segunda-feira, 8 de julho de 2024

A Menina do Futuro que Vivia numa Biblioteca: Livro Infantil


A Menina do Futuro que Vivia numa Biblioteca
de Rodolfo Miguel de Figueiredo
com Ilustrações de Maria Madalena Morais de Figueiredo


A história de um criança que nos ensina que a sabedoria pode transformar a realidade


Sinopse

A Menina do Futuro que Vivia numa Biblioteca é a história de Ariam, uma menina que, num tempo não muito distante e que podia ser agora mesmo, deseja ser quem é e deseja ver respeitado o seu modo de ser e de estar. A história de Ariam é também uma história de livros, onde estes são tanto os fiéis amigos como um lugar de viver.

Ariam traz consigo uma mensagem de aceitação, de luta contra o preconceito e a opressão. Num tempo de indiferença, é uma menina que nos vem dizer que existem gestos que podem transformar o mundo. Ariam, com a sua mochila de coala, segue o caminho da sabedoria.

Este é um livro que procura despertar a importância do pensamento e do espírito crítico. A Menina do Futuro que Vivia numa Biblioteca é uma história que pode ser lida em qualquer aula de cidadania ou de filosofia para crianças, mas sobretudo em família, podendo ser o ponto de partida de várias conversas.


Edição Comum 
(Paperback)
Edição: Setembro de 2023
Páginas: 30
ISBN: 9798854710947
Preço: 13,00€ (UE)



Ebook



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segunda-feira, 1 de julho de 2024

Calendário Astrológico: Julho de 2024



Conheça as principais efemérides astrológicas do ano que agora se inicia.

O calendário foi gerado pelo software astrológico Janus 5.5 e calculado paras as coordenadas de Lisboa (PT).

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sexta-feira, 28 de junho de 2024

Reflexões Astrológicas 2024: Saturno Retrógrado

 Reflexões Astrológicas


Retrogradações


Retrogradação de Saturno

Lisboa, 20h06min, 29/06/2024

 

Saturno

Decanato: Júpiter

Termos: Marte

Monomoiria: Lua     

 

  Saturno inicia a sua retrogradação no signo de Peixes, no grau 20 (19º25΄), estando Sagitário a marcar a hora para o tema de Lisboa e, deste modo, na IV, no lugar sob a terra (ὑπόγειον), no decanato de Júpiter, nos termos de Marte e na monomoiria da Lua. A retrogradação começa assim de dia, abaixo do horizonte, com o Sol a rumar para o Poente e a Lua junto ao Ponto Subterrâneo. Em 2024, o movimento retrógrado de Saturno estender-se-á até 15 de Novembro, onde estará no grau 13 (12º41΄), nos termos de Júpiter e na monomoiria da Lua. Se observarmos estas dignidades, compreendermos, por um lado, a consistência de uma natureza lunar na monomoiria e, por outro, o reafirmar do domicílio jupiteriano de Peixes, pois o movimento retrógrado ocorre no seu decanato e regressa aos seus termos. Saturno semeará os dons do feminino e colherá as acções do bem.

  Saturno faz o seu movimento pelo signo de Peixes de 7 de Março de 2023 a 25 de Maio de 2025. Esteve retrógrado de 17 de Junho de 2023 a 4 Novembro de 2023 e estará agora até 15 de Novembro. Em 2025, quando já estiver em Carneiro, estará retrógrado a partir de 13 de Julho e até 28 de Novembro. Ora, neste período, voltará ao signo de Peixes, onde estará de 1 de Setembro de 2025 a 14 de Fevereiro de 2026. O planeta do tempo e da necessidade, entre a potência e a actividade (movimento retrógrado e directo), oscilará entre a totalidade (Peixes) e a unidade (Carneiro). Existe assim um movimento da divisão do uno à estabilização do todo, todavia, esta efectivação do movimento será balanceada entre a expansão e a contracção. O movimento retrógrado apela necessariamente a um ensimesmamento da sua natureza particular.

