sábado, 31 de dezembro de 2022
sexta-feira, 30 de dezembro de 2022
Livros - Rodolfo Miguel de Figueiredo: 2020-2022
O Ano de 2022 em revista.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2022
Mercúrio Retrógrado: De 29 de Dezembro de 2022 a 18 Janeiro de 2023
quinta-feira, 22 de dezembro de 2022
Reflexões Astrológicas 2022: Lua Nova em Capricórnio
Reflexões Astrológicas
Lua Nova em Capricórnio
Lisboa, 10h17min, 23/12/2022
Sol-Lua
Decanato: Júpiter
Termos: Mercúrio
Monomoiria: Júpiter
A
Lua Nova de Dezembro ocorre no signo de Capricórnio, com Aquário a marcar a
hora para o tema de Lisboa e, deste modo, na XII, no Lugar do Mau Espírito (κακός δαίμων), no decanato de Júpiter, nos termos de Mercúrio e na monomoiria de Júpiter. A sizígia dá-se
assim acima do horizonte e cerca de duas horas e vinte minutos após o nascer-do-sol.
O Sol encontra-se pois favorecido por estar no seu próprio segmento de luz (αἵρεσις) e acima do horizonte, já a Lua colhe
as bênçãos de estar num signo feminino, no terceiro signo do elemento Terra,
onde está adversa, longe de casa, no seu exílio.
Esta
Lua Nova é particularmente significativa, não só por ser a última do ano de
2022, mas também por ser, para o referente espacial utilizado, ou seja, Lisboa,
a única Lua Nova do corrente ano em que a sizígia é a luz mais alta. Existe, deste
modo, um caminho ascendente que começa, sob o horizonte, com Saturno e sobe pelo
céu até ao Sol e à Lua. A posição posterior de Vénus e Mercúrio torna-os
estrelas da tarde, adquirindo então uma qualidade helíaca feminina. Esta via de
luz possui igualmente um outro sentido profundo, uma vez que se estende por
dois signos regidos por Saturno (Capricórnio e Aquário).
No
Thema Mundi, e seguindo uma lição que
podemos encontrar nomeadamente no mithraeum
das Sette Sfere em Óstia e no De antro nympharum (24) de Porfírio, esta região, regida por
Saturno, opõe-se à região da Luz, regida pelo Sol (Leão) e pela Lua
(Caranguejo). No entanto, o tema da Lua Nova é um espelho daquele em que se
inscreve o Thema Mundi. Os lugares de
luz estão agora no ocaso e os de sombra ocupam agora a ascensão e a
pós-ascensão. O carácter exacerbado de Saturno, nesta via actual, apresenta-se
também de modo significativo sobretudo se pensarmos que, a partir do início de
Março de 2023, mudará de signo, deixando para trás os seus domicílios e
avançando para o lugar de Júpiter (Peixes).
É,
porém, a dianteira desta via luminar que brilha agora alto no céu, caminhando
como é próprio da sua natureza, e neste caso mais do que em qualquer outro,
para a sua culminação. A união do Sol e da Lua em Capricórnio traz sempre
consigo a ideia de fim, o τέλος
grego, que se firma na posição
diametral da origem, a ἀρχή. O
eixo Caranguejo-Capricórnio leva-nos assim para essa ponte de sentido entre o
abismo e o cume, entre a origem e o fim, e seguindo a ideia deste novilúnio, Cícero,
em As Últimas Fronteiras do Bem e do Mal,
diz-nos que “Ninguém contesta que a
finalidade, o ponto de referência de todas as naturezas é o mesmo: o grau
supremo daquilo que, para elas, é apetecível.” (De Finíbus Bonorum et Malorum, Livro IV, XIII, 33 in Cícero, Textos Filosóficos I, 2ª ed., trad. J. A. Segurado e Campos.
Lisboa, 2018: Fundação Calouste Gulbenkian, 433). Α finalidade do bem, como
propósito radical, surge agora com uma vontade reforçada de efectivação, de
conclusão.
