quinta-feira, 30 de junho de 2022

Lua Fora de Curso: Julho de 2022


Lua Fora de Curso


Julho de 2022


A Lua, como qualquer Planeta, quando está Vazio ou Fora de Curso, preserva um princípio de continuidade cíclica, embora desconectada, mas perde o sentido de direcção. Existe uma ausência de finalidade, apesar de existir movimento.

Os períodos em que a Lua está Fora de Curso devem ser tidos em consideração para melhor se decidir o tempo de agir ou pensar, de falar ou calar. Em termos empresariais, este não é, por exemplo, o momento certo para fechar um acordo ou negócio, para lançar um produto ou para marcar uma reunião. 

A Lua Fora de Curso não é, porém, o único aspecto a ter em consideração, mas é um dado fundamental para a astrologia aplicada às empresas.

 
Cálculos para a Hora de Lisboa

quarta-feira, 29 de junho de 2022

Reflexões Astrológicas 2022: Lua Nova em Caranguejo

 Reflexões Astrológicas


Lunações



Lua Nova em Caranguejo

Lisboa, 03h52min, 29/06/2022

 

Sol-Lua

Decanato: Vénus

Termos: Vénus

Monomoiria: Lua 

 

            A Lua Nova de Junho ocorre no signo de Caranguejo, com Gémeos a marcar a hora para o tema de Lisboa, no Lugar da Porta do Hades (Ἅιδου πύλη), no decanato e termos de Vénus e na monomoiria de Lua. A sizígia dá-se abaixo do horizonte e a cerca de duas horas do nascer do Sol. A Lua encontra-se favorecida por estar no seu próprio domicílio e o Sol com Júpiter está em recepção mútua por exaltação, ou seja, um está no signo de exaltação do outro. Esta constitui, porém, uma relação de aspecto quadrangular, o que permite que se conclua, face a todos os critérios descritos, a prevalência do feminino neste novilúnio.

            Caranguejo é o signo da Origem e, tal como foi referido na reflexão anterior acerca do solstício de Verão, este é, segundo o thema mundi, a porta de entrada do Nascimento, do acto original de criação. É também o signo que está na origem do Verão (hemisfério Norte) ou do Inverno (hemisfério Sul). Quanto às estações e à variação das mesmas em cada um dos hemisférios, convém referir-se que esta distinção determinou que a maioria dos modelos astrológicos, ao longo dos séculos, não se tenha fixado de acordo com as estações. No entanto, existem nelas elementos astro-mitológicos que devem ser considerados e que existem com suas especificidades em qualquer um dos hemisférios. Devemos portanto colher esse contributo que se enraíza, tal como Caranguejo, na tradição.

            A pluralidade de sentidos, sobretudo se procurarmos para além do superficial, permite que se encontre uma urdidura de ligações conceptuais. Quando no tema de Lisboa, a sizígia se fixa no segundo lugar, logo no seguinte àquele em que se encontrava no thema mundi, o sentido primordial de origem e nascimento do signo de Caranguejo é preservado, pois a Porta do Hades (II) é o lugar que antecede o Nascente (I). Ora Manílio (séc. I EC) diz-nos o seguinte acerca do eixo de lugares da II e da VIII: “E nem aquela acima do ocaso, nem a que sob a aurora lhe é oposta/ se afirma no céu como melhor parte: esta se afunda, aquela, inclinada, se pendura; uma teme o fim no vizinho pólo,/ a outra, defraudada, cairá. (Astronomica II, 871-3, Goold 1985: 56: Nec melior super occasus contraque sub ortu/ sors agitur mundi: praeceps haec, illa supina pendens aut metuit vicino cardine finem/ aut fraudata cadet.). Para melhor se compreender esta passagem, deve-se considerar, como aliás é comum entre os antigos e que hoje caiu em desuso, o movimento horário no tema astrológico, aquele que determina o nascimento e a morte, a ascensão e o declínio, mas também o dia e a noite.

