domingo, 28 de fevereiro de 2021
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021
Lua Cheia - Eixo Virgem/Peixes: Reflexões Astrológicas
Desde o início do ano, analisando-se a Lua Cheia de Janeiro e as duas Luas Novas (Janeiro e Fevereiro), é a primeira vez que o Sol surge acima do horizonte. Depois da hora de alba, o Sol está no seu próprio segmento (αἵρεσις), partilhando assim a sua luz fulgente com Júpiter e Saturno, também ambos no segmento que lhes é próprio. No entanto, o eixo do plenilúnio encontra-se nos termos de Vénus, em monomoirias nocturnas e decanatos diurnos. Ora Vénus, que está no segmento contrário, encontra-se com o Sol no seu signo de exaltação (Peixes), a caminho do grau onde essa qualidade se intensifica. De facto, por o Sol se encontrar em Peixes, a posição de Vénus torna-se radicalmente mais expressiva, sobretudo se tivermos em consideração que Neptuno também se encontra nesse signo. O amor universal, a compaixão e a empatia deverão ser o exercício pleno da nossa humanidade. A sua ausência destrói a consciência do humano, enquanto potência de transformação, e instala um retrocesso civilizacional. Se não cumprirmos o Cristo (Era de Peixes), não receberemos o Espírito Santo (Era de Aquário) e o Filho fechará a porta que conduz à Mãe Divina.
A posição em que se encontra o eixo da Lua Cheia determina a sua qualidade. A Lua está na VI, a Má Fortuna (κάκη τύχη), e o Sol na XII, o Mau Espírito (κακός δαίμων). Na Lua Nova de Fevereiro, descreveu-se a qualidade da VI, fortalecida agora por nela se encontrar o signo que melhor a define (Virgem). Da Lua recebemos a necessidade de efectivar o cuidar do corpo e da saúde e a prática do serviço ao próximo, todavia é do Sol que surge a chave da transformação. O termo δαίμων que designa a XI e a XII, positiva e negativamente, indica, primeiramente, o deus ou a deusa, a divindade ou o destino, as almas da Idade de Ouro e, mais tarde, o espírito, o demiurgo ou o génio. Foi deste termo que nasceu também a acepção posterior de demónio. Desta forma, encontraremos tudo isto na XI e na XII, bem como na Parte do Espírito (κλῆρος δαίμονος).
O Sol em Peixes na XII, no Mau Espírito, está aprisionado ou, como actualmente se diria, está confinado. É a luz da candeia sobre o manto do mestre. Nestes tempos que desafiam o pesadelo da normalidade, a luz que se oculta é um desafio no caminho. O desejo - voluntário ou não - de repetir o mesmo assombrará a realidade e, trilhada a noite escura da vida e da alma, a luz e o amor tornar-se-ão o tesouro da finalidade. No entanto, o desafio dos tempos diz-nos que esta não é apenas a senda do indivíduo. O tesouro é partilhado no grupo, no colectivo e, uma vez mais, Saturno, Mercúrio e Júpiter em Aquário forçam a transformação das organizações políticas, sociais e espirituais. E, por estarem na XI, aumentam o valor da sua mensagem enquanto elementos de passagem. O tempo, a razão e o espaço criam aqui e agora as fundações de um novo mundo.
Porém, o tempo (Saturno) é também revolta e revolução (Úrano) e a tensão que surge da quadratura mostra-nos que a mudança não nasce de palmadinhas nas costas e gestos de assentimento. As fileiras dever-se-ão cerrar entre aqueles que defendem o humano e a sua dignidade, os que clamam por democracia e solidariedade, e aqueles que querem corromper o tempo, negando o passado, fazendo de velhos demónios os novos deuses. Por outro lado, a tensão entre Saturno em Aquário e Úrano em Touro continuará a expressar a forma como entre o céu e a terra a natureza encontra sempre caminho, mesmo que seja contra a vontade humana.
