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sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Reflexões Astrológicas 2023: Eclipse Solar Anular - Lua Nova em Balança

 Reflexões Astrológicas


Eclipses


Eclipse Solar Anular 

(Lua Nova em Balança)

Lisboa, 18h59min, 14/10/2023

 

Sol-Lua

Decanato: Vénus  

Termos: Saturno   

Monomoiria: Sol  

                                           

 

  O Eclipse Solar Anular de 14 de Outubro ocorre no signo de Balança, com Carneiro a marcar a hora, no Segmento de Luz (αἵρεσις) da Lua, com os luminares abaixo do horizonte, na VII, junto ao Poente (δύσις), e cerca de cinco minutos após o ocaso (hora de Lisboa), no decanato de Vénus, termos de Saturno e na monomoiria do Sol. O sentido de sombra e ocultação ganha assim um valor reforçado. O eclipse e o poente partilham o carácter de lugar ou momento de escuridão. A luz é ferida pela dicotomia da sua própria natureza e, sendo Saturno, o Sol da Noite - como designaram os babilónicos -, o regente de Balança, este eclipse adquire pois essa significação profunda.  

  Neste eclipse, mais do que nos últimos e talvez mais do nos próximos, o Dragão da Lua cingirá por completo a luz, o Sol, não por ser um eclipse com uma sombra extensa ou espacialmente significativa, mas sim por encerrar uma conjugação reforçada de sentidos. Por esta razão, a análise do eclipse solar de 14 de Outubro deve considerar primeiramente o valor conceptual e escatológico da luz e da sombra e, de forma paralela, o carácter simbólico deste dragão primordial. A astrologia moderna, perdendo a herança mitológica e a imagem do dragão ou serpente, preferiu as designações nodais em vez das dragontinas, todavia a sua presença original deve ser recuperada.

  No tratado gnóstico Pistis Sophia, tendo por base esta inspiração, diz-se o seguinte: Nesse momento, todavia, todos os céus vieram para o oeste, com todos os aeons e a esfera e os seus arcontes e todos os seus poderes. Todos eles correram para o oeste para a esquerda do disco do sol e do disco da lua. Mas o disco do sol era um grande dragão cuja cauda estava na sua boca e que levava consigo os sete poderes da esquerda.(IV, 136, ed C. Schmidt & V. Macdermot, 1978: 354. Leiden: E. J. Brill). O ourobóros, a serpente que circunda o Sol ou um ovo, é por excelência uma imagem tanto do sagrado feminino como da sombra eclíptica, lembremo-nos, por exemplo, do mito pelasgo da criação, de Eurínome e Ofíon. Na astrologia, o Dragão da Lua, o eixo nodal, preserva toda uma tradição de sentido, uma herança, que é particularmente fértil no que aos eclipses concerne.

  A natureza sombria do eclipse implica, no entanto, e de acordo com a sua própria natureza, um carácter maléfico. Uma leitura astrológica que teme a sombra, a destruição e a morte, tão comum na astrologia contemporânea, fica sempre aquém da realidade. Dante, na Divina Comédia, no Purgatório, diz, pela boca de Virgílio, falando para Estácio: “Tu se' ombra e ombra vedi.” (XXI, 132). De certa forma, é a nossa condição: somos sombras e vemos sombras. Foi, todavia, o amor, a amizade entre eles, que fê-lo tratar uma sombra como se fosse uma coisa sólida (Purgatório, XXI, 133-6: Ed ei surgendo: «Or puoi la quantitate / comprender de l’amor ch’a te mi scalda,/ quand’ io dismento nostra vanitate,/ trattando l’ombre come cosa salda.»). O amor possui portanto o poder de transformar a sombra, de lhe dar a forma de uma realidade interna ou externa, materializando-a, e isso acontece por uma única razão: o amor é luz e não existe sombra sem luz.  

  Na subida da montanha, o canto XX do Purgatório, anterior a este que aborda a amizade, termina com um terramoto. Os desastres naturais e, em certa medida, os desastres humanos (guerras, revoluções, assassinatos, etc.) têm uma relação íntima com os eclipses. Entre a sombra e a ruína, existe um caminho e, por vezes, é nos estilhaços, como um vestígio de vida, que a luz pode ser encontrada. A observação do tema de eclipse para cada localidade, e em especial se manto umbral a cobrir, é fundamental. Não devemos temer as previsões. Se um luminar tiver a preponderância de bons aspectos, especialmente dos benéficos, e se estiver no seu domicílio ou exaltação, os efeitos negativos serão minimizados, mas não anulados. Já se estiver no seu exílio ou queda ou junto dos maléficos, produzirá uma acção negativa aumentada. Os eclipses tendem assim a gerar mudanças, redistribuições e desastres.

  No caso específico dos desastres naturais, os eclipses são indicadores importantes. Por exemplo, as conjunções ou oposições de Marte, Júpiter ou Saturno são sinais indiscutíveis, sobretudo em certos signos ou sobre os pólos (κέντρα). Antes de avançar nesta questão, convém fixar-se a influência temporal e geográfica do eclipse de 14 de Outubro. Se utilizarmos uma técnica que me é cara, e um pouco diferente da ptolemaica, e que concilia a duração do eclipse com os tempos de ascensão, chegamos a uma influência que se estende até cerca de um ano e oito meses. Quanto a área geográfica, o eclipse ocorre ao longo do continente americano, estando o seu centro ao largo da Nicarágua e da Costa Rica. Este aspecto é interessante se pensarmos que o eclipse tem o seu lugar de maior escuridão mesmo diante de um conjunto de parques e reservas naturais. Do lado da Nicarágua, temos a Reserva Biológica Indio Maíz e, do lado da Costa Rica, o Refúgio Nacional de Vida Silvestre Barra del Colorado e o Parque Nacional Tortuguero. Se quisermos um planeta vivo no futuro, a vida selvagem precisará urgentemente de luz.

  De acordo com as regências da astrologia antiga, a influência geográfica é um pouco diferente. Segundo Valente (Antologia I, 2), as seguintes zonas estão sob a influência de Balança: a Báctria (região persa do Coração que corresponde actualmente ao Afeganistão, Tajiquistão, Uzbequistão, Paquistão e China), a China, a zona do Cáspio, Tebaida (região do Antigo Egipto entre Abidos e Assuão), o Oásis (Oásis de Siwa ou Siuá, no deserto da Líbia), Troglodítica (região antiga do deserto líbio, mas que se pode estender por uma área que vai até ao Mar Vermelho e ao Corno de África), a Itália, a Líbia, a Arábia, o Egipto, a Etiópia, Cartago, Esmirna (Anatólia, Turquia), os Montes Tauro (Sul da Turquia), Cilícia (Turquia) e Sinope (Norte de Turquia, junto ao Mar Negro). Manílio coloca a Itália e, em especial, a cidade de Roma sob a regência de Balança, referindo, por um lado, que Roma controla as mais variadas coisas, exaltando e precipitando as nações nos pratos da balança e, por outro lado, este é signo do imperador Augusto, que terá nascido a 23 de Setembro de 63 AEC (Astronomica V,773-77).

