domingo, 22 de setembro de 2019

A Lua ou o Segredo da Imaginação

A Lua
Tarot Rider-Waite



A Lua é o arquétipo, não do Divino Feminino, mas sim das profundezas da imaginação e do abismo da memória.

A Lua é aquele eclipse da evolução que contraria ou inverte o movimento natural, permitindo assim a contemplação.

A Lua é tanto o impulso primário da vontade e do desejo como a revelação simbólica do enigma, do sentido da vida.

A Lua é aquele princípio de diminuição, de movimento retrógrado e de luz reflectida que dá profundidade à consciência.

A Lua é a condição da vida que, pela repetição e pelo retorno cíclico do tempo, permite que tudo nasça, viva e morra.

A Lua é aquele estado demiúrgico do humano entre o divino e a natureza e da alma entre o corpo e o espírito.

A Lua é a intuição, a possibilidade radical de, a partir da parte, alcançar o todo, de tornar a inteligência uma visão da totalidade.

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Alguns Elementos Textuais para o Estudo do Thema Mundi: Fírmico Materno, Paulo de Alexandria e Porfírio





Porfírio, Sobre a Caverna das Ninfas na Odisseia, 22.


Kaˆ œcous… ge ™fexÁj aƒ qšseij tîn zJd…wn: ¢pÕ mn Kark…nou e„j A„gÒkerwn prîta mn Lšonta oŒkon `Hl…ou, eŒta Parqšnon `Ermoà, ZugÕn d 'Afrod…thj, Skorp…on d ”Areoj, ToxÒthn DiÒj, A„gÒkerwn KrÒnou: ¢pÕ d/ A„gÒkerw œmpalin `UdrocÒon KrÒnou, 'IcqÚaj DiÒj, ”Areoj KriÒn, Taàron 'Afrod…thj, DidÚmouj `Ermoà, kaˆ Sel»nhj loipÕn Kark…non. DÚo oân taÚtaj œqento pÚlaj Kark…non kaˆ A„gÒkerwn oƒ qeolÒgoi, Pl£twn ddÚo stÒmia œfh: toÚtwn d Kark…non mn enai di/ oá kat…asin aƒ yuca…, AƒgÒkerwn ddi/ oá ¢n…asin. 'All¦ Kark…noj mn bÒreioj kaˆ katabatikÒj, A„gÒkerwj dnÒtioj kaˆ ¢nabatikÒj.


As posições dos signos do Zodíaco têm a seguinte ordem, desde Caranguejo até Capricórnio: em primeiro Leão, o domicílio do Sol, a seguir Virgem, o de Mercúrio, Balança, o de Vénus, Escorpião, o de Marte, Sagitário, o de Júpiter, Capricórnio, o de Saturno; em sentido inverso, desde Capricórnio, Aquário a Saturno, Peixes a Júpiter, Carneiro a Marte, Touro a Vénus, Gémeos a Mercúrio e, por fim, Caranguejo à Lua. Os antigos cosmólogos estabeleceram assim estas duas portas, Caranguejo e Capricórnio, já Platão referia duas bocas. Delas, Caranguejo é por onde as almas descendem, Capricórnio por onde ascendem. Caranguejo é pois ainda setentrional e apropriado para se descender, já Capricórnio é meridional e apropriado para se ascender. 


Porfírio, Sobre a Caverna das Ninfas na Odisseia:
Seminar Classics 609 (J. M. Duffy, P. F. Sheridan, L. G. Westerink & J. A. White), 1969, Porphyry, The Cave of the Nymphs in the Odyssey. Buffalo (N.I.): Arethusa Monograph 1, Department of Classics, State University of New York at Buffalo.

Nota: As Traduções do Grego e do Latim são minha responsabilidade.


segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Uma Ferida no Ar (Poesia)

Gérard, François, Cupido e Psyche, 1798.
Paris:Museu do Louvre.
Uma Ferida no Ar


Não Não ______________
Nem o mar é rude e crespo
Nem as ondas ferem o ar
Violentos são os rochedos
Os cumes em alta escarpa
E os promontórios afiados

Não Não ______________
Nem a terra é mansa e triste
Nem as árvores ferem o ar
Belicosas são as montanhas
E ainda as pedras do ocaso
Do destino firmes contendas

Não Não ______________
Nem o vento é revoltado e só
Nem as aves do céu ferem o ar
Cortante é o grito de uma brisa
A ira dançarina de um tornado
E o vendaval numa madrugada

Não Não ______________
Nem o Sol é solitário e ardente
Nem os seus lumes ferem o ar
Cruel é o céu sem luz ou estrela
O astro errante do olhar ocultado
É a vida que sobrevivente recua

_____________ perdida a alma
Da sabedoria é uma ferida no ar


6 de Julho de 2019
RMdF

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Missão (Poesia)

Coli, Giovanni, The Triumph of Wisdom, 1671.
Veneza: Convento de San Giorgio Maggiore.
Missão


Se para a tua vida
queres uma missão
Outra não terás tu
Que tudo aprender
E no fim nada saber
Não te prendas pois
Em doces ilusões
De vã grandeza
Pois no mundo
És somente
Uma partícula
De estelar
Poeira


4 de Fevereiro de 2019
RMdF


quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Orar ao Inevitável (Poesia)

Mantegna, Andrea, Introdução do Culto de Cibele em Roma, 1505-06.
Londres: National Gallery.

Orar ao Inevitável


Ó Adrasteia ninfa
Arcaica deusa
Do Inevitável fado
Para Reia, Cibele
Ou a Necessidade
Do númen o nome
De epíteto sagrado
Segue ó deusa antiga
O moderno humano
Concede à memória
Da vida e da morte
A feliz fortuna e a sorte
De um bom demiurgo


28 de Outubro de 2018
RMdF