quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Reflexões Astrológicas 2022: Lua Nova em Capricórnio

  Reflexões Astrológicas


Lunações


Lua Nova em Capricórnio

Lisboa, 10h17min, 23/12/2022

 

Sol-Lua

Decanato: Júpiter

Termos: Mercúrio

Monomoiria: Júpiter 

 

   A Lua Nova de Dezembro ocorre no signo de Capricórnio, com Aquário a marcar a hora para o tema de Lisboa e, deste modo, na XII, no Lugar do Mau Espírito (κακός δαίμων), no decanato de Júpiter, nos termos de Mercúrio e na monomoiria de Júpiter. A sizígia dá-se assim acima do horizonte e cerca de duas horas e vinte minutos após o nascer-do-sol. O Sol encontra-se pois favorecido por estar no seu próprio segmento de luz (αἵρεσις) e acima do horizonte, já a Lua colhe as bênçãos de estar num signo feminino, no terceiro signo do elemento Terra, onde está adversa, longe de casa, no seu exílio.

  Esta Lua Nova é particularmente significativa, não só por ser a última do ano de 2022, mas também por ser, para o referente espacial utilizado, ou seja, Lisboa, a única Lua Nova do corrente ano em que a sizígia é a luz mais alta. Existe, deste modo, um caminho ascendente que começa, sob o horizonte, com Saturno e sobe pelo céu até ao Sol e à Lua. A posição posterior de Vénus e Mercúrio torna-os estrelas da tarde, adquirindo então uma qualidade helíaca feminina. Esta via de luz possui igualmente um outro sentido profundo, uma vez que se estende por dois signos regidos por Saturno (Capricórnio e Aquário).

   No Thema Mundi, e seguindo uma lição que podemos encontrar nomeadamente no mithraeum das Sette Sfere em Óstia e no De antro nympharum (24) de Porfírio, esta região, regida por Saturno, opõe-se à região da Luz, regida pelo Sol (Leão) e pela Lua (Caranguejo). No entanto, o tema da Lua Nova é um espelho daquele em que se inscreve o Thema Mundi. Os lugares de luz estão agora no ocaso e os de sombra ocupam agora a ascensão e a pós-ascensão. O carácter exacerbado de Saturno, nesta via actual, apresenta-se também de modo significativo sobretudo se pensarmos que, a partir do início de Março de 2023, mudará de signo, deixando para trás os seus domicílios e avançando para o lugar de Júpiter (Peixes).

   É, porém, a dianteira desta via luminar que brilha agora alto no céu, caminhando como é próprio da sua natureza, e neste caso mais do que em qualquer outro, para a sua culminação. A união do Sol e da Lua em Capricórnio traz sempre consigo a ideia de fim, o τέλος grego, que se firma na posição diametral da origem, a ἀρχή. O eixo Caranguejo-Capricórnio leva-nos assim para essa ponte de sentido entre o abismo e o cume, entre a origem e o fim, e seguindo a ideia deste novilúnio, Cícero, em As Últimas Fronteiras do Bem e do Mal, diz-nos que “Ninguém contesta que a finalidade, o ponto de referência de todas as naturezas é o mesmo: o grau supremo daquilo que, para elas, é apetecível.” (De Finíbus Bonorum et Malorum, Livro IV, XIII, 33 in Cícero, Textos Filosóficos I, 2ª ed., trad. J. A. Segurado e Campos. Lisboa, 2018: Fundação Calouste Gulbenkian, 433). Α finalidade do bem, como propósito radical, surge agora com uma vontade reforçada de efectivação, de conclusão.

   Capricórnio apresenta a mensagem de Saturno com a sua própria luz, com o olhar melancólico da montanha. O ano de 2022 começou com uma Lua Nova em Capricórnio e termina agora com outra e já 2023 vai começar com uma Lua Nova em Aquário, o que reforça a continuidade deste sentido saturnino, desta ideia fundamental. Ora Saturno encerra na sua matriz conceptual a ideia de tempo, de necessidade e de destino e esta matriz, conjugada com a de Júpiter, ou seja, o espaço, o bem e a justiça, produz aquilo que se conhece como Providência e que, na verdade, é o Intelecto da Anima Mundi, a inteligência divina.    

