então, que a Fortuna faz os homens pequenos, medrosos e mesquinhos? Mas não é justo ligar o vício à má sorte, nem a coragem e a sabedoria à boa sorte. Muito, ao invés, teve a Fortuna a ganhar no reinado de Alexandre, porque então ela foi prestigiosa, invencível, magnânima, moderada e humana; pois, mal que ele morreu, logo Leóstenes disse que as suas forças, nas suas errâncias até à exaustão, se assemelhavam ao Ciclope que, depois de ter ficado cego, estendia suas mãos para tudo sem nenhuma meta: do mesmo modo o grande império agitava-se no vazio e desabava por causa da anarquia.” (336E-F, ed. R. Marques Liparotti, 90. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2017). A distinção do sentido de cada lote conduz-nos necessariamente a este esforço de compreensão, daí que, por exemplo, os lotes astrológicos tenham uma importância vital em todo o sistema helenístico. São a mimésis deste sentido primordial

  O filósofo platónico continua essa ideia, afirmando que Assim como os artistas inábeis, colocando grandes bases sob pequenas estátuas votivas, lhes expõem a insignificância, também a Fortuna, de cada vez que eleva um ânimo medíocre por actos de peso e notoriedade, o que faz é desnudá-lo e desonrá-lo mais explicitamente, por causa dos erros e da vacilação gerados pela sua leviandade. A grandeza consiste, portanto, não na posse, mas no uso dos bens, já que até as crianças herdam reinos e poderes paternos, como Carilau, que Licurgo levou de fraldas a um convívio público e proclamou, em sua vez, rei de Esparta.” (337 C-D, ed. R. Marques Liparotti, 92). Se, de acordo com os dons de Hermes, se compreender, separando e distinguindo, os fios que o destino teceu, então a Vénus Celestial, exaltada em Peixes, poderá surgir como revelação. Essa é, de certa forma, a mensagem do Livro XI de O Burro de Ouro de Apuleio, quando a deusa Ísis surge como a salvadora de Lúcio, metamorfoseado em burro e sujeito às vicissitudes da Fortuna. Compreendida a parte, o todo ilumina-se.

  A sizígia de Setembro insere-se, primeiramente, num caminho ascendente de luz que se estende do próprio encontro dos luminares até Mercúrio retrógrado, o único planeta nesta condição abaixo do horizonte. Este caminho indica, porém, uma certa dificuldade de passar a mensagem de Virgem, de compreender, distinguindo, cada lote do destino. Paralelamente, este caminho insere-se numa via mais extensa que vai de Marte em Balança, junto ao Ponto Subterrâneo até à Vénus em Leão. Nesta senda, a harmonia dos opostos vê reforçada o seu imperativo escatológico de via salvífica de união entre o Deus e a Deusa, entre o Sol e a Lua. A retrogradação de Mercúrio apresenta, deste modo, uma certa resistência em interiorizar-se a mensagem do Eterno Feminino. Esta não é, todavia, uma novidade. Nas últimas décadas, quando se assistiu a uma expressão dinâmica da mensagem de um Divino Feminino, independentemente da sua forma, existiu sempre um qualquer tipo de resistência, ora mais académico, ora menos. Marte, no seu exílio em Balança, evidencia essa permanência, essa acção disruptiva, que suspende ou enfraquece a força transformativa da Mãe Divina.

  Já com uma outra manifestação, agora acima do horizonte, todos os planetas estão retrógrados (Úrano, Júpiter, Neptuno, Saturno e Plutão) e, num caminho de escalada pela montanha do céu, qual Monte Ida, ou seja, do Ascendente à Culminação, Júpiter é o astro mais alto. A mensagem do grande benéfico é aquela que já abordámos na reflexão acerca da sua actual retrogradação. No entanto, no tema do novilúnio de Virgem, Júpiter retrógrado em Touro firma-se no lugar do Bom Espírito (ἀγαθόν δαίμων), corroborando aqui o sentido profundo da compreensão de um lote ou parte do destino, pois o termo δαίμων é tanto o espírito como o destino, como ainda a divindade. A terminologia astrológica antiga é fértil e revela a especificidade do sistema helenístico, justificando-se assim a sua continuidade e o seu estudo.  