  O estoicismo utiliza o termo οκείωσις, dando-lhe o sentido filosófico de apropriação de si, da prática de actos apropriados (καθήκοντα), isto é, de actos de acordo com a natureza. Ora este termo, com um sentido primordial de se fazer aquilo que lhe próprio, ou seja, de agir de acordo com o seu potencial, tem uma relação significativa com o conceito astrológico de retrogradação. Ao dar a ilusão que recua, o planeta regressa a si mesmo, volta à origem. Se pensarmos que οκείωσις se relaciona etimologicamente com o termo οκος, compreendermos que existe um carácter conceptual de regresso a casa. De um ponto de vista astrológico, a retrogradação, conciliada com a οκείωσις estóica, confere a um determinado movimento ou posição planetária um valor de afinidade, mas também de reconciliação. Existe então uma propensão natural para tornar familiar e íntima a experiência do passado e recolher os proveitos da revisitação. Contudo, essa é uma viagem difícil, daí o carácter potencialmente nefasto da retrogradação.

  Saturno retrógrado, enquanto planeta do tempo e da necessidade, assume quiçá a proposta significativa mais adequada a essa propensão. Séneca, no De ira, diz-nos que Existe em cada um de nós uma mente de monarca, esperando que seja concedida liberdade à acção, mas sem que ela se vire contra nós.” (2.31.3: Regis quisque intra se animum habet, ut licentiam sibi dari velit, in se nolit. Kaster, R. A., 2023, How to Do the Right Thing: An Ancient Guide to Treating People Fairly, 94-5. Princeton/ Oxford: Princeton University Press). Ora esta mente de monarca espera que a sua acção seja livre, no entanto, sem uma consciência de si, sem se alcançar uma afinidade ensimesmada, ou seja, sem uma reconciliação, a mente não consegue evitar que essa mesma liberdade se vire contra ela. A incapacidade de se aceitar a necessidade, os ditames da providência, julgando que a liberdade de acção, o livre-arbítrio, evita o movimento da roda do destino, revela a importância da retrogradação de Saturno. A possibilidade de reconciliação com o destino, com os mistérios do tempo, é uma dádiva de Saturno retrógrado.

  A forma como o poder da acção vive no tempo e como está sujeito à necessidade revela este movimento de Saturno. A mente de monarca teme o limite da liberdade, pois teme a perda do poder. Ora a mitologia de Cronos (Saturno) apresenta a forma ténue e efémera de como se alcança e se perde o poder. Apolónio de Rodes conta-nos, na Argonáutica, que Orfeu: “Cantava como Ofíon e a Oceânide Eurínome/ foram os primeiros a dominar o nevado Olimpo;/ como, pela força dos braços, cederam o seu privilégio/ a Crono e a Reia, ao caírem nas vagas do Oceano; estes/ foram então os senhores dos Titãs, deuses bem-aventurados,/ enquanto Zeus, ainda rapaz e com um coração de criança,/habitava na caverna de Dicte.” (I, 503-9. Apolónio de Rodes: Argonáutica, Livros I e II, ed. A.A.Alves de Sousa, 80-1. Coimbra, 2021: Imprensa da Universidade de Coimbra).O Olimpo foi governado por três pares divinos: Eurínome e Ofíon, Reia e Cronos e Hera e Zeus. No meio do caminho do poder, Saturno ganhou face ao primeiro e perdeu para o terceiro.

  De uma outra perspectiva mitológica, tecida pelo desejo de uma linhagem patriarcal e uma forte e indiscutível significação psicológica, Cronos (Saturno) usurpa o poder do pai, Úrano, e vê o seu poder usurpado pelo próprio filho, Zeus (Júpiter). Úrano, o deus do céu, temendo perder o poder, obriga a sua prole a regressar ao ventre da mãe, de Gaia. A Terra, sofrendo das dores de ter de albergar todos os seus filhos, cria uma enorme foice de aço e incita os seus filhos a usá-la contra o pai tirano, mas, por temor, todos recusam, com a excepção de Cronos. O titã aproveita os ímpetos lúbricos de Úrano e, quando este deixa cair a noite celeste sobre a terra, castra-o com a foice. Dos testículos caídos no mar, nascerá Afrodite (Vénus), daí que a relação astrológica de Saturno e Vénus não seja das mais tensas.

