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terça-feira, 19 de outubro de 2021

Lua Cheia - Eixo Carneiro/Balança: Reflexões Astrológicas

 Reflexões Astrológicas


Lunações


Lua Cheia: Eixo Peixes – Virgem

Lisboa, 15h57min, 20/10/2021

 

Lua

Decanato: Vénus

Termos: Saturno

Monomoiria: Júpiter    

 

Sol

Decanato: Júpiter

Termos: Vénus

Monomoiria: Sol  

 

O plenilúnio de Outubro coloca a Lua em Carneiro sob o horizonte, fora do seu Segmento de Luz, no Lugar de Deusa (III), no decanato de Vénus, termos de Saturno e monomoiria de Júpiter. Por seu lado, o Sol encontra-se em Balança, no Lugar de Deus (IX), acima do horizonte, no seu Segmento de Luz, no decanato de Júpiter, termos de Vénus e monomoiria do Sol. Aquário marca a hora entre Júpiter e Saturno, com este último a ascender acima do horizonte, já o Ponto de Culminação surge em Sagitário, na XI, no Lugar do Bom Espírito (ἀγαθόν δαίμων), junto a Vénus e à Cauda Draconis.


À semelhança do plenilúnio de Outubro, os elementos significativos masculinos são mais fortes que os femininos. No entanto, o facto de quer a Lua, quer o Sol se encontrarem respectivamente no Lugar da Deusa e no Lugar de Deus estabelece uma fixação do sentido original destas posições. Desta forma, e como é próprio dos plenilúnios, a natureza axial firma a sua representação da realidade. O Eu, projectado com a luz lunar e a partir do lugar do Divino Feminino, encontra o Outro, realizando a luz solar e reunindo-se ao Divino Masculino, ou seja, pelo Feminino o Eu encontra o Outro, pela Sabedoria encontra a Vontade, e, através desse encontro, renasce a luz em si mesmo. O Eu, unido e perdido no Outro, encontrará o Si Mesmo quando completar o ciclo e conhecer a totalidade. E a chave dessa ligação harmónica é o termo encontro, o olhar de frente, enquanto acontecimento radical e potência de transformação. A matriz dessa união transporta em si o sentido e o valor da origem porque reproduz o mistério da câmara nupcial.


Um outro aspecto que valora, isto é, que atribui um valor original a este plenilúnio é o facto de este apresentar apenas dois planetas retrógrados (Úrano e Neptuno), bem diferente dos seis que assim se encontravam no início do mês (Mercúrio, Júpiter, Saturno, Úrano, Neptuno e Plutão). Devemos ter sempre em consideração, o sentido profundo da retrogradação, contrariando a liquidez de uma astrologia popular que esvazia, quase que ridicularizando, este fenómeno astrológico. Ora enquanto fenómeno, a retrogradação nasce de uma percepção, do olhar humano que colhe sensação de que um determinado astro se move em sentido contrário. O lugar fixa, desta forma, o olhar.


A ideia de retrogradação constrói-se pois a partir desta percepção, provando assim a natureza antropocêntrica da linguagem astrológica. Um planeta retrógrado indica um voltar a si, um retorno ao sentido original, um ensimesmamento retrotenso, daí que a acção se torne reacção, potência reafirmada ou ainda impotência ou não potência. É como a negação da acção de Bartleby de Melville. Contrariamente, o movimento agora directo de Mercúrio, Júpiter, Saturno e Plutão exterioriza e efectiva, deste modo, a natureza destes planetas, tornando-os activos.        


O Sol em Balança, nesta Lua Cheia, faz-se acompanhar por Marte e Mercúrio, o primeiro sob os raios solares e o segundo a afastar-se deles, já para além do limite dos quinze graus e apresentando-se como Estrela Manhã. A posição anterior ao Sol de Mercúrio e Marte fixa o seu carácter masculino e racional. Já surge a Lua sozinha no Lugar da Deusa. No entanto, o eixo do novilúnio une-se de forma vantajosa aos benéficos. O Sol, Mercúrio e Marte formam um sextil com Vénus e com o Ponto de Culminação (MC) e um trígono com Júpiter, Saturno e o Horóscopo (Asc.). Já a Lua, de forma inversa, une-se em sextil a estes últimos e em trígono aos primeiros.


De facto, existe neste tema da Lua Cheia uma intensa harmonia axial, formada pelos eixos de ascensão, de culminação, dos luminares e nodal e pelos planetas que confluem nestes eixos. Por outro lado, a presença dos benéficos junto ao Horóscopo (Júpiter) e ao Ponto de Culminação (Vénus) confirma o valor da dádiva que surge exacerbado neste momento, revelando o potencial de transformação que reside no acto de se saber receber as bênçãos do céu. Se tivermos em conta os lugares onde se fixam, tantos os benéficos, como os eixos anteriormente citados, concluir-se-á o potencial espiritual deste tema, não necessariamente num sentido mais contemporâneo, embora também, mas num sentido clássico, ou seja, o humano poderá afirmar o seu potencial de excelência segundo os princípios do bem, da beleza e da justiça, mas também da temperança e da fé. Existe assim uma proposta de revolução do humano que, na verdade, serve de fundação do tema com Úrano em Touro no Lugar sob a Terra.


Por outro lado, Plutão une-se quadrangularmente com o Sol, com Mercúrio, com Marte e com a Lua. O Senhor da Morte e da Transformação, avançando agora de forma directa segundo a sua natureza, no Lugar do Mau Espírito, κακός δαίμων (XII), faz sentir a sua presença. O Poder da Morte ou Plutão em Capricórnio adquire o sentido do Et in Arcadia ego, ou seja, a morte caminha entre nós, até na Arcádia, e sussurra os seus ditames. A actividade vulcânica será, por exemplo, mais intensa, pois Plutão faz borbulhar as profundezas da terra, revelando assim o seu poder. Não é por acaso que, tal como a morte, a erupção não seja possível de prever. A natureza define também o limite do humano, seja por esta acção de Plutão, seja pela quadratura de Úrano a Júpiter e Saturno, ou até mesmo pela conjunção destes últimos. De um outro modo, a união benéfica de Úrano em Touro, Neptuno em Peixes e Plutão em Capricórnio (trígono de Úrano a Plutão e sextil destes a Neptuno) estrutura esse limite e permite a transformação espiritual do humano.


O exacerbamento do masculino neste tema conduz, não por necessidade, mas como resultado da natureza humana, das suas fraquezas, ao enfraquecimento do feminino. A oposição da Lua a Mercúrio e Marte, estando estes no Lugar da Deus (IX), apresenta o modo como o Feminino tem ainda uma expressão débil nas religiões tradicionais, sendo, por exemplo, a Mãe de Deus, mas não é Deus-Mãe. Essa é uma transformação que falta fazer. Por outro lado, continua a existir uma resistência chauvinista à presença da mulher na academia e no pensamento. A mulher que estuda continua a ser perigosa. Todo isto continua a promover a violência contra as mulheres.