Capricórnio
apresenta a mensagem de Saturno com a sua própria luz, com o olhar melancólico
da montanha. O ano de 2022 começou com uma Lua Nova em Capricórnio e termina agora
com outra e já 2023 vai começar com uma Lua Nova em Aquário, o que reforça a continuidade
deste sentido saturnino, desta ideia fundamental. Ora Saturno encerra na sua
matriz conceptual a ideia de tempo, de necessidade e de destino e esta matriz,
conjugada com a de Júpiter, ou seja, o espaço, o bem e a justiça, produz aquilo
que se conhece como Providência e que, na verdade, é o Intelecto da Anima Mundi, a inteligência divina.
Proclo
afirma, nos Dez Problemas acerca da
Providência, que “Embora a
providência esteja situada acima de todos os seres de acordo com a sua divina
união e exerça uma actividade adequada ao Uno, tudo o que a ela acede participa
dela da forma que naturalmente é capaz.” (Problema
IV, 23.1-5, traduzido a partir Proclus:
Ten Problems Concerning Providence,
trad. J. Opsomer & C. Steel. Londres/ Nova Iorque, 2014: Bloomsbury, 87).
Esta é a verdadeira razão segunda a qual o livre-arbítrio, tal como é
simplisticamente entendido, é uma ilusão. Na planície da nossa existência, não
se vislumbra a montanha. Por outro lado, a visão do cume, expressa por
Capricórnio, revela-nos, com um entusiasmo inaugural, quase primitivo, que a
Providência (Júpiter e Saturno) é como que a teia que une o intelecto humano ao
Intelecto do Mundo, ao Uno, a Deus.
Em Capricórnio, encontramos, neste
novilúnio, a Lua, o Sol, Vénus, Mercúrio e Plutão. A luz, aqui reunida e
concentrada, é como a visão divina da antiga Arcádia, tanto a mítica como
aquela que descreve a região grega, narrada, por exemplo, por Pausânias na Descrição da Grécia. Este stellium, como hoje se designa, mas cujo
termo não tem qualquer presença na Antiguidade, embora o sentido já se encontre
na Antologia de Vétio Valente, surja
agora como uma afirmação da Fortuna sobre a rudeza da terra agreste. É a luz
que vence as intempéries e que, nas escarpas da montanha, resiste à tempestade.
Com a co-presença de Plutão, existe também um imperativo do conhecimento da
morte, isto é, torna-se necessário trazer para a vida a realidade esclarecida e
transformadora da morte. A consciência do fim redefine a finalidade.
Os benéficos formam, porém, entre si
um aspecto quadrangular, colocando assim em tensão Júpiter em Carneiro com todos
os planetas que se encontram em Capricórnio. As quadraturas entre os benéficos,
sobretudo sem a co-presença dos maléficos, colocam em suspensão a efectivação
do bem ou, no mínimo, dificultam-na. A dádiva tende a não ser recebida, seja
porque não se está predisposto a recebê-la, seja porque ela tarda a chegar.
Porém, a pulsão de resistência que nasce da actual luz em Capricórnio permite
alcançar essa dádiva e superar o hiato que suspende os benéficos. O facto de
Júpiter estar favorecido pelo Segmento de Luz do Sol, embora abaixo do horizonte,
contribui também para essa superação. O Amor (Vénus) e a Palavra (Mercúrio)
neste signo de montanha são como que a luz no caminho, o guia que aparece
quando a noite a cai.
De um outro modo, o eixo do Dragão
da Lua separa significativamente, e de forma inversa ao eixo de culminação, os
hemisférios oriental e ocidental, unindo-se com benevolência à sizígia e aos
seus lanceiros. Se exceptuarmos Úrano que se encontra no mesmo signo e junto à Caput Draconis, então Marte é para o
tema em análise o único planeta no hemisfério ocidental. Pode parecer simples e
redutor, mas a proposta do novilúnio acentua a superação do eu como conhecimento
e coloca o conflito no lugar do outro, na impossibilidade de conhecer o outro
sem um salto de fé, o que não existe com Marte em Gémeos. Este cinge o
argumento ou o discurso que medeia, tornando-o hostil.
