sábado, 7 de agosto de 2021

Lua em Leão: De 7 a 9 de Agosto de 2021


Lua em Leão: das 08h32min de hoje às 15h56min do dia 9.

Lua Nova em Leão: Reflexões Astrológicas

 Reflexões Astrológicas


Lunações


Lua Nova em Leão


Lisboa, 14h50min, 08/08/2021

 

Sol-Lua

Decanato: Júpiter

Termos: Saturno

Monomoiria: Mercúrio

 

            A Lua Nova de Agosto ocorre no signo de Leão, de dia e acima do horizonte, no Lugar da Práxis (X), no decanato de Júpiter, termos de Saturno e monomoiria de Mercúrio. Estando a Lua fora do seu Segmento de Luz e com as posições acima descritas, a afirmação do masculino e do carácter solar torna-se evidente. Mercúrio vai acentuar igualmente a expressão masculina desta sizígia, pois encontra-se sob os raios do Sol e numa posição anterior, também ela masculina. Junto ao Ponto de Culminação (MC), na XI, o Bom Espírito (ἀγαθόν δαίμων), Marte em Virgem assume-se como o astro que brilha mais alto no céu.

            O carácter masculino e solar apresenta-se portanto como o principal elemento de significação. O intelecto agente expande a sua luz criadora de uma forma que pode, se essa for a vontade, transformar o mundo e o humano. Esta luz vibrante pede que se procure o lugar secreto onde o divino habita em nós. Lembremo-nos, por exemplo, do Evangelho de Maria Madalena quando diz: “onde está o Intelecto, ali está o tesouro” (10). No entanto, o caminho para se alcançar esse tesouro surge como um enigma. É a esfinge que desafia o peregrino e, perante a inquirição da vida e da morte, é exigida uma revelação.         

            A luz de Agosto arde na individualidade, consome o narcisismo e o egocentrismo e alumia a consciência de si, a chama pulsante do intelecto, do numinoso em nós. No entanto, olhando de frente, opondo-se em retrogradação, o Espaço e o Tempo, a Verdade e a Necessidade, Júpiter e Saturno enfrentam os luminares e também Mercúrio. Aquilo que brilha em nós pode, porém, não chegar ao outro, pode não ser reconhecido. Em Aquário, a construção do Novo Humano e da Humanidade traz sobre si, como se a si retornasse, o espírito do bloqueio e a impotência da realização, ou seja, o espírito agregador de um colectivo aquariano não nasce, nem floresce, pedindo espera e reflexão.

            Existe, nesta posição, uma necessidade imperiosa e social de pensar o valor da humanidade, da solidariedade como matriz do colectivo. No Lugar sob a Terra (IV), Júpiter e Saturno ocultam nas profundezas da terra a sombra do feminino, o elemento que neste novilúnio sente a sua expressão diminuída, pois Júpiter encontra-se nos termos de Saturno e no decanato da Lua e Saturno nos termos e decanato de Vénus. Na fundação, na base da realidade, o Humano fita a luz e o cume, reconhecendo o caminho da luz.

            Apesar de estar sob o horizonte, Júpiter é o benéfico que reverbera a luz da dádiva, intensificando a mensagem de Mercúrio e dos luminares. O elemento criativo, a genialidade, o que transcende o comum firma-se como potencial e expressa-se como luz do amanhã. O colectivo, o social, não conseguindo fazer nascer em si essa luz, terá de colher na excepção do individual essa potência de criação. Sob o véu do outro, Úrano em Touro, na VII, em quadratura aos luminares e a Mercúrio (X) e a Júpiter e Saturno (IV) força o conflito entre a liberdade e a tradição e demonstra a dificuldade da luz da individualidade chegar ao outro. No entanto, é aí que reside o esforço e a possibilidade de se alcançar um verdadeiro espírito de humanidade, onde o génio de cada individualidade se toque e crie, agregando um colectivo que una os seres humanos em solidariedade e compaixão, mas também em sintonia com o espírito da terra, com a mãe Gaia.