            A partir da Porta do Hades, os luminares aguardam o seu nascimento, a sua subida acima do horizonte. A luz, neste novilúnio, é uma luz uterina, que espera, entre o silêncio da noite, o momento de irradiar, de se espalhar como uma dádiva. Por outro lado, esta luz potencial que ainda não brilha alerta, segundo a Astrologia Mundana, que na II os impostos, as receitas e as despesas do Estado, bem como as taxas de juros, os bancos, todos os valores indexantes estão a aguardar o seu nascimento, ou seja, tudo o que está em curso não pode, nem deve, ser tido como definitivo, para o bem e para o mal. Porém, esta luz está guardada em Caranguejo que traça até Virgem o carácter feminino de cuidar e servir. Os bens de primeira necessidade e a dignidade do viver devem ser assegurados a todo o custo e para além de todos os interesses.

            Seguindo a ordem vernal, o primeiro signo feminino é Touro que nos traz a Mãe-Terra, já Caranguejo, o segundo, leva até nós a Mãe do Mundo, aquela que antecede a criação e que nos dará a luz. Contudo, sabendo que a abundância não deve seguir a excepção, mas sim o comum, a Grande Mãe, como estrela do amanhã, pairando sobre a quadratura da actual sizígia a Júpiter e Marte em Carneiro, na XI, no Lugar do Bom Espírito (ἀγαθόν δαίμων), revela que existe uma dificuldade imensa de criar uma sociedade mais justa. A XI representa os parlamentos, os partidos e as organizações sociais, porém, com Marte e Júpiter, é transmitida a dificuldade de se estabelecer uma concórdia entre estas duas forças: uma une pela bem e outra afasta pela discórdia.

            Por outro lado, a união de Marte e Júpiter produz uma expansão das doenças infecto-contagiosas, como, por exemplo, a monkeypox, cujos primeiros casos foram confirmados uns dias depois do início da conjunção. A quadratura destes a Plutão em Capricórnio vai acentuar a expressão da doença, mas também a forma como é julgada, pois Júpiter, mal aspectado, torna-se aqui uma fonte de preconceitos.

            Estes aspectos confirmam, de um outro modo, os conflitos políticos e morais em torno de direitos fundamentais, veja-se o caso português da aprovação da eutanásia ou o reavivar do acesso ao direito à interrupção voluntária da gravidez. O encontro de Marte e Júpiter em Carneiro pode também reforçar os valores patriarcais e a misoginia. Os homicídios de mulheres em situações de violência doméstica podem aumentar com este aspecto.     

            Na Aretologia de Ísis de Cumas (séculos I AEC – I EC), a deusa diz: “Eu sou a que encontra o fruto da terra para os seres humanos. (§7, linha 12: γεμι καρπννθρποις εροσα). Esta proclamação da Deusa dos Mil Nomes revela como o novilúnio de Caranguejo traz consigo esse potencial de levar à humanidade o fruto da terra, o fruto amadurecido pelo calor luminoso do Verão, ou fruto guardado no Inverno para os que estão no hemisfério sul. O sextil de Úrano e da Caput Draconis em Touro à sizígia, bem como o trígono de Neptuno em Peixes, produzem esse potencial de dádiva.

            No entanto, para isso é necessário transformar, tal como sugere o corpo do Dragão da Lua, o modo de vida e criar novos valores. A humanidade pode sobreviver e prosperar, religando-se, ecologicamente, à terra e fundando as suas dinâmicas político-sociais na compaixão e no acto puro de partilhar, ou pode assistir, como alerta a oposição de Plutão em Capricórnio aos luminares, à destruição de estruturas de poder que alimentaram as bases sobre as quais a humanidade está a ruir, tanto colectivas como individuais. O destino oculto, promovido pelo Senhor do Hades, começará então a revelar-se. A Cauda Draconis em Escorpião vai alertar igualmente para os ditames da Providência

            Já Vénus e Mercúrio estão no Leme da Vida (I), porém ainda não nasceram, permanecem ocultos sob a Aurora. Vénus está peregrina, já Mercúrio encontra-se no seu domicílio e é o regente da triplicidade do seu Segmento de Luz. Este posicionamento de Vénus e Mercúrio em Gémeos, presente, mas não efectivado, por nascer, contribui para uma dificuldade de expressão, sobretudo de Vénus. O signo de Gémeos favorece aqui a criação intelectual e estética. A arte continua a transformar o humano e o conhecimento continua a ser fonte de progresso. Contudo, conhecimento (Gémeos) sem Sabedoria (Sagitário) favorece apenas a superficialidade e esfuma, entre o fanatismo e o narcisismo, os limites do conhecimento, limites estes que só a sabedoria compreende.