Já o benevolente Júpiter ajuda-nos, nestes tempos sombrios, a recuperar, através de um sextil e trígono, a mensagem do Dragão do Lua, aquela que une a sabedoria (Sagitário) à palavra (Gémeos) numa via eleita que vai do Deus (IX) à Deusa (III). Ora essa mensagem implica também uma destruição das vaidades e essa é uma acção (Asc. em Carneiro) se firma no poder (MC em Capricórnio com Plutão) de transformar o modo de vida (Úrano e Marte na II), esse viver que se construiu sob o vidro fino de um complexo de Deus. O trígono entre Marte (II) e Plutão (X) faz brotar da terra as formas rudes que relembram que o conhecimento da morte é o conhecimento da vida, gravando assim sobre a pedra dura o Et in Arcadio ego. Plutão, no lugar de culminação, clama ao vento, como uma nuvem piroclástica, que a morte destrói a vaidade.
Por fim, veja-se como os luminares lançam sobre Úrano (sextil do Sol e trígono da Lua) a possibilidade de se efectivar um intelecto agente, uma apreensão nítida, a partir da terra, da Alma do Mundo, da inteligência noética que rege o universo e as criaturas. A intuição da luz apresenta-se aqui como a consciência pura, a atracção magnética, do amor divino. O Sol, a Lua e Úrano encontram-se nos termos de Vénus, consubstanciando a mensagem da exaltação da Deusa do Amor na constelação de Peixes. Esta Lua Cheia que, embora seja por natureza uma estrutura de diametral, cria hoje uma unidade sentido, uma harmonia entre os opostos. O Amor é a Luz. A Luz é o Amor.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021
terça-feira, 23 de fevereiro de 2021
Tarot - O Liber Mundi: Arcanos Menores - Espadas/Ar
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021
domingo, 21 de fevereiro de 2021
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021
Saturno, a Saturnália e o Tempo de Excepção: Exemplo Textual
terça-feira, 16 de fevereiro de 2021
Tarot - O Liber Mundi: Arcanos Menores - Copas/Água
domingo, 14 de fevereiro de 2021
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021
Lua Nova em Aquário: Reflexões Astrológicas
Reflexões Astrológicas
Lunações
Lua Nova em Aquário
19h05min, 11/02/2021
Decanato: Lua
Termos: Marte
Monomoiria: Marte
O encontro dos luminares dá-se depois do ocaso, estando portanto
a luz sob o horizonte e na sexta a contar do Horóscopo. Ora, na Astrologia Antiga,
a VI é comummente designada de Má Fortuna (κάκη τύχη) e forma com a XII um
eixo que Manílio define do seguinte modo: “porta
laboriis erit: scandendum est atque cadendum” (Astronomica II, 870: “a porta
do trabalho serão: por uma se sobe e
pela outra se desce”). Existe neste lugar uma tensão de incumprimento que
é, em certa medida, a mais intensa de toda a estrutura de casas, pois não só
não se une ao Horóscopo, como está sob o horizonte. A sua posição é, todavia,
compensada pela união benéfica com o Ponto de Culminação (MC), mostrando que a
dinâmica do esforço pode torná-la efectiva, desde que a sua passividade se
transforme em trabalho, em actividade.
O novilúnio de Fevereiro ocorre, deste modo, no lugar de
Virgem, o mesmo signo que se encontra no Horóscopo e que na lunação anterior se
encontrava na Culminação. Se Virgem é o signo do cuidar e Aquário é o signo do
transformar, compreendemos pois como uma potencialidade de acção continua a
marcar um caminho, sem contudo se efectivar. O facto da Lua Nova dar-se na VI
mostra que esta via ainda está por cumprir. Paulo de Alexandria dizia que este
era um ἀπόκλιμα φαῦλον, ou seja, um declínio débil,
definindo-a igualmente como ποινέ, retribuição, castigo
ou vingança (Introdução, cap. 24). Já
Fírmico Materno define esta casa como infelix
regio (região funesta) ou rebusque inimica futuris (inimiga das acções futuras), dizendo que
é vitio fecunda nimis (demasiado fecunda em maldade). Por tudo
isto designa a VI de locus piger, de
lugar passivo (Mathesis, II, 19, 7).
