Mostrar mensagens com a etiqueta Thema Mundi. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Thema Mundi. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 23 de setembro de 2025

Redescobrir o Thema Mundi: A Origem dos Domicílios Planetários




Os computadores parecem, por vezes, abismos de informações. Encontrei estas imagens de uma antiga lição, de 2019, acerca do Thema Mundi. Entretanto já fiz outros gráficos. Na astrologia, como em qualquer área do saber, temos a tendência para cristalizar posições, sem investigarmos a origem e o sentido do que está por detrás dessas posições. A ideia conceptual da ordem vernal, começando com Carneiro e associando os signos às casas (lugares na terminologia antiga), está tão enraizada na astrologia contemporânea que se tende a rejeitar outra realidade, nomeadamente o verdadeiro sentido das ordens e sobretudo da estrutura domiciliar.

Ora sabemos que as exaltações planetárias tiveram origem babilónica e sabemos também que os domicílios tiveram origem egípcia. Dos textos que dispomos, e neste caso não nos podemos queixar, pois temos diversidade textual, concluímos que a estrutura de sentido a partir da qual nascem ou se expressam os domicílios é o Thema Mundi e não a disposição vernal a partir de Carneiro, inexistente nos textos antigos com referência aos domicílios. Esta, na verdade, pode até parecer estranha ou forçada para a astrologia no hemisfério sul, mas isso é outro assunto (a hegemonia de um sistema configurado para o hemisfério norte). E já nem se fala do absurdo contemporâneo que é associação absoluta da significação entre signos e casas. O astrólogo antigo sobrepunha as rodas (signos e lugares) sem confundir os sentidos.

O Thema Mundi coloca Caranguejo na I, dizendo que é o Horóscopo (o Ascendente) do Mundo, por uma razão muito simples. A I é a vida, o nascimento. Bem sei que a misoginia dos nossos tempos gostaria muito que tivéssemos nascido todos do falo de Marte, mas lamento dizer que foi da vulva da Lua que todos nascemos. É o feminino a Mãe do Mundo, e é o feminino a mãe do humano. A restante ordem do Thema Mundi tem um sentido muito explícito e que, com a significação antiga dos lugares, se adensa. Naturalmente, ninguém diz para se rejeitar outras ordens, pois a pluralidade de sentidos é sempre bem vinda e fazia parte da astrologia antiga, mas a origem das regências domiciliares encontra-se no Thema Mundi.

quarta-feira, 22 de julho de 2020

A Caverna das Ninfas, as Portas do Sol e da Lua e o Thema Mundi: Exemplo Textual



Akçay, K.N., 2019, Porphyry's On the Cave of the Nymphs in its Intellectual Context, 146-7.


The Sun’s and the Moon’s paths are essentially the same in the same direction: the Sun’s route is the ecliptic, as previously noted, while the Moon is inclined at approximately 5 degrees to the ecliptic. The Moon’s crossing of the ecliptic from South to North symbolises an ascent and its crossing of the ecliptic from North to South symbolises a descent. The Moon’s crossing points of the ecliptic, the ascending node (ὁ ἀναβιβάζων σύνδεσμος) and the descending node (ὁ καταβιβάζων σύνδεσμος), are also related to the lunar nodes depicted as the Mithraic torchbearers with raised and lowered torches in the tauroctony (De Antro 24.13-25.1). As Beck rightly observes, the Sun’s rays has a function of apogenetic power, and its characteristics such as superior, high/up, heat/fiery, male are compatible with the ascending path of the soul, whereas the Moon asthe nearest to the Earth is inferior, down/low, cold/eartly, female.

Porphyry’s primary concern about the association of the gates of the Sun and the Moon with the two celestial openings of Plato in Republic 10 is ethical, rather than suggesting simply an astrological interpretation. The ascending path towards the Sun can be compared to the escape of the liberated prisoner from the Platonic cave, representing a choice towards a philosophical life instead of slavery to the material world. The path through the Sun symbolises the bright side of the soul under the guidance of its rational part, as is the case with the diurnal houses of the seven planets; similarly, the path through the Moon can be considered to be a symbol of the dark side of the soul under the guidance of its irrational part, as is the case with the nocturnal houses of the seven planets. 




Akçay, K.N., 2019, Porphyry's On the Cave of the Nymphs in its Intellectual Context. Leiden/ Boston: Brill.

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Alguns Elementos Textuais para o Estudo do Thema Mundi: Fírmico Materno, Paulo de Alexandria e Porfírio





Porfírio, Sobre a Caverna das Ninfas na Odisseia, 22.


Kaˆ œcous… ge ™fexÁj aƒ qšseij tîn zJd…wn: ¢pÕ mn Kark…nou e„j A„gÒkerwn prîta mn Lšonta oŒkon `Hl…ou, eŒta Parqšnon `Ermoà, ZugÕn d 'Afrod…thj, Skorp…on d ”Areoj, ToxÒthn DiÒj, A„gÒkerwn KrÒnou: ¢pÕ d/ A„gÒkerw œmpalin `UdrocÒon KrÒnou, 'IcqÚaj DiÒj, ”Areoj KriÒn, Taàron 'Afrod…thj, DidÚmouj `Ermoà, kaˆ Sel»nhj loipÕn Kark…non. DÚo oân taÚtaj œqento pÚlaj Kark…non kaˆ A„gÒkerwn oƒ qeolÒgoi, Pl£twn ddÚo stÒmia œfh: toÚtwn d Kark…non mn enai di/ oá kat…asin aƒ yuca…, AƒgÒkerwn ddi/ oá ¢n…asin. 'All¦ Kark…noj mn bÒreioj kaˆ katabatikÒj, A„gÒkerwj dnÒtioj kaˆ ¢nabatikÒj.


As posições dos signos do Zodíaco têm a seguinte ordem, desde Caranguejo até Capricórnio: em primeiro Leão, o domicílio do Sol, a seguir Virgem, o de Mercúrio, Balança, o de Vénus, Escorpião, o de Marte, Sagitário, o de Júpiter, Capricórnio, o de Saturno; em sentido inverso, desde Capricórnio, Aquário a Saturno, Peixes a Júpiter, Carneiro a Marte, Touro a Vénus, Gémeos a Mercúrio e, por fim, Caranguejo à Lua. Os antigos cosmólogos estabeleceram assim estas duas portas, Caranguejo e Capricórnio, já Platão referia duas bocas. Delas, Caranguejo é por onde as almas descendem, Capricórnio por onde ascendem. Caranguejo é pois ainda setentrional e apropriado para se descender, já Capricórnio é meridional e apropriado para se ascender. 


Porfírio, Sobre a Caverna das Ninfas na Odisseia:
Seminar Classics 609 (J. M. Duffy, P. F. Sheridan, L. G. Westerink & J. A. White), 1969, Porphyry, The Cave of the Nymphs in the Odyssey. Buffalo (N.I.): Arethusa Monograph 1, Department of Classics, State University of New York at Buffalo.

Nota: As Traduções do Grego e do Latim são minha responsabilidade.