A quadratura de Vénus em Sagitário (XI) a Neptuno em Peixes (II), do Amor ao do Amor de Deus, do desejo à compaixão, mostra a dificuldade de encontrar o valor, um modo de vida (II), em que impere o desapego e a empatia. Esta tensão evidencia o bloqueio que existe na passagem do limiar de nós. Não conseguimos ver que a sabedoria é também o amor ao próximo. Com indiferença, não existe evolução humana. É como aquele que vai de modo espiritual, compenetrado, meditando, à Índia e que a caminho do ashram do seu guru passa, sem ver, as crianças com fome e que vivem para além da dignidade humana. O desejo de espiritualidade facilmente se torna vaidade.


Vénus em Sagitário, a partir do Lugar do Bom Espírito (XI), conjunta ao Ponto de Culminação (MC) e à Cauda Draconis, une-se em sextil ao Sol, Mercúrio e Marte, na IX, e a Júpiter, ao Horóscopo (Asc.) e a Saturno, na I, traduzindo a vontade ou o desejo de levar a Amor à Sabedoria até ao Leme da Vida e ao Lugar de Deus. A união dos benéficos, em especial, por Júpiter ser o mais vantajoso, aquele que está no seu próprio Segmento de Luz, tende a expandir esse propósito, no entanto, Júpiter está ainda sob o horizonte. Essa ocultação faz com que o caminho da sabedoria, anunciado nomeadamente pelo corpo do Dragão Lua, esteja ainda sob o véu, tornando-o presente, mas não comum. A vida tem de trazer a sabedoria até si, mas para tem de si libertar da ignorância e da sua prole: a ilusão e o engano. Esse esforço catártico manifesta-se, por exemplo, na união de Vénus e Saturno e pelo facto de Saturno ser a luz que surge no horizonte, proclamando a mensagem do Tempo e da Necessidade.          


Neste plenilúnio, existe um potencial de transformação espiritual explícito e inegável que poderá, todavia, ser negado e repudiado, mas que necessariamente produzirá a mudança. Esta mudança, já sentida no novilúnio, culminará nos eclipses que marcam o final do ano. 

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Lua Cheia - Eixo Peixes/Virgem: Reflexões Astrológicas

 Reflexões Astrológicas


Lunações


Lua Cheia: Eixo Peixes – Virgem

Lisboa, 00h55min, 21/09/2021

 

Lua

Decanato: Marte

Termos: Saturno

Monomoiria: Júpiter   

 

Sol

Decanato: Mercúrio

Termos: Saturno

Monomoiria: Mercúrio 

 

  O eixo da Lua Cheia de Setembro coloca a Lua em Peixes acima do horizonte, no seu Segmento de Luz, no Lugar de Deus (IX), no decanato de Marte, termos de Saturno e monomoiria de Júpiter. Por seu lado, o Sol em Virgem surge no Lugar da Deusa (III), abaixo do horizonte, fora do seu Segmento de Luz, no decanato de Mercúrio, termos de Saturno e monomoiria de Mercúrio. Quem quer que tenha observado o tema da Lua Nova de Setembro, concluirá que existe uma grande semelhança com o da Lua Cheia, firmando-se assim o sentido profundo proposto no novilúnio. À excepção da natural mudança da Lua, mudam de signo e de lugar somente Vénus (da IV para a V, de Balança para Escorpião) e Marte (de III para IV, de Virgem para Balança). Propõe-se, desta forma, uma releitura da reflexão anterior, visto que a maioria das posições e aspectos é igual.  


  A regência da deusa Deméter (Virgem) estende-se portanto da Lua Nova até à Lua Cheia, porém, pela natureza axial de um plenilúnio essa regência é partilhada. Poseídon (Peixes) assume o seu lugar no eixo. Porém, pelo facto de tanto o Sol como a Lua se encontrarem nos termos de Saturno e por este ser o maléfico que se encontra fora de seu segmento, o mito que melhor descreve esta relação é o da Deméter Negra.


  Pausânias, na sua Descrição da Grécia (VIII, 42, 1-13), conta-nos que no Monte Elaios, perto da Figália, na Arcádia, existia uma caverna sagrada, dedicada a Deméter Melaina (μέλαινα), a Negra. Segundo os locais, depois de Poseídon se ter unido a Deméter, ambos sob a forma de cavalos, pois o deus dos mares perseguira a deusa da agricultura quando esta procurava a filha, Cora ou Perséfone, raptada por Hades, e, para se esconder, a deusa transformara-se em égua e escondera-se no meio de uma manada, mas o deus, sob a forma de um garanhão, encontrou-a, da união nasceu um filha e não um cavalo. Essa é pelo menos a tradição local, pois segundo outros nasceu uma filha e um cavalo divino, Árion. O nome da filha está todavia reservado aos iniciados, sendo apenas conhecida por Despoina (δέσποινα), a Senhora.


  Ora Deméter, furiosa com Poseídon e pesarosa pela violação da filha Perséfone, refugia-se na referida caverna. Sem a sua presença, os frutos da terra pereceram e a espécie humana morria de fome. O deus Pã, ao visitar a Arcádia, encontrou a deusa na caverna e espiou-o, vendo-a vestida de negro, de um profundo luto. Avisou então Zeus que enviou as Moiras. As deusas do tempo e do destino - expressões femininas de Saturno - convenceram a deusa a moderar o seu lamento e a acalmar a sua ira. E assim a terra tornou-se, de novo, fértil e na caverna foi colocada uma imagem de madeira da deusa negra com cabeça de égua.


  Este mito representa na perfeição a mensagem da Lua Cheia de Setembro, a mesma que se estende desde a Lua Nova. A luz oculta do Divino Feminino terá de brilhar de novo. A fertilidade da terra, do corpo e do espírito é a bênção da sua presença. No entanto, o mito também nos avisa dos perigos da sua ausência. Na caverna escura, o feminino agrilhoado desequilibra o mundo. Não existe harmonia se a Mãe Divina não ocupar o seu lugar. Se a Sabedoria continuar a passar por entre nós e não for reconhecida, se a insultarem e dela abusarem, as trevas cairão sobre a terra e sobre todos nós. Essa é a mensagem de Júpiter e Saturno retrógrados no Lugar da Morte (VIII) e de Plutão poente (VII), bem como das relações que estes tecem (aspectos).


  O eixo Peixes-Virgem neste plenilúnio entrega-nos, como uma dádiva no caminho, o serviço como via de salvação. “A solidariedade não é facultativa”, deixou-nos escrito o Presidente Jorge Sampaio pouco antes da sua partida. A empatia e a compaixão são uma visão de totalidade (Lua em Peixes conjunta a Neptuno em Peixes no Lugar de Deus, IX) e saber colher as suas dádivas é um esforço que transforma o mundo. O serviço alicerçado na solidariedade (Virgem) e na compaixão (Peixes) tem um enorme poder de mudança. Este último eixo zodiacal colhe a dádiva do fim e da finalidade e integra a unidade do humano na totalidade da humanidade e do divino. A necessidade coloca, para a hora de Lisboa, os dois eventos lunares (Lua Nova e Lua Cheia) no mesmo signo Ascendente. Caranguejo marca a hora. O signo da origem traz consigo o cuidado maternal, a Grande Mãe. E, culminando, com a luz da Lua e de Neptuno, Peixes colhe o olhar do cume que fita tanto o horizonte como o abismo.