  Esta extensão espacial de planetas retrógrados acima do horizonte encerra ainda uma significação suplementar. Estes alongam-se triangularmente pelo céu, desde Úrano e Júpiter em Touro até Plutão em Capricórnio, junto ao Poente. Existe aqui uma senda da vida à morte, consolidando-se assim o bem da vida e o poder da morte, o modo de vida e a finalidade. Este trígono forma com a sizígia e Mercúrio em Virgem um Grande Triângulo de Terra, um que pede, pela força da retrogradação, uma reformulação das estruturas de valor. Dada a proximidade astro-mitológica de Virgem, e não Balança, à deusa da Justiça (cf. Figueiredo, R. M. de, 2021, Fragmentos Astrológicos, 143-6), esta renovação axiológica exige que se faça dos bens uma virtude, ou seja, em si mesmos, os bens do mundo não valem nada, servem apenas de meio para a natureza humana se expressar e para a humanidade ter uma vida melhor. A necessidade conduz-nos, seja por lição ou retribuição, a essa mudança de paradigma. 

  A relação do Grande Triângulo de Terra com o elemento Água é igualmente significativa, pois temos, por um lado, a oposição de Saturno e Neptuno em Peixes à sizígia e a Mercúrio em Virgem e, por outro, os dois sextis dos primeiros tanto a Júpiter e a Úrano em Touro como a Plutão em Capricórnio. Esta é a seta do destino que refunda a força da Necessidade na possibilidade de se criar uma liberdade de ser. Estes aspectos, conjuntamente ao sentido profundo do eixo Virgem-Peixes, vão colocar diante da percepção humana a compreensão daquilo que se julga ser a dicotomia entre determinismo e livre-arbítrio. Segundo o espírito da astrologia helenística, influenciada pelo estoicismo, pelo platonismo e pelo pitagorismo, os fios da Meras tecem os acontecimentos, mas não o nosso modo de ser e estar. Nesse sentido, a astrologia antiga, ou a sua herança para uma prática contemporâneo, não pode dizer que indica tendências ou possibilidades. O destino não muda, o que muda é a percepção de nós mesmos e do mundo. É um tema complicado, mas Saturno em Peixes vem colocar a Necessidade num sentido renovado de totalidade. No entanto, para que isso aconteça, e essa é a mensagem da oposição, é necessário a compreensão de cada lote ou quinhão do destino, ou seja, seguindo a máximo de Santo Agostinho é preciso crer para compreender e compreender para crer.

  O Dragão da Lua vem fortalecer o sentido profundo da Necessidade. Sobre o eixo Carneiro-Balança, a identidade, criando um elemento significativo de passagem entre a dualidade (Balança) e a unidade (Carneiro), terá de sair renascida, não por via da ilusão da alteridade, mas porque o peso do destino firma a consciência num ensimesmamento esclarecido. Na Cauda Draconis em Balança, a sombra do destino testará o humano e, na Caput Draconis em Carneiro, a luz da providência renovará a sua acção. Esta é uma mensagem importante sobretudo se tivermos em conta que se aproxima a segunda época de eclipses de 2023 (Eclipse Solar a 14 de Outubro e Eclipse Lunar a 28 de Outubro). O peso da sombra do destino está agora mais denso pelo facto de Marte está co-presente à Cauda Draconis em Balança. A debilidade de Marte em Balança e a gravidade da cauda do Dragão da Lua vão trazer consigo a inevitabilidade dos acontecimentos e se considerarmos, por exemplo, a quadratura destes a Plutão em Capricórnio, o sismo de Marrocos e a erupção do Kilauea encontrarão um sentido astrológico.

  Já a Vénus em Leão continua, agora no seu movimento directo, o significado que já explorámos anteriormente, dando a nobreza da alma ao desejo e às ligações. A sua união ao Dragão da Lua, por trígono à Caput e sextil à Cauda, vai fazer com que, rumo a um bem maior, o destino consuma a vaidade. Na verdade, a quadratura entre os benéficos fortalece esse imperativo: a universalidade do bem como tensão criadora. Já o sextil de Vénus em Leão a Marte em Balança recupera aquilo que já dissemos acerca do caminho ascendente de luz onde se insere o actual novilúnio. A Lua Nova de Virgem pede, em suma, esse esforço de compreensão dos desígnios da Fortuna, inserindo na razão de um todo cada parte do destino.

terça-feira, 12 de setembro de 2023

Reflexões Astrológicas 2023: Parte I - Citação 1


Lançamento de Livro

Reflexões Astrológicas 2023: Parte I


Sinopse

Nas Reflexões Astrológicas, procura-se analisar anualmente alguns eventos astrológicos. O objectivo é examinar e explorar, de ano para ano, diferentes aspectos do sistema astrológico, de modo a apresentar uma compilação interpretativa o mais ampla possível.

