segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Lançamento: O Resto Permanece Humano, volume 1: Livros I, II e III


Lançamento
O Resto Permanece Humano
Volume 1: Livros I, II e III


Sinopse

A obra cujo título segue os versos de Ovídio, “cetera sunt hominis, partem damnatur in unam /induiturque aures lente gradientis aselli” (Metamorfoses, XI, 178-9), pretende mostrar que quando a nossa acção e a espuma dos dias colocam o humano em remissão, esvaziando o sentido de humanidade, existe sempre algo que resta, algo que conserva esse humano que se perde. A sabedoria, seguindo essa via, continua a ser o verdadeiro caminho de redenção.

Existe nestes versos, nestes poemas, um esforço, uma vontade de percorrer a via da sabedoria. Este será sempre um esforço inacabado, pois faltará sempre o livro seguinte. Se o Livro I reuniu os versos que se encontravam dispersos pelos blogues e redes sociais do autor, os livros que se seguiram pretenderam ser um projecto de continuidade, um que guarda e reúne uma obra poética.

A temática resulta naturalmente da vida, das experiências de quem escreve, e nesse sentido é a expressão das suas leituras filosóficas, literárias e espirituais, de tudo aquilo que se traz, de tudo aquilo que se guarda. A astrologia como escolha de vida, como ofício, tinha de estar presente, mesmo que em pequenos estilhaços. Por outro lado, o Sagrado Feminino tem um lugar de eleição. É uma afinidade electiva que se tornou um caminho espiritual. A filosofia e esoterismo marcam muitos poemas, firmando-se como fragmentos de uma demanda, de uma totalidade que se procura.

O Resto Permanece Humano é a súmula do inacabado e por essa mesma razão torna-se o reflexo mais completo do seu autor. Ora o livro que agora se apresenta é o primeiro volume do projecto, um que inclui os livros I, II e III, e que vai estar incluído nas Obras Completas do autor. São edições revistas numa versão de capa dura e que visa o estabelecimento de uma opera omnia.

Livro
Edição Especial (Hardcover)
Edição: Setembro de 2025
Páginas: 378
ISBN: 9798286118007
Preço: 25,00€ (UE)


Saiba mais acerca deste e de outros livros em https://rodolfomfigueiredo.wixsite.com/livros

sábado, 6 de setembro de 2025

Reflexões Astrológicas 2025: Eclipse Lunar Total (Lua Cheia Peixes-Virgem)

 Reflexões Astrológicas

Eclipses 




Eclipse Lunar Total

(Lua Cheia: Virgem-Peixes)   

Lisboa, 19h12min, 07/09/2025

 

Lua

Decanato: Júpiter 

Termos: Júpiter

Monomoiria: Lua       

 

Sol

Decanato: Vénus

Termos: Vénus

Monomoiria: Marte   

 

  O Eclipse Lunar Total de dia 7 de Setembro ocorre com a Lua no signo de Peixes e com o Sol no de Virgem, com Aquário a marcar a hora e a cerca de uma hora e meia do pôr-do-sol (hora de Lisboa), logo no Segmento de Luz (αἵρεσις) do Sol, estando este acima do horizonte, na VIII, no lugar da Morte (θάνατος), já a Lua está abaixo do horizonte, na II, no lugar do Viver (δύσις). A Lua encontra-se pois no decanato e nos termos de Júpiter e na sua monomoiria, enquanto o Sol encontra-se no decanato e nos termos de Vénus e na monomoiria de Marte.

  No caso das dignidades, afirma-se o facto de os luminares serem regidos, tanto no decanato como nos termos, pelo benéfico que rege o segmento de luz contrário, ou seja, Vénus para o Sol e Júpiter para a Lua. Daqui que se depreende um certo reforço benéfico da qualidade dos lugares onde se encontra o eixo umbral. No entanto, convém salientar-se que, devido a troca de regências, essa valoração do bem só ocorre se o feminino integrar o masculino e o masculino, o feminino. Esta inversão de regentes serve pois um sentido profundo.

  Os eixos umbral e nodal encontram-se no eixo de sentido da integração, existindo assim uma união significativa entre a sombra do eclipse e a integração do todo (Peixes) na parte (Virgem), uma vez que a Lua se encontra em Peixes. No δωδεκατόπος (doze lugares), a Lua encontra-se no lugar do Viver, βίος (II). Paulo de Alexandria designa este lugar de Porta do Hades, ιδου πύλη (Introdução, cap. 24), devido à sua posição junto ao Ascendente e abaixo do horizonte. Encontramos o valor do modo de vida e da morte neste eixo (II-VIII), pois como diria Trasilo, a II é um “indicador de esperanças”, ἐλπίδων σημαντικήν (CCAG VIII/3: 101.20), já a VIII é nas palavras de Paulo de Alexandria indicadora da “realização da morte”, θανάτου τελευτήν (Introdução, cap. 24). Consequentemente, os sentidos cruzados de todos estes eixos ganham uma unidade significativa.