  Face ao tema do novilúnio e agora ao tema do plenilúnio e à posição dos luminares, notamos primeiramente que o grande benéfico, que é uma vez mais Vénus, surge agora com ligações favoráveis ao Sol (sextil) e à Lua (trígono). A luz do feminino, embora ainda sob o véu de Ísis, torna-se mais forte. Por outro lado, Mercúrio, que antes colhia as bênçãos de Vénus, afirma-se agora com a força de Marte. A palavra não cria harmonia e as ideias antagónicas tornam-se uma fonte de hostilidade. A união de Mercúrio e Marte em Balança cria um elemento de passagem entre a harmonia e o conflito, entre a paz e a discórdia. Esse elemento é a força da palavra, o impulso radical do conhecimento, que pela informação eleva e pela desinformação destrói. No entanto, Mercúrio surge como Estrela da Tarde, para além dos raios solares, e anunciando a sua retrogradação, ou seja, a palavra torna-se pensamento e introspecção, sentimento e intuição.


  Marte, embora esteja num signo diferente, está sob os raios do sol. Porém, como é sabido, segundo a tradição antiga, Marte é o único que não se deixa afectar pelos raios fulgentes, abrasivos, do Sol. Ora, estando o Sol junto ao Ponto Subterrâneo (IC) e Marte no Lugar sob a Terra (IV), existe um carácter visceral e abissal nesta ligação. No útero da terra, a força da luz (Sol e Marte) surge como passagem, como proposta de sentido, entre o serviço e a harmonia. Contudo, esta é um elemento contido no interior da terra, no abismo da realidade. Esse carácter de luz oculta, de potencialidade não efectivada, pois Marte está em exílio, firma-se também, por um lado, na relação benéfica com o Dragão da Lua (trígono à Caput na XII e sextil à Cauda na VI), embora este esteja em lugares nocivos, e, por outro lado, nos trígonos a Júpiter e Saturno e na quadratura a Plutão.


  No que concerne a Júpiter e Saturno deve seguir-se a regra de Nechepso e Petosíris (F38 Riess), que diz nem todas as quadraturas são más, contrariamente, nem todos os trígonos são bons. No entanto, estes conservam o potencial do bem, dizendo-nos aqui que a força da luz (Marte e Sol) encontra a morte no espaço e no tempo, na justiça e na necessidade (Júpiter e Saturno na VIII), ou seja, o humano morre perante a afirmação do limite, do limiar e da limitação, e só na luz poderá renascer. Face à finitude, a vaidade torna-se serviço e a harmonia surge da integração do humano na humanidade.


  Vénus, a dádiva do bem e a bênção do feminino, surge aqui na sua queda, escalando o abismo. O amor entra assim no templo e conhece o mistério da morte. E, vencido o medo, agora em Escorpião e no Lugar da Boa Fortuna, (ἀγαθή τύχη), verte o néctar da Cornucópia da Abundância, não sobre o comum, mas sobre o eleito. Nesta posição, e apesar do ser o benéfico mais favorecido, por estar no seu Segmento de Luz, Vénus está em exílio, sob o horizonte, ou seja, a partir da noite escura, da origem da criação, o amor propõe uma via iniciática.


  Esta posição de Vénus em Escorpião, embora surja no tema plenilúnio de modo favorável, indica também o medo do feminino e a opressão da mulher. E não são os nossos dias um tempo de agressão para a mulher, quando já tudo deveria ser diferente? As quadraturas de Júpiter e Saturno a Vénus revelam a dificuldade social e colectiva, ainda dominante, de expressar os direitos da mulher e de pensar o feminino, em especial, o Sagrado Feminino. Já a oposição entre Úrano (XI) e Vénus (V), colocada entre Touro e Escorpião, entre o viver e a morte, entre o valor e a finitude, é mais um alerta sobre a vida do planeta que habitamos e de como as agressões à Mãe Terra condicionam os tempos futuros. 


  Por outro lado, o trígono de Vénus em Escorpião (V) a Neptuno em Peixes (IX), bem como o sextil de Vénus a Plutão em Capricórnio (VII), acentua o carácter de Vénus enquanto grande benéfico do plenilúnio. A dádiva do bem coloca o amor sobre a morte. A união das expressões do amor (Vénus e Neptuno) transmite sempre uma visão de totalidade e a capacidade de estar na parte como no todo. O vencer a morte consiste nessa acção libertadora de transformar o momento ou o instante em eternidade. Essa é uma das lições que podemos colher, sobre o olhar vigilante de Deméter, nesta Lua Cheia. 

sábado, 21 de agosto de 2021

Lua Cheia - Eixo Aquário/Leão: Reflexões Astrológicas

  Reflexões Astrológica

Lua Cheia


Lua Cheia: Eixo Aquário – Leão

Lisboa, 13h02min, 22/08/2021

 

Lua

Decanato: Lua

Termos: Saturno

Monomoiria: Júpiter  

 

Sol

Decanato: Marte

Termos: Marte

Monomoiria: Vénus

 

            O eixo da Lua Cheia de Agosto coloca a Lua sob o horizonte, fora do seu segmento de luz, no Lugar sob a Terra (IV), no decanato da Lua, termos de Saturno e monomoiria de Júpiter. Por seu lado, o Sol surge no Lugar de Culminação (X), acima do horizonte, no seu próprio segmento de luz, no decanato de Marte, termos de Marte e monomoiria de Vénus. Neste plenilúnio, é impossível não assinalar o facto de este marcar o fim de um ciclo iniciado na Lua de Cheia de Julho: a primeira no signo de Leão. Ora a 24 de Julho a Lua estava no segundo grau de Aquário e o Sol no segundo de Leão e agora, nesta Lua de Cheia de Agosto, encontram-se no grau trigésimo grau, percorrendo-se assim quase um signo. O sentido deste ciclo continuará, porém, até Lua Nova de Setembro, mas desta vez e progressivamente o simbolismo da colheita e do serviço ganhará a sua gravidade.   

            Este ciclo foi mediado pela Lua Nova de Agosto no décimo sétimo grau de Leão. Mais do que em qualquer outro período do ano este ciclo marca a relação entre a individualidade (Leão) e a humanidade (Aquário), ou seja, o humano terá de encontrar o lugar entre a consciência de si, a chama pura do intelecto, e a consciência social e colectiva. A necessidade de se encontrar um equilíbrio entre a criação individual e a partilha colectiva é imperiosa. Veja-se, por exemplo, o desequilíbrio mundial no processo de vacinação, entre países ricos e pobres, ou a forma como cada país responde aos desastres naturais, à intolerância, à misoginia, ao racismo e à guerra. A consciência de si terá de quebrar colectivamente a soma de todas as vaidades, pois só onde existir solidariedade, a humanidade persistirá.   