Esta posição, perante o facto de
Marte ser, nesta Lua Nova, o maléfico com a força mais desvantajosa, pois
Saturno está favorecido, promove a cisão de uma dualidade cooperante e
harmoniosa, ou seja, não existe qualquer proposta de unidade gnoseológica que
não seja aquela que se encontra no si mesmo. O sextil de Marte a Júpiter, o
trígono a Saturno e a quadratura a Neptuno traduzem essa negação. Contrariamente,
o sextil de Júpiter em Carneiro a Saturno em Aquário coloca o peso da justiça
sobre a necessidade, sobre a retribuição.
A união da sizígia e dos seus
lanceiros, em trígono, a Úrano e, em sextil, a Neptuno, sendo Plutão um dos
lanceiros, transfere a luz do Novilúnio da montanha da consciência, onde a
melancolia proactiva de Capricórnio habita, para a dimensão social. Nesta Lua
Nova, estes aspectos, a par da quadratura de Saturno em Aquário a Úrano em
Touro (o signo que receberá Júpiter em 2023), pedem, e nalguns casos exigem, a
construção ou reconstrução das estruturas humanas. Porém, essa via assenta num
binómio perigoso, pois essa necessidade estruturante pode não ser construída
sobre os pilares da democracia, da igualdade e da liberdade, nem da solidariedade,
da compaixão ou da fraternidade. Os novos totalitarismos estão à espreita, pois
como diz a canção “Vampiros” de Zeca Afonso: “No céu cinzento sob o astro mudo/ Batendo
as asas pela noite calada/ Vêm em bandos com pés de veludo/ Chupar o sangue fresco da manada”.
A extrema-direita e o populismo, tal como nos anos 30 do século passado, podem
minar a esperança e o melhor da humanidade e como sempre a escolha é nossa.
A mensagem
desta Lua Nova, a última de 2022, reafirma o mito de Capricórnio, da cabra-pan
(Αἰγίπαν), aquela cujo corno gerou a Cornucópia da Abundância e que
foi a única, quando todos os deuses fugiram, deixando Zeus/Júpiter à mercê de
Tífon, que ajudou o senhor do Olimpo (Rodolfo
Miguel de Figueiredo, Fragmentos
Astrológicos, 2021: 153-4). Este é um tempo em
que a luz exorta a raridade e clama pela excelência.
quarta-feira, 21 de dezembro de 2022
Sol em Capricórnio: De 21 de Dezembro 2022 a 20 de Janeiro de 2023
terça-feira, 20 de dezembro de 2022
Júpiter em Carneiro: De 20 de Dezembro de 2022 a 16 de Maio de 2023 (2º e Último Ingresso)
Reflexões Astrológicas 2022: Solstício de Inverno
Reflexões Astrológicas
Estações
Lisboa, 21h49min, 21/12/2022
Sol
Decanato: Júpiter
Termos: Mercúrio
Monomoiria: Saturno
O
Solstício de Inverno (Hemisfério Norte), assinalado pelo ingresso do Sol em
Capricórnio, representa, como o próprio signo indica, a ideia de culminação, a
chegada ao cume da montanha, a vitória da luz sobre a sombra. Os solstícios
são, a par do ciclo lunar mensal, os principais eventos do ano astrológico
primordial, sobretudo na sua relação com a Natureza, com os ciclos que o
paganismo, desde tempos sem memória, celebra e continua a celebrar. A ideia
de finalidade surge agora como símbolo, como mimésis da realidade, pois é nos momentos mais escuros, mais
difíceis, que a sobrevivência e a vida com sentido se tornam fundamentais.
Os
solstícios são as duas grandes festas do ano solar. No Verão, o Rei Carvalho
encontra o seu auge e assim, sabendo que tudo nasce, morre e renasce, entrega o
ceptro ao Rei Azevinho que governará o período em que a luz mingua até à
escuridão, até ao momento em que morrerá para trazer a Criança Prometida, o
novo rei. A roda é, por excelência, a matriz do tempo astrológico, do ciclo, do
eterno retorno, que é bem diferente do tempo linear, aquele que marca a
concepção tradicional judaico-cristã e que, com frequência, é quase impossível
de conciliar com esse tempo circular de regresso a si mesmo.