  É necessário também considerar-se a ponte de sentido no eixo Peixes-Virgem que se estabelece entre o actual eclipse lunar e o eclipse solar de dia 21 de Setembro. Em certa medida, neste ano de 2025, o sentido já havia sido iniciado pelo eclipse lunar de 14 de Março, todavia, é neste período de 7 a 21 de Setembro que a proposta significativa da sombra sobre o eixo de integração se torna mais intensa. Com a sombra a cair sobre a totalidade ou sobre a integração do sentido de totalidade (Lua em Peixes no eclipse lunar), quando o manto umbral cobrir os luminares, a parte poderá sentir uma maior dificuldade de integração tanto da sua própria natureza e condição como do seu lugar no todo. Desta forma, e à semelhança do que se afirmara aquando do eclipse lunar de 14 de Março, o obscurecimento dracôntico recai sobre o sentido da parte e o valor da totalidade. No entanto, no actual eclipse, é o valor da totalidade que se encontra sob uma maior tensão umbral.   

  A integração da totalidade obriga a uma consciência do todo, daquilo que engloba a alma humana na Alma do Mundo. Ora para que isso aconteça o indivíduo deverá primeiramente reconhecer a liberdade da sua própria alma face a tudo aquilo que não lhe diz respeito. Epicteto diz-nos o seguinte: “Ao vires alguém preferido em honras, ou muito poderoso, ou mais estimado, presta atenção para que jamais creias – arrebatado pela representação – que ele seja feliz. Pois se a essência do bem está nas coisas que são encargos nossos, não haverá espaço nem para a inveja, nem para o ciúme. Tu mesmo não irás querer ser nem general, nem prítane ou cônsul, mas homem livre. E o único caminho para isso é desprezar o que não é encargo nosso.(Encheiridion 19b, trad. A. Dinucci & A. Julien, 2014: 46-7. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra). A sombra na totalidade pisciana é um alerta para a dificuldade de ver esta liberdade e de encontrar a felicidade apenas naquilo que é encargo nosso. Sê feliz porque amas e grato porque és amado. Existe aqui uma diferença substancial entre o amor que damos que depende de nós, e que por isso resulta em felicidade, do amor recebido que depende do outro, e logo deverá gerar gratidão.

  A integração da parte no todo e do todo na parte está, como podemos observar nesta máxima de Epicteto, intimamente relacionada com a liberdade que é fixarmos a nossa existência apenas naquilo nos compete, mas com um outro aspecto enunciado por Séneca. O filósofo diz-nos o seguinte: “Frequentemente dá-se o caso de um exército temer o inimigo sem motivo e de o itinerário que lhe parecera mais perigoso ser afinal o mais seguro. A ignorância, essa, está sempre em sobressalto; os perigos assaltam-na quer de cima quer de baixo; à direita e à esquerda há razões de pânico; os perigos quer a atacam pelas costas quer se lhe levantam na frente; qualquer situação a enche de medo, a encontra impreparada, a tal ponto que o próprio socorro a apavora! O sábio, porém, sempre alerta, sempre pronto a responder a qualquer assalto, não recuará um passo mesmo que sobre ele caiam a pobreza, a desgraça, a ignomínia ou a dor; impertérrito, o sábio afrontará estes males, passará pelo meio deles.” (Ep.59.8; Cartas a Lucílio, 2ª ed,, trad. J. A. Segurado e Campos. Lisboa, 2004: Fundação Calouste Gulbenkian).

  O comportamento do sábio, oposto ao daquele que se move por ignorância, é essencialmente uma integração da parte no todo e uma consciência da totalidade. Ao observarmos a acção do sábio, vemos que este cruza uma visão holística com o olhar da montanha, daí que não se deixe perturbar. A premeditação do mal serve o sábio que, contemplando o mal possível, se preparara para todas as suas vicissitudes. Ora, num eclipse como o actual, as duas propostas, a de Epicteto e de Séneca, estão ameaçadas. A sombra invade o carácter humano e impede esta integração. A parte segue a parte em vez de entrar no mar da totalidade.