            Um outro elemento de análise deste ciclo, oferecido como uma pequena pista - a última das dignidades astrológicas -, é a monomoiria. Segundo a lição de Paulo de Alexandria (Introdução, cap. 5), ficamos a saber que tanto a Lua Cheia de Julho como a de Agosto ocorrem nas mesmas monomoirias, isto é, a Lua encontra-se na monomoiria de Júpiter e o Sol na de Vénus. O feminino e o masculino alternam assim as suas dádivas. E a mediar estas bênçãos encontra-se, na Lua Nova de Agosto, a monomoiria de Mercúrio. Hermes Trismegisto indica o caminho do Pai e o da Mãe, o da Vontade e o da Sabedoria, dizendo que são um e o mesmo. Por outro lado, calculados os eventos lunares para Lisboa, no tema da Lua Nova e da Lua Cheia de Agosto, Escorpião marca a hora, colocando assim o novilúnio e o plenilúnio junto ao eixo polar vertical. A segunda parte do ciclo estabelece, deste modo, uma relação entre a Morte (Escorpião), a Criação (Leão) e a Humanidade (Aquário). Nesta segunda fase do ciclo, a morte e a extinção será necessariamente uma ameaça à vaidade, pois o eu quando voltado apenas para si, criando apenas simulacros de si próprio, extingue-se com a morte, com a sua própria destruição.

            Com o eixo do plenilúnio sobre o de culminação, a ideia de cume e de acção efectiva recai sobre o Sol que expande a expressão leonina de criação e recebe a dádiva dos benéficos: de Vénus em Balança (sextil), a partir da XII, do Mau Espírito (κακός δαίμων), e de Júpiter em Aquário (oposição), junto da Lua, a partir da IV, do Lugar sob a Terra (ὑπόγειον). Ora os benéficos, unidos triangularmente entre si, trazem consigo os dons do bem, da beleza e da justiça, porém também a dádiva ocorre segundo a necessidade e a presença de Saturno, junto à Lua e a Júpiter, é a lembrança dessa lei divina. Ora esta relação entre a luz, a dádiva e a necessidade produz, se tivermos também em consideração a posição de Úrano em Touro na VII, muitas das transformações que temos assistido nos últimos dias ou semanas. A resposta da Terra à agressão humana e o modo como em humanidade reage são expressos por muitas destas posições.

            Já em contraste com a ponte que separa as margens do narcisismo e da genialidade leonina, estão Mercúrio e Marte em Virgem, na XI, no Bom Espírito (ἀγαθόν δαίμων) e, olhando-os de frente, está Neptuno em Peixes, na V, no Boa Fortuna (ἀγαθή τύχη). No eixo dos lugares benéficos de Vénus (a V) e Júpiter (a XI), a força da palavra, que poderá estender-se da opressão e da desinformação até à transformação radical pelo espírito do serviço colectivo ao próximo, recebe a compaixão e o amor universal como a face da verdadeira fortuna ou colhe a ilusão e constrói, sob uma mente tolhida pela ignorância, o negacionismo e o populismo. De facto, estando Marte fora do seu segmento de luz, o seu brilho espalhará uma energia maléfica que, pela proximidade, corromperá primeiramente a palavra e o pensamento (Mercúrio) e, por estar na XI, conduzirá, por força da necessidade, à intolerância e ao extremismo, às propostas colectivas disruptivas.

            Nesta Lua Cheia, o Sol em Leão terá de se esforçar por fazer da criação uma dádiva e ser um arauto da luz, caso contrário, o perigo do egocentrismo, pessoal e social, poderá tornar a luz num incêndio. Contudo, a posição, aparentemente maligna, de Marte conjunto a Mercúrio é equilibrada, forçada a uma harmonia, pelo trígono destes a Úrano em Touro, na VI, e a Plutão em Capricórnio, na III. Esta ligação coloca em destaque a Revolução da Terra, o Poder da Morte e a Força da Palavra, unindo-se num sentido que expressa, por exemplo, o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas que, face às suas conclusões, terá de ser discutido na próxima Assembleia Geral das Nações Unidas que vai começar a 14 de Setembro.

            Desta forma, este trígono dos signos de Terra é um sinal no caminho que se funde com o sextil de Úrano e Plutão a Neptuno em Peixes. A percepção de que o planeta Terra é um organismo vivo - o corpo da Deusa Mãe - será no tempo em que vivemos uma realidade indiscutível, sobretudo por força de uma causalidade natural que traz, como reacção, a resposta da Mãe Terra à agressão humana. Colhemos assim o fruto das nossas acções.

            Com Vénus em Balança, na XII, no Mau Espírito, o pensamento e as ideias oprimem o feminino e criam uma discórdia na sua dádiva de beleza e bondade. O mal cinge o feminino e a igualdade pede a sua presença. O trígono entre a Deusa do Amor na XII e Saturno na IV, lançando, a partir das profundezas da terra, o jugo do tempo sobre a Vénus dignificada, que surge aqui como uma forma de repressão. A consciência dos direitos da mulher avança, por um lado, mas é reprimida por outro. A ameaça dos talibãs sobre a mulher e o feminino é disso exemplo. Ora esse sentido é reforçado pela quadratura de Vénus a Plutão em Capricórnio, na III, no Lugar da Deusa da Lua. O poder sobre o feminino afirma-se como domínio, submissão e abuso. A possibilidade de destruição, enquanto expressão física da ignorância, ganha uma força que obrigará a pensar a vida e a morte, o valor e a tradição. Essa é a mensagem que encontramos na posição relativa do Dragão da Lua.

            Vénus em Balança, na XII, une-se em trígono à Caput Draconis em Gémeos, na VIII, e em sextil à Cauda Draconis em Sagitário, na II. A harmonia da dádiva do feminino (Vénus), reprimida pelo lugar que ocupa (XII), pelo olhar opressivo da Necessidade (Saturno) e da Morte (Plutão), mas obrigada a expandir-se (trígono a Júpiter), une-se à sabedoria da palavra e à palavra da sabedoria. A proposta de futuro, a mensagem de eterno retorno, indicada até ao Natal pelo eixo nodal Sagitário-Gémeos do Dragão da Lua, sugere uma passagem, um caminho de sentido, que conduz a sabedoria à palavra, ao discurso e ao conhecimento.

            A nossa estrutura de pensamento, centrada na razão, no Logos, ignorou a sabedoria. Ora a Sabedoria, a deusa Sophia, é também o Eterno Feminino, o Espírito Santo. Porém, nesta Lua Cheia, com a Lua sob o horizonte, no Tártaro abismal, com Vénus sob o véu demoníaco de um Mau Espírito e o Sol reinando no alto cume, o feminino não só é temido como pode até ser rejeitado. Se a luz leonina aluminar o colectivo, então a Mãe Eterna deixará o seu santuário secreto e abençoará o mundo.                                         

sexta-feira, 23 de julho de 2021

Lua Cheia - Eixo Aquário/Leão: Reflexões Astrológicas

  Reflexões Astrológica

Lua Cheia


Lua Cheia: Eixo Aquário – Leão

Lisboa, 03h37min, 24/07/2021

 

Lua

Decanato: Vénus

Termos: Mercúrio

Monomoiria: Júpiter 

 

Sol

Decanato: Saturno

Termos: Júpiter

Monomoiria: Vénus  

 

            O eixo da Lua Cheia de Julho coloca a Lua acima do horizonte, no seu próprio segmento de luz, no Lugar de Deus (IX), no decanato de Vénus, termos de Mercúrio e monomoiria de Júpiter. Por seu lado, o Sol surge no Lugar da Deusa (III), abaixo do horizonte, fora do seu segmento de luz, no decanato de Saturno, termos de Júpiter e monomoiria de Vénus. Sendo por natureza a Lua Cheia um fenómeno astrológico axial, esse carácter estender-se-á e conjugar-se-á com outros eixos. Por um lado, a Lua Cheia ocorre no eixo Aquário-Leão, trazendo à representação a dicotomia, também ela axial, do individual e do colectivo, do pessoal e do social, por outro lado, essa dinâmica axial surge no eixo dos lugares de Deus e da Deusa, do Deus-Sol e da Deusa-Lua (IX-III). Ora o potencial axial coloca dois elementos, não numa verdadeira oposição, mas a olharem-se de frente, a retesarem entre si uma linha, um fio de Ariadne, que representa tanto uma tensão, própria da polaridade, como uma harmonia, um encontro ou união amorosa dos opostos – algo que só se concretiza ou se torna efectivo na Lua Nova ou numa qualquer conjugação.