            Vénus não contribui, porém, com a dádiva feminina da criação, pois com Mercúrio, numa posição anterior ao Sol, são Estrelas da Manhã, o que enfatiza o lado racional, dedutivo, em detrimento de uma expressão criativa e intuitiva. Estes encontram-se em quadratura a Neptuno em Peixes, logo a expressão superior de Vénus e a própria Vénus encontram-se em conflito. Assim, nem a imaginação criativa (Neptuno) alimenta o pensar e o sentir (Mercúrio e Vénus), nem a razão e a sensibilidade transformam a ilusão em alta fantasia, como diria Dante. Contudo, Vénus continua a ser o grande benéfico do novilúnio.

            O sextil de Vénus e Mercúrio em Gémeos a Júpiter e Marte em Carneiro e o sextil destes a Saturno e trígono deste aos primeiros formam provavelmente o mais profundo elemento formativo deste novilúnio, sobretudo se somarmos a estes aspecto a quadratura de Saturno a Úrano. Estão unidos aqui o benéfico e o maléfico dignificados pelo Segmento de Luz, Vénus e Marte, e o benéfico mitigado pelo segmento, Júpiter, e o maléfico exacerbado, Saturno. Esta é uma estrutura de sentido que pretende dar vida ao tempo, criando um consciência íntima da realidade.

            Ora, nesta Lua Nova, a forma como os raios se expressam vai também determinar a sua acção e esta continua ser a palavra-chave, o timoneiro da nossa viagem. Porém, este profundo elemento formativo coloca a acção não entre o destino e a liberdade, mas sim entre a sabedoria e a ignorância, pois para aquele que vê o destino é a liberdade e liberdade é o destino, enquanto aquele que vive nas trevas quer que o julga ser a liberdade vença o seu próprio destino.    

            Neste novilúnio, e tendo em consideração este elemento formativo, é curioso observar-se a forma como a luz, como a sizígia dos luminares, tanto é a origem desta acção que dá forma à vida e ao humano, como dela recua, deixando um manto de sombra. A Mãe do Mundo é a fonte, a origem, mas é também o fim, a finalidade, e para isso tem de existir caminho e caminhante.

segunda-feira, 20 de junho de 2022

Reflexões Astrológicas 2022: Solstício de Verão

 Reflexões Astrológicas

Estações



Solstício de Verão

Lisboa, 10h14min, 21/06/2022

 

Sol

Decanato: Vénus

Termos: Marte

Monomoiria: Lua

 

  

  O Solstício de Verão (Hemisfério Norte), com o ingresso do Sol em Caranguejo, é por excelência uma celebração da luz, não a luz que vence as trevas, como a que se começa a sentir nas Candelárias (a Thesmophoria dos mistérios de Elêusis), mas sim a luz que fertiliza. O Rei Carvalho surge como senhor do Verão, reinando até que a morte o vença e o Rei Azevinho, senhor do Inverno, ocupe o seu lugar. As bagas brancas do visco sagrado, crescendo no carvalho, são substituídas pelas bagas vermelhas do azevinho, entre umas e outras, as bagas negras do sabugueiro, consagrado à Senhora e cuja madeira não pode ser queimada sob a pena de maldição, assinalam a continuidade do seu poder.  

  Nesta mimésis da realidade, o Rei morre e renasce, tal como a luz surge e desaparece, mas a Deusa, Senhora da Roda do Tempo e do Caldeirão do Mundo, não conhece a morte e a destruição. A Deusa é a Lua que muda de rosto, mas permanece a mesma, é a Morte na Vida e a Vida na Morte. A religião patriarcal suprimiu a Deusa, mas o sentido profundo do seu papel nesta mimésis da realidade sobreviveu, continua activo. O Sagrado Feminino é assim, no Verão, a Morte na Vida e, no Inverno, a Vida na Morte, daí que o ingresso do Sol em Caranguejo represente a Origem e em Capricórnio o Fim.

