segunda-feira, 26 de abril de 2021

Lua em Escorpião: De 26 a 28 de Abril de 2021


Lua em Escorpião: das 17h19min de hoje às 16h43min do dia 28.

Lua Cheia - Eixo Escorpião/Touro: Reflexões Astrológicas

  Reflexões Astrológica

Lua Cheia


Lua Cheia – Eixo Escorpião-Touro

Lisboa, 04h32min, 27/04/2021

 

Lua

Decanato: Marte

Termos: Mercúrio

Monomoiria: Marte

 

Sol

Decanato: Mercúrio

Termos: Vénus

Monomoiria: Vénus 

 

   O eixo do plenilúnio de Abril coloca a Lua (IX) no seu próprio Segmento de Luz (αἵρεσις), no decanato de Marte, termos de Mercúrio e monomoiria de Marte, e o Sol (III) fora do Segmento de Luz, no decanato de Mercúrio, nos termos de Vénus e monomoiria de Vénus. Nesta primeira Lua Cheia do ano astrológico, encontramos, à semelhança da Lua Nova de Abril, uma harmonia dos opostos, uma união do feminino e masculino, do céu e da terra. Desta forma, tal como na anima e no animus junguianos, existe aqui uma partilha e uma integração em si mesmo da polaridade original. A Lua adquire elementos masculinos de Marte e o Sol elementos femininos de Vénus. A sua localização acentua também este aspecto. O Sol está na Casa da Deusa (III) e a Lua na Casa de Deus (IX). Esta proposta de integração da dualidade primordial, da consciência pura de que o Divino é Pai e Mãe, obriga a uma mediação, a um processo de agregação simbiótica, que é sugerido por Mercúrio tanto por o seu aspecto andrógino como por o seu carácter de Psicopompo, bem como por Úrano, a sua expressão musical superior.

   O Sol na Casa da Deusa da Lua (III) sob o horizonte nocturno terá de enfrentar a Sombra, de descer ao abismo, para que a integração do feminino possa ocorrer e, estando ele em Touro e colocando sob os seus raios Úrano, Vénus e Mercúrio, terá de obter a bênção da Mãe-Terra, terá de acalmar a sua ira. A razão dedutiva não será, porém, a via electiva, pois os três planetas estão numa posição posterior ao Sol, sendo portanto Estrelas da Tarde, a luz do crepúsculo. O caminho luminar torna-se, deste modo, uma via do coração. Com a Lua vigiando e olhando de frente estes prorrogadores da senda eleita, o amor, a arte e a literatura, ou seja, a capacidade de criar a partir da emoção e do sentimento, do potencial imagético, vai marcar e demonstrar a marcha ascendente da luz desde o abismo da sua própria realidade.  

   Os Senhores do Espaço e do Tempo (Júpiter e Saturno em Aquário), a partir do lugar do Mau Espírito (κάκον δαίμων), lançam um olhar de tensão (quadratura) sobre o desafio solar de descer aos infernos, a catábase, qual Ishtar ou Orfeu. Saturno mostra como o tempo da Terra colide com o tempo do Humano e Júpiter, enfraquecido pela saída anunciada do signo em que se encontra, revela como a matéria se molda também em destruição e em excesso, com cheias, sismos e vulcões ou com urgência de postigo ou esplanada. Este encontro alerta também para os perigos de uma sociedade líquida. Por outro lado, Plutão em Capricórnio, a partir do Bom Espírito (ἁγαθόν δαίμων), une-se em trígono ao Sol e àqueles que estão sob os seus raios. Ora também Neptuno partilha as bênçãos ao unir-se em sextil, a partir do Leme do Vida, do Horóscopo em Peixes, proclamando a chegada próxima de Júpiter, o seu regente. Note-se que esta relação com Neptuno e Plutão surge, naturalmente, de forma inversa com a Lua (sextil com Plutão e trígono com Neptuno), existindo pois uma tensão com Saturno e Júpiter (quadratura).

   Estas dádivas de transformação (Plutão) e imaginação (Neptuno) são colhidas pela luz (solar e lunar), mas também por uma proposta de revolução (Úrano), da palavra que cria (Mercúrio) e do amor que eleva (Vénus). Enquanto Estrelas da Tarde estes planetas adquirem também um carácter feminino, logo a sua expressão, até por estarem na Casa da Deusa da Lua (III), sendo por ela vigiados (Lua em oposição), vai demarcar e acentuar o imperativo do regresso do Eterno Feminino, do Paracleto nascido Mulher. Essa é a revolução da Terra-Mãe e da Deusa Sophia, aquela que vencerá o chauvinismo misógino e paternalista dos populismos de extrema-direita. Em Portugal, ela é também o Abril por cumprir, a necessidade de uma revolução que, por continuar a ser necessária, permanece viva no tempo. No resto do mundo, é o mesmo espírito de mudança que clama pela sua presença. A verdadeira transformação espiritual não eclodirá sem que exista uma verdadeira transformação social. Na pobreza e em grilhões, o espírito definha. A aurora sibilina do tempo da Grande-Mãe, do Império do Espírito Santo, não nasce de uma espiritualidade burguesa que afasta o seu olhar da realidade, ela terá sim de surgir de um Amor Universal que guarda o planeta e os que nele habitam.

   Marte, na Casa da Boa Fortuna (ἀγαθή τύχη), une os seus raios, de forma benigna, com a Lua (trígono) e com o Sol, Úrano, Vénus e Mercúrio (sextil), mas também com o Horóscopo e Neptuno (trígono). Já com Plutão estabelece oposição, embora estejam ambos em lugares benéficos. Esta posição de Marte e por estar em Caranguejo traz consigo um potencial que cinge ora a força da origem, ora a tensão da origem. Essa pulsão umbilical promove o poder da criação, mas obriga, por vezes, também à protecção daquilo que se julga ser a fundação da nossa realidade, mas que, com frequência, é uma poeira de vaidades. De forma igualmente benéfica, o corpo do Dragão da Lua estende-se junto ao eixo de culminação (IV a X), continuando a afirmar a passagem, a viagem, da sabedoria à palavra. A Deusa Sophia desce desde o cume do mundo e, estendendo-se no espaço e no tempo (Júpiter e Saturno, trígono à Caput e sextil à Cauda Draconis), leva a sua palavra à humanidade. Em suma, nesta Lua Cheia, o Divino Feminino será fonte e passagem.