  O derradeiro ingresso de Saturno em Peixes que só daqui a quase três décadas voltará a este signo veio adensar o peso da necessidade sobre o manto umbral. As estruturas conservadoras, por um lado, e a dificuldade de integração dos valores piscianos, por outro lado, confirmam o peso de um mundo em decadência. Assistimos no conforto dos lares dos países mais desenvolvidos a um genocídio, no qual a fome se tornou arma de guerra, levado a cabo por um estado intocável. A alegada dívida histórica está a ser cobrada com a vida de inocentes, sobretudo crianças, e nós permitimos. É a total anulação do humanismo e dos valores essenciais e primitivos do cristianismo. O actual eclipse que, para o tema de Lisboa, faz justamente a Lua cair no lugar do Viver (II), do valor da vida, e devia servir de alerta, neste caso aos portugueses, para a cumplicidade desumana da sua inacção.           

  A influência geográfica do eclipse de dia 7 tem o seu centro no Oceano Índico, ao largo do Sri Lanka e à entrada da Baía de Bengala. O manto umbral e penumbral alastrar-se-á pela Ásia, pela África, pela Europa e pela Austrália. Segundo as regências geográficas antigas, Vétio Valente (Antologia I, 2) diz-nos que Peixes exerce influência sobre o Eufrates e o Tigre, a Síria, o Mar Vermelho e o Mar Arábico, a Índia, a Média-Pérsia e as regiões circundantes, o rio Borístenes ou Boristene (Dniepre), a Trácia, a Ásia e a Sardenha. Manílio, por seu lado, concede a Peixes o Eufrates, o Tigre e o Mar Vermelho, as terras da Pártia, a Báctria, a Etiópia, a Babilónia, Susa e Nínive (Astronomica IV, 800-6). Já Virgem rege a Mesopotâmia, a Babilónia, a Grécia, a Acaia (Grécia), Creta, Cíclades (Grécia), Peloponeso, Arcádia, Cirene (Líbia), Dória (Grécia), Sicília e Pérsia ou Parsa (Irão). Manílio, por seu lado, afirma que a Jónia (Turquia), a Cária (Turquia), Rodes e a Grécia estão sob a sua influência (Astronomica IV, 763-8).

  A influência temporal será, devido à duração do período total, de cerca de um mês e meio. No entanto, dada à duração do período umbral, poderá estender-se até cerca de três meses e meio e de uma forma já ténue, sustentada no período penumbral, poderia ir até ao limite de cinco meses e meio, o que estaria em concordância com o cálculo baseado nas declinações dos luminares. Devemos numa análise da influência temporal voltar a reforçar que, no período até ao eclipse solar de dia 21 de Setembro, o sentido profundo deste eclipse terá uma maior intensidade que progressivamente irá diminuindo.

  É necessário frisar, uma vez mais, a ligação que existe entre os eclipses lunares e as dinâmicas do planeta Terra, nomeadamente o que designamos por desastres naturais. Dada a natureza deste eclipse, podemos observar, por exemplo, como o tufão Kajiki no Vietname foi um prenúncio da sua sombra. Os sismos e tempestades com origem no mar estão potenciadas, podendo originar tsunamis e tufões. A lua em Peixes, com a regência moderna de Neptuno, agora em Carneiro com uma força mais destrutiva, e com o Júpiter, regente antigo ou tradicional, em Caranguejo, outro signo de água e com o qual forma um trígono, potencia estes fenómenos. A co-presença da Lua e Saturno também firma uma vibração mais tensa. Lembremo-nos que Cronos/Saturno foi preso no lugar mais profundo do submundo, após ter sido derrotado por Zeus/Júpiter. No Tártaro, lutava contra as correntes que os sustinham, ou seja, fazia vibrar as profundezas da Terra.   

  O eclipse lunar total de 7 de Setembro pertence à série Saros 128, sendo o 41º eclipse de um total de 71. É o 11º eclipse dos 15 eclipses totais da série, o que transmite um certo desenvolvimento da sua proposta significativa. O eclipse inicial, como sabemos, serve de matriz de sentido para toda a série. Ora o primeiro eclipse desta série ocorreu a 18 de Junho de 1304 (Calendário Juliano). A Lua estava em Capricórnio e o Sol em Caranguejo e o Dragão da Lua estendia-se no eixo Sagitário-Gémeos. Mercúrio e Marte estavam em Gémeos, Vénus em Touro, Júpiter em Leão e Saturno em Balança. Nos transaturninos, Úrano estava em Balança, Neptuno em Escorpião e Plutão em Aquário. Nesta data e na hora de Lisboa, Virgem marcava a hora e Touro culminava. A série Saros 128 terminará a 2 de Agosto de 2566, com um eclipse no eixo Leão-Aquário, ou seja, com a Lua em Carneiro e o Sol em Balança.