  Existe naturalmente, nesta simbólica de matriz pagã, uma relação implícita deste eixo Caranguejo-Capricórnio com o eixo Touro-Escorpião, que representa a Vida e a Morte - e onde hoje se encontra o Dragão da Lua -, ou seja, quando, em Touro, a Deusa e o Deus se unem, gerando o Rei-Menino, é esse o fruto que, a partir do poder de sua Mãe (Caranguejo), surgirá no auge da luz como Senhor do Verão ou quando, em Escorpião, a Senhora da Roda levar até ao Rei a sua Morte (Escorpião), será o Rei-Morto no seu cume de vida a tornar-se o Senhor do Inverno.

  O eixo solsticial Caranguejo-Capricórnio, tecendo o veio da Origem ao Fim, para além de marcar a influência da luz que cria e destrói e a importância primordial e radical do Verão e do Inverno, serve também para relembrar e reafirmar astrologicamente a ordem estabelecida no thema mundi como alternativa à ordem vernal (Carneiro na Casa I). Ao colocar-se Caranguejo a marcar a Hora, na Casa I, e Capricórnio no Poente, na Casa VII, conservamos o sentido profundo apresentado na mimésis pagã da realidade, acima mencionada, e que está também em harmonia tanto com os significados herméticos do círculo dos doze lugares (δωδεκατόπος) como com os mistérios de Mitra, em especial, com a arquitectura simbólica do mithraeum.

  Em termos de regência zodiacal e domiciliar, o Verão inicia-se sob os auspícios de Caranguejo e da Lua, passando depois para Leão e para o Sol. A Água e o Fogo tornam-se consequentemente elementos dinâmicos de fertilização e maturação, uma condição para a colheita no fim do Verão, no início do Outono. Ora é este o sentido que encontramos no Corpus Hermeticum (Discurso de Hermes Trismegisto: Poimandres) quando se afirma o seguinte: Como disse então, o nascimento dos sete ocorreu do seguinte modo. Feminina era a Terra. A Água fertilizava. O Fogo era a força de maturação. A Natureza tomou o sopro vital do éter e fez nascer os corpos sob a forma humana. Da vida e da luz, o Humano tornou-se alma e mente; da vida veio a alma, da luz veio a mente, e todas as coisas no mundo dos sentidos permaneceram assim até ao fim do ciclo (e) as espécies começarem a ser.” (I, 17). Hermes sintetiza, desta forma, as interpretações anteriormente apresentadas.

  Curiosamente, a Lua, no actual Solstício, encontra-se peregrina, sem qualquer dignidade essencial, no signo de exaltação do Sol e, para o tema de Lisboa, no Lugar de Deus (IX), a casa onde, no seu Segmento de Luz (αἵρεσις), mais brilha o Deus-Sol, iluminando o círculo desde o tabernáculo. Esta Lua é a deusa errante, a Sabedoria ignorada e desprezada. Em Carneiro, é a acção potencial do feminino que não se efectua, a impotência da possibilidade. Já o Sol encontra-se com Júpiter em recepção mútua por exaltação, atenuando a hostilidade quadrangular e transformando-a numa afinidade que enaltece o potencial de cada um.

  Por outro lado, Mercúrio, Vénus, Marte e Saturno encontram-se nos seus próprios domicílios. Vénus e Saturno são também os regentes da triplicidade e este último encontra-se nos seus próprios termos, enquanto Marte, que também se encontra-se nos seus próprios termos, recebe a luz de Mercúrio (sextil) e do Sol (quadratura), que se encontra nos termos de Marte. De um modo geral, a influência planetária age de acordo com a sua própria natureza, ou seja, o seu potencial de sentido age por si. A luz expande-se a partir da sua própria matriz.