            Com este carácter axial a Lua Cheia de Julho coloca a tensão na individualidade, no Sol que, na Noite Escura da Alma, perde a sua luz. A individualidade leonina terá de enfrentar a sombra, terá de olhar-se ao espelho e fitar a soma das suas vaidades. A presença de Marte no signo de Leão, mas já fora do alcance dos raios solares, vai frisar e exacerbar a inquietude radical desta dinâmica. No Lugar da Deusa, o Sol sente a orfandade do feminino e a perda da palavra. Pelo contrário, a Lua, no Lugar de Deus, irradiando, brilhando no seu segmento de luz, traz o feminino à espiritualidade, ao pensamento e, por estar em Aquário, ao humano e à construção contínua da humanidade.


            A Lua encontra-se, porém, junto a Saturno. Lembremo-nos de uma tradição antiga, que contraria a correspondência comum de Ptolomeu (Apotelesmática I, 6, 1), e que nos diz que Saturno é feminino. Essa é a tradição enunciada, primeiramente, por Doroteu de Sídon (século I EC), no seu Carmen Astrologicum (I, 10, 18-19), e que se encontra em harmonia com a doutrina do segmento de luz (αἵρεσις), sobretudo se considerarmos que existe um benéfico e um maléfico diurno (Júpiter e Saturno) e um benéfico e um maléfico nocturno (Vénus e Marte), sendo um masculino e outro feminino. Esta harmonia dos contrários só existe se Saturno for feminino. Como em todas as tradições, tende a existir uma fundamentação cultural, filosófica ou mitológica. Cronos derrota Úrano, castrando-o, com a ajuda de sua mãe, Gaia. É uma divindade que reúne, também na sua forma romana, fortes elementos telúricos e ctónicos, enraizando-se portanto na terra-mãe. Por outro lado, a sua companheira é Reia, a deusa-mãe que se associará a Cíbele. Ora esta deusa, Reia-Cíbele, a Mãe dos Deuses, é a mesma que Manílio coloca a reger o signo de Leão, juntamente com Júpiter (Astronomica II, 447). Existe portanto em Saturno uma subalternância de poder, uma certa submissão ao feminino, à Necessidade e às Meras - as verdadeiras deusas do tempo.


            A Lua conjunta a Saturno, no Lugar de Deus, associa o feminino ao tempo e à forma, pois se Júpiter concede a matéria, Saturno força a forma na matéria. Essa é a tensão da criação. Por estarem em Aquário e no Lugar de Deus, a Lua e Saturno, sobretudo se tivermos em conta que se opõem ao Sol e a Marte, vão impor sobre o colectivo, sobre a dimensão social que procura a revolução do humano, transformando-o e agregando-o numa verdadeira humanidade, uma necessidade de forma, de construção de uma consciência de si, integrada no tempo e no meio. A forma do colectivo, quando burilada com grande esforço pela individualidade, exige sempre um espírito de serviço e uma vontade desapegada. É preciso queimar no fogo da consciência a soma de todas as vaidades. Ora esse esforço vai encontrar necessariamente Úrano em Touro (quadratura), no Mau Espírito (κακός δαίμων), revelando que a sombra revoltada da Terra paira sobre o mundo. A natureza está cansada dos seus opressores e, como um animal ferido ou uma fêmea protegendo as suas crias, mostrará as suas garras e o seu ferrão.


            Paralelamente, temos Júpiter em conjugação quase exacta à Culminação (MC), despedindo-se - até voltar - do signo de Peixes. Ora no Ponto Subterrâneo, em posição diametral, temos Vénus, recém-chegada à constelação de Virgem. Os benéficos estendem-se, desta forma, da fundação ao cume. Por estar no seu próprio segmento de luz, embora abaixo do horizonte, Vénus é o benéfico cuja luz é mais intensa. No entanto, Júpiter, apesar de estar fora do seu segmento, acima do horizonte e retrógrado, colhe a luz de Vénus. A posição dos benéficos, neste plenilúnio, é como um feixe de luz, um raio fulgente que espalha o desejo (Vénus) de verdade (Júpiter), o Amor e a Justiça. Neste eixo zodiacal, os benéficos pedem que não se perca o serviço ao próximo, o acto desapegado de cuidar do corpo e da alma.


            Com os benéficos a olharem-se de frente, a luz que se une por distinção, e não por conjugação, não se limita a si própria, jorra como uma dádiva, um dom do céu. Vénus (IV) une-se diametralmente a Neptuno (X) e triangularmente a Úrano (XII) e a Plutão (VIII). Já Júpiter une-se por presença a Neptuno (X) e hexagonalmente a Úrano (XII) e a Plutão (VIII). Estas uniões apresentam também o modo como, neste momento, os planetas transpessoais se unem: Úrano em Touro em sextil a Neptuno em Peixes; Neptuno em sextil a Plutão em Capricórnio; e Plutão em trígono a Úrano. A tessitura ou a urdidura destas relações surgem como uma síntese dos nossos tempos e como uma proposta de futuro. Com os benéficos vigiando, concedendo a sua dádiva, a revolução da terra (Úrano em Touro), a compaixão como unicidade (Neptuno em Peixes) e o poder da morte (Plutão em Capricórnio) transformam a nossa realidade. Estas posições trazem consigo o dom da possibilidade. Não obrigam a mudança, mas estão lá, umas vezes discretas, sussurrando, outras vezes pujantes, clamando e gritando pelas transformações necessárias.


            Mercúrio em Caranguejo, no Lugar do Modo de Vida, do Viver, resume o valor da origem enquanto palavra, enquanto instrumento criador. A comunicação fixará na tradição, no passado, no valor da vida e da morte, a bênção do conhecimento. Esse potencial da palavra como origem é particularmente expressivo pelo facto de Mercúrio (II) se unir de forma benéfica a Vénus (sextil) e a Júpiter (trígono), mas também a Úrano (sextil) e a Neptuno (trígono). Com esta união, a palavra torna-se uma dádiva, um dom de transformação. Nesta posição, o valor do conhecimento trará consigo a alegria de um despertar, de um renascer. É como se encontrássemos um manuscrito perdido e ao lê-lo descobríssemos um novo mundo, um novo humano. A descoberta dos manuscritos de Nag Hammadi trouxe essa sensação. Esta é a origem como potencial de transformação. Porém, a potência da criação carrega consigo, como um desígnio inaugural, a potência da destruição. A morte é a sombra da vida. Com Mercúrio (II) em oposição a Plutão (VIII), a palavra como valor da vida encontrará a qualidade da morte, o seu poder. Plutão no Lugar da Morte é o deus Hades a subir à terra e a raptar Perséfone. É o lamento de Deméter, o Inverno e a destruição sobre o manto de Gaia, daí que seja o senhor de pestes e pandemias, de incêndios e secas, de vulcões e erupções.