   Proclo afirma, nos Dez Problemas acerca da Providência, que “Embora a providência esteja situada acima de todos os seres de acordo com a sua divina união e exerça uma actividade adequada ao Uno, tudo o que a ela acede participa dela da forma que naturalmente é capaz.” (Problema IV, 23.1-5, traduzido a partir Proclus: Ten Problems Concerning Providence, trad. J. Opsomer & C. Steel. Londres/ Nova Iorque, 2014: Bloomsbury, 87). Esta é a verdadeira razão segunda a qual o livre-arbítrio, tal como é simplisticamente entendido, é uma ilusão. Na planície da nossa existência, não se vislumbra a montanha. Por outro lado, a visão do cume, expressa por Capricórnio, revela-nos, com um entusiasmo inaugural, quase primitivo, que a Providência (Júpiter e Saturno) é como que a teia que une o intelecto humano ao Intelecto do Mundo, ao Uno, a Deus.

   Em Capricórnio, encontramos, neste novilúnio, a Lua, o Sol, Vénus, Mercúrio e Plutão. A luz, aqui reunida e concentrada, é como a visão divina da antiga Arcádia, tanto a mítica como aquela que descreve a região grega, narrada, por exemplo, por Pausânias na Descrição da Grécia. Este stellium, como hoje se designa, mas cujo termo não tem qualquer presença na Antiguidade, embora o sentido já se encontre na Antologia de Vétio Valente, surja agora como uma afirmação da Fortuna sobre a rudeza da terra agreste. É a luz que vence as intempéries e que, nas escarpas da montanha, resiste à tempestade. Com a co-presença de Plutão, existe também um imperativo do conhecimento da morte, isto é, torna-se necessário trazer para a vida a realidade esclarecida e transformadora da morte. A consciência do fim redefine a finalidade.

   Os benéficos formam, porém, entre si um aspecto quadrangular, colocando assim em tensão Júpiter em Carneiro com todos os planetas que se encontram em Capricórnio. As quadraturas entre os benéficos, sobretudo sem a co-presença dos maléficos, colocam em suspensão a efectivação do bem ou, no mínimo, dificultam-na. A dádiva tende a não ser recebida, seja porque não se está predisposto a recebê-la, seja porque ela tarda a chegar. Porém, a pulsão de resistência que nasce da actual luz em Capricórnio permite alcançar essa dádiva e superar o hiato que suspende os benéficos. O facto de Júpiter estar favorecido pelo Segmento de Luz do Sol, embora abaixo do horizonte, contribui também para essa superação. O Amor (Vénus) e a Palavra (Mercúrio) neste signo de montanha são como que a luz no caminho, o guia que aparece quando a noite a cai.

   De um outro modo, o eixo do Dragão da Lua separa significativamente, e de forma inversa ao eixo de culminação, os hemisférios oriental e ocidental, unindo-se com benevolência à sizígia e aos seus lanceiros. Se exceptuarmos Úrano que se encontra no mesmo signo e junto à Caput Draconis, então Marte é para o tema em análise o único planeta no hemisfério ocidental. Pode parecer simples e redutor, mas a proposta do novilúnio acentua a superação do eu como conhecimento e coloca o conflito no lugar do outro, na impossibilidade de conhecer o outro sem um salto de fé, o que não existe com Marte em Gémeos. Este cinge o argumento ou o discurso que medeia, tornando-o hostil.

   Esta posição, perante o facto de Marte ser, nesta Lua Nova, o maléfico com a força mais desvantajosa, pois Saturno está favorecido, promove a cisão de uma dualidade cooperante e harmoniosa, ou seja, não existe qualquer proposta de unidade gnoseológica que não seja aquela que se encontra no si mesmo. O sextil de Marte a Júpiter, o trígono a Saturno e a quadratura a Neptuno traduzem essa negação. Contrariamente, o sextil de Júpiter em Carneiro a Saturno em Aquário coloca o peso da justiça sobre a necessidade, sobre a retribuição.