  O eclipse solar de 14 de Outubro insere-se na série Saros 134. Esta série iniciou-se a 22 de Junho de 1248 e terminará a 6 de Agosto de 2510. Começa portanto em Caranguejo (Lua) e finda em Leão (Sol). A relação entre luz e sombra torna-se, uma vez mais, determinante. O próximo eclipse da série será a 25 de Outubro de 2041, em Escorpião, passando-se na série de Vénus a Marte. Existe novamente aqui um jogo de polaridades que também se encontra no tema do actual eclipse: o caminho descendente em que se insere a sizígia obscurecida estende-se também de Marte em Escorpião até Vénus em Virgem. De outra forma e considerando-se apenas Balança, o actual eclipse é o segundo da série a ocorrer de forma seguida neste mesmo signo. O primeiro foi a 3 de Outubro de 2005. Os dois primeiros eclipses totais da série 134 também se deram em Balança: a 9 de Outubro de 1428 e a 20 de Outubro de 1446. No entanto, a máxima interpretativa que se deve seguir é de que o primeiro eclipse de uma série Saros e o seu tema astrológico servem de matriz para toda a série, é o seu tema genetlíaco.

  A 22 de Junho de 1248, o Sol e a Lua estavam em Caranguejo, como já foi referido, bem como Neptuno, Marte e Mercúrio em Leão, Saturno e Plutão em Escorpião, Júpiter e Caput Draconis em Sagitário, logo a Cauda está em Gémeos, Úrano em Aquário e Vénus em Touro.

  Se pensarmos que este eclipse ocorreu no início do segundo quartel do século XIII, numa época de profundas alterações políticas, socias, religiosas, espirituais e culturais, estes elementos astrológicos tornam-se mais evidentes. Temos, por exemplo, a fundação do império Mongol, do qual é preciso destacar o cerco de Bagdad e a destruição da Casa da Sabedoria, mas também a criação da Inquisição. Na data do eclipse inaugural desta série, é lançada a sétima cruzada pelo rei de França Luís IX. A tensão nesta região estende-se até hoje, até ao conflito israelo-palestiniano. Por outro lado, o rei Fernando III de Leão e Castela recupera Sevilha aos Almóadas. Já de um ponto de vista religioso, a capela gótica de Sainte-Chapelle é finalizada e consagrada com a cora de espinhos, uma relíquia concedida pelo imperador de Constantinopla Balduíno II. Uns meses mais tarde é colocada a pedra inaugural da Catedral de Colónia, depois da igreja antiga ter ardido.   

  Séneca afirma que A luz distingue-se do reflexo por ter a sua origem em si mesma, enquanto o reflexo brilha com luz alheia; a mesma diferença separa os dois tipos de vida: a vida mundana tira o seu brilho de circunstâncias exteriores, e o mínimo obstáculo imediatamente a torna sombria; a vida do sábio, essa brilha com a sua própria luminosidade!” (Ep.21.2; Cartas a Lucílio, 2ª ed,, trad. J. A. Segurado e Campos, 2004: 74. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian). Ora esta é, em certa medida, a matriz de sentido da série 134 e que se assume, de forma bastante expressiva, no eclipse de solar de Outubro. Os factores de intolerância política e religiosa, construídos sob o apelo da construção de novas verdades, estenderam-se até hoje. No eclipse inaugural, a conjunção da sizígia com Neptuno em Caranguejo, de Marte e Mercúrio em Leão, de Plutão e Saturno em Escorpião, estando estes em quadratura a Úrano em Aquário, e de Júpiter e da Caput Draconis em Sagitário são, de facto, sinais da promoção de uma luz alheia como luz verdadeira. A humanidade tende a confundir-se com sombras, ignorando a luz que brilha solitária e incógnita.  

  Paralelamente, a análise do eclipse de dia 14 deve considerar, primeiramente, dois vectores que estão muito marcados e que se estabelecem, de um ponto vista astrológico e de modo radical, o caminho luminar descendente que se alonga entre Marte em Escorpião e Vénus em Virgem, entre um deus da guerra domiciliado e uma deusa do amor em queda. Este via obscurecida é mediada pela sizígia umbral em Balança e que coloca sob os seus raios negros Mercúrio e a Cauda Draconis. Ora este caminho, e tendo em mente a regência de Balança, trará problemas sérios às democracias e, em especial, aos poderes parlamentares. A situação norte-americana é um bom exemplo, todavia, a situação é bem mais ampla e para isso basta observar o galgar mediático da extrema-direita populista e o carnaval que tem promovido nos vários parlamentos europeus. Na América do Sul, encontramos também exemplos semelhantes. A forma como o populismo confiscou os media constrói-se igualmente nesta premissa.

  Por outro lado, a conjugação desta via com a oposição entre Marte em Escorpião a Júpiter e Úrano em Touro, bem como a ligação destes a Saturno e Neptuno em Peixes (trígono e sextil) e a Plutão em Capricórnio (sextil e trígono), conduzirá inevitavelmente a desastres naturais, muitos deles particularmente destrutivos. Esta interpretação astrológica não é catastrofista, é sim realista, pois os sinais são evidentes. No caso português, e tendo em conta que o tema em análise foi elaborado para Lisboa, é impossível não vislumbrar a aproximação de um grande sismo. O período que circunscreve o actual eclipse, o eclipse solar total de 2 de Agosto de 2027 e o eclipse solar anular de 26 Janeiro de 2028 é crítico, sobretudo pelo facto do manto umbral destes dois últimos passar pelo epicentro do Terramoto de 1755 e pelo paralelismo simbólico com esta série Saros. Colher estes sinais é difícil, mas não os devemos temer. Na astrologia, como na vida, nem tudo são arco-íris.

  No tema do eclipse, Plutão é o astro mais alto e o sextil deste a Marte em Escorpião, os dois regentes deste signo, adensam a sua acção. No entanto, considerando-se o futuro ingresso de Plutão em Aquário, devemos ressalvar que a actividade destrutiva de Plutão não se limitará ao signo de Capricórnio. A sua passagem por Aquário trará transformações que não acontecerão connosco de mãos dadas, inspirando incenso e entoando mantras. Plutão não actua desta forma. Lembremo-nos que é o regente moderno de Escorpião e que olha quadrangularmente para Aquário, que é regido por Saturno (convém não esquecer) e por Úrano, ou seja, existe tensão nestas duas naturezas. Por outro lado, o facto de o tema do eclipse, para a hora de Lisboa, estabelecer-se de acordo com a ordem vernal coloca Marte em Escorpião, na VIII, no lugar da Morte. Esta posição dará uma força suplementar ao Senhor da Guerra e à sua natureza primordial. Note-se também que o anterior novilúnio estabeleceu-se segundo a ordem do Thema Mundi, o que confere um carácter radical e estruturante e uma continuidade aos dois eventos astrológicos.