  A análise comparada dos dois temas, face ao seu ciclo planetário, faria logo sobressair o facto de Plutão se encontrar em Aquário no eclipse-matriz tal como hoje se encontra. Naturalmente, isto adensa esta ligação entre o signo da humanidade e o planeta da morte. Em tempos sombrios como os que vivemos, resgatar a semente da morte, o memento mori, da consciência do humano recupera esse sentido primário e matricial que encontramos em toda a série Saros. Por outro lado, temos Neptuno em Escorpião e agora em Carneiro, os dois domicílios de Marte recebem o planeta da imaginação. A força de Marte tende, por um lado, a intensificar a imaginação criativa, se for recebida como dom, ou, por outro lado, pode com uma força bélica e disruptiva trazer uma ilusão massificada. Os populismos e os avanços da extrema-direita traduzem essa realidade. A ideologia vai-se tornar progressivamente violência.

  Úrano e Saturno em Balança, estando este último na sua exaltação, favorecem a criação e estruturação de modelos de pensamento. Algo que será transmitido pelos raios triangulares ao actual Úrano em Gémeos. A comunicação pede um sentido renovado que tanto pode dar origem a novas formas de conhecimento como de desinformação. Do ponto vista histórico, aquando do eclipse-matriz, é de se assinalar o início do conclave papal, após a morte de Bento XI a 7 de Julho de 1304, que só terminará no ano seguinte, a 5 de Junho de 1305, com eleição de Clemente V e que marcará o início de período conhecido como o Papado ou o Cativeiro de Avinhão (1309-1377). É também de assinalar a primeira guerra pela independência da Escócia.

  O eclipse-matriz revela para um eclipse lunar uma forte influência política e militar. De facto, se pensarmos bem o início do século XIV, marca um período de intensas mudanças tanto políticas como filosóficas e espirituais. A conjunção de Mercúrio, Marte e a Cauda Draconis vai assinalar o carácter disruptivo de muitas dessas transformações. As heresias ou heterodoxias cristãs ou o crescimento do poder do Santo Ofício da Inquisição são dois elementos de destaque, bem como as profundas alterações políticas. O sextil Júpiter em Leão a Saturno e Úrano em Balança é também revelador dessas transições. Um eclipse lunar com a Lua exilada em Capricórnio traz consigo uma forte dinâmica saturnina que lhe confere uma influência semelhante à de um eclipse solar e, sendo um eclipse-matriz, essa significação vai estender-se a toda a série.

  Convém, no entanto, salientar-se que, por neste eclipse a Lua estar em Peixes, vamos encontrar um certo sentido de destruturação desse sentido-matriz. A imersão no todo que o Peixes tende a apresentar com candura vai agora tomar outras formas. A sombra vai apresentar rudemente a despersonalização como inevitável e a ilusão da realidade tornará tudo mais confuso. Lembremo-nos que a sombra vai incidir sobre o signo de Virgem que a guardará até ao eclipse solar. Com Sol e Mercúrio exaltado em Virgem, e com a quadratura a Úrano em Gémeos, tudo o que é representado pela razão, pelo pensamento, pela palavra, pela organização das estruturas comunicacionais está sob pressão. A sombra dracôntica quer levar tudo o que está estabelecido até ao grande oceano e mostrar que aquilo que a mente humana produz não chega a ser um grau de areia na totalidade que é a Alma do Mundo e o seu Intelecto.    

  Se de Peixes vem uma totalidade assombrada, Júpiter em Caranguejo com o trígono à Lua, a Saturno e à Caput Draconis e o sextil ao Sol, a Mercúrio e à Cauda Draconis vem contribuir com a expansão do sentido da origem. Na verdade, a totalidade e a origem são duas expressões ou conceitos para a mesma realidade inefável que não cabe em nenhum conceito. Esta é, porém, a via para conhecimento de si. O Eu perde-se na totalidade do oceano da origem e surge renovado como o Si. A dificuldade para o humano é o medo de entrar no oceano e perder-se. Está tão agarrado ao que julga ser importante que não vê que ao perder-se encontra-se. Terá pois de olhar para o fundo do mar e encarar as sombras que se movem na escuridão.    