No ano de 2023, as Reflexões Astrológicas focam-se nos principais fenómenos astrológicos: as Luas Novas, os Eclipses, Ingressos e Retrogradações. Inclui-se também uma interpretação um pouco mais extensa dos eclipses que ocorrem em 2022.

Uma vez que os textos aqui reunidos foram publicados nos blogues do autor e nas redes sociais do autor, o livro electrónico é de distribuição livre e gratuita. As Reflexões Astrológicas para 2023 serão disponibilizadas em duas partes, correspondendo cada uma aos textos de um semestre. O livro impresso será comercializado a preço reduzido, de modo a tornar estas reflexões acessíveis.


Livro

Edição Comum
(Paperback)

Edição: Julho de 2023

Páginas: 120

ISBN: 9798398702453

Preço: 9,00€ (UE)



Ebook Gratuito


Saiba mais acerca deste ou de outros títulos em https://rodolfomfigueiredo.wixsite.com/livros

quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Reflexões Astrológicos: 5 Livros


Reflexões Astrológicos: 5 Livros


Conheça os títulos disponíveis deste projecto com dois anos e meio e que já conta com mais de 600 páginas. Os livros estão disponíveis por 9,00€ cada (preço amazon.es) e os ebooks são de acesso gratuito.

Saiba mais no nosso site acerca destes e de outros títulos https://rodolfomfigueiredo.wixsite.com/livros

segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Júpiter Retrógrado: De 4 de Setembro a 31 de Dezembro de 2023


Júpiter Retrógrado: De 4 de Dezembro a 31 de Dezembro.

Júpiter Retrógrado a partir das 15h11min do dia 4 de Dezembro.

Reflexões Astrológicas 2023: Retrogradação de Júpiter

  Reflexões Astrológicas


Retrogradações


Retrogradação de Júpiter

Lisboa, 15h11min, 04/09/2023

 

Júpiter

Decanato: Lua

Termos: Júpiter

Monomoiria: Mercúrio     

 


  Júpiter inicia a sua retrogradação no signo de Touro, no 16º grau (15º34΄), estando Sagitário a marcar a hora para o tema de Lisboa e, deste modo, na VI, o lugar da Má Fortuna (κάκη τύχη), no decanato da Lua, nos termos de Júpiter e na monomoiria do Mercúrio. A retrogradação começa assim de dia, abaixo do horizonte e depois do Sol passar a culminação. Em 2023, o movimento em que Júpiter nos concede a ilusão de estar a recuar estender-se-á até 31 de Dezembro, onde estará no 6º grau (5º34΄), nos termos de Vénus. Existirá pois um caminho de reintegração do potencial do bem entre os termos de Júpiter e os de Vénus, oposto ao que se assistiu na retrogradação de Vénus, quando o caminho se estendia entre os maléficos.  

  A ligação entre os benéficos torna-se particularmente expressiva se pensarmos que a retrogradação de Vénus termina quando vai começar a de Júpiter. A potencialidade do bem afirma-se durante todo este período com uma qualidade reflexiva, um meio de efectivação futura. Por outro lado, existe no fenómeno astrológico de retrogradação uma certa forma de negação da acção planetária. Ora é neste sentido que Hermann Melville, em Bartleby, o Escrivão (1853), expressou uma categoria filosófica que pode também ser entendida como um modo último de vida. A impotência, a não-potência, o acto de contrariar a acção impõe-se como possibilidade, como uma permanência na possibilidade. O dizer “Prefiro não o fazer” é o baluarte supremo da resistência, revelando que pode, mas prefere não o fazer.