A
imagética em torno de Capricórnio conduz-nos, por vezes, para uma percepção
errónea de uma certa masculinidade ambiciosa, resiliente e focada, como a que é
apreciada pelo paradigma socioeconómico vigente. No entanto, Capricórnio é um
signo feminino. É a cabra que vence a montanha, as escarpas a pique, e que
alcança, segura de si mesma, o alto cume, e é também Amalteia, a cabra ou a
ninfa que alimentou Zeus/Júpiter em criança ou ainda a cabra indestrutível e
invencível que o ajudou, quando estava fragilizado e sem tendões, a vencer
Tífon. No fundo, é a força que vence a probabilidade, é o espírito inquebrável
do feminino.
Depois
da morte de Osíris, essa força é também Ísis, a deusa de mil nomes que dará à
Luz, no Solstício de Inverno, a Criança Prometida, Hórus, o recém-nascido que
terá de vencer as trevas, de lutar com Set, para trazer a Primavera, os frutos
do Verão, à terra negra. Ísis supera todas as dificuldades, todos os
obstáculos, e torna-se a possibilidade do renascimento. A mumificação e o sepultamento
de Osíris acontecem entre 3 de Novembro e 21 de Dezembro e Hórus nasce a 23 de
Dezembro como touro de sua mãe, ocupando o trono vacante da terra, a própria
deusa Ísis. Hórus, como novo rei, assimilará o disco solar e tornar-se-á
Hórus-Ré, um novo deus Sol.
No
Corpus Hermeticum, no Discurso de
Nous a Hermes, podemos encontrar uma síntese do sentido que se oculta na
profundidade deste mito, quando se diz que “Assim como a Eternidade é a imagem de Deus, o mundo é a imagem da
Eternidade, o Sol é a imagem do mundo, o homem é a imagem do Sol” (XI, 15 in Hermes Trismegisto, Corpus Hermeticum e Discurso de Iniciação com a Tábua de Esmeralda,
ed. M. Pugliesi & N. de Paula Lima. São Paulo: Hemus, 1978, 57). Ora
este crescente de ser e sentido de Humano, Sol, Mundo, Eternidade e Deus oculta
uma matriz feminina que é também, na origem, essa mesma Eternidade, a imagem
permanente de um deus indeterminado e inefável. Os nossos conceitos estão,
deste modo, demasiado masculinizados e tendem a suprimir, mesmo sem consciência,
a realidade divina feminina.
A deusa não nasce, morre e renasce, ela
permanece e só o seu rosto muda, ela é o silêncio primordial, a noite a partir
da qual tudo nasceu, mas ela é também a Roda do Tempo, a Necessidade, aquela
que tece o começo da vida, segue o seu curso e observa o seu fim. Na regência
das árvores, pois quem vê uma árvore pode também ver o céu, o dia 22 de
Dezembro é governado pelo Sabugueiro, representando a morte, e o dia 23, o
Abeto-prateado, o renascimento, a primeira árvore de Natal. Estas são duas
árvores da Deusa e particularmente sagradas, consagradas ao divino feminino, e
que representam igualmente esse simbolismo da Roda do Tempo.
No solstício de Inverno, a deusa
que, no solstício de Verão, era a Morte na Vida é agora a Vida na Morte, ela é
a rainha da escuridão, do frio, da chuva e do gelo que cai sobre a terra. Hécate
surge, no Inverno, como senhora tríplice dos caminhos cruzados, revelando que,
na noite escura, é o feminino que eleva a candeia. A deusa, como senhora eterna
de seu filho, consorte e irmão, é a única que preserva e garante o regresso do
Deus da Luz. E é o feminino que avisa o Príncipe do Mal que o Príncipe da Paz
está a chegar. Hórus, Krishna, Dioniso, Mitra, Buda, Jesus, entre outros, são a
Criança Prometida, a esperança de renovação, ou redenção.
Esta luta da Luz contra a Sombra
firmará a sua vitória nas Candelárias e, num primeiro momento, num período que
vai de 24 de Dezembro a 20 de Janeiro, é a Bétula a árvore que governará a
origem ou o começo da expulsão dos espíritos nefastos. Existe naturalmente,
neste tempo solsticial, uma necessidade de purificação e esta assume as mais
variadas formas. No nordeste transmontano, a festa de Santo Estevão, entre os
dias 24 e 26 de Dezembro, é uma festa de rapazes, onde os caretos, pela
alvorada, fazem a sua chocalhada e, entre a folia e a tropelia, mostram como o
jovem Rei Carvalho se inicia nessa luta da Luz contra Sombra. Estas festas
trazem consigo reminiscências de ritos antigos e preservam no símbolo a memória.