  Calímaco (Aetia frag. 43) conta-nos que a cidade de Zankle, na Sicília, hoje Messina, foi construída em torno de uma caverna, onde no seu interior, repousava a foice que Cronos usou para castrar o pai, Úrano, pois em grego ζάγκλον indica o objecto cortante utilizado. Neste mito, Úrano não é o planeta “fofinho” da astrologia new age, é um deus cruel, autoritário e misógino, que perde a masculinidade por abusar dela. Já Cronos (Saturno) surge como aliado do Eterno Feminino, seja com a mãe Gaia, seja com a esposa Reia, uma Grande Mãe, ou com a primogénita Héstia. Lembremo-nos que o primeiro filho do casal é Héstia, uma deusa, a deusa do lar, do fogo sagrado. Zeus (Júpiter) é o último a nascer. Existem aqui estruturas matrilineares determinantes e indicadoras de poderes matriarcais mais antigos.

  Neste mito, encontramos muitos dos elementos que justificam a atribuição do género feminino a Saturno, aquela que encontramos em Doroteu (Carmen Astrologicum, I, 10, 18-19. Cf. Figueiredo, R. M. de, 2024, Fragmentos Astrológicos, 2ª ed. revista e aumentada, 165-77. Lisboa: Livros – Rodolfo Miguel de Figueiredo) e que, na verdade, conferem uma certa significação ao Saturno Retrógrado. Quando Cronos, repetindo a desmedida do pai, teme ser destronado por um dos seus filhos, ele engole-os, guardando-os dentro de si como Gaia fizera. Esta é indiscutivelmente uma qualidade feminina. Reia salva o bebé Zeus (Júpiter), trocando-o por uma pedra, e esconde-o em Creta. O deus crescerá e acabará por derrotar o pai. O sextil actual do Saturno Retrógrado em Peixes a Úrano em Touro e a quadratura de Saturno a Júpiter em Gémeos revelam o sentido desta relação de poder entre Úrano, Cronos (Saturno) e Zeus (Júpiter), bem como o potencial da retrogradação de Saturno. 

  A estação de retorno pelo signo de Peixes encerra em si uma dimensão escatológica que possui também ela uma significação astro-mitológica. O planeta austero, senhor dos grilhões da fortuna, possui também um carácter salvífico. Hesíodo, nos Trabalhos e Dias, afirma o seguinte: “Agora, se queres, contar-te-ei outra,/ com pormenor e saber; e tu recolhe em teu espírito/ que têm origem comum os deuses e os homens mortais./ De ouro era a primeira geração de homens mortais/ criada pelos imortais que habitam as moradas Olímpicas./ Eram do tempo de Cronos, quando ele reinava no céu:/ como deuses viviam, com o coração liberto de cuidados,/longe e apartados de penas e misérias. Sem a presença da triste/ velhice, sempre igualmente fortes de pés e braços,/ alegravam-se em festins, a recato de todos os males./ Morriam como se vencidos pelo sono. Todos os bens/ espontaneamente, muitos e copiosos; e eles, contentes/ e tranquilos, partilhavam os trabalhos com alegrias infinitas,/ [ricos em rebanhos, queridos aos deuses bem-aventurados.]/ Mas depois que a terra cobriu os homens desta raça,/ eles são, por vontade do grande Zeus, divindades/ benignas, subterrâneas, guardiãs para os homens mortais,/ [o que vigiam a justiça e as acções malvadas,/ vestidos de bruma, percorrendo toda a terra,]/ distribuidores de riqueza. Tal é a honra real que obtiveram.” (106-26. Hesíodo: Teogonia & Trabalhos e Dias, ed. A. Elias Pinheiro & J. Ribeiro Ferreira, 97-8. Lisboa, 2014: INCM). O regresso à Idade de Ouro implica uma transformação do humano em espírito puro ou divindade benigna e, com alguma severidade, recuperar esse bem perdido.

  Após a prisão no Tártaro, Cronos é reabilitado pelo filho e torna-se o soberano das Ilhas dos Bem-Aventurados (Cf. Platão, Gorgias 525a e ss, Leis 713a, Píndaro, Ode Olímpia 2.55 e ss.), as quais poderiam incluir os Açores. No Elísio, existe uma recuperação e também uma reconciliação com a Idade de Ouro. Não se pense porém que, com as descrições mitológicas apresentadas, o Saturno astrológico perde o seu carácter. A retrogradação traz sim um outro peso, uma outra gravidade. O tempo e a necessidade revelam o que está para além do humano, das limitações, da desmedida que ele próprio criou. Na roda da necessidade, não existe pecado original, cada um responde pelas suas acções e é através delas que determina o seu destino. Ora o trígono entre Saturno e Neptuno em Peixes e o Sol, Mercúrio e Vénus em Caranguejo transporta a visão do tempo como totalidade até à sua origem, até à fundação da realidade. O desafio desta retrogradação de Saturno é procurar para além do esquecimento, sem a água do Letes, a raiz do destino.  