            À semelhança daquilo a que assistimos na Lua Nova de Julho, a oposição de Marte a Saturno e a quadratura destes a Úrano continua a ser, por excelência, o principal elemento de tensão neste novilúnio. Porém, no novilúnio, este posicionamento recaía sobre os pólos, os pontos cardeais (κέντρα), mas agora situa-se em casas cadentes, o que naturalmente reduz a sua condição malévola. A acção destes planetas continuará todavia e os seus efeitos trarão tensão e destruição, externa e interna. No entanto, o corpo do Dragão estende-se sobre o horizonte, troando a importância da viagem da palavra à sabedoria e da sabedoria à palavra. Essa continua a ser uma mensagem para o futuro.

quarta-feira, 23 de junho de 2021

Lua Cheia - Eixo Capricórnio/Caranguejo: Reflexões Astrológicas

 Reflexões Astrológica


Lua Cheia


Lua Cheia: Eixo Capricórnio – Caranguejo

Lisboa, 19h40min, 24/06/2021

 

Lua

Decanato: Júpiter

Termos: Mercúrio

Monomoiria: Sol

 

Sol

Decanato: Vénus

Termos: Marte

Monomoiria: Marte  

 

            Depois de dois eclipses que colocaram sobre o mundo e o humano a aprendizagem do valor da luz e da sombra, da palavra e do silêncio, esta Lua Cheia vem acentuar, tal como é próprio da sua natureza, uma outra dicotomia: a relação entre a Graça da Origem (Caranguejo) e a Glória do Fim (Capricórnio). Ora este sentido axial, que não é uma verdadeira oposição, mas sim um olhar diametralmente de frente, está colocado sobre um outro, aquele que une a II e a VIII, o Modo de Vida e a Qualidade da Morte. O eixo do plenilúnio coloca, desta forma, a Lua sob o horizonte (II) e o Sol acima (VIII), a caminhar para o seu crepúsculo. Neste posicionamento que fixa em cada margem do rio da realidade a vida e a morte, a tradição e a ruína, os luminares não estão sós. Existe uma co-presença em cada um destes lugares. Com a Lua, está Plutão e Vénus está com o Sol. A Morte (Plutão) encontra a Alma (Lua) no seu próprio modo de vida (II), obrigando a tradição (II) a fazer renascer o poder do feminino (Lua em Capricórnio), e o Amor (Vénus) encontra a qualidade da morte (VIII) na luz da origem (Sol em Caranguejo), trazendo um sentido às ruínas.

            O significado que a luz encontra nesta Lua Cheia une-se necessariamente ao de dois outros eixos que junto a si se fixam. A linha do horizonte, que fixa o Horóscopo (Asc.) em Sagitário e o Poente (VI) em Gémeos, é cingida pelo Dragão da Lua que ocupa a mesma posição zodiacal. Esse é o caminho que projecta a Sabedoria (Sagitário) na Palavra (Gémeos), que permite e concede um sentido profundo ao conhecimento. A ciência evolui, a medicina também, a esperança média de vida aumenta, mas para onde caminhámos? A sabedoria torna-se assim uma dádiva de sentido e um meio para a transformação da palavra. É o poder do feminino (Lua em Capricórnio) que fixa o valor de um modo de vida (II) e a sabedoria torna-se o rosto dessa consagração.

            Os luminares, conjuntamente a Vénus e Plutão, lançam, neste plenilúnio, os seus raios para Júpiter, Úrano e Neptuno, com os quais estabelecem uma união harmoniosa (trígonos e sextis). Destas bênçãos, podemos colher a necessidade de se fundar, a partir das profundezas da realidade, um mundo de verdade e justiça (Júpiter em Peixes na IV, o Lugar Sob a Terra), de se revolucionar o valor do serviço à Terra e ao próximo, sobretudo quando as adversidades se adensam e a pandemia destrói o normal (Úrano em Touro na VI, a Má Fortuna), e, por fim, de se fazer da compaixão, do Amor de Deus a base primordial da nossa acção (Neptuno em Peixes, na IV). Essa harmonia luminosa é a promessa de transformação que a humanidade pode trazer a si ou não.

            Deve-se, no entanto, ter em consideração nesta Lua Cheia – tanto no período que a antecede como no que a sucede -, a apreensão da retrogradação planetária. Firma-se aqui o sentido de apreensão, pois este é um fenómeno aparente que não depende do objecto, do seu movimento real, mas sim da subjectividade do observador, da sua posição relativa. Esta apreensão não resulta, porém, de uma fixação valorativa, isto é, por ser aparente o seu valor não é melhor nem pior. O movimento de retrogradação, qualquer que seja o planeta, dá ao observador, seja ele individual ou colectivo, a sensação de recuo e o sentimento de retorno à origem, todavia, essa apreensão ganha um sentido mais profundo pelo carácter do astro envolvido. No passado dia 22, com a passagem de Mercúrio ao seu movimento directo, o silêncio da retrogradação volta a ser palavra, discurso activo. Já na retrogradação de Júpiter (dia 20) existe, em vez de uma expansão, um acercar-se, um cingir espacial da Verdade e da Justiça, daquilo que se constrói, ou seja, por estar retrógrado, Júpiter não perde a dádiva, o que muda é o sentido espacial. Júpiter junta-se a Saturno e Plutão e, no dia 25, juntar-se-á Neptuno. Saturno, nesta dinâmica retrógrada, passa a ser um tempo de retorno e de repetição. Plutão e Neptuno, pela distância que têm da Terra, perdem parcialmente o seu carácter colectivo e passam a ter uma acção interna mais expressiva, mas forçam também mundanamente as lições do passado e da história.

            Nesta Lua Cheia, as posições de Mercúrio e Marte são especialmente relevantes, dado que ladeiam o signo zodiacal onde o Sol se encontra. Mercúrio marca o seu lugar no Poente (VII), contudo, a sua posição fixa-se ainda acima do horizonte. Por estar à frente do Sol e para além dos seus raios, a mais de quinze graus, Mercúrio é uma Estrela da Manhã e o Mensageiro dos Deuses, o arauto do Logos. Essa posição é acentuada por estar em Gémeos, no seu domicílio diurno, antes do pôr-do-sol. Mercúrio une também os seus raios com Marte em Leão (IX, sextil), com Júpiter e Neptuno em Peixes (IV, quadratura) e com Saturno em Aquário (III, trígono). Neste caso, e seguindo as lições da Astrologia Antiga, encontramos uma maior tensão no sextil com Marte e no trígono com Saturno do que na quadratura com Júpiter e Neptuno, dado que a luz benéfica de Júpiter tende a minimizar os efeitos quadrangulares, demonstrando aqui a necessidade de procurar a Verdade e o Amor do Deus, bem como a ancestralidade da comunhão com o divino. A união com Marte e Saturno vai também nesse sentido, sobretudo pelo facto de Marte estar na Casa de Deus (IX) e Saturno na Casa da Deusa (III), embora nestes aspectos a dinâmica traduz a dificuldade de transmissão de uma mensagem, de pela palavra chegar ao outro. A individualidade não chega ao colectivo e a vaidade não se torna criação.