A Saturnália, dedicada a Saturno, originalmente
um deus agrícola romano, promovia uma inversão da ordem social, onde nobres
faziam de escravos e escravos, de nobres. Na Saturnália, no início realizada a
17 de Dezembro (calendário juliano), mas que mais tarde se estendera até 23 de
Dezembro, não se trabalhava, o que a par da folia remeteria para a Idade de
Ouro, onde a humanidade viveria em paz e abundância. Ora Capricórnio e Aquário
são regidos tradicionalmente por Saturno e o planeta que astrólogos, estudantes
de astrologia e curiosos conhecem pela sua austeridade não é bem o mesmo que é
celebrado na Saturnália. O estudo da mitologia revela sempre os seus benefícios
e esta inversão da ordem social é preciosa para o entendimento do Saturno
astrológico.
Este regente natural do solstício de
Inverno traz agora consigo um sentido profundo, pois até ao fim da estação
transitará de Aquário para Peixes, ou seja, deixará o signo que rege para
avançar para o signo regido por Júpiter e onde Vénus se exalta, passará também do
masculino para o feminino. A chegada de Saturno a Peixes, a 7 de Março, é a
grande mudança da estação, pois o ingresso de Plutão em Aquário e de Marte em
Caranguejo já será na Primavera, a 23 e a 25 de Março. Saturno em Peixes conserva,
na verdade, o espírito da Saturnália, trazendo às estruturas humanas uma
necessidade de renovação de valores, de inversão ou transformação da ordem social.
A solidariedade, sobretudo à medida que Saturno se aproxima de Neptuno, trará
consigo o poder da retribuição. A incapacidade social de trazer a empatia aos
laços humanos pagará agora o peso da desmedida.
Por outro lado, é preciso referir ainda
a retrogradação de Mercúrio, de 29 de Dezembro de 2022 a 18 de Janeiro de 2023,
e a passagem de Úrano a directo a 22 de Janeiro. A permanência da maior parte
dos astros nas suas posições conserva, de facto, o simbolismo do Inverno, da
chama que alimenta a lareira. No hemisfério sul, esta constância será como uma
fogueira na praia, ao entardecer. No entanto, estas imagens não anulam nem os
desafios, nem as oportunidades. Estas mudanças no movimento, da actividade à
potência e da potência à actividade, reafirmam a efectivação planetária ou a
sua suspensão. Mercúrio retrógrado apontará a via do pensamento, já Úrano directo
dará uma oportunidade ao espírito revolucionário que pode salvar o planeta. O
movimento é possibilidade.
A luz, quando se espalha, tem o
poder imenso de transformar a realidade e, num solstício de Inverno, quando a
luz é uma pequena chama, guardada como um tesouro, esse valor surge reafirmado. Jâmblico
de Cálcis diz-nos, no Dos Mistérios,
que “Tal como quando o sol brilha, a
escuridão, pela sua própria natureza, não é capaz de resistir à luz, e
subitamente se torna totalmente invisível, retirando-se por completo para as
suas brumas, e acabando por terminar, também quando o poder dos deuses,
impregnando todos com os seus benefícios, resplandece em todas as direcções, o
tumulto dos espíritos nefastos não tem lugar, e não se podem manifestar seja de
que forma for, mas são afastados como nada ou não-ser, tendo uma natureza que
de forma alguma se pode mover quando seres superiores estão presentes, ou que não
é capaz de causar-lhes constrangimento quando eles brilham.” (III, 12, traduzido a partir de Iamblichus: De mysteriis, ed. E. C. Clarke, J. M. Dillon & J.
P. Hershbell. Atlanta, 2009: Society of Biblical Literature, 152-3). É
preciso, hoje mais do nunca, guardar a luz que afasta as trevas e Júpiter em
Carneiro pode fazer erguer a espada da justiça, de um novo equilíbrio.