  Marte em Balança, exilado, ameaça as estruturas relacionais, contudo, o sextil a Vénus em Leão e a quadratura a Júpiter em Caranguejo trazem alguma moderação ou progressividade a disrupção interpessoal. O trígono entre Vénus em Leão e Neptuno em Carneiro contribui também com certa elevação do fogo do amor, se for vivido dessa forma. Vénus em Leão pode elevar o amor na beleza de alma nobre ou pode afundá-la num narcisismo patológico. Algo que pode ser potenciado, para o bem e para o mal, pela oposição a Plutão em Aquário. Os trígonos de Úrano em Gémeos e Plutão em Aquário a Marte em Balança trazem, sob a égide do destino, uma força transformadora à forma que como lemos e pensamos a realidade. Essa força não é, porém, voluntária, pois traz consigo os ditames da providência e necessidade.   

  Se considerarmos a sistema antigo de leitura de aspectos, ou seja, pelos conceitos de aplicação e separação, temos de destacar três deles pela força da aplicação. Primeiramente, o trígono entre Júpiter exaltado em Caranguejo e Saturno em Peixes que traz consigo a dádiva da Água. Depois, a quadratura de Saturno em Peixes a Úrano em Gémeos e o trígono entre Úrano e Plutão em Aquário são, na verdade, duas faces da mesma moeda. O primeiro traz, com alguma tensão, a criação de novas estruturas e a necessidade de romper com certas formas de estar e pensar, já o segundo que se estenderá ao longo de vários anos marcará esse ponte de sentido entre revolução e transformação, entre progresso e morte. Se pensarmos que nestes dois aspectos Úrano está presente, este é o vendaval do Anjo da História.

  O eclipse lunar total de 7 de Setembro encerra assim um sentido intermédio entre o eclipse de lunar de 14 de Março e o eclipse solar de 21 de Setembro. Em 2025, a sombra alongar-se-á no eixo Virgem-Peixes, no eixo de integração da parte no todo, e com um foco particular no signo de Virgem. Não devemos portanto perder esta oportunidade enquanto humanidade de colher as suas lições. Se esquecermos a solidariedade, o melhor do humano, viveremos sempre na escuridão.       

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Calendário Astrológico: Setembro de 2025



Conheça as principais efemérides astrológicas de Setembro de 2025.

O calendário foi gerado pelo software astrológico Janus 5.5 e calculado paras as coordenadas de Lisboa (PT).

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segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Reflexões Astrológicas 2025: Conjunção Vénus – Júpiter em Caranguejo

 Reflexões Astrológicas

Trânsitos e Aspectos



Conjunção Vénus – Júpiter em Caranguejo

Lisboa,06h15min, 12/08/2025

 

Vénus - Júpiter

Decanato: Mercúrio

Termos: Mercúrio  

Monomoiria: Lua     

 

 

   A conjunção de Vénus e Júpiter em Caranguejo ocorre, no seu momento exacto, com Leão a marcar a hora para o tema de Lisboa e, deste modo, na XII, no Lugar do Mau Destino ou Mau Espírito (κακός δαίμων), no decanato e termos de Mercúrio e na monomoiria da Lua. O ingresso dá-se assim acima do horizonte e cerca de meia hora antes do nascer-do-sol. Vénus encontra-se no seu próprio segmento (αἵρεσις) e Júpiter fora, fazendo de Vénus o grande benéfico do tema. Podemos estabelecer também uma via ascendente que começa no Sol, numa posição pré-ascensão, e vai até o Úrano, o astro que mais se aproxima do Ponto de Culminação.

   A conjunção Vénus-Júpiter no signo de Caranguejo é a dádiva que vem do mar, é o canto de Ariel, mas a Ariel de Caranguejo tem cabelos de azeviche e olhos de obsidiana. Não é a sereia pisciana da exaltação de Vénus. Na Pequena Sereia, Ariel para andar na terra perde a voz, para andar por entre os homens deixa de ser quem é, sujeita-se às suas regras, às suas obrigações, e para isso deixa de ser a mulher que vem do mar, perde a integridade do próprio corpo, transformado a pedido, por imposição do mal. O canto de Ariel é encanto e não é nem um canto de ninguém, nem um canto para ninguém, é um canto que ilumina o mar profundo e que toca com encanto os seus abismos.

   Para quem tenha visto a versão de animação, mais antiga, da Pequena Sereia da Disney, lembrar-se-á que na gruta de Ariel encontra-se um quadro de Maria Madalena. A perda da voz ou a voz roubada é um clássico do feminino agrilhoado. Na actual conjunção, em pleno mar, Júpiter já se encontra em Caranguejo, o masculino que coexiste com o Divino Feminino, espera a deusa anunciada, espera o encontro com Vénus. Este elemento é particularmente importante. Sobretudo se pensarmos que Vénus está no seu próprio segmento e Júpiter na sua exaltação. A luz espalha-se no masculino e espalha-se por se encontrar no lugar do feminino, no lugar da Lua, com a Deusa do Amor. Se existe um exacerbamento da dádiva de Júpiter este nasce da presença do Divino Feminino.

