quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Os Doze Signos do Zodíaco (Poesia)

Miniaturista Francês in Livre des Proprietes des Choses
de Barthelemy l'Anglais (MS Fr. 9140), c. 1480.
Paris: Bibliothèque Nationale.

Os Doze Signos do Zodíaco


De guirlanda a orbe de estrelas 
A regra constante de eclípticas 
Constelações e em dúzia certa 
As fixámos desenhadas no alto 
Céu as linhas que uma luz une 
Concedendo a palavra e o mito 
À longínqua matéria, à visível 
Órbita E assim num só círculo 
Se tornam a conhecida ordem 
Não de ciência mas de sentido


11/01/2019 RMdF

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

A Via da Temperança



A Temperança é a harmonia profunda que traduz a integração da polaridade, a via comum de imagem e semelhança.

A Temperança é aquela forma única e eterna de liberdade que guarda na memória, na experiência do tempo, a totalidade.

A Temperança é a divina dádiva da justa medida, da terceira via, aquela que entre os primordiais opostos se constrói.

A Temperança é aquele angélico caminho que, mediando, permeia e concilia a actividade criativa do ser humano. 

A Temperança é o mistério da inspiração, do sopro que, avançando e recuando, transforma o pensamento em comunhão.

A Temperança é aquela alada ascensão que, equilibrados os elementos, a luz permite e o humano livre alcança.

A Temperança é uma de forma de moderação que tem tanto de prudência, força ou justiça como de universal harmonia.

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

O Monstro e o Caminhante (Poesia)


O Monstro e o Caminhante

Canova, Antonio, Teseu e o Minotauro, 1781-83. 
Londres: Victoria and Albert Museum.
Fere o monstro
Leal caminhante
Que sua sombra
Rude te conquista
Sem o alto espírito
Não te deixes cair
Nas afiadas garras
Dos teus temores
Nem no abismo
Dos teus demónios

Fere o monstro
Leal caminhante
Conhece a sombra
Que em ti avança
Sem a nobre alma
Não te deixes cair
Nas firmes teias
De erro e ilusão
De tentacular
Ignorância

Fere o monstro
Leal caminhante
Abraça a sombra
Que é modo de ver
Reflexo de ti mesmo
Sem o santo corpo
Não te deixes cair
Na febre da vaidade
Na trama do desejo
Da ilusão de possuir

Fere o monstro
Leal caminhante
Desfere o golpe
Lança o gume
Que o caminho
Já era teu
E o monstro
És tu

RMdF 01/12/2018

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Iniciação (Poesia)

Aachen, Hans von, Alegoria, 1598. Munique: Alte Pinakothek.
Iniciação

Sê a escada esfumada
Perdida entre as estrelas
A via oculta do peregrino

Sê o raio trovante da fé
Que do crente é símbolo
Concordante via ou sinal

Sê a douta anciã serpente
Da sabedoria viril amante
E do tempo eterno círculo

Vivei pois como agrilhoado
Manso servil espectador

Ou tornai-vos a iniciação
A escada o raio a serpente

02/01/2019
RMdF

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Cálculo do Ascendente


 O cálculo do Horóscopo ou Ascendente é um dos primeiros passos para a elaboração do mapa astrológico de uma natividade. Esta tabela, embora não permita o rigor do grau, permite, por um lado, um conhecimento imediato do signo ascendente e, por outro, possibilita a consciência de uma visão global, a qual revelará que o tempo e o sentido são indicadores de uma constância cíclica. 

 Uma outra nota que também deve ser observada é que existe uma correspondência entre o Signo Solar e o Ascendente ao Nascer-do-Sol e que o signo que lhe é oposto será aquele que se encontra no Ascendente ao Pôr-do-Sol, mostrando assim que a importância da luz na criação dos modelos astrológicos. 

 Para utilizar a tabela, o leitor que não conheça os cálculos e procedimentos astrológicos deverá contar com o fuso horário e a hora de Verão, somando ou subtraindo esses mesmos valores à hora universal aqui apresentada. 

 No entanto, dever-se-á ter em consideração que a tabela visa demonstrar a proporcionalidade temporal na distribuição dos signos entre o signo solar e o ascendente, sem incluir nem a dimensão espacial, nem a obliquidade da eclíptica, ou seja, dois critérios que para a determinação do Ascendente.

 Em resumo, a tabela não calcula em rigor o Ascendente de uma Natividade, mas ilustra a importância do Sol na distribuição dos signos pelo Ascendente.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Dignidades: O Sistema Helenístico de Matriz Hermética



  O sistema de dignidades é um modelo indispensável para o estudo de qualquer tema astrológico. A astrologia helenística, sobretudo a de matriz hermética, fixa uma estrutura interpretativa que difere daquela que é utilizada pela astrologia dita tradicional, que descende sobretudo de Ptolomeu e do seu empírico-cepticismo. Curiosamente, o mesmo Ptolomeu que desdenhava dos sistemas astro-numerológicos de tradição hermética, que hoje são perfeitamente aplicáveis, vai ser o antecessor de um sistema que atribui pontos à ocorrência de determinadas dignidades, algo que não era utilizado pelos antigos astrólogos da tradição greco-egípcia. No entanto, independentemente da forma desse modelo, a matriz de sentido é coerente e estendeu-se no tempo. 

  Depois da análise do segmento, haíresis, e do regente do tema, a análise das dignidades segue, desde da primeira da fase da astrologia helenística (séculos III AEC a I EC) até aos nossos dias, a mesma sequência: domicílio, exaltação, triplicidade, termos e decanatos. A estes últimos, segundo o sistema hermético, acrescentar-se-ia a monomoiría, a última dignidade, já aqui abordada em Os Dois Esquemas de Monomoiria de Paulo de Alexandria I: Tradução do Grego e em Os Dois Esquemas de Monomoiría de Paulo de Alexandria II: Tradução do Grego. Esta sequência é aquela que encontramos em diversos horóscopos antigos, tanto em papiro como em ostraca, e dos quais podemos inferir a estrutura interpretativa dos mesmos. 

As dignidades helenísticas e herméticas diferem de outros modelos, pois, por um lado, preferem o sistema de termos egípcio e, por outro, por não darem o relevo que será dado mais tarde ao detrimento e à queda dos planetas nos signos. Este último factor deve-se ao facto de o conceito de oposição não ter na Antiguidade o sentido estrito de tensão que pode ter hoje, pois, tanto em grego como latim, o termo para oposição tem o sentido literal e profundo de diâmetro, que, na verdade, não é exactamente a mesma coisa que oposição. Contudo, poder-se-ia afirmar, sem grandes divergências, que as fundações conceptuais deste sistema não sofreram grandes alterações e, sendo este modelo mais antigo, é também aquele que é mais utilizado. As dignidades tornaram-se, deste modo, a base da interpretação astrológica.