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terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Catálogo de Natal 2023: Obra Reunida de Margarida Figueiredo



Catálogo de Natal 2023

Obra Reunida: Centenário do Nascimento (1923-2023) 
de Margarida Figueiredo
Organização e edição de Rodolfo Miguel de Figueiredo
Sinopse

“Margarida Figueiredo, a minha avó Guida, nasceu a 21 de Abril de 1923. Estamos portanto, neste ano de 2023, a celebrar o centenário do seu nascimento, justificando-se assim esta edição e o assinalar-se da efeméride. Acredito que ficaria muito feliz com este livro e sobretudo por ver todos os seus poemas juntos, guardados para a justiça do tempo.

O presente livro pretende, desta forma, reunir toda a sua obra: os três livros que publicou em vida (Fantasias…, 1987; Barca de Âmbar, 1989; e Lumes, 2006) e os poemas que deixou inéditos. Procura-se estabelecer igualmente a fixação do texto, corrigindo-se assim algumas gralhas, sobretudo na acentuação e, em especial, no primeiro livro, decorrentes de uma edição mais antiga.

A criação de uma opera omnia, no centenário do nascimento da autora, resume-se a um único propósito: libertar estes versos da lei da morte e tornar viva quem, na memória, permanece entre nós.” a partir de Prefácio de Rodolfo Miguel de Figueiredo.

Edição Comum (Paperback)
Preço: 15,00€ (UE)
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Edição Especial de Capa Dura (Hardcover)
Preço: 21,00€ (UE)
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terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Reflexões Astrológicas 2023: Lua Nova em Sagitário

  Reflexões Astrológicas


Lunações


Lua Nova em Sagitário

Lisboa, 23h32min, 12/12/2023

 

Sol-Lua

Decanato: Lua  

Termos: Mercúrio

Monomoiria: Saturno        

 

  A Lua Nova de Dezembro ocorre no signo de Sagitário, estando Virgem a marcar a hora para o tema de Lisboa e, deste modo, na IV, no lugar sob a terra (ὑπόγειον), no decanato de Lua, nos termos de Mercúrio e na monomoiria de Saturno. A sizígia dá-se pois abaixo do horizonte e cerca de cinco horas e meia após o pôr-do-sol. Os luminares, estando a Lua no seu próprio segmento, mas num signo masculino, encontram-se num caminho de queda, rumo à anti-culminação. Esta é a primeira via luminar do novilúnio, a que se inicia com a sizígia em queda e termina, passando por Marte, no Ponto Subterrâneo. Agora em Sagitário, e seguindo uma ideia já explorada, a luz não desce do céu, nasce no abismo, no útero de Gaia, do Sagrado Feminino. Nesta constelação, essa luz é a sabedoria.

  Acerca do quarto lugar, Manílio afirma o seguinte: “Contudo, a que completa a via de retorno sob a aurora/ e que, de volta, com as forças exaustas, o arco/ escala, abraça por fim os derradeiros anos,/ a luz desvanecente da vida e a trémula velhice.” (Astronomica II, 852 – 855, ed. Goold, 1985, 56: at, qua perficitur cursus redeunte sub ortum,/ tarda supinatum lassatis viribus arcum/ ascendens, seros demum complectitur anos/ labentemque diem vitae tremulamque senectam. As traduções de Manílio são da minha responsabilidade). Este lugar, segundo o mesmo autor antigo, tem a regência de Saturno, uma que é diferente da de Trasilo e da tradição hermética, que coloca Saturno na XII. A significação de Manílio é fundamentalmente astro-mitológica, pois esta é a herança que vê Cronos/Saturno aprisionado por Zeus/Júpiter no Tártaro, no abismo da terra. A velhice e a morte tornam-se assim um elemento de sentido, daí que Manílio diga que é “de onde o Sol foge tombado e para o Tártaro se extende (II, 794, ed. Goold, 1985, 54: unde fugit mundus praecepsque in Tartara tendit). O quadrante que se alonga do Poente (VII) ao Subterrâneo (IV) encerra em si uma qualidade de morte, mas também um carácter temporal profundo, pois ambos criam uma ponte de sentido entre o passado, a morte e o além.

