segunda-feira, 3 de julho de 2023

Lua Fora de Curso: Julho de 2023


Lua Fora de Curso


Junho de 2023


A Lua, como qualquer Planeta, quando está Vazio ou Fora de Curso, preserva um princípio de continuidade cíclica, embora desconectada, mas perde o sentido de direcção. Existe uma ausência de finalidade, apesar de existir movimento.

Os períodos em que a Lua está Fora de Curso devem ser tidos em consideração para melhor se decidir o tempo de agir ou pensar, de falar ou calar. Em termos empresariais, este não é, por exemplo, o momento certo para fechar um acordo ou negócio, para lançar um produto ou para marcar uma reunião. 

A Lua Fora de Curso não é, porém, o único aspecto a ter em consideração, mas é um dado fundamental para a astrologia aplicada às empresas.

 

Cálculos para a Hora de Lisboa e com software Planet Dance.



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sexta-feira, 30 de junho de 2023

Lunário: Julho de 2023


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domingo, 18 de junho de 2023

Reflexões Astrológicas 2023: Lua Nova em Gémeos

   Reflexões Astrológicas


Lunações


Lua Nova em Gémeos

Lisboa, 05h37min, 18/06/2023

 

Sol-Lua

Decanato: Sol

Termos: Saturno

Monomoiria: Sol    

 

  A Lua Nova de Junho ocorre no signo de Gémeos, estando este a marcar a hora para o tema de Lisboa e, deste modo, na I, o Leme (οἴαξ) do tema, no decanato de Sol, nos termos de Saturno e na monomoiria de Sol. A sizígia dá-se ainda abaixo do horizonte e a cerca de vinte e cinco minutos do nascer-do-sol. No actual novilúnio, os luminares encontram-se sob o horizonte, ainda ocultos, mas rumando, na barca da luz, o caminho de ascensão. A Lua encontra-se pois desfavorecida por estar num signo masculino e, considerando-se que apenas Mercúrio acompanha os luminares e numa fase helíaca também ela masculina, a força do feminino assim encontra-se debilitada.

  A harmonia dos contrários depara-se, nesta qualidade essencial, com o primeiro elemento disruptivo. Existe aqui um sentido inicial para o actual desenraizamento da terra, do feminino. A dualidade de Gémeos, expressa radicalmente no mito dos Dióscoros (cf. Figueiredo, R. M. de, 2021, Fragmentos Astrológicos, 137-8. Lisboa: Livros – Rodolfo Miguel de Figueiredo), indica o movimento de passagem entre o humano e o divino, tal como o signo que lhe é oposto, Sagitário, aponta para a passagem do animal ao humano. Na verdade, esta é a senda sapiencial, da forma como se passa do conhecimento à sabedoria. Ora essa é a proposta do eixo Gémeos-Sagitário.

  O impulso primordial que nos deve encaminhar para a sabedoria é o mesmo que nos faz procurar o divino. No entanto, a questão deste eixo é que ele não anula a dualidade. Esta permanece activa, promovendo a alternância de sentido entre os elementos duais. Neste eixo, não existe a integração do múltiplo no uno ou na totalidade como aquela que é proposta no eixo Virgem-Peixes. A relação entre os dois eixos torna-se aqui particularmente significativa porque Saturno retrógrado em Peixes é, neste novilúnio, aquele que alimenta a cisão da harmonia.

  No mito dos Dióscoros, não existe uma união dos contrários. Pólux conserva a sua natureza semidivina, já Castor morre por ser humano, e mesmo a ascensão ao céu estrelado não representa uma conciliação ou encontro, pois o dom do céu é concedido em dias alternados. A desmedida e a retribuição não distinguem, contudo, a natureza humana ou semidivina. Os dois pares de gémeos, Pólux e Helena (divino) e Castor e Clitemnestra (humano), sofrem o peso, a gravidade, da Necessidade. A tensão da sizígia em Gémeos a Saturno em Peixes é, desta forma, indicadora desta condição primordial.

  Cícero adverte o leitor para a discórdia existencial entre a força da Necessidade e a Virtude, dizendo o seguinte: Tu não sabes, insensato, não sabes de que força dispõe a virtude; limitas-te a usar o nome da virtude, mas ignoras o seu efectivo valor. Ninguém que dependa exclusivamente de si e considere que todo o seu bem está na qualidade do seu carácter poderá não ser o mais feliz dos homens. Quem, pelo contrário, põe todas as suas esperanças, cálculos e projectos na dependência da fortuna, esse nunca possuirá nada seguro, nada do que empreendeu estará certo de guardar como seu até ao fim do dia. Se encontrares no teu caminho um homem destes ameaça-o com a morte ou com o exílio, e vê-lo-ás ficar em pânico. Pela minha parte, nem tentarei subtrair-me nem oferecerei qualquer resistência a nada do que me aconteça nesta tão ingrata cidade.” (Paradoxa Stoicorum, Paradoxo II, 17-18 in Cícero, Textos Filosóficos I, 2ª ed., trad. J. A. Segurado e Campos. Lisboa, 2018: Fundação Calouste Gulbenkian, 12).