  A malignidade de Saturno impõe-se pela fixação tripartida da linha, do limiar e do limite. O destino tece a linha no tempo e coloca-a no espaço, ou seja, estabelece a relação entre Saturno e Júpiter, entre o tempo e o espaço. A necessidade funda assim, face aos ditames da providência, o limiar e o limite da dádiva do bem. A actual quadratura entre Saturno retrógrado em Peixes e Júpiter em Gémeos, construída em signos mutáveis, firma a transitoriedade de uma estruturação complexa e, por vezes, dolorosa entre o silêncio e a palavra. Eco perde-se e Narciso também. Este é o grande aspecto astrológico de 2024 e aquele fixa os alicerces, as colunas dóricas, da nossa realidade actual, do templo que vemos e que temos medo de entrar. A mente de monarca deixou de estar temorosa face à liberdade que se esfuma no horizonte, diante da imagem que projectou, ela acredita que possui uma liberdade incondicional. Precisamos pois de regressar àquilo que nos é próprio.

  O sextil entre Saturno e Neptuno em Peixes e Marte e Úrano em Touro confere, sob a fina égide de uma certa liberdade de acção o perigo do afastamento radical do númen feminino, trazendo consigo o medo do feminino. A Lua em Carneiro, no lugar onde se exalta o Sol, junto da Caput Draconis, e com a Cauda junto ao Ponto de Culminação, estando tanto a Lua como o Dragão da Lua em quadratura ao Sol, revela a dificuldade de afirmação do feminino, da luta pela presença e pelos seus direitos. Pesam as amarras e o preconceito. Quando a discórdia impera e não existe harmonia nos opostos, a retribuição, que é uma lei de Saturno, exercerá a sua acção, reequilibrando a desmedida. De um outro modo, o trígono de Ar entre Júpiter em Gémeos, Plutão retrógrado em Aquário e a Cauda Draconis em Balança coloca sobre o destino a restruturação do pensamento e do discurso. Quando a humanidade se afasta do bem, da verdade e da justiça, a destruição e a morte vão trilhar o seu caminho, pois a senda da verdade é o fio da roda da necessidade. O irracional não nos dá hoje o sonho e a imaginação, consagra a ilusão e defende a ignorância.

  A quadratura da Lua em Carneiro ao Sol, Mercúrio e Vénus em Caranguejo, a par do sextil da Lua a Júpiter em Gémeos e a Plutão em Aquário, apresenta a incapacidade de interiorizar a proposta do Saturno retrógrado, da escatologia saturnina. A identidade centrada na imagem que tem de si mesma, mesmo trazendo o potencial de esclarecimento e transformação, é incapaz de aceitar esse movimento radical de origem, de reconciliação com o destino. A quadratura entre Marte e Úrano em Touro e Plutão em Aquário confere também um clima de conflito e tensão aos nossos dias. Os tempos sombrios que vivemos, em que a extrema-direita galga os limites da democracia, trazendo consigo o retrocesso em direitos e valores e uma destruturação dos pilares do estado social e dos princípios da solidariedade e da tolerância, surge daqui com perigo inegável. A lição do tempo é um ensinamento de Saturno, bem como o destino como retribuição, e a humanidade está assim no limiar do seu próprio fado.

  A retrogradação de Saturno é, em suma, um tempo para revisitarmos a lição do destino. Temos, durante este período, uma oportunidade de nos reconciliarmos com tudo aquilo que antes de bebermos do Lete aceitámos. A Necessidade não agiu sozinha. Nós somos uma parte activa do lote que nos foi entregue e essa é a liberdade que contraria a mente de monarca e distorce a relação do humano com o seu destino. Saturno retrógrado dá assim gravidade ao tempo.    

segunda-feira, 17 de junho de 2024

Reflexões Astrológicas 2023: Parte II - Citação 4


Novidade

Reflexões Astrológicas 2023: Parte II


Sinopse

Nas Reflexões Astrológicas, procura-se analisar anualmente alguns eventos astrológicos. O objectivo é examinar e explorar, de ano para ano, diferentes aspectos do sistema astrológico, de modo a apresentar uma compilação interpretativa o mais ampla possível.