Dada a proximidade entre o Solstício
(21 de Dezembro) e a Lua Nova (23 de Dezembro), a actual situação astrológica será abordada na reflexão da Lua Nova, pois a mensagem que persiste neste
Solstício de Inverno é a de tornar vivo o fogo da esperança, a promessa do
amanhã. Na escuridão, um pequena chama pode fazer a diferença e a humanidade precisa
dessas centelhas.
sexta-feira, 16 de dezembro de 2022
Brevemente: Reflexões Astrológicas 2022: Parte II
quinta-feira, 15 de dezembro de 2022
Neste Natal, Ofereça Livros: Fragmentos Astrológicos (Edição Especial)
quarta-feira, 14 de dezembro de 2022
Neste Natal, Ofereça Livros: Edição Especial de A Casa da Torre Velha
segunda-feira, 12 de dezembro de 2022
sábado, 10 de dezembro de 2022
Vénus em Capricórnio: De 10 de Dezembro de 2022 a 3 de Janeiro de 2023
sexta-feira, 9 de dezembro de 2022
Neste Natal, Ofereça Livros: Sophia: fragmentos
quarta-feira, 7 de dezembro de 2022
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terça-feira, 6 de dezembro de 2022
Mercúrio em Capricórnio: De 6 de Dezembro de 2022 a 11 de Fevereiro de 2023
sexta-feira, 2 de dezembro de 2022
Newsletter: Dezembro de 2022
quinta-feira, 1 de dezembro de 2022
quarta-feira, 30 de novembro de 2022
quarta-feira, 23 de novembro de 2022
terça-feira, 22 de novembro de 2022
Reflexões Astrológicas 2022: Lua Nova em Sagitário
Reflexões Astrológicas
Lua Nova em Sagitário
Lisboa, 22h57min, 23/11/2022
Sol-Lua
Decanato: Mercúrio
Termos: Júpiter
Monomoiria: Marte
A Lua Nova de Novembro ocorre no signo de Sagitário,
com Leão a marcar a hora para o tema de Lisboa, e assim na V, no Lugar da Boa
Fortuna (ἀγαθή
τύχη), no decanato de Mercúrio, nos termos
de Júpiter e na monomoiria de Marte.
A sizígia dá-se, desta forma, abaixo do horizonte e cerca de três horas e meia
após o pôr-do-sol. O Sol encontra-se pois desfavorecido por estar fora do seu
próprio segmento de luz (αἵρεσις) e
abaixo do horizonte, já a Lua colhe as bênçãos da noite, embora esteja num
signo masculino. Recupera-se também aqui o elemento Fogo, ausente no tema do
eclipse lunar, e que reforça a força do intelecto.
Consequentemente,
a luz da sizígia, agora num signo de Fogo, encontra-se sob a terra, no útero de
Gaia. O olhar fixa-se então em Marte, como luz ascendente, e em Júpiter e
Saturno, como luzes que descendem. Úrano é a luz mais alta e Neptuno ladeia
Júpiter na sua queda. Porém, à hora do encontro dos luminares, todas estes
planetas, com a excepção de Saturno que se encontra conjunto ao Ponto do Ocaso,
se encontram retrógrados. Júpiter ficará directo cerca de cinco minutos após a
sizígia.
Esta
retrogradação, no hemisfério superior do tema, é particularmente significativa.
Saturno desaparece no horizonte e Marte, Úrano, Júpiter e Neptuno iludem o
olhar com seu movimento de retorno. Esta ilusão do movimento consagra a sua
impotência, a negação da potencialidade. O movimento volta a si mesmo, anulando
o potencial de acção. É um solipsismo e um ensimesmamento radical. No entanto,
como o movimento se estende no espaço e no tempo, esta negação tem uma
temporalidade restrita. A anulação do acto e o retorno a si tem um fim. A
questão que se coloca é saber se o período de ensimesmamento produziu uma
finalidade, um propósito que imerge de si mesmo e se torna acção.
