sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Templo de Ísis em Philae


Templo de Ísis, Philae, Egipto.             Wikipedia

Algumas Reflexões Mitológicas acerca do Signo de Balança


Balança é o sétimo signo da roda do Zodíaco e forma com Carneiro o eixo que indica a oposição/complementaridade entre a Personalidade e a Alteridade. Na viagem da Alma, o Eu conhece o Outro, transfere o conhecimento de si, a sua identidade, para apreender a visão mística da polaridade. 

Na atribuição dos Doze Trabalhos de Héracles a cada um dos signos, Balança tem a sua expressão na captura do javali de Erimanto. Segundo Robert Graves, em Os Mitos Gregos, "agarrar viva uma fera tão bravia, era uma tarefa extraordinariamente difícil, mas mesmo assim, lançando gritos estridentes, conseguiu fazê-la sair do meio de um mato, impeliu-a para um buraco muito fundo atulhado de neve, e aí saltou-lhe para o dorso. Prendeu-a com correntes, e carregou-a, viva, aos ombros, até Micenas."(p.482). É de salientar que a tarefa de Héracles era a de capturar o animal vivo. O herói tinha de domar a fera, a pulsão primordial. Esse exercício exigia uma passagem do caos - a fera indomada - para a ordem - a fera acorrentada. 

Outros dois aspectos que são de referir neste mito é o da morte de Folo e o do ferimento de Quíron. Herácles foi convidado a jantar com Folo. Este, com a devida hospitalidade, serviu carne assada ao herói, porém o jarro de vinho não foi aberto, pois era pertença de todos os centauros. No entanto, o aroma do vinho acabou por captar o olfacto apurado dos centauros, os quais violentamente atacaram Herácles. Alguns tombaram no seu ataque e, quando um flecha disferida por engano atravessou o braço de Elato, o herói percebeu o seu erro. A flecha passou o braço do centauro e cravou-se no joelho de Quíron, o mais sábio de todos centauros, o mestre dos heróis. A ferida era incurável e as dores eram atrozes. Entretanto, a luta terminou, os restantes centauros fugiram e Folo estava a enterrar os seus companheiros. Arrancou uma das flechas e pôs-se a examiná-la e é, neste momento, que a seta lhe foge das mãos e lhe atravessa o pé, matando-o de imediato. 

O sétimo trabalho de Herácles é marcado por estes dois episódios: a captura do javali e a luta contra os centauros. No primeiro, é importante referir que Herácles não usou somente a força, ele monta uma armadilha para capturar o animal, recorrendo à inteligência e à habilidade. No segundo, a desmedida da força faz com que, pela sua acção, dois amigos sofram a consequências: dor e morte. A atribuição deste sentido ao signo de Balança revela o imperativo do equilíbrio e da inteligência. É um engano pensar-se que este signo indica o equilíbrio e a justiça como estado, pois a sua natureza é a da busca e da finalidade. Os nativos de Balança tem perante si este enorme desafio que é o de encontrar a justa medida, a harmonia entre as polaridades. 


Se observarmos o glifo do signo, podemos constatar que o elemento superior se assemelha com a última letra do alfabeto grego, o ômega, o que contribui para noção de finalidade e de feminino, pois este signo é regido por Vénus e a letra grega é feminina, em oposição ao alpha que é masculino. O elemento inferior é uma linha, o que indica o caminho, a viagem. Alice Bailey, n´Os Trabalhos de Hércules, diz que "dever-se-ia assinalar que o ponto de equilíbrio (...) é uma condição dinâmica, não estática, um sistema balanceado de energias poderia ser uma definição mais adequada" (p.131). A natureza deste equilíbrio e o significado da sétima casa, sede deste signo, faz com que a Balança seja consagrado o hieros gamos, o casamento sagrado entre o masculino e o feminino. A constelação de Balança está justamente entre a de Virgem e a de Escorpião. 


Quando observamos os glifos deste dois signos, é imediata a percepção da sua complementaridade. O M poderia ser o M de Maithuna, palavra em sânscrito que indica a união sexual. As pernas finais da letra são um reflexo dessa dinâmica de polaridade. A Balança colocada entre esses dois signos atinge a sua suprema realização quando conseguir atingir o ponto de equilíbrio e passar de um estado de tensão para um de harmonia. Esta união mística atingirá o seu ponto último quando o peregrino chegar à constelação de Peixes, aqui a polaridade resultará numa integração no Uno.  

Obras utilizadas:
Bailey, Alice A., Os Trabalhos de Hércules. Tradução J. Treiger. Niterói (Brasil): Fundação Avatar, 2008.
Graves, Robert, Os Mitos Gregos. Tradução Fernanda Branco. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 3º Edição, 2004.      

