quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Karl Popper e o Paradoxo da Tolerância


 Popper, Karl, 2013 (1994), The Open Society and Its Enemies, New One-Volume, volume I, Notes to Seven, note 4 (p. 581).


Less well known is the paradox of tolerance: unlimited tolerance must lead to the disappearance of tolerance. If we extend unlimited tolerance even to those who are intolerant, if we are not prepared to defend a tolerant society against the onslaught of the intolerant, then the tolerant will be destroyed, and tolerance with them.—In this formulation, I do not imply, for instance, that we should always suppress the utterance of intolerant philosophies; as long as we can counter them by rational argument and keep them in check by public opinion, suppression would certainly be most unwise. But we should claim the right to suppress them if necessary even by force; for it may easily turn out that they are not prepared to meet us on the level of rational argument, but begin by denouncing all argument; they may forbid their followers to listen to rational argument, because it is deceptive, and teach them to answer arguments by the use of their fi sts or pistols. We should therefore claim, in the name of tolerance, the right not to tolerate the intolerant. We should claim that any movement preaching intolerance places itself outside the law, and we should consider incitement to intolerance and persecution as criminal, in the same way as we should consider incitement to murder, or to kidnapping, or to the revival of the slave trade, as criminal.



Popper, Karl, 2013 (1994), The Open Society and Its Enemies, New One-Volume, ed. E. H. Gombrich & A. Ryan (Princeton Oxford, PUP)

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Lua Nova em Capricórnio: Reflexões Astrológicas

Reflexões Astrológicas

Lunações

Lua Nova em Capricórnio

05h00min, 13/01/2021

Decanato: Sol

Termos: Saturno

Monomoiria: Marte

 

  A conjunção Sol-Lua, estando o Horóscopo (Asc.) em Sagitário, cai na II, aquela que Paulo de Alexandria chamou de “Porta do Hades” e que a tradição antiga designou de Bíos, o modo de viver, distinto da vida biológica marcada pelo primeiro lugar. Ora nesta casa com o Sol e a Lua está também, nos mesmos termos e decanato, Plutão. O senhor do submundo e da morte surge no seu próprio pórtico, por detrás da luz. A morte oculta-se na sombra do nosso modo de viver, na penumbra de onde a luz incide. E não são estes os tempos que julgam o conhecimento da morte, que é também o conhecimento da vida, e a forma como vivemos? A pandemia ataca igualmente os meios de subsistência. Porém, acentuado pelo facto do novilúnio se encontrar no Decanato do Sol, o caminho é de saída do Hades, pois a hora de alba está próxima.


  Segundo os conceitos antigos de estar sob os raios do Sol e da fase helíaca, podemos observar que nenhum dos planetas é, neste momento, uma verdadeira Estrela da Manhã ou Estrela da Tarde, pois Vénus, Saturno, Júpiter e Mercúrio estão sob os raios do Sol. E Plutão que também está sob os raios foge do Coração do Sol por apenas doze minutos. Existe portanto na posição destes planetas um efeito fulgente e abrasivo. O Sol no signo do poder temporal exerce a sua autoridade, daí que as questões políticas estejam nestes dias particularmente exacerbadas e vulneráveis ao extremismo, à xenofobia e ao racismo. No entanto, existe uma distinção que deve ser feita. Vénus é o único que, embora não seja Estrela da Manhã, está numa posição oriental, adquirindo assim um carácter racional e metódico. A deusa do amor traz, deste modo, o pensamento ao desejo, à necessidade noética de colocar a inteligência naquilo que se quer e procura.


  Se pensarmos que o novilúnio se fixa no segmento nocturno, sob o horizonte, então concluímos que Vénus é o benéfico que está no seu próprio segmento e adquire a qualidade de ser o cume da seta de luz, aquela que tomara a madrugada. Já os restantes planetas, estando ocidentais, à esquerda do Sol, adquirem um carácter emotivo, instintivo e criativo. Nesta posição, Saturno, Júpiter e Mercúrio estão conjuntos, na III, no lugar da Deusa. Mais uma vez o Eterno Feminino surge como a promessa do futuro, como a face da transformação. Estão todavia ameaçados pela tensão (quadratura) que vem da VI, sob olhar explosivo de Marte e de Úrano. A palavra ameaça a saúde e a saúde domina a palavra. Todo o processo comunicativo será posto à prova.


  Neptuno, no seu próprio domicílio, fixa-se no Ponto Sob a Terra, na fundação do tema, que é também a da realidade. A compaixão, o serviço à humanidade, deverão vencer o medo e a exclusão. O eixo da Base à Culminação une Peixes e Virgem acentuando a necessidade e a importância vital do acto de cuidar, de estender a mão ao próximo. A verdadeira solidariedade, e não a caridade dominical e fotogénica, terão necessariamente de imperar. Sem a noção colectiva e agregadora de humanidade, e não meramente conceptual, a lição da Grande Conjunção fracassará.


  A Humanidade terá de vencer no espaço (Júpiter) e no tempo (Saturno), sem fronteiras e no presente, o inimigo que conduz à extinção do humano nas mulheres e homens. Esta esperança no futuro é conciliada - ou não - pelo trígono de Marte e Úrano na VI ao Ponto de Culminação (MC). A força e a transformação podem trazer à saúde da humanidade um renovado dinamismo e uma maior liberdade ou podem colidir numa explosão de fogo e electricidade. A ciência será tomada pela ignorância e a política pela desinformação. A posição de Marte e Úrano em Touro dará densidade ao melhor da vontade e da humanidade, dando forma à matéria bruta, ou tornará dura e cristalizada a obstinação humana, a necessidade primária de sobreviver ao outro e de não prescindir daquilo que julga ser seu.


  Por fim, deve-se considerar a união dos dois eixos: o do horizonte que une o Horóscopo ao Poente e o que une a Cauda e a Cabeça do Dragão da Lua. Essa ponte, essa passagem que tem tanto de seta como de rio indica a viagem da sabedoria ao conhecimento. Contudo, o corpo do Dragão envolve o horizonte, mostrando as dificuldades desse caminho de Sagitário a Gémeos, da sabedoria à realidade dual. A Deusa Sophia, guardada pelo centauro, traz à humanidade, ao conhecimento humano, o desapego da sabedoria e o silêncio do conhecer-se a si mesmo. Essa não é, porém, uma senda de sossego e paz, pois a sabedoria é tanto o abismo profundo como o topo da montanha e o caminhante terá de se anular, de se esvaziar, para percorrer essa urdidura de trilhos e encontros. A Lua Nova em Capricórnio trará à luz a consciência da sabedoria e do tempo ou a escuridão de se perder a humanidade.