Uma
Lua Nova em Sagitário obriga, de um outro modo, a reflectir sobre este signo de
passagem entre o animal e o humano. Se pensarmos no sistema tópico de casas,
tal foi primeiramente descrito, no século I EC, por Trasilo no Pínax (CCAG VIII/3: 99-101), e segundo a ordem vernal, Sagitário
ocupa então a IX, o lugar de Deus, já se olharmos para o mesmo sistema, mas
segundo a ordem do Thema Mundi, o
arqueiro ocupa a VI, o lugar da Má Fortuna, e é o outro signo, regido por
Júpiter (Peixes), que ocupa a IX, o lugar de Deus. Este aspecto firma um
sentido profundo, pois obriga, por um lado, a recuperar o potencial significativo
do Thema Mundi e, por outro, coloca o
valor conceptual de Sagitário para além da Sabedoria, frisando, todavia, a
mediação entre a luz e a sombra, entre o divino e o humano e entre o humano e o
animal.
Se o eixo-matriz do horizonte for, desta forma, o de
Caranguejo-Capricórnio, tal descreve o Thema
Mundi e seguindo a herança dos mistérios de Mitra, então o eixo da
pós-ascensão e do pós-declínio, daqueles que se seguem ao orto e ao ocaso, é o de
Gémeos-Sagitário. Curiosamente, ou não, este são os únicos signos duais de natureza
diversa (Peixes apresenta dois animais ou dois deuses de natureza similar).
Gémeos, segundo o mito de Pólux e Castor, apresentam um ser de natureza divina
ou semidivina e outro de natureza humana, já Sagitário indica um ser que é parte
humano e parte animal.
Sagitário é tradicionalmente associado ao centauro e se este
for Quíron, o seu pai será Cronos/Saturno, o regente do signo que, no Thema Mundi, está no Ocaso. Porém, os
centauros não utilizavam o arco e a flecha, o que leva Ps. Erastótenes a dizer
que este será Croto, o sátiro filho de Pã e Eufeme (cf. Rodolfo
Miguel de Figueiredo, Fragmentos
Astrológicas, 2021: 137-8, 149-50, 155-6). Neste caso, Pã relaciona-se com o carácter telúrico de Hermes/Mercúrio
(regente de Gémeos). Por outro lado, a relação de Croto com as Musas aponta
para a IX, o lugar de Sagitário na ordem vernal. Ora é o elemento de passagem
entre o animal e o humano que sobressai neste novilúnio. Podemos, no entanto,
congregar todas estas referências na mediação que a Sabedoria eleva entre as
trevas e a luz, ou seja, a Sabedoria funda o humano e aquele que a rejeita está
mais próximo da bestialidade do que da humanidade.
A Lua Nova de Sagitário, na V, no lugar da Boa Fortuna,
faz desta Sabedoria, uma promotora de abundância e torna-a, como elemento de
passagem, finalidade e destino. E se pensarmos bem, vemos, sem sombra de
dúvida, o quanto o mundo precisa de uma refundação segundo a Sabedoria. Porém,
a Sabedoria exige esforço e, para se tornar a fonte da abundância, é necessário
uma rejeição – a negação que anteriormente falávamos – da superficialidade. Marte
em Gémeos, opondo-se à sizígia, e como grande maléfico do tema, aquele que se
encontra no seu segmento de luz e acima do horizonte, firma-se na liquidez da
palavra, na mediação distorcida das falsas narrativas e na viagem pela
dualidade.
No caminho da luz que avança pelo submundo, é o Sol que
caminha na dianteira, seguido pela Lua, por Vénus e por Mercúrio, duas estrelas
do entardecer que assumem um carácter feminino, imaginativo e intuitivo. Existe
pois, nesta senda nocturna, uma acção criativa, um acto inaugural que acorda no
raiar da aurora. Este é um novilúnio em que a condição de espera, da virtude da
paciência e da tolerância, estará exacerbada. É o momento precioso e único em
que o arqueiro espera pelo destino da seta lançada. Pelo caminho, a seta
cruzará o lugar mais profundo do submundo (o IC) e a Cauda Draconis, lançando-se no destino e na morte, na destruição de
si mesma.
