Ivanov, Alexander, Príamo a pedir a devolução do Corpo de Heitor, 1824. Moscovo: Galeria Tretyakov. |
O Fado do Velho Príamo
Despojado de si
Crente em Apolo
Indiferente e ledo
Segue suplicante
De Tróia o rei Príamo
Roga ao meio deus
O corpo do filho morto
Ao belicoso carrasco
Implora o recto juízo
Clama só a justa morte
Na noite da negra Nyx
Espera sem sorte ou arte
Uma prudente luz
Da luminar razão
E sem nada almejar
Além da morte certa
Suplica a benevolência
De um cruel algoz
Áquiles surpreso decide
Sem puder recusar
Dar o corpo morto
Aos lúgubres lumes
Nem sempre a espada
Move a ilustre coragem
E pode a superna alma
Ter força de falange
Príamo o suplicante
Fez de glória vã
A vitória de Aquiles
E deu ao morto Heitor
A sombra da dignidade
E na noite avançou
Como vazio vulto
Para a morte próxima
Pras perdidas ruínas
Da sua nobre cidade
Assim seguiu despojado
De Tróia o rei Príamo
Assim pela morte vai
E à morte regressa
18/08/2018 RMdF
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