terça-feira, 18 de maio de 2021

A Origem do Zodíaco - Circulação e Transmissão Cultural: Exemplo Textual



Stevens, K., 2019, Between Greece and Babylonia: Hellenistic Intellectual History in Cross-Cultural Perspective, 39-41.


As Aristotle’s claim about Egyptian and Babylonian observations implies, Greeks were engaging with the celestial scholarship of their eastern neighbours well before the Macedonian conquest. Some Mesopotamian constellation and star names were borrowed in the late second or early first millennium and are attested in fragmentary Greek astronomical poems from the eighth to the sixth centuries BC. If reliable, Pliny’s claim that the astronomer Cleostratus of Tenedos introduced the signa in the zodiac suggests that zodiacal constellations were known in the Greek world by the late sixth or fifth century, although not the uniform zodiac of twelve 30-degree signs, which was not invented in Babylonia until around 400 BC. Nor could the uniform zodiac have been known to Meton of Athens or his near-contemporary Euctemon around 430 BC: apart from questions of chronology, Daryn Lehoux has effectively demolished the thesis of Albert Rehm and Bartel Van der Waerden that Meton and Euctemon used zodiacal months to construct their parapegmata (lists of dates of solstices, equinoxes and annual risings and settings of fixed stars, combined with weather predictions). Meton did, however, draw on Babylonian celestial scholarship in another way. The Metonic Cycle attributed to him (the period of almost nineteen years where the solar year and lunar month coincide, which enabled the development of consistent intercalation schemes) is almost certainly derived from Babylonia, where a similar cycle had been in use since around 500 BC.

Secure evidence for Greek knowledge of the zodiacal constellations, although still not necessarily the uniform zodiac, comes in the fourth century with the Phenomena of Eudoxos of Knidos (ca. 390–340 BC), known today via a commentary by Hipparchus of Nicaea and Aratus’ versification of its contents in his Phenomena. Aratus’ statement that each night six ‘twelfth-parts (duodekades) of the (zodiacal) circle’ set and six rise could refer to the zodiac signs, but he makes no explicit mention of the 360-degree zodiacal circle, and Hipparchus’ criticism of Aratus for conflating the zodiacal constellations with the signs implies that neither he nor Eudoxos made this distinction. If De Caelo predates Alexander’s campaigns, Aristotle’s claims about planetary movements reported by the ‘Chaldaeans’ indicates that Greeks were also using Babylonian observational data before the Hellenistic period.

While these examples attest to cross-cultural contact, they are relatively isolated and self-contained; there is no evidence for detailed Greek knowledge of Babylonian astronomical or astrological scholarship before the third century BC. Unsurprisingly, then, the crucial period of cross-cultural exchange seems to have been that which brought the inhabitants of Greece and Mesopotamia into closer contact than ever before. We will examine the results of that contact across three areas of celestial enquiry: data and terms relating to celestial observation; methods of predicting celestial phenomena; and the concepts and techniques used to interpret the significance of these phenomena for events on Earth.



Stevens, K., 2019, Between Greece and Babylonia: Hellenistic Intellectual History in Cross-Cultural Perspective. Cambridge: Cambridge University Press.

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Lua Nova em Touro Reflexões Astrológicas

 Reflexões Astrológicas

Lunações


Lua Nova em Touro

Lisboa, 20h00min, 12/05/2021

Decanato: Saturno

Termos: Júpiter

Monomoiria: Vénus

 

   A Lua Nova de Maio, no signo de Touro, ocorre antes do pôr-do-sol, estando portanto ainda no Segmento de Luz Diurno (αἵρεσις), com a Lua fora de segmento, mas com o Sol enfraquecido pela sua queda. Neste caso, o novilúnio acontece no decanato de Saturno, nos termos de Júpiter e na monomoiria de Vénus. A sizígia ou o encontro dos luminares dá-se perto do horizonte. A luz da alma e do espírito marcam o céu com um fogo que se extingue. Mercúrio e Vénus são Estrelas da Tarde e trazem consigo o anúncio da luz vespertina do crepúsculo, os dons criativos e as dádivas do coração.

   Este não é o tempo da razão e, embora estejam em Gémeos, o raciocínio estará toldado pela ideia da morte, pelo peso do fim e da finalidade (VIII), mas também pelo valor da palavra sentida, dado que Mercúrio e Vénus ladeiam a Caput Draconis, o termo de um caminho que determina a via que é a sabedoria da palavra (Sagitário-Gémeos) e a palavra da sabedoria (Gémeos-Sagitário). Esse eixo trilha, neste novilúnio, uma estrada que vai do Modo de Vida, o Viver (II) até à Morte e à sua qualidade (VIII), fixando assim a tradição e o valor, o conhecimento da morte e o absoluto que pertence à terra. Existe aqui uma necessidade imperativa de desapego que, neste caso, não é de bens materiais, mas sim de conceitos e ideias. Tudo se perde, todas as vaidades sucumbem perante o rosto luminoso da Deusa Sophia, pois o que julgamos pensar (Mercúrio) e amar (Vénus) são apenas sombras projectadas na caverna.

