segunda-feira, 10 de maio de 2021

Lua Nova em Touro Reflexões Astrológicas

 Reflexões Astrológicas

Lunações


Lua Nova em Touro

Lisboa, 20h00min, 12/05/2021

Decanato: Saturno

Termos: Júpiter

Monomoiria: Vénus

 

   A Lua Nova de Maio, no signo de Touro, ocorre antes do pôr-do-sol, estando portanto ainda no Segmento de Luz Diurno (αἵρεσις), com a Lua fora de segmento, mas com o Sol enfraquecido pela sua queda. Neste caso, o novilúnio acontece no decanato de Saturno, nos termos de Júpiter e na monomoiria de Vénus. A sizígia ou o encontro dos luminares dá-se perto do horizonte. A luz da alma e do espírito marcam o céu com um fogo que se extingue. Mercúrio e Vénus são Estrelas da Tarde e trazem consigo o anúncio da luz vespertina do crepúsculo, os dons criativos e as dádivas do coração.

   Este não é o tempo da razão e, embora estejam em Gémeos, o raciocínio estará toldado pela ideia da morte, pelo peso do fim e da finalidade (VIII), mas também pelo valor da palavra sentida, dado que Mercúrio e Vénus ladeiam a Caput Draconis, o termo de um caminho que determina a via que é a sabedoria da palavra (Sagitário-Gémeos) e a palavra da sabedoria (Gémeos-Sagitário). Esse eixo trilha, neste novilúnio, uma estrada que vai do Modo de Vida, o Viver (II) até à Morte e à sua qualidade (VIII), fixando assim a tradição e o valor, o conhecimento da morte e o absoluto que pertence à terra. Existe aqui uma necessidade imperativa de desapego que, neste caso, não é de bens materiais, mas sim de conceitos e ideias. Tudo se perde, todas as vaidades sucumbem perante o rosto luminoso da Deusa Sophia, pois o que julgamos pensar (Mercúrio) e amar (Vénus) são apenas sombras projectadas na caverna.

   O novilúnio de Maio fixa em Touro e no Poente (δύσις) a urgência de se olhar e se apreender o tempo da Terra, os seus ciclos maiores. Esse é o tempo que os astrólogos antigos, sobretudo aqueles que eram próximos do estoicismo, colocam entre a destruição e a criação, entre a conflagração e o dilúvio, ou seja, ora quando todos os planetas se encontrarem e se alinharem em Caranguejo (conflagração), ora quando se encontrarem e alinharem em Capricórnio (dilúvio), determinando assim a lição profunda do Thema Mundi (veja-se, por exemplo, Beroso Frag. 19 Jacoby ou Nechepso e Petosíris, Frag. 25 Riess). A posição de Úrano com os luminares, este já sob o horizonte, em Touro e no Poente (VII) introduz também aqui a revolução do céu, a transformação do humano, não apenas por Necessidade ou Providência, mas porque a Terra, porque Gaia também o exige. Para que um Novo Mundo nasça, a Mãe-Terra terá de entrar em trabalho de parto. Essa é a ordem da natureza: o Eterno Retorno.

  Saturno e Júpiter corroboram esta mensagem, dado estarem junto do Ponto Subterrâneo (IC) no Lugar Sob a Terra (IV). O Tempo e o Espaço servem pilares, de indicadores de contracção e expansão da Base ou Fundação do Mundo (IV). A humanidade aquariana transforma-se e transmuta-se a partir das raízes da realidade, tanto a externa como a interna. As posições junto aos eixos cardeais ou aos pólos do tema (κέντρα) são, segundo as já referidas lições de Petosíris, indicadores não de tensão mas sim de efectivação e estrutura. Este potencial cardeal é estimulado, trazido a uma dinâmica interactiva, pelas relações (aspectos) que através de si estabelecem.

   Marte, por exemplo, é a luz mais alta do céu. A força umbilical - por vezes aterradora - da Grande Mãe (Marte em Caranguejo) une os seus raios, a partir do Lugar de Deus (IX), em sextil, aos luminares, à Alma e ao Espírito, e à revolução do humano (Úrano), mas também em trígono ao amor universal (Neptuno) que repousa no interior da Cornucópia da Abundância, da Boa Fortuna (V) e, de igual forma, ao Leme da Vida (Asc.). Por outro lado, une-se diametralmente à pulsão da morte e ao poder do renascido (Plutão em Capricórnio), nos termos de Marte, no Lugar da Deusa. Da Vénus de Willendorf ou de Sheela na Gig a Maria, a Magdalena, Ísis é tudo para todos as mulheres, homens e crianças e essa visão de totalidade surge, por vezes, como um desafio. O Novo Humano terá de ser como Lúcio do Asno de Ouro de Apuleio.

   A sizígia da luz, bem como Úrano, participa igualmente deste potencial relacional, pois une-se também em sextil a Neptuno e em trígono a Plutão, que também se unem entre si em sextil. A luz submerge no mar e no submundo para regressar, para reemergir renascido do seio de Gaia. Note-se a subtileza de como os signos femininos marcam neste novilúnio um compasso de harmonia. No entanto, essa melodia do Eterno Feminino terá de incluir um trítono que, neste caso, surge da tensão de uma visão dual, aquela que transforma o Amor Universal num simulacro, numa ilusão de boa-venturança, de salvação. Esta é a quadratura de Neptuno tanto a Mercúrio e Vénus como ao Dragão da Lua.

