quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A Espera de Deus que é Mãe também


"Sob vários nomes também, todos equivalentes a Ísis, conheceram os gregos um ser feminino, maternal, virgem, sempre intacto, não idêntico a Deus e no entanto divino, uma Mãe dos homens e das coisas, uma Mãe do Mediador. Platão fala dela claramente, mas como que em voz baixa, com ternura e assombro, no Timeu."

Simone Weil, Espera de Deus, p. 231. Tradução Manuel Maria Barreiros. Lisboa: Assírio & Alvim, 2ª Edição, 2009.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Da Música como Expressão Divina

O universo tem a sua música, mas nós ignoramos os seus acordes. A divindade criou a sua melodia, mas nós somos incapazes de a ouvir. A harmonia das esferas ecoa, com as suas notas, por todas as galáxias. A música é uma linguagem divina que eleva as almas até ao dimensão do sublime. Todas as outras formas de linguagem têm as suas limitações, a música consegue, no entanto, ultrapassar as fronteiras da razão e da consciência, alcançando o poder ilimitado da sugestão. A música assemelha-se ao mito, pois não diz, mas infere um sentido que está para além daquilo que pode ser pensado. Quem tiver ouvidos para ouvir que oiça a escala divina de notas que criaram o céu e a terra. Esse será a nossa sabedoria, a nossa salvação.  


Pitágoras, Pormenor do Fresco A Escola de Atenas de Rafael (1509-1510). Vaticano: Palácio Apostólico.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Galadriel - A Senhora Branca de Lothlórien



Banda Sonora do Senhor dos Anéis, Galadriel - White Lady of Lothlórien (Nigthwish, Sleeping Sun).

O caso de Galadriel, tanto nos livros, como nos filmes, representa a tentação do poder e os perigos de consciência superior. Esta personagem feminina apresenta-se como uma figuração do Feminino, da Grande Deusa que, pela proximidade do poder do Mal, sente-se tentada, no entanto, resiste e mantém a sua condição. Este é o desafio de qualquer alma numa senda espiritual.


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O Femino em Imagem - VIII (Sibila)


Domenico Ghirlandaio, Sibila, 1483-85. Florença: Santa Trinità.

Eurínome: Deusa de Todas as Coisas e Origem das Sete Potências Planetárias


"No princípio, Eurínome, Deusa de Todas as Coisas, brotou nua do Caos, mas não vendo substância em redor onde firmar os pés, apartou do céu o mar, dançando solitária por sobre as suas ondas. Ao dançar para o sul, descobriu no vento, que se soltava para trás de si  e a cada passo seu, qualquer coisa de novo e distinto com que iniciar um acto de criação. Movendo-se, ondulante, estreitou nos braços esse vento norte, deixou-o deslizar-lhe por entre as mãos, e subitamente viu diante dela Ofião, a grande serpente. Eurínome dançava para aquecer-se, com tão selvático e crescente frenesi que fez Ofião, lúbrico de natureza, enrolar-se naqueles membros divinos, e tomado de desejo unir-se a ela. (...)
Depois ela tomou a forma de pomba e foi incubar por sobre a superfície das águas, e cumprindo-se o tempo, pôs o Ovo Universal. Por ordem dela se enrolou Ofião sete vezes em torno desse ovo, o qual se rompeu e dividiu em dois. Dele brotaram, desordenadamente, todas as coisas que existem e que são a prole dela: o sol, a lua, os planetas, as estrelas, a terra e as suas montanhas, seus rios, suas árvores, e todos os seres vivos.
(...)
A seguir, criou a deusa as sete potências planetárias, pondo à cabeça de cada uma dela um Titã e uma Titânide: Teia e Hiperião reinavam sobre o Sol; Febe e Atlas sobre a Lua; Dione e Crio sobre o planeta Marte; Métis e Ceos sobre Mercúrio; Témis e Eurimedonte sobre o planeta Júpiter; Tétis e Oceano sobre Vénus; Reia e Crono sobre Saturno. O primeiro homem, porém, foi Pelasgo, antepassado dos Pelasgos; nasceu do solo da Arcádia, e outros o seguiram, aos quais ensinou a construir cabanas, a nutrirem-se de glandes, e a coser túnicas de pele de porco, iguais às que usam as gentes pobres de Eubeia e da Fócida."

Robert Graves, Os Mitos Gregos, pp. 33-34. Tradução Fernanda Branco. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 3ª Edição, 2004.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

A Aceitação do Karma



"O homem que aceita e compreende em parte a obra do Karma pode começar imediatamente a construir o carácter, ponderando muito, reflectindo serenamente antes de colocar cada pedra, porque é para a eternidade que constrói. Não mais acumular, ou demolir à pressa, seguir hoje um plano, amanhã outro, e não ter nenhum para o dia seguinte. As indecisões acabaram: agora existe o traçado do carácter, e a edificação faz-se seguindo-o à risca. A  Alma é o arquitecto e, ao mesmo tempo, o pedreiro da obra; já não perde o tempo que perdia no princípio. Por isso os últimos estágios da evolução sucedem-se velozmente, e a Alma, atingida a sua virilidade, torna-se forte e faz progressos espantosos, quase inacreditáveis."

Besant, Annie, Karma, p. 64. Tradução Mário de Alemquer. São Paulo: Editora Pensamento, 6º Edição, 1994.