  Neste novilúnio, a luz está assim guardada no abismo da realidade, no útero da história. Por outro lado, por a Lua Nova ocorrer no signo de Sagitário, a sabedoria torna-se a potência dessa mesma luz. Esta atribuição pode ser entendida primeiramente pelo facto de Sagitário ser o domicílio de Júpiter. Do ponto de vista astro-mitológico, lembremo-nos que o poder de Zeus/Júpiter é fortalecido quando este absorve Métis, a deusa da sabedoria. Ora o eixo Gémeos-Sagitário que coloca, por via da regência domiciliar, Mercúrio e Júpiter a olharem-se de frente firma, desta forma, a palavra ou a razão diante da sabedoria. O conhecimento das coisas torna-se pois a sabedoria da coisa única. Este é o ar que se torna fogo. O elemento estruturante torna-se dinâmico, podendo este produzir a verdadeira mudança. Neste sentido, a seta de Sagitário tem um sentido literal, pois a sabedoria tem sempre um valor de propósito e finalidade.

  A respeito desta senda, Cícero, em Luculo (Academica priori), diz-nos o seguinte: “Pela minha parte, como não costumo coibir-me de discutir com todos quantos [têm por certo aquilo que julgam saber], não posso também recusar-me a admitir que haja quem não esteja de acordo comigo. A minha causa agora é fácil, já que não pretendo mais do que procurar a verdade com todo o interesse e esforço, mas sem facciosismo. A obtenção do conhecimento é sempre dificuldade por toda a espécie de obstáculos, uma mesma insuficiência decorre tanto da obscuridade das próprias matérias como da debilidade da nossa capacidade de julgar, pelo que não é sem razão, que os mais antigos e cultos filósofos duvidaram da possibilidade de encontrar o que procuravam; mas mesmo assim nem eles desistiram, nem eu abandonarei, cansado, o meu empenho em investigar a verdade.” (III, 7 in Textos Filosóficos, 2 ed., trad. J. A. Segurado e Campos, 99-100. Lisboa, 2018: Fundação Calouste Gulbenkian). A sabedoria e a verdade são ideias jupiterianas cujo valor se reacende neste novilúnio. Esta é uma luz de transformação e uma via que, embora exigente e incerta, nos conduz à felicidade.

  Em Gémeos, a discussão das ideias leva-nos ao conhecimento, mas, em Sagitário, coloca-nos no caminho da sabedoria. Se, de um ponto de vista da astrologia helenística, observarmos as atribuições planetárias dos termos egípcios, podemos constatar que só os signos regidos por Júpiter é que concedem mais de metade dos seus graus aos benéficos (Sagitário 17 graus e Peixes 16 graus). As dádivas da sabedoria e da verdade estão aqui particularmente activas. Séneca, na obra Dos Benefícios, alerta-nos para aceitação do destino como via de sabedoria e verdade quando afirma o seguinte: “Considera também isto, nada que seja externo obriga os deuses, pelo contrário, a sua vontade é eterna e segue a sua própria lei. O que eles estabeleceram não muda. Não parece que vão fazer algo que não queiram. Seja o que for que não possam parar, eles querem que continue a mover-se; eles nunca se arrependem do plano que inicialmente conceberam. Certo é que não podem ficar parados, nem afastar-se para o lado, mas a única razão é que a sua própria força os prende ao seu propósito; permanecem firmes, não por fraqueza, mas porque não lhes agrada afastar-se da perfeição, e porque assim se devem mover. Desta forma, naquela primeira dispensação, quando o cosmos se formou, eles até tiveram em consideração o nosso lote, e preocuparam-se com a humanidade. Por isso, não se pode dizer que percorram os céus e desenvolvam a sua obra apenas para si próprios, pois também nós fazemos parte dessa obra.(De Beneficiis 6.23. Seneca: How to Give - An Ancient Guide to Giving and Receiving, selected, translated, and introduced by J. S. Romm, 198-201. Princeton and Oxford, 2020: Princeton University Press. A tradução do latim é da minha responsabilidade).