   Existe uma beleza profunda no encontro dos benéficos, uma que torna qualquer tema especial, porém, nem sempre as suas dádivas são colhidas, nem as suas bênçãos reconhecidas. No lugar da Lua (Caranguejo), estes dons podem adquirir um valor de mistério primordial e, por no tema de Lisboa se encontrar na XII, ganha também um sentido de aprisionamento. O Mau Espírito ou Mau Destino envolve esta dádiva, tentando, dada a natureza do lugar, toldar os dons do bem. No entanto, a persistência do bem resulta daquilo que Séneca descreve do seguinte modo: O supremo bem não admite qualquer grau superior a si, desde que nele se contenha a virtude, e desde que a virtude não seja diminuída pela adversidade e permaneça intacta mesmo que o corpo sofra alguma amputação: e de facto a virtude mantém-se! É que eu concebo a virtude como animosa e sublime, e tanto mais ardente quanto mais obstáculos encontra.(Ep.71.18; Cartas a Lucílio, 2ª ed,, trad. J. A. Segurado e Campos. Lisboa, 2004: Fundação Calouste Gulbenkian). Se o termo virtude desagradar o leitor contemporâneo, poder-se-á utilizar a tradução do termo grego ἀρετή, ou seja, a excelência.

   A ideia de supremo bem torna-se, de um ponto de vista astrológico, bastante expressiva na conjunção dos benéficos. A questão que se coloca é que ele se aplica à conjunção quando é considerado em si mesma, pois, de um ponto de vista relativo, a persistência do bem terá de ser sempre colocada em contexto. No entanto, as lições de Petosíris indicam que, mesmo num aspecto tenso com os maléficos, a acção profícua dos benéficos supera, ou tende a superar, a dos maléficos. Ora esta ideia da virtude ou da excelência como bem supremo assume, na expressão astrológica, uma ponte de sentido entre os benéficos, por um lado, e os luminares, por outro. É desta união da dádiva à luz que se pode alcançar o supremo bem. A excelência astrológica terá de nascer desta relação primordial. Contudo, a simples presença da conjunção dos benéficos torna-se um indicador, por um lado, da dádiva e, por outro, da persistência do bem. Na distribuição de raios a sua força, estará sempre reforçada.

   Nesta conjunção, as duas energias do bem fundem-se numa única expressão. Cada uma contribui com a sua própria natureza e de acordo com o lugar que ocupa. Neste caso, Caranguejo, o lugar da Lua, recebe os benéficos com os dons que lhe são próprios. O lado materno de Caranguejo é diferente do lado materno, por exemplo, de Touro que representa a Mãe Terra. Caranguejo é a Lua como mãe, é a Mãe Divina, a luz do feminino iluminando o céu em cada um das suas faces. Quando os planetas ocupam um lugar, os deuses estão ali, estão de passagem e fixam-se nessa morada. Afrodite e Zeus ou Vénus e Júpiter estão no lugar da Lua, da Mãe Divina. Ora isto remete-nos para Séneca quando diz que Os deuses não nos desprezam nem invejam, antes nos admitem à sua presença e nos estendem a mão para ajudar-nos a subir! Admiras-te que um homem possa ascender à presença dos deuses? A divindade é que vem até junto dos homens e mesmo, para lhes ficar mais próxima, penetra até ao interior dos homens, pois sem a presença divina não é possível existir a virtude! As sementes divinas existem dispersas no corpo humano: se forem tratadas por quem as saiba cultivar, elas crescerão à semelhança da sua origem, desenvolver-se-ão em plano idêntico ao da divindade de que provieram; mas se caírem nas mãos de um mau cultivador então este, tal como um terreno estéril e pantanoso, matá-las-á, produzindo ervas daninhas em vez de searas.(Ep.73.15-6; Cartas a Lucílio, 2ª ed,, trad. J. A. Segurado e Campos. Lisboa, 2004: Fundação Calouste Gulbenkian).