  Este eclipse coloca naturalmente uma sombra sobre o signo de Balança, obscurecendo o seu potencial e adensando as suas qualidades negativas. Mercúrio estará sob esta influência contrária, trazendo uma expressão disruptiva à palavra e ao conhecimento. Não existirá portanto na comunicação um palco para a concórdia, bem pelo contrário. A presença da Cauda Draconis contrai, sob a égide do destino, o peso, a gravidade, da desmedida. A humanidade cai diante dos seus próprios erros. O grande maléfico, Saturno, traz consigo e com o seu companheiro de viagem, Neptuno, as feridas da Fortuna, sempre visíveis aquando do fim de um ciclo. Em Peixes, a pressão ou libertação que a totalidade confere torna-se realidade. Carneiro começa a subida da montanha, Capricórnio com o sentido de finalidade alcança o cume e Peixes senta-se e contempla a visão do mundo. Ora a acção, a finalidade e a totalidade são algumas das etapas da nossa viagem, individual e colectiva. Saturno pede-nos uma visão desempoeirada do mundo, liberta das amarras, das feridas, das vaidades, das paixões desse nosso caminho (sextil de Saturno e Neptuno a Júpiter e Úrano). No entanto, essa visão é extremamente difícil, sobretudo na actualidade, pois Saturno pede-nos para manter os olhos abertos, contemplativos, no meio de uma tempestade de areia. Neptuno, por seu lado, continua a alertar-nos para a necessidade de uma imaginação criativa e de uma vida compassiva, integrando a fantasia no sonho e não na ilusão. Este relembra-nos também que existem humanos de primeira e humanos de segundo.

  Por entre as sombras, é preciso, porém, saber colher as bênçãos. Procurá-las e encontrá-las, mesmo que seja por entre as cinzas. Vivemos tempos de guerra, de destruição e, por necessidade, de transformação. Os perigos, mais do que à espreita, circulam à nossa frente, todavia, existem sempre bênçãos. De uma perspectiva astrológica, mas também filosófica, para cada maléfico existe um benéfico e ao lado de cada sombra existe sempre luz. Temos de observar portanto Vénus e Júpiter. A posição dos benéficos não é contudo das mais favoráveis: Vénus está em queda e Júpiter retrógrado. Mas unem-se em trígono, dizendo-nos que a necessidade tece a vida electiva do bem. Vénus encontra-se fechada em si mesma, distante do mundo. Face à acção humana, o eterno feminino recuou e a Deusa escondeu-se.

  A oposição de Vénus em Virgem a Saturno e Neptuno em Peixes revela, como ferida do tempo e do destino, o peso da retribuição, desse afastamento. Porém, o trígono de Vénus em Virgem e Júpiter em Touro a Plutão em Capricórnio traz-nos, de acordo com a ordem tempo e da providência, uma era que conjuga a vingança de Gaia com o renascimento de Gaia. A natureza encontra caminho, já o humano pode perder-se na estrada da realidade. O sextil de Vénus a Marte e de Júpiter a Saturno exemplifica, uma vez mais, essa justaposição de bem e mal, de luz e sombra. A liberdade humana não está nos acontecimentos, está sim nesta escolha.

  O eclipse solar de 14 de Outubro, no signo de Balança, vem colocar a sombra sobre a harmonia dos contrários, ocultando a luz da concórdia. Este manto umbral vai dar-nos, como síntese do tempo, a retribuição, o preço da nossa desmedida. Só caminhando pela sombra chegaremos à luz.              

sexta-feira, 5 de maio de 2023

Reflexões Astrológicas 2023: Eclipse Lunar Penumbral (Lua Cheia: Touro-Escorpião)

 Reflexões Astrológicas


Eclipses


Eclipse Lunar Penumbral 

(Lua Cheia: Touro-Escorpião)

Lisboa, 18h23min, 05/05/2023

 

Lua

Decanato: Sol

Termos: Mercúrio

Monomoiria: Marte 

 

Sol

Decanato: Lua

Termos: Júpiter

Monomoiria: Vénus


 

  O Eclipse Lunar Penumbral de dia 5 de Maio ocorre com a Lua no signo de Escorpião e o Sol no de Touro, com Balança a marcar a hora e a cerca de duas do pôr-do-sol (hora de Lisboa), logo no Segmento de Luz (αἵρεσις) do Sol, estando este acima do horizonte, na VIII, no lugar da Morte (θάνατος), já a Lua está abaixo do horizonte, na II, no lugar do Viver (βιός). A Lua encontra-se no decanato do Sol, nos termos de Mercúrio e monomoiria de Marte, enquanto o Sol encontra-se no decanato da Lua, nos termos de Júpiter e monomoiria de Vénus. Se pensarmos que, da Lua até ao Ponto de Culminação, não existe nenhum astro, concluímos então que é o caminho luminar em que Sol se insere, e que é por si dominado, que se torna mais significativo, pois de uma forma mais abrangente é aquele que vai de Marte em Caranguejo a Júpiter em Carneiro ou, se preferirmos uma maior simbólica cadente, dado que Marte está junto à Culminação, será aquele que vai de Vénus em Gémeos a Júpiter em Carneiro. Este é o caminho dos benéficos, ou do bem, rumo ao Poente, onde o Sol se encontra obscurecido. Neste ocaso da realidade, a acção do bem vive na sombra.     

  Existe uma clara aproximação de sentido entre este eclipse e o anterior eclipse solar, visto que, por um lado, Balança marca a hora no actual eclipse e este é um dos signos que integra o eixo para o qual avançará o eixo nodal e marcará a próxima fase de eclipses, iniciada com o eclipse de dia 20 de Abril, e, por outro lado, a Lua recai nos dois eclipses na II, no Lugar do Viver (βιός), exacerbando a sua significação tópica. É igualmente assinalável o facto de em ambos os eclipses a Lua se encontrar sob o horizonte. A ocultação luminar, seja pela sua visibilidade ou, neste caso, também pela sombra do eclipse, adquire sempre um simbólica radical, um valor que transmite uma representação profunda da realidade. Ora a ocultação da Lua, da Deusa, do Espírito Santo ou do Divino Feminino, num lugar que determina o valor do viver, assume um carácter primordial de transformação, ou seja, diz-nos que, na sombra, sob o manto da nossa ignorância, se encontra aquilo que nos falta, a fonte da nossa angústia, da nossa incompletude. Não provimos aquilo verdadeiramente nos sustem.   

  A área geográfica do actual eclipse é maior que a do eclipse solar, embora semelhante. A zona principal incide sobre a Ásia e sobre a Oceânia, expandindo a influência do eclipse de dia 20 de Abril. A segunda zona alcança, já de forma parcial, África e a Europa. No caso de Portugal, este manto chega sensivelmente até ao Tejo, ou seja, cobre apenas metade do país. Se seguirmos, porém, a tradição antiga, a Lua em Escorpião fornece-nos um conjunto de informações adicionais. Valente diz-nos que Escorpião rege a Metagonitis ou Numídia (Norte de África, Argélia e Tunísia), a Mauritânia, a Getúlia (Norte de África, Argélia e Tunísia), a Síria, Comagena (Ásia Menor), a Capadócia, Itália, Cartago, Líbia, Amom (Jordânia), Sicília, Espanha e Roma. Já para Manílio Escorpião rege Cartago, a Líbia, o Egipto, Cirene, a Itália e a Sardenha (Astronomica IV, 777-82).