  A inevitabilidade, a lei de Adrasteia, é uma realidade que conjuga os sentidos profundos de Júpiter e Saturno. Ora Saturno em Peixes, acompanhado por Neptuno, junto ao Poente vem trazer, uma vez mais, a aceitação do destino como integração da totalidade. A visão da montanha não é nem determinista, nem fatalista, é sim a compreensão serena de que tudo o que está em movimento concorda consigo mesmo. A necessidade é a mãe do destino, da fortuna. No entanto, o individualismo exacerbado teme esta visão, pois pensa que retira a liberdade, mas ignora que a visão da montanha é a forma suprema de liberdade.

  A co-presença de Marte com a sizígia, pelo segundo novilúnio consecutivo, e agora fora do domicílio e do segmento, adensa uma certa rebeldia ou desejo de mudança. Esta conjunção não pede para se abrir os horizontes, exige. Os jovens activistas climáticos estão aqui incluídos e, na verdade, o problema não está nem no facto de não terem razão, porque têm, nem na forma dos protestos, porque também com palmadinhas nas costas não se muda nada, a questão está no olhar dos outros que simplesmente não quer ver. Existem, porém, alguns elementos disruptivos. Primeiro, o Júpiter de Sagitário que deseja afirmar, enquanto o de Peixes procura estabilizar, não faz qualquer aspecto à sizígia, permanece desligado, passivo, face ao encontro dos luminares. Depois, a quadratura de Saturno e Neptuno em Peixes vai mostrar que esta mudança não será rápida, pois existe uma resistência estrutural à transformação dos modos de vida.

  Por outro lado, por não existir nenhum astro no quadrante da ascensão à culminação, a atenção foca-se nos planetas que, embora altos, já estão em queda, ou seja, em Úrano e Júpiter em Touro, na IX, mas sobretudo na via luminar mais abrangente em que se insere a sizígia. O caminho que se estende hexagonalmente de Plutão em Capricórnio a Vénus em Escorpião contempla aquilo que Antero de Quental inscreveu no soneto “Mors-Amor” e que já foi abordado noutras reflexões. A união simbólica, conceptual e existencial do Amor e da Morte possui um carácter transformador essencial e que, visceralmente, reduz a realidade ao que é fundamental. Esta via, passando pelo Tártaro profundo, confere pois uma proposta de refundação.    

  Paralelamente, existem outros dois aspectos que se relacionam com esta via luminar. A oposição ou diâmetro, como diriam os antigos astrólogos, entre Vénus em Escorpião e Júpiter (e Úrano) em Touro marca uma época quase solsticial e natalícia. Ora, seguindo a lição de Petosíris, uma oposição ou quadratura entre os benéficos nunca é má, excepto se acompanhada pelos maléficos, o que não é o caso. Assim, esta ligação de Vénus a Júpiter tem um efeito de dádiva e de uma atribuição positiva de valor ao eixo de sentido que se estende entre a vida e a morte.

  Por outro lado, o sextil entre Vénus em Escorpião e Saturno e Neptuno em Peixes vai colocar o amor e a morte na roda da necessidade. Face ao destino, o amor possuirá ou deverá possuir um carácter universal. Este é a teia que une tudo e todas numa simpatia universal, na Anima Mundi. Na astrologia esotérica, Neptuno tem um tom similar ao de Vénus, mas numa oitava acima, ou seja, na música das esferas, o amor ecoa pelo universo. Na verdade, para o astrólogo tradicional que siga o saber antigo e hermética, esta é somente uma expressão da exaltação de Vénus em Peixes. Júpiter e Úrano em Touro acompanham, também em sextil, a ligação da Vénus de Escorpião a Saturno e Neptuno em Peixes. Porém, a retrogradação de ambos vai restringir ainda a efectivação das suas bênçãos. Elas surgem no horizonte, mas não se tornam acção. Podemos ver aqui a situação dos civis palestinianos. Todos, com bom senso, vêem nos actos praticados crimes de guerra, crimes contra humanidade, todavia, face ao genocídio, permanecem imóveis, incapazes de produzir justiça e mudança.