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Uma Melodia para a Madalena

A harpista Ani Williams, no seu cd Garden of the Magdalene, tem um faixa intitulada "Garden of Blue Roses", a qual foi cantada e tocada ao vivo em Brenac, Languedoc, França. Deixamos aqui o vídeo:

Vídeo You Tube

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Palavras de Maria Madalena

Visão de Maria

«Eu - disse - vi o Senhor numa visão e disse-lhe: "Senhor, hoje vi-te numa visão". Ele respondeu e disse-me: "Bem-aventurada sejas, porque não te perturbaste ao ver-me, porque ali, onde está o Intelecto, ali está o tesouro". Eu disse-lhe: "Senhor, agora, o que o vê a visão vê-a em alma ou em espírito?". O Salvador respondeu e disse: Não a vê nem em alma nem em espírito, mas é, sim o Intelecto que se encontra no meio deles o que vê a visão (...)».

Evangelho de Maria (Madalena), 10. António Pinero, José Montserrat Torrents e Francisco García Bazán, Evangelhos Gnósticos, Biblioteca de Nag Hammadi - II. Lisboa: Ésquilo, 2005.


Códice Papiráceo BG 8502 - Evangelho de Maria

Entre a Atracção e a Necessidade

Existe uma complementaridade entre a Lei da Atracção e a Lei da Necessidade. Se, por um lado, aquilo que pensamos, dizemos e fazemos condiciona a nossa existência, ou seja, atrai de forma orientada os acontecimentos, por outro lado, as situações surgem na nossa vida não por acaso, mas sim por necessidade, uma vez que se apresentam numa perspectiva didáctica. Deparamos-nos com aquilo que temos de aprender, pois toda a existência tem uma natureza didáctica. Porém, pela força do livre-arbítrio, utilizamos a atracção do semelhante para minimizar a dureza dos esforços do ensino da consciência. É claro que se está a considerar uma predisposição para a aprendizagem da alma, caso contrário aquilo que se atrai é uma semelhança com padrões negativos de pensar, sentir e estar. O semelhante atrai o semelhante, logo a nossa dimensão de ser e a nossa consciência de si está condicionada por aquilo que atraímos para a nossa vida. De uma outra forma, também a Necessidade só nos entrega os desafios que somos capazes de ultrapassar. É entre a Atracção e a Necessidade que a evolução é possível. 


Anagkê e as Moirai - Ilustração de uma Edição da República de Platão
   

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Uma Oração a Ísis: O Burro de Ouro de Apuleio



- Rainha do céu - sejas tu a Ceres nutriz, mãe e criadora dos cereais, que, transbordante de alegria por teres encontrado a tu filha, puseste fim ao antigo e selvagem costume de comer bolotas, mostrando-nos como desfrutar de um tenro alimento, e agora cultivar os campos de Elêusis; sejas tu a Vénus celestial, que nos primeiros tempos do mundo uniste os sexos opostos, ao conceber o Amor, e garantiste a propagação do género humano através de um eterna renovação da sua descendência, sendo agora objecto de culto em Pafos, num templo circundando por ondas; sejas tu a irmã de Febo, que alivias com remédios calmantes as dores de parto, ajudando assim a criar multidões de povos, e és agora alvo de veneração nos ilustres santuários de Éfeso; sejas tu Prosérpina, que inspiras terror com os lamentos nocturnos e cuja face triforme detém o avanço dos espectros, ao manter encerrada a passagem para os superiores domínios terrestres, tu que andas errante por bosques diversos e és propiciada através de cultos vários. Com essa tua luz feminina, alumias todas as muralhas, e com esse calor húmido alimentas as férteis sementes e, em tuas solitárias circunvoluções, dispensas uma luminosidade incerta - seja qual for o nome, o rito, a aparência com que for lícito invocar-te: vem tu agora em meu auxílio, na meta extrema das minhas provações, fortalece tu a minha desfalecida fortuna, concede-me tu a paz e o sossego, no termo de tão cruéis desventuras; já basta de canseiras; já basta de perigos!  

Apuleio, O Burro de Ouro, 11, 2. Tradução de Delfim Leão. Lisboa: Livros Cotovia. 2007.


O Mistério do Tarot: A Sacerdotisa



O segredo que esta carta encerra é o centro do mistério do Tarot. Este Liber Mundi, tecido em imagens e símbolos, guarda um enigma que carece de revelação. A verdadeira Luz está oculta por detrás do véu da Sacerdotisa.