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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O Feminino é anterior ao Masculino


Vénus de Willendorf (ou Mulher de Willendorf), c. 24.000 a 22.000 a.C. 
Viena: Naturhistorisches Museum.

"A mãe é anterior ao filho. A feminilidade está situada na cúspide; só depois dela, em segunda linha, surge a formação masculina da energia. A mulher é, o homem será. Donde o princípio é a terra, a substância maternal básica. Do seu colo maternal surge então a criação visível e só nesta se mostra uma geração separada em dois; só nesta a formação masculina vem à luz do dia. Portanto, mulher e homem não aparecem ao mesmo tempo; não são da mesma ordem. A mulher é o dado, sendo o homem, saído da mulher, o que veio-a-ser."

J. J. Bachofen, Urreligion und antike Symbole (Reclam Ausg., III Vols.), p. 357-8, citado em Erich Neumann, História da Origem da Consciência, p. 52. Tradução Margit Martincic. São Paulo: Editora Cultrix, 1990.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A Grande Mãe é Virgem


"A Grande Mãe é virgem, mas num sentido diferente do que o patriarcado, mais tarde, entendeu erroneamente como símbolo de castidade. Justamente por ser fecunda e parturiente, ela é virgem, isto é, 'não relacionada' e não dependente de um homem. Em sânscrito, 'mulher independente' é sinónimo de meretriz. Assim, a mulher que não está ligada a um homem é não apenas um tipo feminino universal como também um tipo sagrado na antiguidade. (...)
Por conseguinte, a deusa da fertilidade é tanto mãe como virgem; a hetaira, que não pertence a nenhum homem, mas está pronto a dar-se a cada um. Ela está à disposição de todo aquele que, tal como ela, esteja ao serviço da fertilidade. Voltando-se para o seu ventre, ele serve a ela, a sagrada representante do grande princípio da fertilidade. Deve-se entender o 'véu de noiva', nesse sentido, como o símbolo da kedesha, a meretriz. Ela é 'desconhecida', isto é, anónima. Ser desvelada significa aqui ser desnudada, mas isto é apenas outra forma de anonimato. O factor real e operativo é sempre a deusa, o transpessoal."

Erich Neumann, História da Origem da Consciência, pp. 55-6. Tradução Margit Martincic. São Paulo: Editora Cultrix, 1990.