  Viver sob a égide da Fortuna, dos ditames da Necessidade, conduz-nos naturalmente a uma forma de servidão. Neste novilúnio, depois de Marte reinar no cume do céu, Saturno em Peixes é o astro mais alto, colocando assim a Necessidade e a proposta de totalidade como elementos profundos de sentido. Cícero lembra-nos que é a virtude que nos liberta do destino. Para quem crê na metempsicose, só a excelência nos libertará da roda de reencarnações, dos ditames da Necessidade. Esta não é, porém, nem uma virtude catequista, empoeirada por pó e cinza, nem uma aura de herói que assombra o humano com o divino. A virtude estóica é um modo de vida.

  Séneca, na continuidade desse sentido, diz-nos que “Para formar juízos de valor sobre as grandes questões há que ter uma grande alma, pois de outro modo atribuiremos às coisas um defeito que é apenas nosso, tal como objectos perfeitamente direitos nos parecem tortos e partidos ao meio quando os vemos metidos dentro de água. O que interessa não é o que vemos, mas o modo como vemos; e no geral o espírito humano mostra-se cego para a verdade!” (Ep.71.24-5; Cartas a Lucílio, 2ª ed,, trad. J. A. Segurado e Campos. Lisboa, 2004: Fundação Calouste Gulbenkian). Ora a dualidade luminar da sizígia em Gémeos em colisão com a necessidade como totalidade indica-nos essa mesma cegueira da verdade. No fundo, e hoje mais do nunca, a ignorância e o excesso de si tolda-nos os juízos e impede-nos de ver a verdade. A palavra pode ser também aqui um elemento disruptivo.

  A relação entre liberdade e destino é um pilar de sentido na filosofia astrológica, todavia, não deve ser entendida como é comummente abordada, como se existisse um antagonismo radical nos conceitos. A questão é que, da perspetiva que dominou uma parte considerável do pensamento antigo, a liberdade está para além da roda da necessidade e não no seu interior. A união de Saturno e Neptuno em Peixes no cume do tema da Lua Nova representa essa dificuldade e, do outro lado do sentido, encontra-se a dualidade de luz entre o humano e o divino como leme da vida e da acção. A sizígia em Gémeos, pela regência domiciliar de Mercúrio, vai pedir uma reestruturação da palavra e da razão, ou seja, é exigida uma renovada mediação. O elemento de passagem é essencial neste signo dual. A integração da necessidade na vida pede portanto que se encontre a harmonia nesta tensão radical.

  Neste novilúnio, Plutão surge também como elemento disruptivo, primeiro por seu o único astro do hemisfério ocidental e depois devido à sua retrogradação e ao seu regresso a Capricórnio. As estruturas afectadas por este trânsito vão voltar a sofrer as influências plutonianas, nomeadamente os sistemas económicos e financeiros, mas também as estruturas profundas da terra, como por exemplo as erupções vulcânicas das últimas semanas, mas também as consequências das alterações climáticas, como os incêndios no Canadá.

  Nos meses em que Plutão estiver em Capricórnio, podemos voltar a assistir a falências ou crises no sistema bancário, bem como às consequências da inflação, da subida das taxas de juros e da especulação imobiliária. No entanto, a relação benéfica de Plutão a Júpiter e a Úrano em Touro (trígono) e a Saturno e Neptuno em Peixes (sextil), bem como ao Dragão da Lua (trígono à Caput em Touro e sextil à Cauda em Escorpião), conferem uma possibilidade de transformação colectiva. A renovação do valor do viver, a ligação à Terra e a necessidade de empatia e solidariedade são a luz no caminho.

  O último grande elemento disruptivo possui também ele uma qualidade dual, ou seja, possui tanto um valor benéfico como um potencial maléfico. A posição de Vénus e Marte em Leão junto ao Ponto Subterrâneo enraíza, no tema do novilúnio, esta harmonia dos contrários. De um ponto de vista colectivo, a nobreza da alma e o narcisismo serão as duas faces da mesma realidade e, neste sentido, esta dicotomia leonina será colocada entre o desejo e a força, entre Vénus e Marte. Porém, esta pulsão ou paixão primordial possui uma dimensão relativa e é esta que atribuirá ou condicionará o seu valor. O sextil de Vénus e Marte em Leão à sizígia e a Mercúrio em Gémeos poderá, através da palavra e da razão ou do elemento de passagem entre o humano e o divino, criar as condições para a nobreza da alma, para um carácter transformação. No entanto, a quadratura de Vénus e Marte a Júpiter e a Úrano em Touro, na XII, no lugar do Mau Espírito (κακός δαίμων), bem como ao Dragão da Lua, condicionará fortemente o potencial do aspecto anterior.

  Existe assim uma resistência à dádiva e ao espírito transformador. Os modos de ser e estar estão de tal forma enraizados que, mesmo que exista a consciência da necessidade de transformação, se tornarão extensões da identidade e da afirmação social. Face à corrupção do planeta e da Mãe-Terra, o que estaríamos dispostos a fazer? Deixaríamos, por exemplo, de utilizar um veículo próprio? Consumiríamos menos e de forma mais responsável? Alteraríamos o nosso estilo de vida? A grande questão é saber se possuímos uma disponibilidade genuína de mudança.

  A passagem anunciada do Dragão da Lua do eixo Touro-Escorpião para Carneiro-Balança, ou seja, do eixo do valor para o da identidade, aprofunda o sentido desta inquirição e o novilúnio de Gémeos vem anunciá-la, representando a necessidade de mediação e de construção de elementos de passagem, sejam eles pessoais ou colectivos. A harmonia dos contrários nasce de uma dualidade comprometida tanto com a identidade como com a necessidade de relação. Essa é uma proposta para o presente e para o futuro.