            Marte, na Casa de Deus (IX), expele, qual vulcão primordial em erupção, os seus raios, dando força à fé e violência à crença. Por estar em Leão, o Senhor da Guerra vai dar ânimo à individualidade da criação, ao potencial criativo, mas vai igualmente dar certeza à vaidade e engrandecer a ignorância. Ora, na Casa de Deus, Marte vai lançar e unir este olhar (oposição) com Saturno na Casa da Deusa (III). A misoginia e chauvinismo podem marcar, ainda mais, a religião e a espiritualidade, pois um guru com uma mulher bonita ao lado não é uma expressão do Eterno Feminino, nem o paternalismo de homens e mulheres em transformar o retorno da Grande Mãe num elencar superficial e repleto de lugares-comuns de informações históricas acerca do feminino. O olhar de Saturno, desde a Casa da Deusa e do Signo do Humano (Aquário), fere a lição do tempo e da história, anunciando o Eterno Retorno (retrogradação de Saturno), a Idade do Espírito Santo, da Pomba do Feminino.

            A união dos maléficos encontra a sua síntese, o seu meio-termo, na quadratura que ambos estabelecem com Úrano em Touro (VI, a Má Fortuna). Esta é uma posição que fere e rasga a realidade por nós percepcionada. A Força (Marte), o Tempo (Saturno) e a Revolução (Úrano) desferem golpes disruptivos. No entanto, onde existe tensão e destruição, existe também a glória e a graça da dádiva divina. Júpiter em Peixes lança os seus raios benévolos para Úrano em Touro e Plutão em Capricórnio (sextis). É preciso colher a efemeridade da morte e encontrar o valor nas ruínas, aceitando o vendaval do Anjo da História. O Amor de Deus não muda, permanece na sua fortificação, na câmara secreta do coração, o lugar da luz divina.

            Neste plenilúnio, será preciso encontrar o caminho, equilibrando-se na corda que se alonga sobre a realidade, e fundar esse caminho entre a Glória do Fim (Capricórnio) e Graça da Origem (Caranguejo), pois quem olha, entusiasmado, para o fim fita necessariamente a origem. Em todas as luas cheias, é preciso saber receber os dons da harmonia dos contrários.             


terça-feira, 25 de maio de 2021

Eclipse Lunar Total - Eixo Sagitário-Gémeos: Reflexões Astrológicas

 Reflexões Astrológica

Eclipse Lunar



Eclipse Lunar Total

Eixo Sagitário-Gémeos

(Lua Cheia)


Lua
Decanato: Mercúrio
Termos: Júpiter
Monomoiria: Lua

Sol
Decanato: Júpiter
Termos: Mercúrio
Monomoiria: Lua


O primeiro eclipse de 2021 é um Eclipse Lunar Total, o último eclipse lunar do eixo nodal Gémeos-Sagitário e o último eclipse total da série Saros 121. Este é quiçá o primeiro aspecto que se deve ter em consideração na análise deste eclipse. As séries Saros, a par dos ciclos metónicos, representando estes uma continuidade dos primeiros, são os dois maiores contributos da Antiguidade para a análise cíclica dos eclipses. As séries Saros têm origem babilónica e apresentam cada uma cerca de 70 eclipses que ocorrem a cada 18 anos, começando por serem parciais e à medida que se aproximam do Equador passam a totais, para voltarem depois a parciais. Ora a série Saros 121 iniciou-se a 6 de Outubro de 1047. Três dias depois morreu o Papa Clemente II e Bento IX, que já havia sido papa em dois momentos anteriores, reassume o poder. Este foi o papa que excomungou o Patriarca de Constantinopla que, por sua vez, excomungou Bento IX, tendo-se criado assim as condições para o Grande Cisma.

Se elaborarmos o tema deste eclipse, que ocorreu em Carneiro, e Ptolomeu diz-nos que este rege a Germânia, ora Clemente II era germânico e tinha relações estreitas e preferenciais com o Sacro-Império, compreendemos então que quer a morte e a mudança do poder papal, quer os indícios do Cisma são astrologicamente evidentes (e.g. o regente do Asc. poente e em conjugação com Marte; e Plutão em conjugação com MC). Naturalmente, o tema deverá ser colocado em Roma. A localização nos temas astrológicos mundanos - sejam lunações, eclipses ou outros - tem, por um lado, um valor de ὁμφαλός, de umbigo do mundo, de lugar electivo, e, por outro, do potencial indicado pela expressão urbi et orbi, ou seja, o valor que se encontra, por exemplo, em Lisboa estende-se, enquanto lugar electivo, ao resto do mundo. A parte infere o todo e o tempo e o espaço fixam assim o sentido.

Embora a tradição nos diga que o primeiro eclipse de uma série Saros nos dá alguns indicadores de toda a série, o primeiro eclipse total tende a reforçar e aumentar esses indicadores. Na série Saros 121, o primeiro eclipse total foi a 13 de Julho de 1516. Ora a 24 de Agosto de 1516, dá-se a Batalha de Marj Dabiq, na qual os Otomanos, chefiados pelo Selim I, derrotam os Mamelucos e ganham o controlo do Egipto, da Arábia e do Levante. Se fizermos o tema do eclipse para Alepo, dado que Dabiq ficava próximo, compreendemos a importância do eclipse e da série Saros em que se insere para um conjunto de mudanças políticas e civilizacionais que ainda hoje se sentem. O eclipse ocorre em Capricórnio que, segundo Heféstion de Tebas, rege, entre outros, parte do Egipto, a Síria e a Cária. Por exemplo, o Horóscopo (Asc.) em Carneiro, conjunto a Marte, é um forte indicador de uma guerra iminente e, já no primeiro grau de Leão, a conjunção do Sol a Júpiter sugere também uma nova ordem, um novo poder.

No Eclipse de 26 de Maio, que ocorre em Sagitário, o Horóscopo recai em Leão, isto para Lisboa, o lugar a partir do qual se está a olhar o mundo. Entre outros, Sagitário rege, segundo Ptolomeu, a Espanha e a Arabia Felix (Iémen e Omã), já segundo Hiparco, também a Sicília e, segundo Odapso, ainda a Mesopotâmia (Médio Oriente), o Mar Vermelho, a Síria, o Egipto e Cartago (Norte de África). Por seu lado, Leão rege, segundo Vétio Valente, a Gália (França), o Proponto (Turquia, Mar de Mármara), a Galácia (Turquia, Ancara), a Trácia (Grécia, Macedónia, Bulgária e Turquia Europeia), a Fenícia (Palestina, Israel e Líbano), a Líbia, a Frígia (Turquia), a Síria e Pessino (Turquia). Como é facilmente compreensível pelos lugares enunciados, estas são regiões de conflitos e tensões nos nossos dias, sejam pela guerra como no caso da Síria, da Palestina e de Israel e do Iémen, sejam pela crise dos migrantes e dos direitos humanos como nos casos da Síria, da Turquia, da Grécia, do Norte de África, de Itália, de França e agora de Espanha (Ceuta). A Humanidade para subsistir terá de olhar para o Humano, não com um conjunto de lugares comuns pseudo-espirituais, reproduzidos vezes conta, mas sim com um pensamento estruturado e um intelecto agente que dê um sentido profundo à vontade e à acção. Enquanto persistir a ideia de que existem humanos de primeira e humanos de segunda e que existe um direito natural de uns a uma determinada terra ou lugar, a Humanidade como princípio e realidade agregadora está condenada.