   Se considerarmos um tema astrológico, onde os deuses se encontram é lá que se encontram as suas sementes. Um tema que receba a conjunção dos benéficos, seja ele natal ou mundano, será sempre um com uma dimensão especial de dádivas. Quem quer que conheça alguém nascido com esta conjunção, verá que se encontra ali alguém que tem algo para dar. As bênçãos do bem não se guardam para si. Vénus e Júpiter, unidos num tema, pedem uma distribuição do bem, ou seja, a luz recebida deve ser devolvida de acordo com os dons que receberam. O bem recebido não se esgota em si mesmo. Pelo contrário, cresce como semente e torna-se uma árvore robusta, uma que entregará ao mundo os frutos e as futuras sementes. Segue o caminho do bem e lá encontrarás as suas dádivas. Nesse caminho, encontrarás o tesouro.  

   Ora na actual conjunção Vénus-Júpiter firma-se e evidencia, de forma facilmente observável, uma predominância do númen feminino. O Divino Feminino é, neste momento, uma luz que se vê, que surge erguida sob o horizonte, anunciada, como proposta de transformação da humanidade. Pelo facto, da conjunção se fixar em Caranguejo, o lugar da Lua, esse já seria por si só um anúncio, mas os elementos não se reduzem a essa determinação. Vénus e Júpiter em Caranguejo unem-se triangularmente à Lua e à Caput Draconis em Peixes. Do lugar da exaltação de Vénus e do domicílio de Júpiter, a Lua e o Dragão da Lua vão contribuir e consubstanciar a expressão do Divino Feminino nesta efeméride. Porém, não nos devemos esquecer que para o tema de Lisboa os lugares não favorecem nem a conjunção, nem a união triangular, pois a conjunção cai na XII e a Lua e Caput Draconis encontra-se na VIII, no lugar da Morte.

   Existem também outros dois elementos de tensão que atacam este prenúncio escatológico do Divino Feminino. Os maléficos fixam quadrangularmente o seu olhar na conjunção dos benéficos. Marte em Balança e Saturno (e Neptuno) em Carneiro criam dois aspectos de tensão a Vénus e Júpiter em Caranguejo. O eixo da identidade (Carneiro-Balança) revela a dificuldade de receber a transformação que representa o númen do Divino Feminino. Existe uma resistência, uma oposição declarada ao elemento transformativa, ou seja, a humano teme a desintegração da identidade e a imersão na origem. É como se a humanidade revelasse colectivamente o medo do útero divino, o que não é difícil de apreender dada a misoginia em que estamos envolvidos. O númen feminino tem sido sempre alvo de oposição, de resistência. No entanto, relembrando Séneca e Petosíris, existe, por um lado, a prevalência do bem supremo e, por outro, a persistência dos benéficos, daí resulta a conclusão de que; apesar destes elementos restritivos, o Divino Feminino fará o seu caminho pelo menos até aqueles que o queiram receber.           

            Os elementos de tensão devem ser assim considerados de forma distinta e específica. Saturno e Neptuno em Carneiro revelam como a práxis de uma identidade, enraizada em estruturadas patriarcais cristalizadas e em elementos espirituais preconceituosos que ainda persistem, tende a rejeitar a integração do númen feminino. Saturno e Neptuno em Carneiro são uma oportunidade humana de transformação, por meio da acção, de estruturas caducas, porém, a natureza humana tende a resistência. Esta quadratura à conjunção dos benéficos apresenta-nos a base dessa fortaleza dogmática. Por outro lado, mas consequentemente, a quadratura de Marte em Balança à conjunção é bom exemplo da força debilitada, uma força (Marte) erguida a partir das deficientes estruturas relacionais do humano (Balança), como promotora de uma violência estrutural contra o feminino e contra a mulher. Os nossos tempos, a realidade sombria que vivemos, continua a ser absurdamente perigosa para uma mulher. A transformação a partir do Divino Feminino vem contrariar a continuidade desse padrão destrutivo.

            Aos raios quadrangulares, lançados a partir de Carneiro e Balança até à conjunção dos benéficos, podemos juntar também a quadratura entre a Lua e a Caput Draconis em Peixes e Úrano em Gémeos. Neste elemento de tensão, face à proposta considerada pela conjunção, vai encontrar-se uma dificuldade de conciliar as estruturais comunicacionais da sociedade contemporânea, baseadas numa expressão líquida e informe, e a profundidade espiritual de integração na totalidade imersiva de uma deusa sob a água e que dá à costa. A racionalidade dedutiva, por um lado, e a ausência de profundidade, por outro, apresenta-se como um sério obstáculo aquilo que é proposto pela conjunção e pela sua relação com a Lua e com o seu Dragão. Existe assim uma barreira de discurso ou de entendimento desse discurso à proposta de transformação desta co-presença dos benéficos.