   O novilúnio de Maio fixa em Touro e no Poente (δύσις) a urgência de se olhar e se apreender o tempo da Terra, os seus ciclos maiores. Esse é o tempo que os astrólogos antigos, sobretudo aqueles que eram próximos do estoicismo, colocam entre a destruição e a criação, entre a conflagração e o dilúvio, ou seja, ora quando todos os planetas se encontrarem e se alinharem em Caranguejo (conflagração), ora quando se encontrarem e alinharem em Capricórnio (dilúvio), determinando assim a lição profunda do Thema Mundi (veja-se, por exemplo, Beroso Frag. 19 Jacoby ou Nechepso e Petosíris, Frag. 25 Riess). A posição de Úrano com os luminares, este já sob o horizonte, em Touro e no Poente (VII) introduz também aqui a revolução do céu, a transformação do humano, não apenas por Necessidade ou Providência, mas porque a Terra, porque Gaia também o exige. Para que um Novo Mundo nasça, a Mãe-Terra terá de entrar em trabalho de parto. Essa é a ordem da natureza: o Eterno Retorno.

  Saturno e Júpiter corroboram esta mensagem, dado estarem junto do Ponto Subterrâneo (IC) no Lugar Sob a Terra (IV). O Tempo e o Espaço servem pilares, de indicadores de contracção e expansão da Base ou Fundação do Mundo (IV). A humanidade aquariana transforma-se e transmuta-se a partir das raízes da realidade, tanto a externa como a interna. As posições junto aos eixos cardeais ou aos pólos do tema (κέντρα) são, segundo as já referidas lições de Petosíris, indicadores não de tensão mas sim de efectivação e estrutura. Este potencial cardeal é estimulado, trazido a uma dinâmica interactiva, pelas relações (aspectos) que através de si estabelecem.

   Marte, por exemplo, é a luz mais alta do céu. A força umbilical - por vezes aterradora - da Grande Mãe (Marte em Caranguejo) une os seus raios, a partir do Lugar de Deus (IX), em sextil, aos luminares, à Alma e ao Espírito, e à revolução do humano (Úrano), mas também em trígono ao amor universal (Neptuno) que repousa no interior da Cornucópia da Abundância, da Boa Fortuna (V) e, de igual forma, ao Leme da Vida (Asc.). Por outro lado, une-se diametralmente à pulsão da morte e ao poder do renascido (Plutão em Capricórnio), nos termos de Marte, no Lugar da Deusa. Da Vénus de Willendorf ou de Sheela na Gig a Maria, a Magdalena, Ísis é tudo para todos as mulheres, homens e crianças e essa visão de totalidade surge, por vezes, como um desafio. O Novo Humano terá de ser como Lúcio do Asno de Ouro de Apuleio.

   A sizígia da luz, bem como Úrano, participa igualmente deste potencial relacional, pois une-se também em sextil a Neptuno e em trígono a Plutão, que também se unem entre si em sextil. A luz submerge no mar e no submundo para regressar, para reemergir renascido do seio de Gaia. Note-se a subtileza de como os signos femininos marcam neste novilúnio um compasso de harmonia. No entanto, essa melodia do Eterno Feminino terá de incluir um trítono que, neste caso, surge da tensão de uma visão dual, aquela que transforma o Amor Universal num simulacro, numa ilusão de boa-venturança, de salvação. Esta é a quadratura de Neptuno tanto a Mercúrio e Vénus como ao Dragão da Lua.

   Porém, de uma outra forma, seguindo a harmonia das esferas, os que habitam o Lugar da Morte afundam o seu olhar de futuro no abismo profundo do Lugar Sob a Terra (Mercúrio e Vénus), conjugando as bênçãos com os que nele fazem a sua casa (Saturno e Júpiter). Estas dádivas vão do trígono de Mercúrio e Vénus a Saturno e Júpiter às relações benéficas (trígono e sextil) dos primeiros ao eixo de culminação e dos segundos ao Dragão da Lua. Aqui o masculino (Sagitário/Gémeos e Aquário/Leão) não poderá ser todavia um Osíris itifálico, faraó reinante, mas sim algo entre Thot, o guardião da palavra, e Anúbis, o guardião da morte. Os senhores do Olimpo (Saturno e Júpiter) estão no ventre da Terra (IV), mostrando que o poder (Capricórnio) é também ceder o lugar. A senhora primordial do Olimpo reergue-se do mar primordial. Eurínome será de novo rainha.

  Em suma, encontramos neste novilúnio uma síntese do que anteriormente se anunciou, bem como uma sugestão do que, no final deste mês, se pode conjugar: Júpiter em Peixes; um Eclipse Lunar; e Saturno e Mercúrio Retrógrado

Lua em Touro: De 10 a 12 de Maio de 2021


Lua em Touro: das 00h47min de hoje às 13h43min do dia 12.