  Existe aqui uma deliberação, uma escolha, que, embora impeça o acto, a realização, não deixa de ser activa. No entanto, para a astrologia, a retrogradação vai fixar-se entre a potencialidade, a impotência e a não-potência, não tanto por liberdade ou negação, mas por ser uma condição sine qua non, um meio através do qual a criação e a acção geram as suas raízes. Este processo de enraizamento contempla necessariamente a condição nefasta ou desvantajosa, descrita por Doroteu (Carmen Astrologicum, I, 6) ou por Paulo de Alexandria (Introdução, capítulo 14), sem perder, todavia, o carácter de semente. Por exemplo, Hades/Plutão é tanto o deus do submundo, dos mortos, como o deus da abundância, pois é sob a terra que a semente germina, ou não. Na retrogradação de Vénus e Júpiter, temos de considerar, desta forma, o enraizamento do bem e da justiça e, enquanto semente, o seu potencial de dádiva ou bênção. Esta terá de ser, neste caso, a matriz dos conceitos de δύναμις e de ἐνέργεια quando aplicados à astrologia.

  O sentido da retrogradação de Júpiter pode ser apreendido, à semelhança do que fizemos com Vénus, por uma análise astro-mitológica. A passagem de Júpiter pelo signo de Touro está intimamente associado ao Zeus cretense e à sua submissão à Grande Mãe, à deusa Reia. Seguindo essa interpretação, a retrogradação de Júpiter em Touro pode ligar-se, na teogonia cretense, ao momento em que os Curetes, os jovens guerreiros, dançam e brandem os seus escudos em redor de Zeus recém-nascido, para que o choro do jovem deus seja abafado e imperceptível para Cronos/Saturno, o pai reinante que devorava os próprios filhos. A acção dos Curetes é um acto iniciático, um que guarda o potencial de Zeus.

  Por outro lado, é a forma como Zeus se torna senhor do Olimpo, como adquire os seus poderes (potencialidades), que melhor descreve e define a retrogradação de Júpiter. O grande benéfico, seguindo as tradições matriarcais e matrilineares, embora algo corrompidas pela literatura já androcêntrica, herda os seus poderes de divindades femininas. Em termos astrológicos, este aspecto justifica, por exemplo, o facto de Caranguejo ser o lugar de exaltação de Júpiter. A misoginia, deliberada ou meramente ignorante, que ainda persiste em muita interpretação astrológica pode ficar um pouco arrepiada, mas a leitura astro-mitológica comprova esta raiz de sentido. As uniões de Zeus com outras divindades femininas são a forma de este adquirir os seus poderes.

  Ora é seguindo essa tradição mitológica que Hesíodo afirma o seguinte: “Zeus, rei dos deuses, tomou por primeira esposa Métis,/ a que mais sabe sobre os deuses e os homens mortais./ Mas, quando ela estava prestes a dar à luz a deusa Atena de olhos garços,/nessa altura, ele enganou o seu espírito,/com palavras ardilosas, e engoliu-a no seu ventre,/ por conselho da Terra e do Céu coberto de estrelas./ Ambos o aconselharam assim, para que o poder régio/ não pertencesse a nenhum outro dos deuses que vivem sempre, senão a Zeus./ Porque estava predestinado que dela nascessem filhos muito inteligentes:/ a primeira, a filha de olhos garços, a Tritogéneia,/ detentora de força e de uma sábia vontade igual à do pai;/ depois, seria a vez de um filho, rei dos deuses e dos homens,/ que ela daria à luz, um filho de coração soberbo./ Mas, antes, Zeus engoliu-a no seu ventre,/ para que a deusa lhe pudesse aconselhar o que é bom e o que é mau.” (886-900, trad. A. Elias Pinheiro & J. Ribeiro Ferreira. 2005: 74. Lisboa: IN-CM). Depois de Gaia e Reia, Métis é a primeira a permitir a hegemonia de Zeus/Júpiter. Na verdade, Atena nasce posteriormente com a condição de filha sem mãe, anulando o poder matrilinear. Este aspecto determina a forma como Zeus/Júpiter adquire o seu poder através de uma eliminação do poder feminino.

  A sua segunda esposa é Témis, a mãe das Horas e das Moiras. Esta concede ao deus o poder da justiça que, com o intelecto de Métis, vai estabelecer a sua omnisciência. Depois segue-se Eurínome, com quem teve as Graças e que, segundo a teogonia pelasga, foi a primeira a reinar no Olimpo, num tempo anterior ao de Cronos e de Zeus. Com Mnemósine tem as Musas, com Deméter, Perséfone, e com Latona, Apolo e Ártemis. Os poderes da memória e poderes sobre a terra, o sol e a lua são adquiridos assim através destas deusas e passados para a sua prole. A sua última esposa, aquela que ficou mais marcada na tradição e mais adulterada pela misoginia dos tempos, é Hera, com quem terá tido Hebe, Ares e Ilitia. Hera era uma grande deusa, adorada em Argos, em Samos e na Argólida e venerada em Olímpia antes do próprio Zeus, mas que a tradição descreve apenas como a esposa ciumenta e vingativa.