   Porém, de uma outra forma, seguindo a harmonia das esferas, os que habitam o Lugar da Morte afundam o seu olhar de futuro no abismo profundo do Lugar Sob a Terra (Mercúrio e Vénus), conjugando as bênçãos com os que nele fazem a sua casa (Saturno e Júpiter). Estas dádivas vão do trígono de Mercúrio e Vénus a Saturno e Júpiter às relações benéficas (trígono e sextil) dos primeiros ao eixo de culminação e dos segundos ao Dragão da Lua. Aqui o masculino (Sagitário/Gémeos e Aquário/Leão) não poderá ser todavia um Osíris itifálico, faraó reinante, mas sim algo entre Thot, o guardião da palavra, e Anúbis, o guardião da morte. Os senhores do Olimpo (Saturno e Júpiter) estão no ventre da Terra (IV), mostrando que o poder (Capricórnio) é também ceder o lugar. A senhora primordial do Olimpo reergue-se do mar primordial. Eurínome será de novo rainha.

  Em suma, encontramos neste novilúnio uma síntese do que anteriormente se anunciou, bem como uma sugestão do que, no final deste mês, se pode conjugar: Júpiter em Peixes; um Eclipse Lunar; e Saturno e Mercúrio Retrógrado

Lua em Touro: De 10 a 12 de Maio de 2021


Lua em Touro: das 00h47min de hoje às 13h43min do dia 12.

terça-feira, 4 de maio de 2021

A Resposta de Ptolomeu aos Críticos da Astrologia: Exemplo Textual


Pedersen, O., 2011, A Survey of the Almagest401-3.

Ptolemy first refers to the obvious fact that the Sun regulates the seasons, thus influencing all forms of life on the Earth, and that the Moon governs the tides. This is obviously true; but now the principle of the uniformity of nature leads Ptolemy astray. He maintains that also the water in rivers increases and diminishes with the light of the Moon, and that plants and animals are sympathetic to it because of their
moist nature. Now the Sun and Moon are only two representatives of the heavenly bodies, and all the rest must be supposed to cause similar effects. Even the fixed stars are assumed to have a direct influence on meteo'rological conditions. These many influences can mutually interfere, so that their total effect on a particular phenomenon is determined by. the positions of the heavenly bodies relative to each' other, i.e. by their various aspects. The argument continues by stating that the influence of the Sun is felt even by animals, and that farmers and herdsmen are able to make predictions from the stars based ,upon repeated everyday observations. The same is the case with sailors. On the other hand, the more intricate predictions are possible only for people able to observe and describe the aspects of the heaven in greater detail, i.e for professional astronomers.

Having thus established a positive basis for astrology, Ptolemy t,ries to refute some of the criticisms, levelled 'against it. That charlatans and impostors have been unable to make true predictions proves nothing but that they are uninstructed and take too few of the relevant circumstances into account. No science is discredited because ignoramuses misuse it. Admittedly astrology is a difficult science, but if the astrologer does not promise too much, and if he has a solid astronomical background, one should not deny the possibility of making plausible predictions, just as we do not dismiss the whole science of navigation because pilots sometimes err. 

Besides being possible, astrology is also beneficial. Again Ptolemy begins with a number of positive reasons. First he points to the general pleasure and satisfaction connected with any true insight into things, both human and divine. (The inference is that, everything considered, Ptolemy attaches more importance to delight in knowledge as such than to, its practical utility.) But astrology is particularly useful as a means of knowing what is harmful or good for both body and soul, ,enabling us to predict not only occasional diseases or the length of life, but also external· circumstances which have a direct and natural connection with the original gifts of nature, such as property and marriage in the case of the body, and honour and dignity in the case of the soul.

Among the objections to the usefulness of astrology is that it does not help people to become rich or famous, but only reveals their unavoidable fate, which were better if it remair:ed hidcen. To the first part of this rather materialistic objection Ptolemy remarks that the sarr:e is true of all philosophy, since knowledge as such does not lead to material gains.. To the latter part he replies as a true Stoic philosopher that the foreknowledge of the unavoidable is useful to the soul, which can thus rejoice in future pleasures or compose itself to meet future pains with calm and steadiness. 

This defense of astrology is an intelligent piece of reasoning which shows that Ptolemy was no uncritical adherent of a doctrine which to later times appears as mere superstition. On the one hand he tried to find a rational basis making the possibility of predictions acceptable. On the other hand he was completely aware that the empirical foundation of astrology was much weaker than that of astronomy, resting as it did upon everyday experiences in contrast to the precise observations of the Almagest, and upon correlations of a not too satisfactory character. He thus had to place astrology at a lower scientific level than astronomy, and it is worth noticing that astrology found no place whatever in the Almagest (cf. Kattsoff, 1947, p. 18). To Ptolemy the precise mathematical theories of the Almagest not only represent the highest level astronomy was able to attain, but also the very summit of human knowledge. Not all his followers retained this order; many Arab and Mediaeval astronomers considered planetary theory as a simple introduction to the art of prediction, thus separating Ptolemy's results from the spirit in which they had been achieved.


Pedersen, O., 2011, A Survey of the Almagest, with Annotation and New Commentary by A. Jones. Nova Iorque: Springer Science+Business Media.

Mercúrio em Gémeos: De 4 de Maio a 11 de Julho de 2021


Mercúrio em Gémeos: De 4 de Maio a 11 de Julho.

Mercúrio ingressa em Gémeos às 03h49min.