terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Lua Nova em Capricórnio: Reflexões Astrológicas

Reflexões Astrológicas

Lunações

Lua Nova em Capricórnio

05h00min, 13/01/2021

Decanato: Sol

Termos: Saturno

Monomoiria: Marte

 

  A conjunção Sol-Lua, estando o Horóscopo (Asc.) em Sagitário, cai na II, aquela que Paulo de Alexandria chamou de “Porta do Hades” e que a tradição antiga designou de Bíos, o modo de viver, distinto da vida biológica marcada pelo primeiro lugar. Ora nesta casa com o Sol e a Lua está também, nos mesmos termos e decanato, Plutão. O senhor do submundo e da morte surge no seu próprio pórtico, por detrás da luz. A morte oculta-se na sombra do nosso modo de viver, na penumbra de onde a luz incide. E não são estes os tempos que julgam o conhecimento da morte, que é também o conhecimento da vida, e a forma como vivemos? A pandemia ataca igualmente os meios de subsistência. Porém, acentuado pelo facto do novilúnio se encontrar no Decanato do Sol, o caminho é de saída do Hades, pois a hora de alba está próxima.


  Segundo os conceitos antigos de estar sob os raios do Sol e da fase helíaca, podemos observar que nenhum dos planetas é, neste momento, uma verdadeira Estrela da Manhã ou Estrela da Tarde, pois Vénus, Saturno, Júpiter e Mercúrio estão sob os raios do Sol. E Plutão que também está sob os raios foge do Coração do Sol por apenas doze minutos. Existe portanto na posição destes planetas um efeito fulgente e abrasivo. O Sol no signo do poder temporal exerce a sua autoridade, daí que as questões políticas estejam nestes dias particularmente exacerbadas e vulneráveis ao extremismo, à xenofobia e ao racismo. No entanto, existe uma distinção que deve ser feita. Vénus é o único que, embora não seja Estrela da Manhã, está numa posição oriental, adquirindo assim um carácter racional e metódico. A deusa do amor traz, deste modo, o pensamento ao desejo, à necessidade noética de colocar a inteligência naquilo que se quer e procura.


  Se pensarmos que o novilúnio se fixa no segmento nocturno, sob o horizonte, então concluímos que Vénus é o benéfico que está no seu próprio segmento e adquire a qualidade de ser o cume da seta de luz, aquela que tomara a madrugada. Já os restantes planetas, estando ocidentais, à esquerda do Sol, adquirem um carácter emotivo, instintivo e criativo. Nesta posição, Saturno, Júpiter e Mercúrio estão conjuntos, na III, no lugar da Deusa. Mais uma vez o Eterno Feminino surge como a promessa do futuro, como a face da transformação. Estão todavia ameaçados pela tensão (quadratura) que vem da VI, sob olhar explosivo de Marte e de Úrano. A palavra ameaça a saúde e a saúde domina a palavra. Todo o processo comunicativo será posto à prova.


  Neptuno, no seu próprio domicílio, fixa-se no Ponto Sob a Terra, na fundação do tema, que é também a da realidade. A compaixão, o serviço à humanidade, deverão vencer o medo e a exclusão. O eixo da Base à Culminação une Peixes e Virgem acentuando a necessidade e a importância vital do acto de cuidar, de estender a mão ao próximo. A verdadeira solidariedade, e não a caridade dominical e fotogénica, terão necessariamente de imperar. Sem a noção colectiva e agregadora de humanidade, e não meramente conceptual, a lição da Grande Conjunção fracassará.


  A Humanidade terá de vencer no espaço (Júpiter) e no tempo (Saturno), sem fronteiras e no presente, o inimigo que conduz à extinção do humano nas mulheres e homens. Esta esperança no futuro é conciliada - ou não - pelo trígono de Marte e Úrano na VI ao Ponto de Culminação (MC). A força e a transformação podem trazer à saúde da humanidade um renovado dinamismo e uma maior liberdade ou podem colidir numa explosão de fogo e electricidade. A ciência será tomada pela ignorância e a política pela desinformação. A posição de Marte e Úrano em Touro dará densidade ao melhor da vontade e da humanidade, dando forma à matéria bruta, ou tornará dura e cristalizada a obstinação humana, a necessidade primária de sobreviver ao outro e de não prescindir daquilo que julga ser seu.


  Por fim, deve-se considerar a união dos dois eixos: o do horizonte que une o Horóscopo ao Poente e o que une a Cauda e a Cabeça do Dragão da Lua. Essa ponte, essa passagem que tem tanto de seta como de rio indica a viagem da sabedoria ao conhecimento. Contudo, o corpo do Dragão envolve o horizonte, mostrando as dificuldades desse caminho de Sagitário a Gémeos, da sabedoria à realidade dual. A Deusa Sophia, guardada pelo centauro, traz à humanidade, ao conhecimento humano, o desapego da sabedoria e o silêncio do conhecer-se a si mesmo. Essa não é, porém, uma senda de sossego e paz, pois a sabedoria é tanto o abismo profundo como o topo da montanha e o caminhante terá de se anular, de se esvaziar, para percorrer essa urdidura de trilhos e encontros. A Lua Nova em Capricórnio trará à luz a consciência da sabedoria e do tempo ou a escuridão de se perder a humanidade.         

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