            Paralelamente, sob um traço astrológico da aversão, Sol e Mercúrio em Leão apresenta uma outra mensagem que, na verdade, se relaciona com aquela que a conjunção quer transmitir. Quando o Sol em Leão alcança o melhor de si, ultrapassando as pulsões narcísicas que lhe são inatas, chega àquilo que se pode designar de nobreza da alma e com Mercúrio promove a nobreza do discurso. Existe, porém, uma raridade neste estágio leonino, uma que não chegará a todos por determinação geral, e que também não se limita ao Sol ou a Mercúrio, abrangendo também outros planetas ou pontos astrológicos. A proposta do melhor de Leão servirá, por exemplo, para atenuar a acção deletéria dos maléficos. A união em trígono a Saturno (e Neptuno) e em sextil a Marte, os dois em separação, faz do Sol e de Mercúrio os arautos de uma transformação através do carácter.

            A oposição do Sol e Mercúrio em Leão a Plutão vai adensar esta proposta transformativa. Plutão traz o Memento Mori à nobreza da alma. Alguém com uma alma nobre trará sempre si a sabedoria de que se vai morrer. A presença tangível da morte permite que se dê valor à vida. Os tolos que pensam que não vão morrer não dão valor a nada. O Memento Mori como semente plutoniana vai contrariar a acção dos maléficos, relativizando a sua influência e mostrando-nos que devemos colocar as nossas preocupações naquilo que controlamos e não em eventos externos. A morte como lição tem o poder de exercer um processo de reductio, ou seja, devemos estabelecer como lição essa redução ao essencial, àquilo que contribui para o estabelecimento de uma via transformativa.                  

            Em 2025, a conjunção entre Vénus e Júpiter em Caranguejo vai trazer aquele que pode ser entendido como o dom ou a dádiva que neste ano se anuncia. O Divino Feminino surge acima do horizonte, como estrela que guia, como luz no caminho. Se utilizarmos como unidade simbólica o tema de lisboa, vemos que o Sol ainda não nasceu e que Vénus e Júpiter ascendem acima do horizonte. Nesse amanhecer olissiponense, os benéficos são Estrelas da Manhã, guias de uma luz que rompe a escuridão. A permanência e persistência do bem é algo que deve estar sempre presente, lembrando-nos que onde está o tesouro, está a transformação. Na subida para o templo, é o amor que nos salvará e a deusa do amor indicar-nos-á o caminho.       


quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Brevemente: O Resto Permanece Humano: Volume 1 (Livros I - III)


Sairá, em breve, o meu 20º livro, O Resto Permanece Humano, volume 1 (Livros I, II e III). Este livro que reúne os três primeiros livros da proposta poética que é O Resto Permanece Humano vem assinalar dois marcos importantes. O primeiro é publicação do 20° livro em 5 anos do projecto editorial Livros - Rodolfo Miguel de Figueiredo. O segundo é o início da publicação das Obras Completas de Rodolfo Miguel de Figueiredo, em que este título se insere. Esta colecção apresenta os títulos em versões revistas e em edições especiais de capa dura. Este será o início da criação de uma Opera Omnia.

Saiba mais acerca deste e de outros livros em https://rodolfomfigueiredo.wixsite.com/livros

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Brevemente: O Resto Permanece Humano: Livro IV


Sairá, em breve, o meu 19º livro, O Resto Permanece Humano: Livro IV. Nesta obra, estão reunidos 94 poemas, escritos ao longo de 2024 e 2025. Este livro, bem aquele que com este sairá, são um marco de transição, pois com eles são alcançados os 20 livros publicados ao longo de 5 anos. Porém, este livro pela sua temática, ou melhor dizendo pelos poemas nele contido, assinala uma transição, uma mudança na vida e o obra do seu autor: a confirmação da lição de Dante de que existem amores que movem o sol e as outras estrelas.

Saiba mais acerca deste e de outros livros em https://rodolfomfigueiredo.wixsite.com/livros

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Calendário Astrológico: Agosto de 2025



Conheça as principais efemérides astrológicas de Agosto de 2025.

O calendário foi gerado pelo software astrológico Janus 5.5 e calculado paras as coordenadas de Lisboa (PT).

Saiba mais acerca dos nossos serviços de consultadoria (consultas profissionais de astrologia e tarot e consultadoria astrológica para empresas) em https://rodolfomfigueiredo.wixsite.com/astrologia-e-tarot

Conheça os nossos livros em https://rodolfomfigueiredo.wixsite.com/livro