Júpiter e Neptuno em Peixes trazem, nesta lua nova, até
pelo fim anunciado da retrogradação de Júpiter e pela quadratura à sizígia e a
Vénus e Mercúrio, a passagem entre a dúvida e a esperança, ou a assunção da fé
como a outra via do caminho da verdade. Pistis-Sophia, a deusa da gnose
milenar, carrega assim, como anúncio de concórdia, essa união entre a dádiva de
Sagitário e a dádiva de Peixes. No entanto, a concórdia entre a sabedoria e a
fé exige um esforço. É o salto para o abismo, o precipitar-se do alto da
montanha. A quadratura dos benéficos (Júpiter e Vénus) indica esse labor do bem
que não anula a sua condição, mas frisa a necessidade de cuidado e diligência.
Crisipo de Solos diz-nos que “a justiça existe por natureza e não por convenção” (SVF
III, 308: φύσει τε τὸ δίκαιον εἶναι καὶ μὴ θέσει). Os sextis de Júpiter e Neptuno em Peixes a Úrano e à Caput Draconis em Touro e a Plutão em
Capricórnio reforçam a qualidade primordial da justiça, o seu enraizamento na
realidade. Naturalmente, quando se fala da justiça como condição natural é
impossível não relacionar este espírito de Júpiter com o tempo e a necessidade,
os atributos primordiais de Saturno. Estes aspectos anunciados inscrevem na liberdade
a justiça e a necessidade, é portanto livre aquele que cumpre, que realiza o seu
destino.
O Dragão da Lua, após o fim da segunda época anual de
eclipses, fortalece agora o seu sentido profundo. Fernando Pessoa definiu a Caput Draconis, afirmando que esta “é o escudo abstracto do destino” (Pessoa Inédito, ed.
Teresa Rita Lopes, 1993: 41. Lisboa: Livros Horizonte). Na cabeça do Dragão da
Lua, a Necessidade torna-se o fogo que, por ele lançado, ilumina a realidade,
já a cauda chicoteia o real com o peso do destino, da retribuição. Este animal
mítico é, na verdade, o derradeiro guardião do Sagrado Feminino, da Deusa da
Lua. A relação de Júpiter em Peixes (sextil e trígono) e Saturno em Aquário
(quadratura), bem como de Úrano de Touro (conjunção e oposição), de Neptuno em
Peixes (sextil e trígono) e de Plutão em Capricórnio (sextil e trígono), ao
Dragão da Lua no eixo Touro-Escorpião determina, deste modo, a força da roda da
fortuna sobre a realidade e sobre o humano.
Na continuidade da mensagem do Dragão da Lua, surge
Saturno tanto por estar fora do seu segmento de luz como pela posição
crepuscular. Este une-se, em sextil, ao Sol, à Lua, a Vénus e a Mercúrio, dando
ao peso da Necessidade sobre a Sabedoria uma qualidade significativa, ou seja,
o propósito da deusa Sophia, do Sagrado Feminino e da era do Espírito Santo,
como rosto feminino da Trindade, torna-se cada vez mais claro. A humanidade só
poderá ser uma unidade colectiva se o númen agregador for o da Grande Deusa. A
passagem de Saturno, em 2023, de Aquário para Peixes, de um signo masculino
para um feminino, cria essa ponte de sentido entre a humanidade e a totalidade.
Existe, no entanto, e aliás como sempre, uma resistência
patriarcal, mesmo daqueles que não se anunciam como prelados de valores
misóginos e androcêntricos. A quadratura de Marte em Gémeos a Júpiter e Neptuno
em Peixes e a oposição a Vénus em Sagitário cria, por um lado, uma tensão com
ambos os benéficos (Vénus e Júpiter) e, por outro, um conflito com o princípio
do Amor (Vénus) e com a sua exaltação (Neptuno), expressões do Sagrado Feminino.
A força disruptiva de Marte em Gémeos, agora em retrogradação, corrompe o
elemento mitológico de passagem entre o humano e o divino que o signo mutável
de Ar nos propõe, apresentando-nos a ruína inevitável da influência de certos
valores sobre o pensamento e os conceitos, sobre a palavra e o discurso.
A Lua Nova de Sagitário é a seta incandescente que ora
alumia o céu estrelado, ora cai e incendeia. O fogo da Sabedoria tem, de facto,
um potencial natural de iluminar a humanidade, mas reserva também para si, tal
como a lição do estoicismo antigo nos anuncia, o poder de conflagrar o mundo,
para o renovar ou o destruir.