  A passagem do poder, das potencialidades radicais, das antigas divindades femininas para Zeus firma astrologicamente esse movimento que vai da retrogradação ao estado directo. Em 2023, retrogradação acontece não de forma isolada, mas como um acorde da música das esferas. Primeiro, inicia-se após a retrogradação de Vénus. Quando esta começou, Gémeos marcava a hora (tema de Lisboa) e agora quando Júpiter nos ilude com o seu retrocesso, é Sagitário que marca a hora. O eixo do conhecimento e da sabedoria fundam a interiorização da dádiva do bem. Paralelamente, a retrogradação de Júpiter inicia-se com cinco planetas retrógrados (Mercúrio, Saturno, Úrano, Neptuno e Plutão), acentuando-se assim a já descrita qualidade do estádio.

  No período em que Júpiter estará retrógrado, ou seja, de 4 de Setembro a 31 de Dezembro de 2023, devemos destacar os seguintes movimentos planetários: Mercúrio avançará de Virgem até Carneiro, estando retrógrado de 23 de Agosto a 15 de Setembro e de 13 de Dezembro a 2 de Janeiro de 2024, aqui já para além do período indicado; Vénus passará pelos signos de Leão a Sagitário; Marte transitará pelos signos de Balança, Escorpião e Sagitário; Saturno em Peixes ficará directo a 4 de Novembro; Neptuno também em Peixes passará a directo a 6 de Dezembro; e Plutão em Capricórnio terminará a retrogradação a 11 de Outubro, preparando agora o seu derradeiro périplo por esta constelação. Por fim, é preciso destacar o eclipse solar a 14 de Outubro e o eclipse lunar a 28 de Outubro. Estes são uma parte dos acordes celestes que nos acompanharão nos próximos tempos.

  O tema do início da retrogradação Júpiter é também um importante meio de análise do período que agora se inicia. Primeiramente é preciso considerar aqueles que estão co-presentes. Neste caso, Júpiter faz-se acompanhar pela Lua e por Úrano e, estando entre eles, firma-se um caminho de luz que se afunda sob o horizonte de Úrano à Lua. Esta é deveras importante, pois Touro é o seu lugar de exaltação. Aqui a Lua é Métis e todas as outras deusas que deram os poderes a Zeus. O caminho luminar agora descrito assinala também a ascensão de Zeus, pois começa com a castração de Úrano e subida de seu pai, Cronos/Saturno, ao trono do Olimpo e estende-se até às uniões com as deusas antigas e que permitiram a assimilação dos seus poderes.

  Por outro lado, a quadratura que se estabelece entre os benéficos é bastante significativa, senão mesmo estruturante e, por se dar em signos cardinais, vai fundar os movimentos colectivos e pessoais de integração dos conceitos ou ideias de verdade, de bem e de justiça. Por se estar a falar de Júpiter, os princípios vão adquirir um valor espacial e, por confirmação ou negação, vão espalhar-se ou afastar-se de tudo aquilo que nos rodeia. Se pensarmos que a retrogradação de Vénus terminou quando a de Júpiter começou, esta quadratura vê expandido o seu sentido profundo, aquele que, segundo Petosíris, nos diz que uma tensão quadrangular entre os benéficos não é necessariamente má. Uma tensão do bem não cria o mal. No entanto, devemos considerar sempre o seu valor reflexivo e estruturante. Vénus em Leão, no lugar de deus (IX), vem dizer-nos que a nobreza da alma pode triunfar sobre a má fortuna ou a suspensão da fortuna (Júpiter retrógrado em Touro, na VI), mas o egocentrismo e a vaidade não triunfarão.