  No entanto, devemos também considerar o Sol em Touro, embora com uma menor expressão geográfica. Segundo Vétio Valente (Antologia I, 2), vai reger as regiões da Média (o actual noroeste do Irão, o Azerbaijão, o Curdistão Iraniano e o Tabaristão ou Mazandarão), da Cítia (Irão, mas também uma área que se estendeu da Bulgária às fronteiras da Rússia, Mongólia e China), do Chipre, da Arábia, da Pérsia e das montanhas do Cáucaso, da Samártia (junto à Média), de África, de Elymais ou Elamais (Cuzistão, província do Irão), de Cartago, da Arménia, da Índia e da Germânia. Para Manílio, Touro rege Cítia, a Ásia (por causa dos Montes Tauro) e a Arábia. (Astronomica, IV, 744-817). No caso dos eclipses lunares, a questão da influência geográfica é deveras importante, já que, no seu período de influência, encontramos frequentemente a existência de fenómenos naturais extremos, tais como sismos, erupções vulcânicas ou tempestades.

  Em termos temporais, a acção deste eclipse pode ser fixada entre perto dos dois meses até aos seis ou sete meses. O período de cerca de dois meses pode ser estabelecido a partir da ascensão recta, enquanto a linha temporal mais extensa é alcançada pela extensão temporal dos contactos umbrais. No entanto, podemos afirmar que a sua influência será mais intensa nos dois meses que se seguem ao eclipse. Existe, porém, um outro factor a ter em consideração acerca desta influência, pois, segundo a série Saros em que está inserido, este eclipse está intimamente ligado ao eclipse da mesma série que acontecerá a 16 de Maio de 2041, também no eixo Escorpião-Touro. Os sentidos propostos pelo actual eclipse criam uma ponte significativa entre os dois eclipses, estendendo assim a sua proposta de representação da realidade.

  A série Saros 141 é uma série relativamente recente que se iniciou a 27 de Agosto de 1608, com eclipse no eixo Peixes-Virgem, e que terminará a 11 de Outubro de 2888, com um eclipse no eixo Carneiro-Balança. O primeiro eclipse total só acontecerá em 2167 com um eclipse no eixo Aquário-Leão. Nesta série, dado o primeiro e o último eclipse, existe uma união de sentido entre o fim e o início, entre a significação dos dois eixos. Esta ideia matriz serve, face ao actual eclipse, a consolidação, a integração na consciência humana que a Natureza é um ser vivo, com alma, que nasce, morre e renasce. O eixo Escorpião-Touro está a oferecer-nos uma profunda lição acerca do valor da Terra, da Mãe-Terra. Marco Aurélio diz-nos o seguinte: “Contempla o curso dos astros como se levado foras nas suas revoluções, e considera de contínuo como os elementos se transformam uns nos outros. Tal contemplação purifica-nos das nódoas da terra.” (Pensamentos VII, 47, trad. J. Maia. Lisboa: Relógio D’Água, 1995). Fomos nós que colocámos as “nódoas da terra” e somos nós que as temos de tirar. 

  O início da série Saros 141 é marcado por alguns acontecimentos em torno da fundação da colónia americana de Jamestown. A 13 de Agosto de 1608 é submetida para publicação a história dos primeiros dias da colónia de John Smith e, a 10 de Outubro, este é eleito presidente do conselho colonial. A história de John Smith e de Pocahontas é um exemplo de aceitação do outro, da diferença e de criar laços afectivos com alguém que a maioria tende a rejeitar. Face à crise dos refugiados, da pobreza e das desigualdades sociais, o simbolismo por detrás desta história torna-se imperativo. Podemos encontrar astrologicamente esse sentido no trígono que, hoje, une os astros nos três signos de água. A sua significação congrega a tensão e a possibilidade. Séneca afirma o seguinte: “Pensa bem como esse homem que chamas teu escravo nasceu da mesma semente que tu, goza do mesmo céu, respira, vive e morre como tu. Tanto direito tens tu a olhá-lo como homem livre como ele a olhar-te como escravo” (Ep.47.10; Cartas a Lucílio, 2ª ed,, trad. J. A. Segurado e Campos. Lisboa, 2004: Fundação Calouste Gulbenkian). Ora este é também o espírito da Saturnália e de Saturno (e Neptuno) em Peixes.

  A refundação da justiça social e das estruturas políticas, económicas e sociais estará intimamente relacionada com o medo de feminino que se apresenta com Marte em Caranguejo. A respeito de Marte convém referir-se que é o astro mais alto, em conjunção ao Ponto de Culminação. Este factor, aliado à posição de Plutão retrógrado em Aquário, junto ao Ponto Subterrâneo, embora em posição pós-polar e noutro signo, vai colocar sob pressão os fenómenos naturais extremos. O trígono de Água apresenta, neste eclipse, um sentido profundo. O medo de feminino é um sinal dos tempos, mas a forma abusiva como utilizamos os recursos do planeta também o é, e sobre estes dois eixos de acção e reacção vive a morte, a retribuição e a necessidade. A sombra do eclipse, com a Lua em Escorpião, revela-nos que, face à gravidade da desmedida, será apenas sob a terra queimada, sob as cinzas da história, que o renascimento acontecerá. O tempo pede, novamente, que os escravos se ergam e se tornem senhores. Essa é, como já observámos, a lição de Saturno em Peixes e que agora se une à do eclipse lunar.      

  A quadratura de Plutão em Aquário aos luminares e ao Dragão da Lua, a partir do lugar da Boa Fortuna, confirma a sua mensagem fundamental de que a morte paira sobre o humano e de que a semente do amanhã repousa ainda sob a terra, oculta no ventre da Grande Mãe. Não existe criação sem destruição. Essa é a ideia que nos deve servir de guia e que contribuirá para nos redimensionarmos. Os complexos humanos de super-homem deverão cair, pois a actividade humana tem sido exacerbada por um narcisismo desenfreado que quer que esqueçamos a nossa finitude, a nossa incompletude. É esvaziando-nos que nos tornámos plenos. O trígono de Vénus em Gémeos, no lugar do Deus Sol, a Plutão em Aquário indica a palavra do Amor que vence a dualidade, a separação. Porém, é sempre mais fácil distinguir do que congregar. Se por vaidade dizemos que reunimos, estamos a apenas a criar mais separação. A quadratura de Vénus a Saturno e Neptuno aponta para essa dificuldade. A teia que une a necessidade e a compaixão, criando possibilidade e redenção, exige esforço. Temos de primeiro nos perder, para depois nos encontrarmos, renovados e renascidos.

  Na casa da Grande Mãe, da Mãe Natureza, que é o signo de Touro, o Sol, Mercúrio, Úrano e a Caput Draconis expressam uma mensagem que se firma no ocaso da realidade. Fundar um novo modo de vida quando tudo o que se vê é morte é o desafio dos nossos tempos. A qualidade da morte alia-se aqui à noção de poente. O caminho de Júpiter em Carneiro avança para o seu fim, o que, neste tema, assume literalmente esse término. A acção do bem tornar-se-á a bondade da terra. Júpiter em Touro chegará com a dádiva de Gaia. Porém, a actual quadratura entre Júpiter em Carneiro e Marte em Caranguejo revela esse mesma dificuldade de acolher os dons da terra e do feminino. Neste eclipse lunar, este choque entre o grande benéfico e o grande maléfico assume um carácter de definição e prenúncio. A par do trígono de Água e do eixo do eclipse, este é um símbolo do futuro que resume a mensagem da actual ocultação luminar.