A razão pela qual se deve acentuar o valor da casa em que
se dá este novilúnio prende-se sobretudo ao enorme potencial que ele encerra.
No entanto, é a qualidade da casa que permite que se veja nesse potencial uma
acção por efectivar. De igual modo, o facto dos planetas que se encontram em
Aquário, junto dos luminares, estarem quase todos sob os raios do Sol confirma
essa qualidade primordial, pois estar sob os raios implica sempre uma
ocultação. Quando estamos muito perto da luz, não conseguimos ver o que a
rodeia. Saturno é único que está para além dos raios, tornando assim a sua
acção mais dinâmica. Essa será particularmente intensa na quadratura que faz
com Úrano. Não podemos nós ver aqui todas as dificuldades em torno das vacinas?
O processo será mais longo que o esperado? A sua eficácia perante as mutações
do vírus pode torná-las sazonais? Os países mais pobres continuarão a não ter
acesso? E a natureza humana, no seu desejo desmedido de sobrevivência, continuará
a corromper todo o processo? Mais uma vez a sabedoria (IX) não está ao serviço da
humanidade (VI). Isto é algo que podemos encontrar também na presença de
Neptuno em Peixes na VII. A necessidade de empatia e compaixão continua a ser
um imperativo e as várias formas de ilusão – os negacionismos – impedem que se
preste uma verdadeira atenção ao outro. A negação tem sempre uma agenda de
anulação e essa anulação passa por um desvalorizar do outro.
Por outro lado, aquilo que se esconde sob raios do Sol -
e da Lua - encerra todo um potencial de transformação. A luz do Sol e da Lua,
embora sob o manto do horizonte, une-se à dádiva do bem (Vénus e Júpiter). A
luz e a dádiva têm entre si, como elemento de passagem, o silêncio, a palavra
guardada (Mercúrio Retrógrado). E é a palavra, no ventre do silêncio, cingindo
a luz e a dádiva, que se estende até corpo do Dragão da Lua, aquele que vai da
sabedoria (Sagitário) ao conhecimento, à expressão dessa mesma palavra
(Gémeos). Esse Dragão alonga-se da cabeça à cauda, ladeando o eixo da fundação (IV)
ao cume (X), o que reforça o valor do caminho. A sabedoria da palavra torna-se,
desta forma, a dádiva da luz. Algo que é confirmado pelo facto da conjunção
Vénus-Júpiter se encontrar no decanato de Mercúrio, nas termos de Vénus e na monomoiria de Mercúrio. Existe uma
mensagem que está por cumprir e essa mensagem pode ser encontrada tanto no
silêncio como na palavra ignorada e rejeitada.
Se temos, por um lado, uma concentração em Aquário que uns chamam de Stellium e outros, mais antigos, falam de co-presença, pois estar presente implica uma partilha de ser que é temporal e espacial, temos então, por outro lado, o trígono entre de Plutão em Capricórnio (V) e Marte em Touro (IX), mediado por Neptuno em Peixes (VII) e que forma, com cada um deles, um sextil. A partir da V, da Boa Fortuna (ἀγαθή τύχη), a Morte adquire um valor de criação, pois o conhecimento de si transforma a morte em renascimento, e transmite-a para a uma vontade de crescer, para o desejo ardente de ser Deus (a IX, θέος), de resgatar o absoluto que pertence à terra. Esse caminho do valor da morte para o desejo indomável de estabilizar a paixão e vencer o desumano, tornando-se deus, é construído pela via do amor universal (Neptuno). No entanto, para trilhar esse caminho, para passar do amor universal e chegar ao divino, temos de ultrapassar a bênção, que é também um desafio, que se encontra na VI, naquela concentração astrológica que une luz, silêncio e dádiva. Esse é a proposta desta Lua Nova que se estenderá para além da lunação.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2021
Tarot - O Liber Mundi: Arcanos Menores - Ouros/Terra