   A união da sizígia e dos seus lanceiros, em trígono, a Úrano e, em sextil, a Neptuno, sendo Plutão um dos lanceiros, transfere a luz do Novilúnio da montanha da consciência, onde a melancolia proactiva de Capricórnio habita, para a dimensão social. Nesta Lua Nova, estes aspectos, a par da quadratura de Saturno em Aquário a Úrano em Touro (o signo que receberá Júpiter em 2023), pedem, e nalguns casos exigem, a construção ou reconstrução das estruturas humanas. Porém, essa via assenta num binómio perigoso, pois essa necessidade estruturante pode não ser construída sobre os pilares da democracia, da igualdade e da liberdade, nem da solidariedade, da compaixão ou da fraternidade. Os novos totalitarismos estão à espreita, pois como diz a canção “Vampiros” de Zeca Afonso: “No céu cinzento sob o astro mudo/ Batendo as asas pela noite calada/ Vêm em bandos com pés de veludo/ Chupar o sangue fresco da manada”. A extrema-direita e o populismo, tal como nos anos 30 do século passado, podem minar a esperança e o melhor da humanidade e como sempre a escolha é nossa.

  A mensagem desta Lua Nova, a última de 2022, reafirma o mito de Capricórnio, da cabra-pan (Αἰγίπαν), aquela cujo corno gerou a Cornucópia da Abundância e que foi a única, quando todos os deuses fugiram, deixando Zeus/Júpiter à mercê de Tífon, que ajudou o senhor do Olimpo (Rodolfo Miguel de Figueiredo, Fragmentos Astrológicos, 2021: 153-4). Este é um tempo em que a luz exorta a raridade e clama pela excelência.


terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Para um Pai Astrólogo da sua Filha

Desenho e Arte de Maria Madalena

Júpiter em Carneiro: De 20 de Dezembro de 2022 a 16 de Maio de 2023 (2º e Último Ingresso)


Júpiter em Carneiro: De 20 de Dezembro de 2022 a 16 de Maio de 2023 (2º  e Último Ingresso).

Júpiter ingressa em Carneiro às 14h33min.

Reflexões Astrológicas 2022: Solstício de Inverno

  Reflexões Astrológicas

Estações



Solstício de Inverno

Lisboa, 21h49min, 21/12/2022

 

Sol

Decanato: Júpiter

Termos: Mercúrio

Monomoiria: Saturno

 

 

 

  O Solstício de Inverno (Hemisfério Norte), assinalado pelo ingresso do Sol em Capricórnio, representa, como o próprio signo indica, a ideia de culminação, a chegada ao cume da montanha, a vitória da luz sobre a sombra. Os solstícios são, a par do ciclo lunar mensal, os principais eventos do ano astrológico primordial, sobretudo na sua relação com a Natureza, com os ciclos que o paganismo, desde tempos sem memória, celebra e continua a celebrar. A ideia de finalidade surge agora como símbolo, como mimésis da realidade, pois é nos momentos mais escuros, mais difíceis, que a sobrevivência e a vida com sentido se tornam fundamentais.

  Os solstícios são as duas grandes festas do ano solar. No Verão, o Rei Carvalho encontra o seu auge e assim, sabendo que tudo nasce, morre e renasce, entrega o ceptro ao Rei Azevinho que governará o período em que a luz mingua até à escuridão, até ao momento em que morrerá para trazer a Criança Prometida, o novo rei. A roda é, por excelência, a matriz do tempo astrológico, do ciclo, do eterno retorno, que é bem diferente do tempo linear, aquele que marca a concepção tradicional judaico-cristã e que, com frequência, é quase impossível de conciliar com esse tempo circular de regresso a si mesmo.

  A imagética em torno de Capricórnio conduz-nos, por vezes, para uma percepção errónea de uma certa masculinidade ambiciosa, resiliente e focada, como a que é apreciada pelo paradigma socioeconómico vigente. No entanto, Capricórnio é um signo feminino. É a cabra que vence a montanha, as escarpas a pique, e que alcança, segura de si mesma, o alto cume, e é também Amalteia, a cabra ou a ninfa que alimentou Zeus/Júpiter em criança ou ainda a cabra indestrutível e invencível que o ajudou, quando estava fragilizado e sem tendões, a vencer Tífon. No fundo, é a força que vence a probabilidade, é o espírito inquebrável do feminino.