  O eclipse lunar de dia 5 de Maio, como lhe é natural, mas aqui um pouco mais acentuado, vai trazer consigo um conjunto de sentidos subliminares, como se sibilados pela Senhora do Tempo e da Necessidade. Nem tudo é literal, directo ou evidente, existem pois sentidos que preenchem a trama de um tear. A união de Júpiter em Touro e Saturno em Peixes, bem como a longa travessia de Vénus em Leão, assinalam uma era do feminino e o actual eclipse é a sombra que antecede a luz. Em suma, é sobre a sombra que se guarda a luz e iluminado é aquele que guarda a centelha da sabedoria.        

quarta-feira, 19 de abril de 2023

Reflexões Astrológicas 2023: Eclipse Solar Híbrido - Lua Nova em Carneiro

 Reflexões Astrológicas


Eclipses


Eclipse Solar Híbrido 

(Lua Nova em Carneiro)

Lisboa, 05h16min, 20/04/2022

 

Sol-Lua

Decanato: Vénus  

Termos: Saturno   

Monomoiria: Sol  

 

  O Eclipse Solar Híbrido, ou seja, um fenómeno que combina os eclipses anular e total, de 20 de Abril ocorre no signo de Carneiro, com Peixes a marcar a hora, no Segmento de Luz (αἵρεσις) da Lua, com os luminares abaixo do horizonte, na II, designada de lugar do Viver ou Modo de Vida (βιός), e a cerca de uma hora e meia antes do orto solar (hora de Lisboa), no decanato de Vénus, termos de Saturno e na monomoiria do Sol. Ora, estando o Sol na sua exaltação e a Lua desfavorecida, o segmento de luz dominante firma aqui o carácter de sombra, de ocultação da luz, próprio de um eclipse. Por outro lado, o facto de acontecer no último grau de Carneiro, com o corpo do Dragão da Lua estendido já a partir do signo seguinte (eixo Touro-Escorpião), determina também uma certa debilidade luminar ou distensão de sentido. Sob o horizonte, a sombra fere a luz.

  O centro do eclipse, onde a escuridão será maior, ocorre em Timor-Leste e na Indonésia, todavia, a sombra alcança também a Austrália, sobretudo o norte, a região à volta de Carnarvon, a Papua Nova-Guiné e ligeiramente a Nova Zelândia. Toda esta área do Pacífico e do Índico encontra-se assim sob um manto de escuridão. Por a sizígia ocorrer num signo de fogo, em Carneiro, podemos assistir, nomeadamente em Timor-Leste, a uma séria instabilidade política, sobretudo a nível do poder executivo ou presidencial. De um outro modo, e em consonância com o eclipse lunar que se segue, a actividade vulcânica e sísmica pode agravar-se sobretudo nesta área geográfica, o que, no caso da Indonésia, pode vir a ser preocupante.

  Em termos de regências geográficas, devemos também considerar as que foram descritas na Antiguidade. Segundo Vétio Valente (Antologia I, 2), as seguintes regiões pertencem a Carneiro: a Babilónia, Elymais ou Elamais (Cuzistão, província do Irão), a Pérsia, a Palestina e as regiões circundantes, a Arménia, a Trácia, a Capadócia, Susã (cidade antiga, capital do Elão ou Susiana, hoje sudoeste do Irão), o Mar Vermelho e o Mar Negro, o Egipto e o Oceano Índico. Para Manílio, rege o Helesponto (Estreito de Dardanelos), Propontis (Mar de Mármara), a Síria, a Pérsia e o Egipto (Astronomica, IV, 744-817). Por a Caput Draconis se encontrar em Touro, junto à sizígia do eclipse temos de observar as regências deste signo. Segundo as lições de Valente (Antologia I, 2), rege as regiões da Média (o actual noroeste do Irão, o Azerbaijão, o Curdistão Iraniano e o Tabaristão ou Mazandarão), da Cítia (Irão, mas também uma área que se estendeu da Bulgária às fronteiras da Rússia, Mongólia e China), do Chipre, da Arábia, da Pérsia e das montanhas do Cáucaso, da Samártia (junto à Média), de África, de Elymais ou Elamais (Cuzistão, uma província do Irão), de Cartago, da Arménia, da Índia e da Germânia.

  As regências antigas continuam a servir ainda hoje para situar muitos dos acontecimentos que a astrologia tão bem traduz. Os eclipses são, para a astrologia mundana ou global, um fenómeno em cujos sentidos da Providência electivamente se enraízam. O jogo primordial e radical de luz e sombra marca, com o gesto das Meras, não só o momento do eclipse como todo um hiato temporal, fundado num processo de significação que se agrega como uma teia. Já quanto ao actual, a duração do eclipse e do período umbral apontam para um período de influência que se estende de um ano até quase três anos e meio. No entanto, face ao facto da área central do eclipse ser um pouco circunscrita, a sua influência tenderá a ser mais próxima de um ano do que dos três anos e meio.

  Na análise astrológica de qualquer eclipse, este aforismo deve servir toda e qualquer interpretação: o primeiro eclipse de uma série Saros e o seu tema astrológico servem de matriz para toda a série, é o seu tema genetlíaco. O eclipse de dia 20 pertence à série Saros 129 que se iniciou a 10 de Outubro de 1103. Este eclipse, no signo de Balança, torna-se particularmente significativo para o nosso eclipse, dado que a sizígia original se encontra em oposição à actual. No eclipse de 1103, o Sol, a Lua, Mercúrio, Vénus e Júpiter encontravam-se em Balança. Existia, nesse momento, uma clara proposta de sentido que apontava, como se a dádiva do bem indicasse o caminho, para a harmonia dos contrários, para a criação de uma concórdia no seio da dualidade. Este sentido opõe-se, como que olhando de frente com um semblante desafiador, ao eclipse de dia 20.

  Os maléficos, na análise comparada dos dois eclipses, também se opõem. Saturno hoje em Peixes fita Marte outrora em Virgem. Se pensarmos que muitos dos eclipses dos últimos anos pertencem a séries Saros que começaram em eclipses coincidentes com a época das Cruzadas, compreendemos então a actualidade deste eixo dos maléficos. Os falsos ideais que se mascaram das mais piedosas demandas atendem, na verdade, os vícios do poder. Ontem ou hoje, a guerra só se serve a si própria. Por outro lado, Plutão que agora se encontra em Aquário, aquando do início da série Saros 129, encontrava-se em Carneiro, no lugar do actual eclipse. O militarismo que domina hoje as narrativas internacionais, tal como dominava no tempo das Cruzadas, protege os interesses de alguns, mas não os da humanidade, mas, para nos opormos aos perigos dessa narrativa comum, precisamos de espírito crítico. Séneca diz-nos o seguinte: “Procuremos, pois, aquilo que é o melhor e não o que é mais comum, aquilo que nos colocará na posse de uma felicidade eterna e não o tem a aprovação do vulgar, que é o pior intérprete da verdade” (Da Vida Feliz, 2; Carta sobre a Felicidade de Epicuro e Da Vida Feliz de Séneca, trad. J. Forte, 43. Lisboa: Relógio D’Água, 1994). Essa é a lição dos tempos e de como humano pode encarar a realidade.