No ano de 2023, as Reflexões Astrológicas focam-se nos principais fenómenos astrológicos: as Luas Novas, os Eclipses, Ingressos e Retrogradações. Inclui-se também uma interpretação um pouco mais extensa dos eclipses que ocorreram em 2023.

Uma vez que os textos aqui reunidos foram publicados nos blogues do autor e nas redes sociais do autor, o livro electrónico é de distribuição livre e gratuita. As Reflexões Astrológicas para 2023 serão disponibilizadas em duas partes, correspondendo cada uma aos textos de um semestre. O livro impresso será comercializado a preço reduzido, de modo a tornar estas reflexões acessíveis.

Livro
Edição Comum
(Paperback)
Edição: Janeiro de 2024
Páginas: 128
ISBN: 9798871329030
Preço: 9,00€ (UE)
https://amzn.to/48kVZgB

Ebook Gratuito

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segunda-feira, 3 de junho de 2024

Calendário Astrológico: Junho de 2024



Conheça as principais efemérides astrológicas do ano que agora se inicia.

O calendário foi gerado pelo software astrológico Janus 5.5 e calculado paras as coordenadas de Lisboa (PT).

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terça-feira, 28 de maio de 2024

Livros de Astrologia: 7 títulos


Livros de Astrologia

Conheça os 7 livros disponíveis para compra no Amazon.

Fragmentos Astrológicos, 2ª Edição, revista e aumentada

Edição Comum (Paperback), 19,00€ : https://amzn.to/4avrzbG
Edição Especial (Hardcover), 25,00€: https://amzn.to/4bNwkOT

Reflexões Astrológicas, 6 livros

Reflexões Astrológicas 2021: Parte I https://amzn.to/3QT9AUM
Reflexões Astrológicas 2021: Parte II https://amzn.to/3sKQpEC
Reflexões Astrológicas 2022: Parte I https://amzn.to/3GdhV0K
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Reflexões Astrológicas 2023: Parte II https://amzn.to/3HgvInO

Cada livro das Reflexões Astrológicas tem o preço de 9,00€. Já o ebook é de acesso gratuito.

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sábado, 25 de maio de 2024

Reflexões Astrológicas 2024: Júpiter em Gémeos

  Reflexões Astrológicas


Ingressos


Júpiter em Gémeos

Lisboa, 00h15min, 26/05/2024

 

Júpiter

Decanato: Júpiter

Termos: Mercúrio

Monomoiria: Mercúrio    

 

   O ingresso de Júpiter em Gémeos ocorre com Capricórnio a marcar a hora para o tema de Lisboa e, deste modo, na VI, no Lugar da Má Fortuna (κάκη τύχη), no decanato de Júpiter, nos termos e na monomoiria de Mercúrio. O ingresso dá-se assim abaixo do horizonte e cerca de três horas e vinte minutos após o pôr-do-sol. Júpiter encontra-se, desta forma, desfavorecido por não estar no seu próprio segmento (αἵρεσις) e por estar abaixo do horizonte. Nesta posição e neste lugar, Júpiter brilha sem ser visto, não revela à luz da noite a mudança de signo, mas ela ocorre, encerrada porém na expressão negativa da Fortuna. A passagem para um signo masculino potencia, todavia, algumas das característica jupiterianas.

   De Touro para Gémeos, Júpiter vai mudar o valor da sua expressão. Em Touro, Júpiter é o jovem Zeus sob a protecção da Grande Mãe, de Reia (Touro), mas, em Gémeos, Castor e Pólux são os “rapazes de Zeus”, pois Διόσκοροι (Dióscoros) tem esta raiz etimológica, alguns dizem até “filhos de Zeus”, quando, na verdade, só Pólux é que era filho de Zeus. A tradição astro-mitológica adverte-nos disso, afirmando que, mais do que o trabalho de Hércules, “O mito que, porém, melhor descreve o signo de Gémeos é o dos Dióscoros (Castor e Pólux). Nasceram de Zeus e Leda e são irmãos de Helena e Clitemnestra. Porém, Leda era casada com o rei da Lacedemónia, Tíndaro. Na noite em que Zeus se uniu a Leda, sob a forma de Cisne, ela uniu-se também ao marido. Destas uniões, nasceram dois pares de gémeos ou dois ovos: de Zeus, Pólux e Helena e, de Tíndaro, Castor e Clitemnestra.” (Figueiredo, R. M. de, 2024 (2021), Fragmentos Astrológicos: 2ª edição, revista e aumentada, 141-2. Lisboa: Livros – Rodolfo Miguel de Figueiredo).

