No século I da Era do Comum, Trasilo, o astrólogo e amigo do Imperador Tibério, dizia o seguinte: "Determina também as setes zonas de acordo com a
tradição de Petosíris e Nechepso, tal como a própria defende. E determina a
natureza das errantes e quais as que são apropriadas para cada um dos signos;
assim como que a Cronos e Zeus seguem o Sol, já Ares e Afrodite, a Lua,
portanto afirma que uns são do segmento do Sol, os outros do da Lua, enquanto
Hermes é comum" (Tábua ou Pínax in Catalogus
Codicorum Astrologicum Graecorum, VIII/3: 99-101).
Esta que é umas das mais antigas descrições deste modelo e que resume uma divisão simples, mas que, no entanto, era a primeira a se ter em consideração na análise de qualquer tema. Dia ou Noite? Esta é primeira de todas as questões. Se o tema for diurno, o Sol domina. Se o tema for nocturno, é a Lua que domina. Esta divisão é a base do modelo astrológico. Curiosamente, a Hairesis (αἵρεσις) que optei por traduzir por Segmento de Luz, o sect of light anglo-saxónico ou a seita como traduzem os nossos amigos brasileiros, seguindo a vertente religiosa-espiritual do termo e que foi chegar à nossa heresia, deixou de ser tida em consideração.
Esta dignidade foi utilizada como base do sistema interpretativo consistentemente até Abu Mashar, ou seja, até à grande astrologia árabe. Na era moderna, caiu em desuso e desapareceu do sistema astrológico. Foi, porém, reabilitada com a releitura dos textos astrológicos gregos e latinos. Se olharmos com atenção, ou seja, com olhos de ver, torna-se incompreensível que a distinção dia e noite não seja considerada desta forma, pois a leitura mais imediata.
A presença do Segmento de Luz no sistema astrológico torna-se assim consequente e necessária, pois não só tem raízes profundas na leitura astrológico como tem uma validade interpretativa facilmente comprovável. Para o astrólogo tradicional, mesmo que não helenístico, esta presença é natural. Resta saber se o astrólogo de uma linhagem contemporânea está disponível para essa reposição.
Síntese do Modelo Astrológico do Segmento
de Luz
O !, ) e *
pertencem ao
segmento diurno e são considerados masculinos. Pode-se considerar também )
masculino e * feminino (acerca de Saturno feminino leia-se o meu livro Fragmentos Atrológicos).
O #, & and ( pertencem ao
segmento nocturno e são considerados femininos. Pode-se considerar também & feminino e ( masculino.
Se $ nasce antes do ! (Estrela da Manhã), pertence ao
segmento diurno e é considerado masculino.
Se $ nasce depois do ! (Estrela da Tarde), pertence ao
segmento nocturno e é considerado feminino.
Um planeta do segmento diurno num tema diurno
está no seu próprio segmento por natureza.
Um planeta do segmento diurno num tema
nocturno está fora do seu próprio segmento por natureza.
Um planeta do segmento nocturno num
tema nocturno está no seu próprio segmento por natureza.
Um planeta do segmento nocturno num
tema diurno está fora do seu próprio segmento por natureza.
Força Benéfica de &.
& pertence ao segmento nocturno. Num tema nocturno, é
um benéfico forte. Num tema diurno, é um benéfico fraco.
& no seu próprio segmento é mais benéfico. & fora de segmento é menos benéfico.
Força Benéfica de ).
) pertence ao segmento diurno. Num tema diurno, é um
benéfico forte. Num tema nocturno, é um benéfico fraco.
) no seu próprio segmento é mais benéfico. ) fora de segmento é menos benéfico.
Força Maléfica de (.
( pertence ao segmento nocturno. Num tema nocturno, é
um maléfico forte, ou seja, menos destruidor. Num tema diurno, é um maléfico
fraco, ou seja, mais destruidor.
( no seu próprio segmento é menos maléfico. ( fora de segmento é mais maléfico.
Força Maléfica de *.
* pertence ao segmento diurno. Num tema diurno, é um maléfico
forte, ou seja, menos destruidor. Num tema nocturno, é um maléfico fraco, ou
seja, mais destruidor.
* no seu próprio segmento é menos maléfico. * fora de segmento é mais maléfico.
De dia ou de noite, o planeta em posição
superior, ou seja, acima do horizonte (eixo Ascendente-Descendente) torna-se
mais proeminente e mais activo. Contrariamente, os planetas abaixo do horizonte
têm uma expressão mais contida e menos activa. No entanto, os lugares que ocupem
podem exponenciar ou mitigar essa condição.