  A acção é, de facto, um denominador comum no tema do solstício e no período do Verão. Essa dinâmica activa da origem, da génese (Caranguejo), ao acto (Carneiro) e do acto ao fim, à finalidade (Capricórnio), funda-se no tempo em causa numa actividade que é tanto externa como interna, que condicionará quer a acção humana, quer o seu modo estar, de sentir e pensar. Epicteto diz-nos o seguinte: Quando discernires que deves fazer alguma coisa, faz. Jamais evites ser visto fazendo-a, mesmo que a maioria suponha algo diferente sobre <a acção>. Pois se não fores agir correctamente, evita a própria acção. Mas se <fores agir> correctamente, por que temer os que te repreenderão incorrectamente?” (Encheiridion 35, trad. A. Dinucci & A. Julien, 2014: p.59. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra). Esta poderá ser a força (Marte) da acção (Carneiro) mediada pela justiça (Júpiter). A justa-medida favorece sempre o acto conveniente e apropriado.

  Se pensarmos assim que, do solstício de Verão ao equinócio de Outono, o fenómeno astrológico de retrogradação marcará com destaque este tempo electivo, concluiremos essa mediação. Júpiter passará de directo a retrógrado e Saturno manter-se-á retrógrado, já Úrano e Neptuno passarão de directos a retrógrados e Plutão passará a directo, activando a morte e a transformação. Mercúrio, Vénus e Marte irão viajar naturalmente pelo Zodíaco. Mercúrio seguirá de Gémeos a Balança, passando a retrógrado só no dia 10 de Setembro. Vénus, com a regularidade que lhe é natural, avançará de Touro a Balança, os seus domicílios. Por fim, Marte marchará de Carneiro a Gémeos, onde ficará mais tempo.

  Este movimento de Marte determinará, em grande parte, a evolução das guerras, em especial, a da Ucrânia. O peso dos avanços militares centrados nos líderes políticos e nos nacionalismos (Carneiro), passará para uma maior movimentação das tropas no terreno, reforçando o papel das infantarias e da artilharia e o domínio dos territórios (Touro) e, desta fase, para uma escalada da tensão diplomática e da instrumentalização dos media, bem para um aumento dos ataques aéreos e do poder de destruição dos mísseis utilizados (Gémeos). Lembremo-nos que as bombas de Hiroshima e Nagasaki foram lançadas com Marte em Gémeos. Em suma, no que à guerra e aos seus efeitos concerne, os tempos serão difíceis.

  Nas relações que se estabelecem no tema do solstício, a quadratura do Sol em Caranguejo à Lua, Júpiter e Marte em Carneiro é, tal como já descrevemos, de particular importância, forçando tanto a actividade do humano como a impossibilidade – no tempo actual – de realização do Sagrado Feminino. No entanto, a relação hexagonal do Sol a Vénus, a Úrano e à Caput Draconis em Touro acentua o valor que vai da Origem ao Viver, questionando e reformulando a nossa ligação à Terra-Mãe, à Natureza, bem como àquilo que consideramos bens de primeira necessidade, o que é reforçado pelas ligações do Sol ao Dragão da Lua, projectando como revelação a luz e a sombra sobre os nosso valores.

  De um outro modo, o Senhor do Hades (Plutão) afronta os luminares (oposição ao Sol e quadratura à Lua), relembrando que a Morte também vive na Arcádia e que, em breve, furtará a sua mãe a Rainha Perséfone. O amor de Hades por Perséfone é uma condição de possibilidade da vida, do nascer e do morrer, daí o trígono de Plutão e Vénus, unindo o Morte ao Amor, o corcel e o cavaleiro do soneto de Antero Quental (“Mors-Amor” in Sonetos, 1880). No entanto, a quadratura de Plutão Retrógrado à Lua, estende-se também a Júpiter e a Marte. As relações de poder (Capricórnio-Carneiro) revelam como o cume da identidade é a morte do eu e como a transformação pela força do bem implica sempre uma qualquer forma de destruição, pois, vencida a ignorância, a visão da montanha torna-se também a visão do horizonte.

