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Lua Nova em Carneiro: Reflexões Astrológicas
Reflexões Astrológicas
Lunações
Lua Nova em Carneiro
03h31min, 12/04/2021
Decanato: Vénus
Termos: Marte
Monomoiria: Sol
A monomoiria
do Sol consubstancia a natureza do lugar onde se dá a união dos luminares. Da
IV, do Lugar Sob a Terra (ὑπόγειον),
do Tártaro profundo e da herança dos nossos ancestrais, a luz marca a sua
presença. Quando algo se encontra no mais profundo dos abismos, o único olhar
possível é aquele que fita o alto cume, as alturas longínquas do céu. A luz
determina assim a viagem e, partindo do Ventre da Terra, esse ponto fulgente
avança e cresce, alumia e torna-se chama e fogo. A sizígia em Carneiro fixa a potência
e a possibilidade como momento inaugural do acto criativo e da acção
teleológica.
Neste novilúnio, a posição dos luminares, a
partir do Lugar Subterrâneo, distribui os seus raios por presença e por aspecto
de um modo que é tendencialmente benéfico. A luz cria uma harmonia dos opostos que,
como já se referiu a respeito de Vénus (IV) e Marte (VI), mas que concerne
também a Mercúrio (IV) e a Júpiter (II), permite a renovação do humano e um
renascimento da humanidade. Esta harmonia surge da possibilidade de gerar,
através do amor em acto (Vénus/Marte) e da palavra que cria e expande
(Mercúrio/Júpiter), uma verdadeira relação entre o Eu (Carneiro, IV) e o Outro
(Balança, X). A potência criadora de aqui se fala é a mesma que estava descrita
na Lua Cheia de Março, porém, aqui a origem da luz encontra-se somente no Eu,
não se estendendo portanto no eixo.
O novilúnio em Carneiro traz consigo um
potencial de luz que, pela consciência de si, pode levar o Eu ao Outro e, numa estrutura
social aquariana, sugerida por Júpiter e Saturno, criar um Nós. No entanto, a
imaturidade do primeiro signo pode agudizar o narcisismo social em que vivemos,
anulando a empatia e a compaixão. Os sextis de Marte e de Júpiter aos luminares
têm um carácter de acção e expansão cujo valor está ainda por estabelecer, até
porque Marte e Júpiter unem-se triangularmente, firmando-se assim essa condição
de possibilidade. Sobre o destino, o humano constrói-se, pois a dádiva (sextil
de Vénus e Júpiter) precisa sempre de uma disponibilidade receptiva.
Se, por um lado, a luz se encontra no ponto
mais profundo (IV), a morte nasce no horizonte, surgindo, da noite, no lugar da
vida (I). Plutão encontra-se no Horóscopo a ascender. Este é um dos benefícios do
sistema de casas de signo inteiro ou casa-signo, pois, caso contrário, recairia
na XII, anulando-se assim este sentido de nascimento e ascensão. Ora o nascimento
de Plutão, aquando do novilúnio, relaciona-se tanto com os aspectos que com ele
estabelece como anuncia o período de retrogradação (27/04 – 06/10). Este último
ocorrerá entre os graus 27 e 25, ou seja, sairá dos termos de Marte e entrará
nos de Saturno, cruzando-se respectivamente pelas monomoirias de Mercúrio, de Vénus e do Sol. É um período quase
igual ao do ano anterior e semelhante ao dos últimos anos, daí a importância de
se observar estes graus.
Sabemos que Plutão marcou a pandemia, mas
também as erupções vulcânicas e os sismos. A acção de Plutão pode indicar um
grito das profundezas da terra que afecta tanto o planeta e os seres que nele
habitam como as estruturas que foram criadas, o que se torna evidente pelo
facto de este estar em Capricórnio. Ao estar em conjunção ao Horóscopo, Plutão
traz a união entre a vida e a morte, o conhecimento da morte e o absoluto que
pertence à terra, o Et in Arcadia ego
e o Momento mori de que já falamos. A
morte torna-se o leme da vida e isso pode potenciar tanto um movimento social
disruptivo como uma transformação espiritual e um renascimento iniciático e místico.
Plutão forma com o Sol, a Lua e Vénus uma
quadratura, ou seja, uma tensão que cria uma nova força que pode ser ora
destruidora, ora criadora. As lições antigas de Nechepso e Petosíris dizem-nos
que as quadraturas, sobretudo aquelas que ocorrem sobre os eixos cardinais,
tendem a ser positivas. A ideia da morte tende a transformar a vida (sextil de
Plutão e Neptuno), trazendo-lhe tanto o mistério como a ilusão. Resta-nos
apenas decidir qual será a forma dessa transformação (sextil de Plutão e o Meio
do Céu). Naturalmente, na análise dos eixos cardinais deve-se considerar, em
especial neste caso, o sentido duplo da X e do eixo de culminação, visto que o
Meio do Céu recai aqui na XI, o Bom Espírito, partilhando assim o significado
que encerra com as duas casas.
Saturno na II, com Júpiter, ergue uma ponte entre o valor e o viver. Os
senhores do tempo e do espaço, da forma e da matéria, permitem que se renovem
os modos de ser e estar. No entanto, por estarem em Aquário, vão negar o
regresso ao normal, às formas anteriores e criarão tensões naqueles que não
querem abdicar de hábitos visceralmente enraizados. A quadratura entre Saturno
(II) e Úrano (V) firma esse conflito entre o viver e o criar, entre o valor e a
fortuna. A densidade das formas taurinas impede um verdadeiro espírito de
revolução. As estruturas de poder, e não apenas político, de Saturno em Capricórnio
negam a novidade e forçam a ditadura do normal. Este perturba também o lugar
das nossas vaidades, quebrando alguns dos espelhos embaciados onde julgávamos
ver a realidade. Por outro lado, Saturno une-se a Mercúrio (sextil) e à Caput Draconis (trígono) colocando no
tempo certo (καίρος) a palavra e a sabedoria.
Considerando-se a variação que, tal como é
referida por Paulo de Alexandria (séc. IV EC) na sua Introdução (Cap. 30), pode ocorrer no lugar em que recai o Ponto de
Culminação (MC), observa-se que, por estar no Bom Espírito (XI), o Meio do Céu acentua
a sua condição de passagem, de intermediário, entre a práxis, aquilo que se faz, por meio de uma tensão ou conflito
(quadraturas), com Júpiter (III), ou seja, a expansão da comunicação, da
proliferação da palavra, não corresponde com as necessidades de acção, de
harmonização das ideias fundamentais. A palavra torna-se ruído e não constrói a
causalidade de uma actividade que transforme o mundo, pois é essa a proposta de
Júpiter em Aquário. Por outro lado, Neptuno, o senhor da imaginação activa, mas
também da ilusão, une-se triangularmente com o Meio do Céu e quadrangularmente
com Marte. Existe na imagem que cria, no ideal, um potencial que se pode tornar
tanto acção como corrupção.
Em suma, este novilúnio coloca o seu peso, a
sua gravidade, no valor da actividade e daquilo que a antecede, seja a luz que
cria o mundo ou o sonho o move o humano.
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