  Neste novilúnio, os aspectos ao corpo do Dragão da Lua são igualmente significativos. No eixo da identidade, aquele que une Carneiro a Balança, a unidade e a dualidade, ou seja, o conheci de si como via de alteridade, surgem outros desafios. Sob a égide do destino e da necessidade, o eu enfrenta o mistério do outro. A luz da sabedoria, como proposta do novilúnio, une agora, de forma bem-aventurada (trígono à Caput e sextil à Cauda), a sizígia e Marte em Sagitário ao Dragão da Lua. O guardião da Lua, este dragão que cinge a luz, permitindo o seu reconhecimento, pois só depois de ver a sombra é que se reconhece a luz, vai conceder-nos, como bênção no caminho, a dádiva da sabedoria. No entanto, o gesto de seguir a sabedoria, ao oferecer a passagem do destino à necessidade, implica sempre um acto voluntário. É preciso ter iniciativa. Depois do despojamento de si, a sabedoria mantém aqueles que a seguem para além da fortuna.

  Por fim, é preciso referir a posição de Mercúrio (e Plutão) em Capricórnio. No signo da finalidade, onde agora o poder da palavra e o poder da morte se expressam, a fortuna outorga uma possibilidade de futuro. Esta potência, anunciando a época zodiacal seguinte, tem um valor de dádiva (trígono a Júpiter e Úrano e sextil a Vénus, Saturno e Neptuno). Porém, esta bênção de futuro, alertando-nos que a palavra tem um poder transformador (conjunção Mercúrio-Plutão), colide com o Dragão da Lua e com as exigências autocentradas da identidade (quadratura ao eixo nodal). O poder da palavra pode elevar-nos pois ao cume da montanha ao afundar-nos nas profundezas da nossa desmedida. A desinformação, o discurso único e a intolerância podem assim minar este potencial de dádiva.  

  O novilúnio de Dezembro, o último de 2023, transporta-nos, desta forma, para a mensagem de Sagitário e para a luz da sabedoria. A imagética, mesmo com reservas mitológicas, coloca-nos perante um centauro erguido, lançando a sua seta, e revela-nos que o elemento de passagem entre o animal e o humano acontece apenas devido à luz da sabedoria. Devemos assim segui-la e deixar que transforme as nossas vidas.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Catálogo de Natal 2023: A Casa da Torre Velha

 

Catálogo de Natal 2023


A Casa da Torre Velha de Rodolfo Miguel de Figueiredo
Um Romance acerca do Sagrado Feminino


Sinopse

"A Casa da Torre Velha era o lugar do feminino e Arabela era a última de uma linhagem de mulheres." Esta é a frase inaugural e o mote de todo o romance. A Casa da Torre Velha é a sede de um reino imaginário, o Vale da Torre, localizado no centro de Portugal e governado por uma mulher, a Senhora da Torre. Este reino cuja estória se cruza com a história da humanidade recria a presença da mulher e do feminino, tanto no universo temporal como na dimensão espiritual.

Os acontecimentos iniciam-se na primeira metade do século XIX. Magdalena, a Senhora da Torre e a avó de Arabela, ciosa do despotismo de Narciso, escondeu a sua fortuna e decidiu a sua sucessão. Para Narciso e Jacinta, os pais de Arabela, a família estava à beira da falência, mas para Magdalena era apenas o governo da Necessidade.

Neste romance-ensaio ou romance filosófico, a Casa da Torre Velha apresenta-se como o lugar do Sagrado Feminino, um espaço consagrado de regeneração espiritual e de esperança para a humanidade.


Livro - Edição Comum (Paperback): 25€
Edição: Março de 2022
Páginas: 574
ISBN: 978404333398


Livro – Edição Especial, com ilustrações (Hardcover): 32€
Edição: Maio de 2022
Páginas: 492
ISBN: 9798405510453


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quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Reflexões Astrológicas 2023: Parte I - Citação 4


Novidade

Reflexões Astrológicas 2023: Parte I


Sinopse

Nas Reflexões Astrológicas, procura-se analisar anualmente alguns eventos astrológicos. O objectivo é examinar e explorar, de ano para ano, diferentes aspectos do sistema astrológico, de modo a apresentar uma compilação interpretativa o mais ampla possível.