  A posição de Júpiter em Touro, com a Lua e Úrano, insere-se num triângulo, fundado no elemento Terra, com o Sol e Mercúrio retrógrado em Virgem e com Plutão retrógrado em Capricórnio. A retrogradação tem o sentido que já abordámos. O potencial do valor da Terra, como elemento de estruturação da realidade, assume agora um sentido mais profundo, tanto pela sua expressão mais negativa, e que é observável nas várias formas de alienação que as estruturas materiais de valor produzem, como por tudo aquilo que ainda se pode produzir e que pode transformar beneficamente a humanidade. Esta posição triangular traz o destino para a integração do elemento Terra. Para a humanidade, é difícil criar estruturas colectivas, fundadas no elemento Terra, pois a partilha de riqueza, a igualdade, a solidariedade e a justiça social têm sempre uma qualquer forma de resistência. Se as considerarmos a partir dos elementos Água, Ar ou Fogo, como sentimentos, ideias ou princípios espirituais, é mais fácil, mas quando mexe com a carteira ou o estilo de vida, aí é que as coisas se complicam.

  O sextil de Júpiter, da Lua e de Úrano em Touro a Saturno e Neptuno em Peixes e destes últimos a Plutão em Capricórnio vai obrigar a fluir, esses dons ou penas da Terra, por entre os sentidos de necessidade e de solidariedade, nas águas universais. Estes aspectos vão servir de fundação da realidade, de restruturação a partir de valores antigos, de ideias que foram desenvolvidas, mas que aguardam uma expressão renovada. A oposição do Sol e Mercúrio retrógrado em Virgem a Saturno e Neptuno, ambos retrógrados, em Peixes aponta para esse caminho. Existem dois exemplos que servem esse propósito de recriação conceptual. De um lado, temos o hermetismo e o gnosticismo e, do outro, temos o estoicismo. Estes movimentos filosóficos e espirituais trazem assim para o nosso tempo uma expressão renovada e, na verdade, são todos muito próximos da astrologia, sendo até as suas maiores matrizes filosóficas.  

  A retrogradação de Júpiter que domina sempre uma parte considerável do ano astrológico é um período fértil em oportunidades, mesmo que nem sempre de forma explícita. É preciso encontrar os dons da verdade, do bem e da justiça nesse processo necessário de ensimesmamento individual e colectivo. Não devemos portanto temer o voltar a si, esse retorno ao potencial, à raiz, da nossa existência.

Vénus Directa: 4 de Setembro de 2023


Vénus Directa a partir das 02h20min.

sábado, 2 de setembro de 2023

Lançamento: A Menina do Futuro que Vivia numa Biblioteca


Lançamento de Livro


A Menina do Futuro que Vivia numa Biblioteca

de Rodolfo Miguel de Figueiredo
com Ilustrações de Maria Madalena Morais de Figueiredo



Sinopse

A Menina do Futuro que Vivia numa Biblioteca é a história de Ariam, uma menina que, num tempo não muito distante e que podia ser agora mesmo, deseja ser quem é e deseja ver respeitado o seu modo de ser e de estar. A história de Ariam é também uma história de livros, onde estes são tanto os fiéis amigos como um lugar de viver.

Ariam traz consigo uma mensagem de aceitação, de luta contra o preconceito e a opressão. Num tempo de indiferença, é uma menina que nos vem dizer que existem gestos que podem transformar o mundo. Ariam, com a sua mochila de coala, segue o caminho da sabedoria.

Este é um livro que procura despertar a importância do pensamento e do espírito crítico.  A Menina do Futuro que Vivia numa Biblioteca é uma história que pode ser lida em qualquer aula de cidadania ou de filosofia para crianças, mas sobretudo em família, podendo ser o ponto de partida de várias conversas.



Livro

Edição Comum
(Paperback)

Edição: Setembro de 2023

Páginas: 30

ISBN: 9798854710947

Preço: 13,00€ (UE)



(Clique para adquirir este livro)




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sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Lua Fora de Curso: Setembro de 2023


Lua Fora de Curso


Setembro de 2023


A Lua, como qualquer Planeta, quando está Vazio ou Fora de Curso, preserva um princípio de continuidade cíclica, embora desconectada, mas perde o sentido de direcção. Existe uma ausência de finalidade, apesar de existir movimento.

Os períodos em que a Lua está Fora de Curso devem ser tidos em consideração para melhor se decidir o tempo de agir ou pensar, de falar ou calar. Em termos empresariais, este não é, por exemplo, o momento certo para fechar um acordo ou negócio, para lançar um produto ou para marcar uma reunião. 

A Lua Fora de Curso não é, porém, o único aspecto a ter em consideração, mas é um dado fundamental para a astrologia aplicada às empresas.

 

Cálculos para a Hora de Lisboa e com software Planet Dance.



Pode descarregar aqui o ficheiro em pdf com todas as Luas Fora de Curso de 2023.

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