  No eclipse de 1103, Raimundo IV, conde de Toulouse, com os cruzados, lançou uma ofensiva no vale de Beca (ou Beqaa), capturando Tortosa (Tartans), e para fortalecer o cerco de Tripoli, constrói o imponente castelo de Mons Peregrinus (em árabe, Quala’at Sangil). Os esforços de Raimundo de Saint-Gilles foram auxiliados pelo imperador Aleixo I Comneno, com o envio da frota bizantina. Mais tarde, os cruzados, liderados por Boemundo I de Antioquia e por Juscelino I de Edessa (e II de Courtenay), avançam no território de Alepo e, com as suas ofensivas e conquistas, forçam o sultão Fakr al-Mulk Radwan ao pagamento de um tributo. No ano seguinte, a 26 de Maio, o rei Balduíno I captura Acre. O porto havia sido cercado pelas frotas de Génova e Pisa. Balduíno promete, porém, conceder passagem a quem queira seguir para Ascalão, mas os italianos pilham os migrantes muçulmanos ricos e matam muitos deles. Por outro lado, os seljúcidas fixam-se em Damasco, na Síria. Podemos facilmente observar a actualidade de todos estes movimentos e, mesmo que se diga a história não se repete, o humano repete-se sem sombra de dúvida.

  Na série Saros 129, o último eclipse penumbral (26/041446) e o primeiro eclipse anular (06/05/1464) ocorrem no signo de Touro. Este elemento torna-se significativo se pensarmos que o eixo nodal actual ainda se encontra neste signo e o próximo eclipse lunar também aí ocorrerá. Cerca de dois meses após o eclipse, a 16 de Julho de 1464, dá-se a batalha de Montlhéry, onde as forças de rei Luís XI de França defrontam a Ligue du Bien Public, que reunia um conjunto nobres que se opunha ao poder centralizado do rei. O conflito termina com o regente a assinar três tratados de paz. Por outro lado, dois dias depois, o rei deposto Henrique VI de Inglaterra é capturado pelas forças de York e colocado na Torre de Londres. A rainha Margarida de Anjou e o príncipe Eduardo fogem para França. A Guerra das Rosas opôs as dinastias de York e de Lancaster. O caso francês lembra-nos hoje a forma como o presidente Macron tenta implementar, de forma contrária à vontade popular, uma nova idade da reforma. No Reino Unido, vemos claramente a queda de primeiros-ministros e o extremar de posições, bem como alguma resistência republicana à coroação de Carlos III.

  O último eclipse anular da série ocorre no signo de Peixes, a 18 de Março de 1969. Lembremo-nos que a série Saros 129 termina com um eclipse também em Peixes, a 21 de Fevereiro de 2528. É muito curiosa uma série que se inicia em Balança e termina em Peixes e cujos principais eclipses ocorrem em Carneiro e Touro. Existe um choque notório entre individualismo e comunidade. A proposta de início e fim colide com os acontecimentos que, sobre esta linha de luz e sombra, se estendem. Ora, aquando do eclipse de 1969 e no período de sua influência, encontramos, por exemplo, os sismos na China e no Peru e a forte tempestade tropical na Índia e no Bangladesh. Por outro lado, temos os movimentos de independência em África e a Guerra Colonial Portuguesa, bem como a Guerra do Vietname, a crise do petróleo de 1973 e um conjunto de intensas alterações políticas e ideológicas, e das consequentes transformações sociais.

  Ao eclipse de 1969, em Peixes, seguem-se três eclipses híbridos em Carneiro, dos quais o actual é o terceiro. O primeiro destes eclipses ocorreu a 29 de Março de 1987. Uns dias depois, a 13 de Abril, celebra-se o acordo entre Portugal e a China para a entrega de Macau. No final do ano, dá-se a Primeira Intifada e o agudizar do conflito israelo-palestino e, no dia 30 de Dezembro, o Papa João Paulo II publica a encíclica Sollicitudo rei socialis, onde é desenvolvida a doutrina social da igreja. O segundo eclipse dá-se a 8 de Abril de 2005 em pleno conclave, depois da morte de Papa João Paulo II, a 2 de Abril. Bento XVI tornar-se-á papa a 19 de Abril. O eclipse de dia 20 de Abril será também determinante para os destinos da igreja católica. Todos estes factos, desde o início da série Saros, permitem que se observe uma visão de conjunto e se alcance uma totalidade simbólica de sentido.    

  Cícero, acerca da velhice, diz-nos algo que é particularmente importante para esta análise: “Nisto assemelham-se aos que acusam o timoneiro de nada fazer durante a viagem, enquanto uns trepam pelos mastros, outros correm por entre os bancos, e outros esvaziam a sentina, segurando, porém, aquele o leme, sentado à popa tranquilamente. Não faz ele aquilo que os mais jovens fazem, mas, o que faz fá-lo com maior exigência e melhor. Não se realizam grandes feitos recorrendo à força, à agilidade ou destreza físicas, antes, pelo conselho, pela autoridade, pelo prestígio, dos quais a velhice não só não se encontra privada como ainda os engrandece.” (Catão-o-Velho ou Da Velhice, 6.17, trad. C. H. Gomes, 23. Lisboa: Biblioteca Independente, 2009). A experiência íntima do tempo histórico, que aliás é própria da representação astrológica, faz do astrólogo um timoneiro da demanda do sentido, da consciência plena de que tudo se une, segundo os ditames da Providência, numa simpatia universal, numa harmonia dos opostos.

  Sob o horizonte, na Porta do Hades (II), o Sol, a Lua e Júpiter vêm a sua acção detida sob a sombra do eclipse. O manto de escuridão conduz a acção da luz aos portões do submundo. Esta é uma posição significativa, pois Plutão (Hades), o deus que rege o submundo, é o astro mais alto e Saturno apresenta-se como lanceiro da sizígia e como Estrela da Manhã, com uma visibilidade pós-ascensão (sextil de Plutão em Aquário ao Sol, Lua e Júpiter em Carneiro). A morte e a necessidade são a acção que culmina, aqueles que ascende primeiramente até ao Meio do Céu. Plutão em Aquário e Saturno Peixes marcam determinantemente os acontecimentos actuais. A morte visita o humano e a justa retribuição será um sinal do tempo. Porém, a empatia, a compaixão e a solidariedade ressurgem como vias de ascensão. As lutas pelos direitos sociais e a necessidade de um Estado Social reafirmam-se hoje, lamentavelmente para um certo pensamento astrológico, mais por Saturno e Neptuno em Peixes do que por Plutão em Aquário. Lembremo-nos sempre da máxima de que é o planeta que faz o lugar e não vice-versa. Essa ideia evitaria muitas simplificações.

