Mostrar mensagens com a etiqueta Jung. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Jung. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

A Relação Saturno/Lua a partir da Leitura de Liz Greene do Liber Novus de Jung: Exemplo Textual

Jung, The Red Book: Liber Novus, Elijah and Salome.


Greene, L., 2018, The Astrological World of Jung's Liber Novus: Daimons, Gods and the Planetary Journey,75.


Like Elijah, the Scholar lives in isolation with his daughter, far from the world with its extraverted, banal life. Unlike Elijah, he is neither a prophet nor a magus; he is a grief-stricken recluse, echoing Ficino’s association of Saturn with grief as well as solitude. In the ‘small, old castle’, the hall is lined with ‘black chests and wardrobes’ – a colour Jung associated directly with Saturn – while the Old Scholar’s study reveals ‘bookshelves on all four walls and a large writing desk, at which an old man sits wearing a long black robe’. The sheets in the tiny chamber in which Jung is offered a bed are ‘uncommonly rough’, and the pillow is hard. Associations of the colour black with Saturn abound in antiquity as well as throughout the medieval and early modern periods, and today the association still lingers in the present-day attribution of black gemstones such as jet, obsidian, and black onyx to this planetary god.

The air in the room is heavy, and the Old Scholar seems ‘careworn’. He has given himself tirelessly ‘to the material of science and research, anxiously and equably appraising, as if he personally had to represent the working out of scientific truth’. In this description Jung seems to be recreating the portrayal of Saturn given by a long list of astrological authors over many centuries, but in an extreme and highly personalised form. Jung at first believes the Old Scholar leads ‘an ideal though solitary existence’. Although no image of him appears in Liber Novus – only his stone castle – his description mirrors Waite’s image of The Hermit in the Major Arcana of the Tarot, standing alone in a barren, mountainous landscape with a lantern and a staff. 

But the Scholar, although he belongs to the same chain of senex images as Elijah, is a sad and self-destructive figure. His personality is lopsided, and he seems to personify what Jung experienced as his own rigidity of intellect – the same rigidity that ‘poisoned’ the giant Izdubar. The Scholar is ‘petrified in his books, protecting a costly treasure and enviously hiding it from all the world’. The old man keeps his daughter imprisoned, fearful of allowing her to confront the dangers of worldly life. (...)




Greene, L., 2018, The Astrological World of Jung's Liber Novus: Daimons, Gods and the Planetary Journey. Londres/ Nova Iorque: Routledge.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Jung e a Astrologia: Exemplos Textuais



Carl Gustav Jung, CW 15, “Richard Wilhelm: In Memoriam” (1930), par. 81:

[81] Its value is obvious enough to the psychologist, since astrology represents the sum of all the psychological knowledge of antiquity.


Carl Gust Jung, Letters I, “To L. Oswald, 8 December 1928”:

You are quite right in supposing that I reckon astrology among those movements which, like theosophy, etc., seek to assuage an irrational thirst for knowledge but actually lead it into a sidetrack. Astrology is knocking at the gates of our universities: a Tübingen professor has switched over to astrology and a course on astrology was given at Cardiff University last year. Astrology is not mere superstition but contains some psychological facts (like theosophy) which are of considerable importance. Astrology has actually nothing to do with the stars but is the 5000-year-old psychology of antiquity and the Middle Ages. Unfortunately I cannot explain or prove this to you in a letter.


Carl Gustav Jung, Letters I, “To Sigmund Freud, 12 June 1911”:

My evenings are taken up very largely with astrology. I make horoscopic calculations in order to find a clue to the core of psychological truth. Some remarkable things have turned up which will certainly appear incredible to you. In the case of one lady, the calculation of the positions of the stars at her nativity produced a quite definite character picture, with several biographical details which did not belong to her but to her mother – and the characteristics fi tted the mother to a T. The lady suffers from an extraordinary mother complex. I dare say that we shall one day discover in astrology a good deal of knowledge that has been intuitively projected into the heavens. For instance, it appears that the signs of the zodiac are character pictures, in other words libido symbols which depict the typical qualities of the libido at a given moment.



Fonte:

Jung, C. G., 2018, Jung on Astrology,
Selected and Introduced by S. Rossi and K. Le Grice, 23-25.
Londres/ Nova Iorque: Routledge.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

A Antropofagia do Ego

Franciso de Goya, Saturno Devorando o seu Filho, c.1819-1823. Madrid: Museu do Prado.


O Ego quando não opera uma Consciência de Si não é mais de que um devorador do Outro. Quando o Eu avança e conquista o seu espaço assumindo a sua vaidade, transforma-se num canibal face àqueles que o rodeiam. Com o seu desejo fugaz de afirmação, alimenta-se do próximo e reduz a sua existência a uma inferioridade, constrangida pela opulência desse Ego.  

O Ego Canibal constrói-se com a projecção desmedida de frases como "eu sou", "eu faço", "eu penso ou sinto". Esses frases, para o Ego Canibal, nunca são concretas, ou seja, não revelam uma determinada situação específica, mas sim um carácter superlativo. A afirmação do Ego Canibal é sempre feita em relação ao Outro. O Eu, neste estado ilusório, considera-se superior ao próximo, ergue-se no seu pedestal e opina sobre os demais do alto do seu baluarte.   

Não se deve confundir a afirmação "eu sou", produto do egocentrismo, com a de "Eu sou", esta revela uma interiorização de uma realidade ontológica, ou seja, o ser conhece-se a si mesmo e comunga com a totalidade do Ser.

Um outro aspecto que também se deve ter em consideração é que Ego Canibal tem uma expressão mais acentuada na dicotomia de género. O ego do homem devora com maior facilidade a natureza feminina, seja por dificuldade em se relacionar com a sua Anima, seja por uma necessidade de impor a sua superioridade e para isso recorre a todos os preconceitos possíveis, tentando por tudo diminuir a expressão da mulher. É como se uma Vagina Dentata ameaçasse a sua masculinidade, 

O Ego Canibal não é mais do que uma projecção da Sombra, tal como ela foi compreendida por Jung. A Sombra apresenta ao Ego ou à Personalidade um desafio moral; ou se afunda no egoísmo e na vaidade, ou transcende na sublimação dessa força obscura. A Sombra não se vai extinguir, mas vai permitir uma aceitação e um diálogo terapêutico com essa realidade dual, 

A rejeição do Ego Canibal permite que o processo de individuação se inicie. A individuação pressupõe uma assimilação do arquétipo ideal de totalidade. Logo, o Ego Canibal que anula o próximo é incompatível com esta ideia de totalidade, porque esse Ego desfigurado vê no Outro um inimigo, uma afronta para a sua afirmação, daí que seja pela ideia de totalidade que o Ego veja-se a si mesmo no Outro. Esse processo constitui uma transfiguração radical de toda a estrutura de relação entre o Eu e o Outro. 

O Ego que outrora dizia que era pelo bem, pela beleza ou pela justiça, mas que não incluía nessas ideias primeiras a realidade do Outro, pode agora ver no Bem a Compaixão, na Beleza o Sublime e na Justiça o Perdão. Esses segundos elementos eram impossíveis de exprimir para o Ego Canibal, porém, para o Ego, imbuído dessa ideia de Totalidade, esses elementos são uma expressão natural.