  Depois da morte de Osíris, essa força é também Ísis, a deusa de mil nomes que dará à Luz, no Solstício de Inverno, a Criança Prometida, Hórus, o recém-nascido que terá de vencer as trevas, de lutar com Set, para trazer a Primavera, os frutos do Verão, à terra negra. Ísis supera todas as dificuldades, todos os obstáculos, e torna-se a possibilidade do renascimento. A mumificação e o sepultamento de Osíris acontecem entre 3 de Novembro e 21 de Dezembro e Hórus nasce a 23 de Dezembro como touro de sua mãe, ocupando o trono vacante da terra, a própria deusa Ísis. Hórus, como novo rei, assimilará o disco solar e tornar-se-á Hórus-Ré, um novo deus Sol.    

  No Corpus Hermeticum, no Discurso de Nous a Hermes, podemos encontrar uma síntese do sentido que se oculta na profundidade deste mito, quando se diz que Assim como a Eternidade é a imagem de Deus, o mundo é a imagem da Eternidade, o Sol é a imagem do mundo, o homem é a imagem do Sol” (XI, 15 in Hermes Trismegisto, Corpus Hermeticum e Discurso de Iniciação com a Tábua de Esmeralda, ed. M. Pugliesi & N. de Paula Lima. São Paulo: Hemus, 1978, 57). Ora este crescente de ser e sentido de Humano, Sol, Mundo, Eternidade e Deus oculta uma matriz feminina que é também, na origem, essa mesma Eternidade, a imagem permanente de um deus indeterminado e inefável. Os nossos conceitos estão, deste modo, demasiado masculinizados e tendem a suprimir, mesmo sem consciência, a realidade divina feminina.

  A deusa não nasce, morre e renasce, ela permanece e só o seu rosto muda, ela é o silêncio primordial, a noite a partir da qual tudo nasceu, mas ela é também a Roda do Tempo, a Necessidade, aquela que tece o começo da vida, segue o seu curso e observa o seu fim. Na regência das árvores, pois quem vê uma árvore pode também ver o céu, o dia 22 de Dezembro é governado pelo Sabugueiro, representando a morte, e o dia 23, o Abeto-prateado, o renascimento, a primeira árvore de Natal. Estas são duas árvores da Deusa e particularmente sagradas, consagradas ao divino feminino, e que representam igualmente esse simbolismo da Roda do Tempo.  

  No solstício de Inverno, a deusa que, no solstício de Verão, era a Morte na Vida é agora a Vida na Morte, ela é a rainha da escuridão, do frio, da chuva e do gelo que cai sobre a terra. Hécate surge, no Inverno, como senhora tríplice dos caminhos cruzados, revelando que, na noite escura, é o feminino que eleva a candeia. A deusa, como senhora eterna de seu filho, consorte e irmão, é a única que preserva e garante o regresso do Deus da Luz. E é o feminino que avisa o Príncipe do Mal que o Príncipe da Paz está a chegar. Hórus, Krishna, Dioniso, Mitra, Buda, Jesus, entre outros, são a Criança Prometida, a esperança de renovação, ou redenção.

  Esta luta da Luz contra a Sombra firmará a sua vitória nas Candelárias e, num primeiro momento, num período que vai de 24 de Dezembro a 20 de Janeiro, é a Bétula a árvore que governará a origem ou o começo da expulsão dos espíritos nefastos. Existe naturalmente, neste tempo solsticial, uma necessidade de purificação e esta assume as mais variadas formas. No nordeste transmontano, a festa de Santo Estevão, entre os dias 24 e 26 de Dezembro, é uma festa de rapazes, onde os caretos, pela alvorada, fazem a sua chocalhada e, entre a folia e a tropelia, mostram como o jovem Rei Carvalho se inicia nessa luta da Luz contra Sombra. Estas festas trazem consigo reminiscências de ritos antigos e preservam no símbolo a memória.