No ano de 2023, as Reflexões Astrológicas focam-se nos principais fenómenos astrológicos: as Luas Novas, os Eclipses, Ingressos e Retrogradações. Inclui-se também uma interpretação um pouco mais extensa dos eclipses que ocorrem em 2022.

Uma vez que os textos aqui reunidos foram publicados nos blogues do autor e nas redes sociais do autor, o livro electrónico é de distribuição livre e gratuita. As Reflexões Astrológicas para 2023 serão disponibilizadas em duas partes, correspondendo cada uma aos textos de um semestre. O livro impresso será comercializado a preço reduzido, de modo a tornar estas reflexões acessíveis.


Livro

Edição Comum
(Paperback)

Edição: Julho de 2023

Páginas: 120

ISBN: 9798398702453

Preço: 9,00€ (UE)



Ebook Gratuito


Saiba mais acerca deste ou de outros títulos em https://rodolfomfigueiredo.wixsite.com/livros

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Lunário: Dezembro de 2023


Cálculos para a Hora de Lisboa e com software Planet Dance.


Pode descarregar aqui o ficheiro em pdf com todas os Lunários de 2023.

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Conheça também no nosso blogue a tabela mensal da Lua Fora de Curso

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Lua Fora de Curso: Dezembro de 2023


Lua Fora de Curso


Dezembro de 2023


A Lua, como qualquer Planeta, quando está Vazio ou Fora de Curso, preserva um princípio de continuidade cíclica, embora desconectada, mas perde o sentido de direcção. Existe uma ausência de finalidade, apesar de existir movimento.

Os períodos em que a Lua está Fora de Curso devem ser tidos em consideração para melhor se decidir o tempo de agir ou pensar, de falar ou calar. Em termos empresariais, este não é, por exemplo, o momento certo para fechar um acordo ou negócio, para lançar um produto ou para marcar uma reunião. 

A Lua Fora de Curso não é, porém, o único aspecto a ter em consideração, mas é um dado fundamental para a astrologia aplicada às empresas.

 

Cálculos para a Hora de Lisboa e com software Planet Dance.



Pode descarregar aqui o ficheiro em pdf com todas as Luas Fora de Curso de 2023.

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terça-feira, 21 de novembro de 2023

Novidade: A Menina do Futuro que Vivia numa Biblioteca

 

A Menina do Futuro que Vivia numa Biblioteca

de Rodolfo Miguel de Figueiredo
com Ilustrações de Maria Madalena Morais de Figueiredo



Sinopse

A Menina do Futuro que Vivia numa Biblioteca é a história de Ariam, uma menina que, num tempo não muito distante e que podia ser agora mesmo, deseja ser quem é e deseja ver respeitado o seu modo de ser e de estar. A história de Ariam é também uma história de livros, onde estes são tanto os fiéis amigos como um lugar de viver.

Ariam traz consigo uma mensagem de aceitação, de luta contra o preconceito e a opressão. Num tempo de indiferença, é uma menina que nos vem dizer que existem gestos que podem transformar o mundo. Ariam, com a sua mochila de coala, segue o caminho da sabedoria.

Este é um livro que procura despertar a importância do pensamento e do espírito crítico.  A Menina do Futuro que Vivia numa Biblioteca é uma história que pode ser lida em qualquer aula de cidadania ou de filosofia para crianças, mas sobretudo em família, podendo ser o ponto de partida de várias conversas.



Livro

Edição Comum
(Paperback)

Edição: Setembro de 2023

Páginas: 30

ISBN: 9798854710947

Preço: 13,00€ (UE)



(Clique para adquirir este livro)




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segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Reflexões Astrológicas 2023: Lua Nova em Escorpião

 Reflexões Astrológicas


Lunações


Lua Nova em Escorpião

Lisboa, 09h27min, 13/11/2023

 

Sol-Lua

Decanato: Vénus

Termos: Júpiter

Monomoiria: Júpiter       

 