  Saturno Retrógrado, fazendo do tempo retorno e repetição, lança hexagonalmente os seus raios até à Lua, até Júpiter e Marte, triangularmente até a Mercúrio e quadrangularmente até Vénus e Úrano, até ao Dragão da Lua. O Senhor do Tempo e da Necessidade, do Destino e da Retribuição coloca um peso, uma gravidade reflexiva, sobre aquilo que colectivamente temos feito. A acção recai sobre o julgamento e sobre o desejo de encontrar, no mundo (ou na natureza), entre a vida e a morte, o valor. A forma como temos habitado o planeta Terra, aquilo que produzimos ou a que atribuímos valor, a desmedida da nossa acção, tudo isso estará sob julgamento. Porém, a sentença colectiva não é apenas externa, não surge apenas como efeito, ela é também interna, pois coloca o seu peso na faculdade de julgar, de tecer sob nós próprios a nossa retribuição. O valor e a acção surgem assim sob a égide da Necessidade.

  Colhendo de Mercúrio a faculdade de pensar, a nossa palavra, o nosso espírito livre e crítico, poderá vencer o mal radical que é a ignorância, o que está em harmonia com relação harmoniosa (sextil) entre Mercúrio em Gémeos e a Lua, Júpiter e Marte em Carneiro. Esta é, porém, a palavra tornado acto, o pensamento que se efectiva enquanto força do bem. No entanto, o pensamento terá de encontrar o caminho entre a ilusão e a imaginação, entre os fantasmas do mal e a contemplação do Amor de Deus (quadratura de Mercúrio a Neptuno).  

  O Senhor do Mar, usurpador do trono feminino da Água, colhe benevolamente os raios do Sol (trígono) e de Vénus (sextil) e lança sobre a morte o dom da compaixão, a dádiva da Luz do Amor. Com Úrano em Touro (sextil) e Plutão em Capricórnio (sextil), Neptuno em Peixes cria uma trindade que tem dado forma às grandes mudanças dos nossos tempos. E, passada a fertilização da passagem da Primavera ao Verão, o Fogo agirá como elemento de maturação, tornando doce a fruta recém-brotada. A nobreza da alma (Leão), a luz interna, tornar-se-á assim a ponte entre a origem (Caranguejo) e a colheita (Virgem), integrando a individualidade no tempo colectivo. Da água, emerge o fogo sempre vivo.  

  Em suma, o Verão deve ser vivido como a celebração da luz que fertiliza, porque da Origem surge a dádiva que no tempo se efectiva. Nesta estação, teremos de aprender o valor dos frutos da terra e a importância de uma acção com finalidade.  

quinta-feira, 9 de junho de 2022

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terça-feira, 7 de junho de 2022

Um Romance acerca do Sagrado Feminino: A Casa da Torre Velha

 

Um Romance acerca do Sagrado Feminino
A Casa da Torre Velha



Sinopse


"A Casa da Torre Velha era o lugar do feminino e Arabela era a última de uma linhagem de mulheres." Esta é a frase inaugural e o mote de todo o romance.

A Casa da Torre Velha é a sede de um reino imaginário, o Vale da Torre, localizado no centro de Portugal e governado por uma mulher, a Senhora da Torre. Este reino cuja estória se cruza com a história da humanidade recria a presença da mulher e do feminino, tanto no universo temporal como na dimensão espiritual.

Os acontecimentos iniciam-se na primeira metade do século XIX. Magdalena, a Senhora da Torre e a avó de Arabela, ciosa do despotismo de Narciso, escondeu a sua fortuna e decidiu a sua sucessão. Para Narciso e Jacinta, os pais de Arabela, a família estava à beira da falência, mas para Magdalena era apenas o governo da Necessidade.

Neste romance-ensaio ou romance filosófico, a Casa da Torre Velha apresenta-se como o lugar do Sagrado Feminino, um espaço consagrado de regeneração espiritual e de esperança para a humanidade.


Livro (Paperback): 25€
Edição: Março de 2022
Páginas: 574
ISBN: 978404333398


Livro – Edição Especial, com ilustrações (Hardcover): 32€
Edição: Maio de 2022
Páginas: 492
ISBN: 9798405510453


Ebook: 8,95€


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