  A Saturnália, dedicada a Saturno, originalmente um deus agrícola romano, promovia uma inversão da ordem social, onde nobres faziam de escravos e escravos, de nobres. Na Saturnália, no início realizada a 17 de Dezembro (calendário juliano), mas que mais tarde se estendera até 23 de Dezembro, não se trabalhava, o que a par da folia remeteria para a Idade de Ouro, onde a humanidade viveria em paz e abundância. Ora Capricórnio e Aquário são regidos tradicionalmente por Saturno e o planeta que astrólogos, estudantes de astrologia e curiosos conhecem pela sua austeridade não é bem o mesmo que é celebrado na Saturnália. O estudo da mitologia revela sempre os seus benefícios e esta inversão da ordem social é preciosa para o entendimento do Saturno astrológico.

  Este regente natural do solstício de Inverno traz agora consigo um sentido profundo, pois até ao fim da estação transitará de Aquário para Peixes, ou seja, deixará o signo que rege para avançar para o signo regido por Júpiter e onde Vénus se exalta, passará também do masculino para o feminino. A chegada de Saturno a Peixes, a 7 de Março, é a grande mudança da estação, pois o ingresso de Plutão em Aquário e de Marte em Caranguejo já será na Primavera, a 23 e a 25 de Março. Saturno em Peixes conserva, na verdade, o espírito da Saturnália, trazendo às estruturas humanas uma necessidade de renovação de valores, de inversão ou transformação da ordem social. A solidariedade, sobretudo à medida que Saturno se aproxima de Neptuno, trará consigo o poder da retribuição. A incapacidade social de trazer a empatia aos laços humanos pagará agora o peso da desmedida.

  Por outro lado, é preciso referir ainda a retrogradação de Mercúrio, de 29 de Dezembro de 2022 a 18 de Janeiro de 2023, e a passagem de Úrano a directo a 22 de Janeiro. A permanência da maior parte dos astros nas suas posições conserva, de facto, o simbolismo do Inverno, da chama que alimenta a lareira. No hemisfério sul, esta constância será como uma fogueira na praia, ao entardecer. No entanto, estas imagens não anulam nem os desafios, nem as oportunidades. Estas mudanças no movimento, da actividade à potência e da potência à actividade, reafirmam a efectivação planetária ou a sua suspensão. Mercúrio retrógrado apontará a via do pensamento, já Úrano directo dará uma oportunidade ao espírito revolucionário que pode salvar o planeta. O movimento é possibilidade.

  A luz, quando se espalha, tem o poder imenso de transformar a realidade e, num solstício de Inverno, quando a luz é uma pequena chama, guardada como um tesouro, esse valor surge reafirmado. Jâmblico de Cálcis diz-nos, no Dos Mistérios, que “Tal como quando o sol brilha, a escuridão, pela sua própria natureza, não é capaz de resistir à luz, e subitamente se torna totalmente invisível, retirando-se por completo para as suas brumas, e acabando por terminar, também quando o poder dos deuses, impregnando todos com os seus benefícios, resplandece em todas as direcções, o tumulto dos espíritos nefastos não tem lugar, e não se podem manifestar seja de que forma for, mas são afastados como nada ou não-ser, tendo uma natureza que de forma alguma se pode mover quando seres superiores estão presentes, ou que não é capaz de causar-lhes constrangimento quando eles brilham.” (III, 12, traduzido a partir de Iamblichus: De mysteriis, ed. E. C. Clarke, J. M. Dillon & J. P. Hershbell. Atlanta, 2009: Society of Biblical Literature, 152-3). É preciso, hoje mais do nunca, guardar a luz que afasta as trevas e Júpiter em Carneiro pode fazer erguer a espada da justiça, de um novo equilíbrio.

  Dada a proximidade entre o Solstício (21 de Dezembro) e a Lua Nova (23 de Dezembro), a actual situação astrológica será abordada na reflexão da Lua Nova, pois a mensagem que persiste neste Solstício de Inverno é a de tornar vivo o fogo da esperança, a promessa do amanhã. Na escuridão, um pequena chama pode fazer a diferença e a humanidade precisa dessas centelhas.