            Entre o conhecimento da vida e conhecimento da morte, entre a II e a VIII, o corpo do Dragão da Lua estende a sua mensagem ao transportar a sabedoria (Sagitário) na palavra (Gémeos), ao infundir a sabedoria nesse conhecimento da vida e da morte. Ora a importância dessa mensagem é enfatizada pelos aspectos benéficos (trígonos e sextis) da sizígia dos luminares, de Mercúrio, de Júpiter e Saturno. Pelo contrário, Vénus e Marte, e também Neptuno, formam quadraturas com o Dragão da Lua, mostrando que a harmonia dos contrários pode não ser acolhida por aqueles que recebem – ou rejeitam - a sabedoria na palavra, no conhecimento.

            Sabendo nós que o masculino tem regido os paradigmas humanos da maioria dos séculos que a história grafa, mesmo que de forma deturpada, o problema reside em aceitar o feminino como origem e sede da sabedoria. A tensão de Neptuno aponta também para esse problema, para a dificuldade de se compreender que a compaixão e o amor universal são também eles meios para a sabedoria se expressar e a ilusão é teimar na negação dessa evidência. O paternalismo e o chauvinismo que persiste nos nossos tempos – mesmos no seio das espiritualidades – terão sempre dificuldade em acolher o Divino Feminino. O medo do feminino torna-se assim um obstáculo no caminho.

            O encontro de Vénus e Marte no signo de Virgem, estando ambos fora do seu Segmento de Luz, vem reforçar a necessidade de se acolher a harmonia dos contrários. Porém, a forma como os opostos são integrados tende, face à fragilidade humana, a abarcar o seu aspecto de conflito, de guerra permanente, o πόλεμος de Heraclito (frag, 53 Diels). A influência desta conjunção no signo de Mercúrio e no Bom Espírito (XI) intensifica uma dimensão racional e traz ao plano das ideias um espírito combativo, mas também estético. Por outro lado, a força e o desejo podem fazer também com que a intolerância e a intransigência ideológica sejam potenciadas, o que é expresso também pela oposição a Neptuno em Peixes (V). Firma-se a ilusão e desvanece a empatia.

            A relação benigna (trígono) de Vénus e Marte em Virgem (XI) com Úrano em Touro (VII) e Plutão em Capricórnio (III) frisa a importância de se alcançar um equilíbrio ecológico e sustentável. Esse é o desafio dos nossos tempos. No entanto, Marte trará o conflito a esse processo, mostrando como os seres humanos são tão relutantes em mudar os seus hábitos. Não se salva o planeta com algumas mudanças alimentares e apanhando algum plástico para a fotografia. Existe uma exigência mais profunda que obriga a mudanças radicais, sobretudo ao nível dos transportes, do comércio e dos recursos. Não sendo Vénus o benéfico mais favorecido, pois encontra-se fora do seu segmento de luz, e estando Marte pela mesma razão exacerbando o seu carácter de maléfico, este é um tema que firmará intensas discussões e obrigará a um marcar, por vezes extremado, de posições.  

            Por outro lado, concedendo a dádiva e unidos em trígono e sextis, Úrano em Touro, Neptuno em Peixes e Plutão em Capricórnio continuam a transformar a nossa realidade. Essa união da revolução da terra, da compaixão como unicidade e do poder da morte, nos lugares da Deusa, da Boa Fortuna e do Poente, transporta o nascer de uma nova era. O Eterno Feminino, o regresso da Grande Mãe marca aqui um caminho, uma senda de possibilidade. O dom do aspecto feminino do Divino pede uma integração, que não obriga, mas leva necessariamente a uma aceitação, a uma transformação da realidade. É preciso ver a sabedoria que a maioria não vê e nega.

           Com Escorpião a marcar a hora e os luminares em Leão, a intensidade marcará o novilúnio, trazendo a luz e a sombra, a vaidade e a morte. O caminho que é de tensão entre o abismo e o cume, entre a terra e o céu exige que génio em cada um brilhe como nunca, mas, sob a sombra dos nossos demónios, teremos, por força e necessidade, de vencer esse medo do feminino. A Idade do Espírito Santo é a luz do Eterno Feminino.