   No entanto, a razão da dualidade geminiana não se constrói apenas a partir destes nascimentos duais entre o humano e o divino. Numa peleja, após a morte de Castor, Pólux vinga o irmão, matando o seu oponente, mas o irmão deste ataca-o com uma pedra. Zeus, no entanto, intervém, fulminando-o com o seu raio. Como Pólux rejeita a sua imortalidade enquanto o irmão, Castor, jaz com a alma vagueando no submundo, Zeus permite que os irmãos usufruam da imortalidade em dias alternados (cf. Ps. Apolodoro, Biblioteca, III, 136-7). A existência dos gémeos Castor e Pólux fixar-se-ia então entre o reino de Zeus (Júpiter) e o reino de Hades (Plutão). Lembremo-nos da relação astrológica de Gémeos com os domicílios de Júpiter, Sagitário (oposição/diâmetro) e Peixes (quadratura), mas também com Plutão, Escorpião (150º). Os antigos descreveriam esta relação de aspecto como débil e passiva. Ora a herança astro-mitológica reforça estas influências sobre o signo de Gémeos, dizendo que Poseídon (Neptuno) recompensou Castor e Pólux com cavalos e o poder de auxílio sobre náufragos (Ps.Higino, Astronomica 2.22). É estabelecida aqui uma outra relação com o signo de Peixes, particularmente pertinente face à actual presença de Saturno neste signo.

   A relação Júpiter-Saturno é, depois da dos luminares, a mais estruturante de todas as relações astrológicas. Quando Júpiter estava em Touro e Saturno em Peixes, existia uma harmonia (sextil Terra-Água) entre os senhores do espaço e do tempo, mas com a passagem de Júpiter para Gémeos passará a existir uma tensão (quadratura Ar-Água). Entre o elemento estruturante masculino (Ar) e o elemento dinâmico feminino (Água), criam-se necessariamente elementos de discórdia. No entanto, existem duas interpretações a ter aqui em consideração: a primeira é a Necessidade, isto é, existe um sentido último em cada relação, uma razão de ser; e a segunda é que a discórdia é a outra face da harmonia, lembremo-nos, por exemplo, dos textos filosóficos de Heraclito ou Empédocles. De uma perspectiva mundana, mas também genetlíaca, esta relação entre Júpiter e Saturno conduz-nos assim a outros desafios.

   Séneca, no De Constantia Sapientis, diz-nos o seguinte: Afirmo, pois, que o sábio não está sujeito a nenhuma injúria; por isso, não importa que muitos dardos sejam arremessados contra ele, porque é impenetrável a todos.” (3.5, Séneca: Sobre a Providência Divina e Sobre a Firmeza do Homem Sábio, ed. R. da Cunha Lima, 79. São Paulo, 2000: Nova Alexandria). Estando Júpiter e Saturno em signos mutáveis, nos quais a dualidade é uma questão, um dos desafios passa por encontrar elementos de constância, de permanência, e a sabedoria é o primeiro de todos eles.  A dualidade geminiana constrói-se na alternância ambivalente entre o humano e o divino. Se pensarmos na regência domiciliar de Mercúrio, compreendemos que esta alternância procura criar um elo entre a ignorância humana e a sabedoria divina. Dos signos duais, Gémeos é único em que esta dicotomia permanece separada, neste caso sob o véu da alternância. Sagitário encerra num único ser o humano e o animal e Peixes, contrariamente à crença moderna e infundada de que os dois animais nadam em direcção oposta, conflui numa ideia de totalidade, pois, embora um seja boreal e o outro astral, estão unidas pela estrela Alpha Piscium ou Alrescha, já a mitologia coloca Afrodite e Cupido a fugirem juntos, lado a lado, de Tífon e coloca também da mesma forma os dois peixes que trouxeram Afrodite para a costa. A constelação de Gémeos tem uma disposição estelar semelhante, mas não converge numa única estrela.