A tradição astrológica diz-nos que os eclipses têm uma maior intensidade quando ocorrem acima do horizonte, excepto o caso de se darem no Lugar do Sob a Terra (IV), o que não é o caso do nosso eclipse de 26 de Maio. Porém, fixa-se na V, na Boa Fortuna (ἀγαθή τύχη), o que lhe confere um poder criativo potencial, mas não ainda efectivo. Esse princípio é confirmado pelo facto do seu regente, Júpiter, se encontrar no Lugar da Morte, na VIII, todavia, está em Peixes. A partilha de Sagitário e Peixes da regência de Júpiter aponta aqui para um caminho. Se Sagitário indica a Sabedoria e Peixes a Fé, podemos construir como ponte para futuro, essa proposta humana de conciliar a Sabedoria e a Fé. A Deusa Pistis-Sophia (Fé-Sabedoria) expande, de acordo com o poder de Júpiter, o seu potencial criador e renovador. Note-se, por exemplo, que a Lua está nos termos de Júpiter e o Sol no decanato de Júpiter. Deve-se também ter em consideração o facto do último eclipse da série Saros 121 ocorrer em Peixes, a 18 de Março de 2508. Existe aqui uma anunciação das forças benéficas e expansivas (Júpiter) da Deusa Pistis-Sophia (Peixes-Sagitário). Esta é proclamação da Idade do Espírito Santo, do regresso do Eterno Feminino.

O Dragão da Lua continua a marcar, até ao fim do actual ciclo no eixo Gémeos-Sagitário, uma mensagem que está em harmonia com a anunciação da Deusa Pistis-Sophia. A sabedoria da palavra (Sagitário-Gémeos) e a palavra da sabedoria (Gémeos-Sagitário) cingem o caminho de revelação que culminará no Eclipse Solar Total de 4 de Dezembro deste ano, ou seja, a partir da sabedoria a palavra transformará o humano. Esta ideia é também particularmente expressiva neste Eclipse Lunar de 26 Maio. A luz concentra a sua emanação na XI, no Lugar do Bom Espírito (ἁγαθόν δαίμων). Em Gémeos, o Sol, a Caput Draconis, Vénus e Mercúrio brilham em conjunto. Note-se que Vénus e Mercúrio estão para além dos raios fulgentes do Sol (+15º), fugindo da combustão e brilhando como Estrelas da Manhã, candeias da palavra, do intelecto e do amor à sabedoria. Porém, a necessidade de uma palavra que transforme colide aqui com Júpiter em Peixes (quadratura), ou seja, a palavra deixa-se corromper pela ilusão e pela intolerância e torna-se uma via para o racismo, para a xenofobia, para a misoginia, para o negacionismo, para populismo e para o totalitarismo. A palavra (Gémeos) rejeita a dádiva e a fé (Júpiter em Peixes) e também a compaixão e o amor universal (Neptuno em Peixes) e, por outro lado, não acolhe a sabedoria como finalidade (Sagitário), nem eleva a alma até à consciência de si (Lua). A quadratura de Júpiter - e de Neptuno- aos luminares não representa aqui uma tensão ou conflito, mas sim uma dúvida quanto a efectivação de uma possibilidade.

Se Júpiter e Neptuno mostram que a luz da palavra e da sabedoria pode, por rejeição, afastar-se da fé e da dádiva, da compaixão e do amor universal, Saturno Retrógrado, a partir do Poente (VII), partilha tanto a necessidade de reestruturação social, trazendo a igualdade onde existe desigualdade e injustiça, e de pensamento crítico como a lição do tempo, do eterno retorno (trígono ao Sol, Mercúrio e Vénus, sextil à Lua). Por estar junto ao Poente, já abaixo da linha do horizonte, o Velho Cronos fala-nos do fim de uma era, de um tempo que se eclipsa e, por estar em Aquário, de um humano que terá de morrer para inauguralmente renascer. O novo humano, como o antigo herói, terá de descer ao submundo para emergir renovado. Essa descida aos infernos é expressa também pelo medo do feminino. Marte em Caranguejo, na XII, no Mau Espírito (κακός δαίμων), em oposição a Plutão na VI, na Má Fortuna (κάκη τύχη), colocam o humano no abismo da sua sombra em frente de Perséfone, a Senhora do Submundo. Devemos lembrar-nos que a maioria das representações astrológicas estão exageradamente masculinizadas, assim quando, por exemplo, olhamos para Plutão devemos ver tanto Hades como Perséfone. O medo do feminino, expresso por Marte em Caranguejo, tem como contraponto a relação benéfica com Júpiter e Neptuno em Peixes (trígono) e com Úrano (sextil). Este é o Rei Pescador, o homem ferido, que guarda o Graal, representado pela vesica piscis. Desta forma, vencido o medo e chegados ao castelo do Graal, a deusa tenebrosa torna-se benevolente.

Por outro lado, Úrano em Touro surge na X, junto à Culminação (MC), trazendo uma vez mais a mensagem da revolução da terra. As manifestações climáticas serão mais frequentes - e também necessariamente mais radicais (sextil a Plutão em Capricórnio) - e uma parte dos jovens vão mostrar cada mais como a passividade das gerações anteriores, com o seu aburguesamento consumista, supérfluo e politicamente engajado, condenou o planeta. A utopia, que, nos últimos anos, muitos teimaram em condenar, renascerá com um propósito simples, mas determinado: salvar o planeta terra (sextil de Úrano a Júpiter e a Neptuno). Naturalmente, como noutros tempos, as ideias terão de cerrar fileiras e, se uns se colocam do lado da igualdade, promovendo uma sociedade mais justa, outros vão vender a divisão como garantia de um destino providencial (Saturno em quadratura com Úrano). De uma forma ou de outra, o desejo de mudança colide com a cristalização das estruturas de poder e o futuro ou trará uma sociedade melhor, ou a aurora dos novos totalitarismos. E a pandemia pode tornar-se uma lição e ser uma luz no caminho, avaliando-se o que está mal e quebrando as teias da desigualdade, ou a vontade de voltar a esse normal perdido pode imperar, agudizando-se assim as assimetrias sociais. Um tempo de crise profunda pode, porém, renovar a fé na humanidade e trazer, pelo menos a alguns, um processo de transformação (Plutão em sextil a Júpiter e Neptuno).

Este Eclipse Lunar vai tornar evidente a realidade última da interpretação astrológica é que, na verdade, tudo é luz e sombra. Ler o céu é simplesmente colher a luz certa, fitando a sua própria sombra.