  A Lua Nova de Novembro ocorre no signo de Escorpião, estando Sagitário a marcar a hora para o tema de Lisboa e, deste modo, na XII, no lugar do Mau Destino ou Mau Espírito (κάκον δαίμων), no decanato de Vénus, nos termos e na monomoiria de Júpiter. A sizígia dá-se pois acima do horizonte e a cerca de uma hora e quarenta e cinco minutos após o nascer-do-sol. Os luminares, estando a Lua fora do seu próprio segmento, mas num signo feminino, encontram-se num caminho de ascensão, rumo à culminação. A posição pós-ascendente, sem qualquer ligação ao Leme do tema, encerra sempre um mistério de sombra e de promessa de luz que pode confundir o seu sentido. A XII, segundo o entendimento antigo, não é, apesar de tudo, uma posição tal maligna como a VI, pois, por estar no início da escalada celeste, confere à luz o potencial de superação de si, o ânimo de quem sobe a montanha. Neste lugar, a sizígia em Escorpião é, mais do que qualquer outro, a luz que vence o destino e a morte.

  O novilúnio de Novembro, em Escorpião, no signo que encerra em si o sentido profundo da morte e no lugar do Mau Destino ou Mau Espírito, conjuga necessariamente as significações de luz e sombra, de valor da morte e de superação do destino. A XII, com o qualificativo κάκον para δαίμων, confere um valor negativo, seja pela sua própria natureza, seja pela sua dinâmica relacional, a um conceito ou entidade que reúne em si a divindade, o espírito ou génio e o destino. O facto da XII não se relacionar por envio de raios ou aspecto com a I revela a dificuldade da vida, do carácter ou do temperamento (leia-se personalidade ou consciência da vida) em aceitar as vicissitudes do destino que contrariam a vontade, ou seja, os acontecimentos, tanto internos como externos. Uma relação com a XI ou com XII implica sempre esta interacção existencial com o destino, a necessidade e a providência. O conceito de δαίμων traduz esta relação entre a vida e o destino, mas obriga sempre a um processo de mediação, neste caso, espiritual ou divina.

  Ao colocar-se a luz perante a morte e o destino, o que, para Escorpião, conduz a um desafio, o conceito filosófico de ἐγκράτεια adquire um valor de revelação, pois cada um terá de se tornar mestre de si mesmo. Séneca, nas Cartas a Lúcilio, diz-nos que “O cúmulo da felicidade consiste numa perfeita segurança, numa inabalável confiança no seu valor; ora o que as fazem é arranjar preocupação, é percorrer a traiçoeira estrada da vida ajoujadas de pesados fardos. Deste modo vão-se sempre distanciando cada vez mais da meta que procuram alcançar, e quanto mais se esforçam por atingi-la mais se embaraçam e retrocedem. Sucede-lhes como a alguém que corra num labirinto: a própria velocidade faz perder o norte.(Ep.44.7; Cartas a Lucílio, 2ª ed,, trad. J. A. Segurado e Campos. Lisboa, 2004: Fundação Calouste Gulbenkian). O destino que, na sua própria urdidura, a astrologia apresenta tão bem obriga, e essa é agora a lição de Escorpião, a uma reflexão radical e que, em certo momento, será estruturante. Hermann Broch diz-nos, parafraseando, que o conhecimento da morte é o conhecimento da vida e que o conhecimento da vida é o conhecimento da morte, ora esta é a mensagem do eixo Touro-Escorpião cujo sentido profundo é o do valor.

  Para Séneca, Nenhuma meditação é tão imprescindível como a meditação da morte(Cartas a Lucílio, Ep.70.18). Segundo uma interpretação astro-mitológica, Escorpião vai radicar o seu sentido na morte tanto no trabalho de Hércules em que este luta com Hidra de Lerna como na morte de Órion, picado por um escorpião, e que com este sobe ao céu. No entanto, tal como já foi referido na reflexão do anterior, a do eclipse lunar, é o mito da violação de Alcipe que melhor constrói a natureza primordial de Escorpião (Figueiredo, R.M. de, 2021, Fragmentos Astrológicos, 126). Quer se queira, quer não, o mito é a raiz de sentido da astrologia, pois, sem a metáfora mitológica do céu, a linguagem astrológica não existiria.  