   O ingresso de Júpiter em Gémeos acontece de 26 de Maio de 2024 a 9 de Junho de 2025. Nesse período, estará retrógrado de 9 de Outubro de 2024 a 4 de Fevereiro de 2025. Se observarmos as dignidades, concluímos que, nesta passagem, os efeitos benéficos serão maiores nos graus do primeiro decanato (1 a 10) e nos seus próprios termos (graus 7 a 12). No entanto, podemos dizer, face à adversidade domiciliar (detrimento) já anunciada, que Júpiter só encontrará o seu maior potencial (exaltação) quando ingressar em Caranguejo, até lá a relação com Mercúrio, sobretudo nos graus descritos, sairá reforçada. De um outro modo, é também relevante o facto de os dois benéficos se encontrarem conjuntos, com o Sol como parceiro. A união de Vénus e Júpiter congrega sempre um valor de bênção, de dádiva. É como se aquelas duas luzes brilhassem no céu como anúncio ou prenúncio do sentido primordial do bem, da beleza e da justiça, mas também da proposta transformadora que une amorosamente a sabedoria à fé.        

   Plutarco, na obra Da Educação das Crianças, descreve, do seguinte modo, aquilo que pode ser considerado um bem, nomeadamente o bem conferido por Júpiter em Gémeos e que concilia Júpiter e Mercúrio: “A boa estirpe é, seguramente, um bem, mas é um bem herdado dos progenitores; sem dúvida que a riqueza é preciosa, mas é um bem fruto do acaso, posto que, muitas vezes, se afasta dos que a têm e vai ao encontro daqueles que não a esperam; uma grande riqueza é um objectivo para aqueles que desejam alcançar as bolsas, os criados perversos e os sicofantas, e, o pior, encontra-se também entre os mais perversos. A glória é, seguramente, algo venerável, mas inconstante; a beleza é desejável, mas passageira; a saúde é preciosa, mas perecível; a força é invejável, mas diminui na doença e na velhice. Ou seja, se alguém se orgulha da força do corpo, logo que dá conta do engano compreende a força da inteligência. Pois, qual é o poder da força humana comparado com o dos outros animais? Como o dos elefantes, dos touros e dos leões? A formação é o único dos bens que temos que é imortal e divino. Na natureza humana, os dois bens mais importantes são a inteligência e o raciocínio. A inteligência comanda o raciocínio e o raciocínio está ao serviço da inteligência. O raciocínio, por sua vez, não se perturba com a sorte, não se pode tirar pela calúnia, é incorruptível na doença e não se injuria na velhice. Na verdade, apenas a inteligência, ao envelhecer, se rejuvenesce. O tempo, que tira todas as coisas, concede na velhice o conhecimento. A guerra, como uma torrente, arrasta toda a justiça e leva tudo à frente, só não pode destruir a formação.” (8, 5c-f, Plutarco: Obras Morais - Da Educação das Crianças, ed. J. Pinheiro, 44-5. Coimbra, 2008: Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos).

   O valor do raciocínio e da inteligência, da educação e do conhecimento, descrito por Plutarco, resume o bem concedido por Júpiter em Gémeos e potenciado pela co-presença do Sol, de Júpiter e de Vénus neste signo. No Sonho de Cipião, Cícero designa Júpiter como “aquele fulgor próspero e salutar” (De re publica, VI, 17: prosperus et salutares ille fulgor). Aquando do ingresso, o Mercúrio não faz qualquer aspecto aos planetas no signo por ele regido. Este elemento interpretativo, a par da quadratura a Saturno e Neptuno em Peixes e do sextil à conjunção de Marte e da Caput Draconis em Carneiro, revela a dificuldade de fixar como bem, e como apela Júpiter em Gémeos, a premissa de Plutarco de que “A formação é o único dos bens que temos que é imortal e divino.” Esse é um potencial que pede efectivação. A incompletude do propósito, dessa via da inteligência, pode ser também compreendida pela astrologia. Mercúrio tem o seu domicílio em Gémeos e em Virgem, todavia, é em Virgem que encontra a sua exaltação. Um dos lugares de domicílio (Gémeos) e o de exaltação (Virgem), que é também domicílio, lançam entre si raios quadrangulares, o que só acontece com os maléficos (Marte, Carneiro e Caranguejo, e Saturno, Capricórnio e Balança). Virgem, por indicar uma deusa, mostra essa finalidade divina: a sabedoria. Já Gémeos traduz um caminho, um que é frequentemente rejeitado.