  Um outro aspecto que marca o tempo do eclipse e aquele que rege a sua influência é o que liga o Sol, a Lua e Júpiter em Carneiro, em sextil, a Vénus (e ao Ponto Subterrâneo) em Gémeos e, em quadratura, a Marte em Caranguejo. Esta conjugação de aspectos, potenciada pela própria posição de Marte, vai revelar o medo do feminino e um aumento da misoginia, da violência contra as mulheres e um retrocesso nos seus direitos. Veja-se, por exemplo, a tentativa de um tribunal norte-americano proibir a pílula abortiva, disponível e certificado pela FDA há cerca de vinte anos. De um outro modo, a quadratura de Vénus em Gémeos a Saturno e Neptuno em Peixes e o trígono de Vénus a Plutão em Aquário transmite-nos a dificuldade de levar ao outro a mensagem do amor do que move o sol e as estrelas, como diria Dante, aquele que conduz o herói até à casa da Grande Mãe, da Deusa que é a vida na morte e a morte na vida. Quando a morte visita o humano (Plutão em Aquário), o rosto que surge é o de Perséfone, a rainha do submundo que é também a donzela da Primavera. As estruturas vigentes e as ilusões de um patriarcalismo que teima em persistir resistem a esta mensagem, mas a palavra do amor terá de ser a acção do bem (sextil de Vénus a Júpiter).

  A posição de Mercúrio, de Úrano e da Caput Draconis em Touro é especialmente significativa: primeiro, porque Úrano também se encontrava em Touro no tema do eclipse de 1103, o que iniciou a série Saros 129; depois, devido à quadratura destes a Plutão em Aquário e deste à Cauda Draconis em Escorpião. O eixo do valor, ou seja, do viver ao morrer, onde se estende o Dragão da Lua, a par destas ligações, é um notório sinal dos tempos. Aqui encontramos o resultado da negação da mensagem que a Mãe Terra nos transmitia, durante décadas, e que, por teimosia e indiferença, preferimos rejeitar. O planeta está mudar, quer queiramos, quer não. O deus da morte (Plutão) não vai espalhar a superficialidade de uma espiritualidade líquida, aquela que nas últimas décadas do século XX permitiu mudar mentalidades, mas que hoje é insuficiente. A mensagem anuncia a iminência de uma nova extinção: a extinção do humano. Ora a forma dessa extinção oculta-se na Natureza e é sibilada pela Providência. Nós estamos assim perante o enigma esfíngico de renovar o viver. 

  Os sextis de Mercúrio e Úrano em Touro a Marte em Caranguejo e a Saturno e Neptuno em Peixes concedem a liberdade de agir que pode, se assim o quisermos, ser tanto o leme da vida como a dádiva da fortuna. Podemos, se encontrarmos o lugar da Deusa, se acolhermos os dons da Terra, transformar a realidade e aprender a viver conscientemente o planeta que é a nossa casa. Contrariamente, Marte em Caranguejo une-se quadrangularmente a Júpiter em Carneiro e triangularmente a Saturno em Peixes. O medo do feminino contamina, ferindo e dilacerando, o espaço e o tempo. A Era do Espírito Santo, do Sagrado Feminino, anuncia-se, o tambor na noite marca a dança e o ritual, mas a maioria teima em renegar esse tempo que se proclama. Existe uma resistência persistente em aceitar a Deusa que se ergue no céu estrelado.

  Neste eclipse solar, a sombra vai-se estender sobre a acção, obrigando a redefinir o sentido e o valor. A luz e o bem terão assim de se firmar e restabelecer a harmonia dos contrários. Com o eixo nodal a avançar para o eixo Carneiro-Balança, a escuridão cairá sobre a identidade, obrigando ao esforço de concórdia entre a unidade e a dualidade. A luz e a sombra são enigma da morte sobre o humano e, perante a inquietação radical de saber quem somos, é preciso escolher e marcar o caminho.

segunda-feira, 20 de março de 2023

Reflexões Astrológicas 2023: Lua Nova em Carneiro

 Reflexões Astrológicas


Lunações


Lua Nova em Carneiro (Primeira)

Lisboa, 17h23min, 21/03/2023

 

Sol-Lua

Decanato: Marte

Termos: Júpiter

Monomoiria: Marte  

 


  A Lua Nova de Março, aquela que marca o início do ano astrológico, ocorre naturalmente no signo de Carneiro, menos de um dia após o equinócio, com Virgem a marcar a hora para o tema de Lisboa e, deste modo, na VIII, no Lugar da Morte (θάνατος), da qualidade da morte, no decanato de Marte, nos termos de Júpiter e na monomoiria de Marte. A sizígia dá-se assim acima do horizonte e cerca de uma hora e vinte minutos antes do pôr-do-sol. Convém referir-se que, em 2023, vão assinalar-se duas luas novas no signo de Carneiro: uma no primeiro grau e outra no último, sendo esta um eclipse. No actual novilúnio, o encontro dos luminares ocorre a caminho do Poente, estando a Lua desfavorecida por estar fora do seu segmento de luz (αἵρεσις), num signo masculino, o da exaltação do Sol.

  Os temas do início do ano astrológico e da primeira Lua Nova de Carneiro convergem numa unidade de sentido que se estende, primordialmente, até ao segundo novilúnio, mas que marcará o ano de 2023, sobretudo até ao ingresso de Júpiter em Touro. Existem dois conceitos que marcam conceptualmente o signo de Carneiro. O primeiro é o conceito de Unidade, aquele que indica e promove o início do caminho vernal até Peixes, ou seja, da unidade à totalidade. O segundo conceito é o de πρᾶξις, a acção, e que resulta naturalmente do facto de, no Thema Mundi, Carneiro se encontrar no lugar de Culminação, no Meio do Céu, impulsionando tudo aquilo que se faz.  

  A via de Carneiro a Peixes ou de Peixes ao renovado Carneiro introduz, deste modo, uma outra ponte de sentido, uma que é, com frequência, difícil de conciliar, ou seja, aquela que une ou reúne a acção e a contemplação. A acção nasce da unidade e a contemplação procura a totalidade. São dois modos de ser e estar que a humanidade tem dificuldade de conciliar. No entanto, de um ponto de vista astrológico, a semente de um reside no outro. Um das mais antigas técnicas astrológicas, as dodecatemoria, cuja origem remonta à astrologia babilónica, embora naturalmente a um período posterior à criação do Zodíaco (século V AEC), apresenta a razão segundo a qual todas as propostas zodiacais criam uma harmonia de sentido.

  Na modelo do micro-zodíaco, mas também de uma outra forma na distribuição da décima segunda parte (v. Fragmentos Astrológicos, 2020: 173-92), ao dividir-se os trinta graus de um signo em doze partes de dois graus e meio e ao atribuí-las a cada signo, começando pelo próprio signo, existe uma integração das diversas significações numa só unidade. Assim sendo, acção e contemplação coexistem em todos os signos, embora no início ou no fim só em Carneiro e Peixes, assinalando-se a estrutura conceptual cíclica. 

  Manílio, numa das suas descrições dos signos, diz-nos, no entanto, acerca de Carneiro, que os seus desejos vão conduzi-lo ao desastre (Astronomica IV, 124-39). A acção sem finalidade, sem a contemplação ou a vontade de totalidade, é esvaziada e conduz necessariamente à ruína. Xenofonte, nas Memoráveis, afirma que “Os homens possuem, por natureza, tendências para a amizade, porque precisam uns dos outros: sentem compaixão, ajudam-se trabalhando em conjunto e, conscientes dessa situação, mostram-se agradecidos uns aos outros. Mas possuem também tendências para a guerra porque, quando consideram que as mesmas coisas são belas e agradáveis, lutam por causa delas e, como divergem nas opiniões, opõem-se uns aos outros; a discórdia e a ira são também sentimentos bélicos, a obsessão pelo lucro é hostil e a inveja conduz ao ódio.” (6.21-22, trad. A. Elias Pinheiro. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2009). A lição de Xenofonte, de um ponto de astrológico, revela aqui o quanto Carneiro precisa do sentido de Balança, mas também do de Peixes, ou seja, na posição diametral e no fim do ciclo, encontra-se a chave da sua própria acção.