  Na acrópole de Atenas, perto do templo de Asclépio, onde existia uma fonte, Halirrótico, filho de Posídon, avançou sobre Alcipe, filha de Ares, e tentou violar a jovem. Irado e com desejo de vingança, Ares mata Halirrótico. Este é o mito que está na origem do tribunal do Areópago, pois Posídon exige o julgamento de Ares diante dos doze deuses. Contudo, Ares é ilibado, pois a sua acção foi considerada justificada (cf. Pausânias, Descrição da Grécia, I.21.4 e Apolodoro, Biblioteca, III,14.2). Séneca, na tragédia Hércules Furioso, resume o mito ao dizer, no desfecho da peça, o seguinte: “A minha terra [Atenas] espera por ti. / Ali Gradivus [Ares] libertou as mãos do sangue derramado / e entregou-as de novo às armas.” (1341-3: Nostra te tellus manet./ illic sohitam caede Gradivus manum/ restituit armis: ilia te, Alcide, vocat,/ facere innoceutes terra quae superos solet. A tradução é da minha responsabilidade).  

  O mito da violação de Alcipe, esta facilmente identificada com o signo de Touro, oposto a Escorpião (Ares), resume a posição zodiacal deste signo, pois a deusa da justiça (Virgem), a acção da justiça (Balança), Posídon (Peixes), aquele que pede ou clama por justiça, e o outro signo regido por Ares, aquele que recebe as armas de novo, Carneiro, são como uma síntese simbólica e mimética deste sentido primordial astro-mitológico. No actual novilúnio, esta dinâmica da acção de Marte que é própria de Escorpião congrega-se nestes filamentos incandescentes de vingança, resistência e justiça. Hoje, mais do que nunca, esta teia força o peso do destino, a gravidade dos acontecimentos. No entanto, todas as potências planetárias, Marte inclusive, estão sujeitas, na sua expressão humana, à ἐγκράτεια de que se falava. Ao tornarmo-nos mestres de nós mesmo, colocamos a luz (a sizígia) sobre a morte e sobre o destino.

  A união da astrologia ao estoicismo, tal como existiu na Antiguidade, permite que se adquira essa mestria, daí que Séneca diga que “Uma alma que contempla a verdade, que atribui valor às coisas de acordo com a natureza e não com a opinião comum, que se insere na totalidade do universo e observa contemplativamente todos os seus movimentos, que dá igual atenção ao pensamento e à acção, uma alma grande e energética, invicta por igual na desventura e na felicidade e em caso algum se submetendo à fortuna, uma alma situada acima de todas as contingências e eventualidades, uma alma sã, íntegra, imperturbável, intrépida, uma alma que força alguma pode vergar, que circunstância alguma pode envaidecer ou deprimir – uma tal alma é a própria personificação da virtude.(Ep.66.6; Cartas a Lucílio, 2ª ed,, trad. J. A. Segurado e Campos. Lisboa, 2004: Fundação Calouste Gulbenkian). A virtude é a luz que serve de candeia, erguida quando tudo aquilo que se vê é morte. Esse é o verdadeiro livre-arbítrio: a escolha da luz. Tudo o resto é destino, necessidade e providência.

  O novilúnio de Novembro, no signo de Escorpião, estando Marte sobre os raios da sizígia, tal como estará também na Lua Nova de Dezembro, em Sagitário, será determinado por um ímpeto bélico que fará com que a luz passe de fogo a incêndio. O humano demasiado humano, relembrando Nietzsche, tende a tornar as coisas humanas pequenas, insignificantes diante da subida da montanha. Marte, neste momento, podia ser uma força disruptiva de transformação que iria conceder mais humanidade ao humano, mas isso não está a acontecer. O eixo das portas do trabalho, ou seja, o da VI e da XII, mantem, à semelhança do anterior eclipse lunar, o seu peso sobre a realidade.