   No tema do ingresso de Júpiter de Gémeos, existem outros elementos a assinalar. O primeiro concerne ao facto de só a Lua é que está acima do horizonte. É uma deusa solitária, ascendendo a partir de um lugar débil. A Lua em Capricórnio oculta na noite escura a Cornucópia de Amalteia. A fortuna espera o momento oportuno e o forçar do momento é sempre sinal de infortúnio, daí que o ingresso ocorra no lugar da Má Fortuna (VI). Por outro lado, e reforçando a debilidade lunar, o corpo do Dragão da Lua afunda-se na realidade. A Caput em Carneiro encontra-se na IV e a Cauda em Balança na X. Cerca de dezoito horas após o ingresso, a Lua estará em quadratura exacta ao Dragão da Lua, o que, segundo os antigos, era sempre um sinal de desventura e adversidade. Ora o valor destas significações serve também para afirmar que, por vezes, pode existir ou persistir o engano de que Júpiter traz sempre a fortuna. Em certas situações, a dádiva é um valor oculto e esse dragão de luz e sombra traz consigo uma crise na identidade, na ponte entre a unidade e a dualidade.   

   O trígono entre Júpiter, Vénus e o Sol em Gémeos e Plutão em Aquário vem confirmar e adensar o sentido da ambivalência geminiana descrita na abordagem astro-mitológica. O eixo entre o humano e o divino que coloca os Dióscoros entre o Hades e o Olimpo, entre o Submundo e o Céu, possibilitando uma ponte da morte à eternidade, da corrupção à elevação. Não podemos esquecer, contudo, que é a Necessidade, o destino, que estabelece as linhas que tecem estes eixos. A quadratura dos planetas em Gémeos a Saturno e a Neptuno em Peixes trazem consigo o desafio da integração do destino e da compaixão nessa ambivalência radical. A chave-mestra para esse desafio pode ser encontrada no sextil entre Saturno e Neptuno em Peixes e Mercúrio e Úrano em Touro. Esta é uma chave encerrada dentro desse trígono de Júpiter e Plutão. A liberdade humana não altera o destino, permite, como afinidade electiva, a escolha do conhecimento e da senda da sabedoria. Ora este sextil oferece a possibilidade de se integrar na imensidão do tempo a restruturação do conhecimento.

   A anterior co-presença de Júpiter e Úrano em Touro e a actual de Mercúrio e Úrano, com Júpiter passando para o signo regido por Mercúrio, indica, entre muitas outras coisas, a revitalização do conhecimento astrológico. Este momento serviu de marco, de síntese, de uma revolução no conhecimento astrológico. Nos últimos anos, acentuando uma tendência das últimas décadas, a astrologia largou as amarras de um ciclo que se estendeu do final do século XIX até às últimas décadas do século XX. A predominância de uma astrologia dependente de movimentos espirituais, muito distante do conhecimento académico e frequentemente superficial, deu lugar a uma restruturação dos sistemas astrológicos, fundamentada sobretudo na história da astrologia e na astrologia tradicional, e deixando-se influenciar paralelamente pela psicologia e pela filosofia. A astrologia antiga ou helenística é quiçá o melhor exemplo deste novo ciclo. Com ela, temos modelos astrológicos recuperados e renovados, mas também a possibilidade de uma filosofia da astrologia. Este é um bom exemplo e um sinal dos tempos. São as centelhas de conhecimento que iluminam a escuridão da ignorância.

   O ingresso de Júpiter em Gémeos recupera como bem o raciocínio e a inteligência. Porém, por muito que a dádiva seja natural, ela pede uma disposição electiva. Temos de escolher para além dos bens mais fáceis, líquidos e passageiros e, entre o humano e o divino, a palavra e a comunicação podem tanto ascender à realidade celeste e supra-humana como espalhar-se por entre a ignorância, a desinformação e a mentira, próprias da humanidade e da sua desmedida. Como senhor do espaço, Júpiter em Gémeos expande a palavra, todavia, o valor da palavra, a finalidade do seu sentido, depende do humano. Em suma, Júpiter em Gémeos é uma proposta para se encontrar a dádiva do bem numa ambivalência radical entre o que nos eleva e o que nos afunda, entre o divino e o humano.