  Com a sizígia no Lugar da Morte, a acção que dá qualidade à morte torna-se mais significativa, sobretudo se conjugarmos esse sentido com o do Dragão da Lua. O eixo nodal passará, neste ano astrológico, do actual eixo Escorpião-Touro para o de Balança-Carneiro, ou seja, do eixo do valor (Morte e Vida) para o eixo da identidade (Dualidade e Unidade). Se considerarmos que o Dragão da Lua representa a interiorização do destino (Cauda Draconis) e da necessidade (Caput Draconis), a acção firma agora o seu sentido no peso, na gravidade do Destino e de como ele e o mundo são um e o mesmo. Nos Pensamentos, Marco Aurélio diz-nos o seguinte: “Tudo se harmoniza comigo o que contigo se harmoniza, ó mundo; nada me chega demasiado cedo ou demasiado tarde daquilo que a horas a ti acontece. Tudo quanto produzem as tuas estações, ó natureza, se volve para mim em recolhança de frutos! Tudo vem de ti, em ti se confina, a ti retorna.” (IV, 23, trad. J. Maia. Lisboa: Relógio D’Água, 1995). Desta forma, o mundo e a proposta de astrológica de unidade e totalidade constroem-se sob um princípio de concórdia, de simpatia universal.

  A via de luz que ocupa, neste novilúnio, o quadrante superior feminino estende-se de Úrano até Neptuno e, de certa forma, até Saturno, embora já pós-poente. É portanto uma senda que transporta a revolução da Mãe-Terra, da Grande Mãe, a partir do Lugar de Deus, até à totalidade do amor universal e da necessidade, no lugar onde a luz fenece e a morte solar se alonga. No entanto, se concentrarmos o sentido da luz apenas no signo da sizígia, podemos encontrar um caminho que começa em Júpiter, passa por Mercúrio e termina no encontro dos luminares. Júpiter e Mercúrio são, em sentido lato, Estrelas da Tarde, tendo portanto uma visibilidade pós-poente que os torna, neste caso, expressões femininas. No entanto, numa análise mais restrita, existe uma diferença entre os dois planetas, pois Mercúrio encontra-se sob os raios solares (15 graus). A força abrasiva do Sol enfraquece assim a sua expressão.

  Júpiter e Mercúrio, devida a esta posição helíaca, tornam-se dependentes da força activa da sizígia. Porém, a união da razão e da palavra e da justiça e do bem à acção da luz adquire aqui uma força reforçada. Por outro lado, por estar fora do seu segmento e consequentemente ser o grande maléfico, Marte ganha uma força destrutiva suplementar. A essa qualidade acrescenta-se também o facto de ser o astro mais alto e aquele que se encontra mais próximo da culminação.

  Estes elementos posicionais concedem a Marte em Gémeos, já no fim do seu caminho por este signo, uma malignidade que contamina a acção humana. Ora, desta forma, o sextil entre Marte e a sizígia, bem como a Júpiter e Mercúrio, transporta consigo o peso da liberdade, ou seja, quando se escolhe o litígio, o confronto, as expressões de ira ou inveja, sofre-se o retorno da desmedida. A acção traz sempre consigo a reacção. A Necessidade não permite que roda do destino pare.        

  A retribuição da acção promovida por Marte em Gémeos expressa-se pelos raios quadrangulares entre este e Saturno e Neptuno em Peixes. De um ponto de vista astro-político, este é representa, como uma tensão, a dificuldade de se promover o Estado Social, a sua função primordial de diminuir a desigualdade e as assimetrias sociais. A conjunção de Saturno e Neptuno pedirá, ou exigirá, a refundação do socialismo como ideologia, mas também como sistema político e modelo socioeconómico.

  Na verdade, quando Júpiter passar para Touro, unindo-se hexagonalmente a estes planetas, o ecosocialismo reforçará a sua expressão política. Se pensarmos que, quando Plutão ingressar em Aquário, fará uma quadratura a Úrano em Touro, agravando as consequências nefastas das alterações climáticas, percebemos então que as transformações político-ideológicas se tornam necessárias. A selvajaria do individualismo liberal e a incapacidade de mudança do conservadorismo, a par da intolerância da extrema-direita, não vão servir os tempos que se avizinham e as necessidades da humanidade. 

  É também assinalável, pela força da despedida, a quadratura de Plutão em Capricórnio à Lua, ao Sol, a Mercúrio e a Júpiter em Carneiro. O poder da morte colide com a luz da acção. Existe uma pulsão de transformação que não se efectiva. Não existe, no acto criativo que cada um pode promover, uma integração da via do abismo ao cume, daquela que, como diria Heraclito, faz com que o caminho a subir e a descer seja um e o mesmo. A revelação que ilumina esse trilho que se oculta na espuma dos dias encontra-se parcialmente em Vénus.

  Em Touro, a deusa do amor encontra-se no seu domicílio e curiosamente encontra-se com aquele que, segundo o mito patriarcal, lhe deu origem. Afrodite/Vénus terá nascido da castração de Úrano. No entanto, neste signo feminino, existe uma proeminência da deusa do amor sobre o deus do céu. Aqui Vénus firma a sua expressão de amor universal, mas também de dádiva da terra, de flor e fruto.

  A relação de Vénus e de Úrano em Touro, a partir do Lugar de Deus, com Saturno e Neptuno em Peixes (sextil), mas também com Plutão em Capricórnio (trígono), agregando em si a mensagem do Dragão da Lua, assinala a forma como o Sagrado Feminino marca os nossos tempos. O amor e a necessidade assumem-se como baluartes de uma nova era, um tempo em que a sabedoria se erguerá sobre as cinzas da realidade. Na Era do Espírito Santo, depois de séculos de exílio, o rosto feminino do divino revelar-se-á.

  No tempo entre o actual novilúnio e a segunda Lua Nova de Carneiro, não encontraremos nenhum planeta retrógrado, promovendo-se assim, uma vez mais, a ideia de actividade. Mercúrio, Vénus e Marte avançarão para os signos seguintes: Mercúrio de Carneiro para Touro; Vénus de Touro para Gémeos; e Marte de Gémeos para Caranguejo. Já Júpiter e Saturno permanecerão nos signos actuais, ou seja, Júpiter em Carneiro e Saturno em Peixes. Nos planetas colectivos, Úrano continuará o seu ingresso por Touro e Neptuno por Peixes, enquanto Plutão chegará a Aquário.

  A Lua Nova de Carneiro transporta consigo o sentido profundo de conjugar a unidade na acção e de tornar a identidade uma forma de actividade. No entanto, a acção precisa de propósito, de finalidade. Esse é o desafio que se avizinha.