  Se observarmos o tema do actual novilúnio, podemos constatar que o único astro acima deste eixo, aquele que é também o astro mais alto, é Vénus em Balança. Na verdade, o caminho luminar da sizígia estende-se de Mercúrio em Sagitário, já pós-ascendente, até Vénus em Balança (sextil). Da sabedoria da palavra ao desejo de harmonia, a luz quer trilhar a senda que, na morte, funda a vida. Esta é, porém, uma via ascendente com a vontade de alcançar o cume, mas colide tanto com a força da morte e da destruição (Marte em Escorpião) como com o peso do destino e da dificuldade de o conciliar com a identidade (Cauda Draconis em Balança). A ligação entre Mercúrio em Sagitário e o Dragão da Lua (trígono à Caput em Carneiro e à Cauda em Balança) serve de proposta de sentido, de meio de integração do destino, na identidade, no reconhecimento de si e do outro.

  A oposição entre a sizígia e Marte em Escorpião e Júpiter e Úrano em Touro adquire também, nesta Lua Nova, um valor estrutural. Júpiter é o grande benéfico do tema do novilúnio e que vai determinar as suas bênçãos. No entanto, este olhar de frente e diametral (oposição) entre a dádiva e a luz, abeirada pela guerra, tem um valor potenciador, em que o grande benéfico colide com o grande maléfico do tema (Marte). A relação entre Marte e Júpiter é complexa, pois, por serem de segmentos de luz diferentes, expressam-se de forma distinta, mas a sua expressão não deixa de ser activa. Se Marte possuir uma dignificação mais intensa, então a acção destruidora será maior. O actual posicionamento de Júpiter serve, porém, de alerta, dado que ali encontraremos a necessidade de verdade e justiça. Nesta Lua Nova, vamos encontrar ainda muitos dos elementos interpretativos que foram abordados no Eclipse Lunar de 28 de Outubro.

  Face ao tema do eclipse lunar, Saturno em Peixes encontra-se agora directo, avançando no seu périplo pelo signo da totalidade. A sua acção tornou-se efectiva. A necessidade pede agora completude, expandindo a sua força, a sua gravidade, de fim de ciclo. Saturno em Peixes, por este ser o domicílio de Júpiter e a exaltação de Vénus, ganha necessariamente um certo sentido de dádiva, de bênção. A conjunção com Neptuno obriga a dar à percepção do destino e da realidade a imaginação criativa e a compaixão, esta enquanto expressão universal da empatia, todavia, existe neste processo de união pisciana de Saturno e Neptuno uma enorme resistência. A humanidade caminhou em sentido contrário, daí que o trígono entre estes e a sizígia e Marte em Escorpião queira trazer a luz que vence a morte a este desafio absurdamente humano.

  A ὕβρις (desmedida), que é própria do humano, leva a que Saturno tenha de repor a justa-medida das coisas. O sextil de Saturno e Neptuno em Peixes a Júpiter e Úrano em Touro e a Plutão em Capricórnio, e deste último à sizígia e a Marte em Escorpião, vão impor a ordem natural das coisas, segundo as leis de Gaia, mas também segundo os ditames da Necessidade e a força de Adrasteia, do Inevitável. Esta é hoje a colheita do humano, ceifada por uma humanidade ausente. A situação humanitária em Gaza e a incapacidade de olharmos, como um todo, para a dignidade humana fazem com que, para onde quer que olhemos, tudo o que vemos é morte, é tudo destruição. A quadratura de Mercúrio em Sagitário a Saturno e Neptuno em Peixes transporta-nos para a incapacidade de dar forma à palavra que descreve a alma do mundo, ao discurso primordial que conduz, de novo, até à Sabedoria, até à Mãe Divina.   

  No novilúnio de Novembro, no signo de Escorpião, somos inevitavelmente confrontados com o nosso pior inimigo e, numa escala mundial, esse inimigo é o próprio humano. A natureza humana e a sua incapacidade de se congregar numa verdadeira humanidade fazem com que a morte que participa da vida e a destruição que circunda a criação excedam os seus limites. A luz guardada, cingindo numa única chama o feminino e o masculino, surge pois na mestria de nós de mesmos. A ἐγκράτεια de que se falou, bem como os princípios filosóficos do estoicismo, servem a astrologia hoje tal como serviram na Antiguidade. Essa é uma luz sobre o tempo.