quinta-feira, 22 de junho de 2017

O Espírito do Sacerdote

O Sacerdote
Tarot Rider-Waite

O Sacerdote é a plenitude do humano que, através da renúncia de si, envereda no caminho de sentido único do amor e do espírito.

O Sacerdote é o humano que compreende que a palavra é vida e o intelecto, poder, pois a ordem precisa de sentido e a sabedoria de valor.

O Sacerdote é a humanidade que respira, que recebe o dom do Espírito, consciente da dualidade do mundo, do binómio que oculta a unidade.

O Sacerdote é a vontade que conhece o limite, que se encontra no limiar do humano e se abeira da totalidade e do divino.

O Sacerdote é aquele que procura conciliar a verdade que é com a verdade em que se acredita, tornando-se assim na cura da ferida da dualidade.

O Sacerdote é o símbolo de religião que une a Trindade, o Pai, a Mãe e o Filho, ao feminino criador, à Natureza que tudo gera.

O Sacerdote é aquele opera a magia do amor, o princípio universal, e aquele que indica a força da hierarquia vertical, do caminho que sobe e eleva.

sexta-feira, 16 de junho de 2017

O Poder do Imperador

O Imperador
Tarot Rider-Waite

O Imperador é o princípio do poder, o senhor do trono outorgado pelo feminino, entregue pela Imperatriz.

O Imperador é aquele que funda a ordem no humano, na natureza, tornando-se a origem da humanidade e do seu governo.

O Imperador é o Filho da Vontade e da Sabedoria, o Amor como acto e a Razão como valor e sentido.

O Imperador é aquele que segue, não a sua vontade, mas a autoridade da Lei, o dever de se entregar ao trono, à ordem da natureza.

O Imperador é a ausência de superficialidade, de vã vaidade, é o poder sem força e o governo desapegado.

O Imperador é aquele que encontra a liberdade num propósito, numa missão que não é sua, e entrega os seus desejos à cruz da realidade.

O Imperador é a solidão de governar a própria existência, sem corte, nem vassalos, resumindo, na acção e na vontade, a consciência de si mesmo. 

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Do Baú X: Da Universalidade da Pose

Da Universalidade da Pose
2014/X/14

Goya y Lucientes, Francisco de,
  Les Vieilles or Time and the Old Women, 1810-12.
Lille: Musée des Beaux-Arts

"Em todas as profissões cada um afecta uma pose conveniente ao que quer parecer. Desta feita, pode dizer-se que o mundo é feito de poses."

La Rochefoucauld, François de, "Máxima 257", Máximas e Reflexões Morais. Tradução Raul Mesquita. Lisboa: Edições Sílabo, 2008.


Mais do que a consciência de quem verdadeiramente somos as máscaras que colocamos e que redefinem a nossa identidade e a nossa expressão no mundo. Construímos uma pose, uma aparência, que se adequa a cada situação e à necessidade do momento. Somos construtores de aparências, criadores de imagens, daí que exista tanta dificuldade em descobrir quem somos. As máscaras fixam-se no rosto e a sombra sobe por nós, escalando a personalidade e trocando o único pelo comum. A consciência de si desvanece e nós tornámos-nos numa ilusão, numa miragem do que outrora foi - ou podia ser - uma identidade. O que somos é então um reflexo no espelho e essa imagem varia conforme o tipo de espelho, consoante a circunstância. Seja no trabalho, num relacionamento, com a família, com os amigos ou com desconhecidos a nossa pose muda, adopta-se ao que mais lhe convém. A cada dia que passa, o tempo estilhaça a identidade, a consciência de si e pode chegar o momento em que ninguém sabe quem é.