quinta-feira, 28 de outubro de 2021
sexta-feira, 1 de outubro de 2021
sexta-feira, 3 de setembro de 2021
sábado, 21 de agosto de 2021
Lua Cheia - Eixo Aquário/Leão: Reflexões Astrológicas
Reflexões Astrológica
Lisboa,
13h02min, 22/08/2021
Lua
Decanato:
Lua
Termos:
Saturno
Monomoiria:
Júpiter
Sol
Decanato:
Marte
Termos:
Marte
Monomoiria:
Vénus
O eixo da Lua Cheia de Agosto coloca
a Lua sob o horizonte, fora do seu segmento de luz, no Lugar sob a Terra (IV),
no decanato da Lua, termos de Saturno e monomoiria
de Júpiter. Por seu lado, o Sol surge no Lugar de Culminação (X), acima do
horizonte, no seu próprio segmento de luz, no decanato de Marte, termos de
Marte e monomoiria de Vénus. Neste
plenilúnio, é impossível não assinalar o facto de este marcar o fim de um ciclo
iniciado na Lua de Cheia de Julho: a primeira no signo de Leão. Ora a 24 de
Julho a Lua estava no segundo grau de Aquário e o Sol no segundo de Leão e
agora, nesta Lua de Cheia de Agosto, encontram-se no grau trigésimo grau,
percorrendo-se assim quase um signo. O sentido deste ciclo continuará, porém,
até Lua Nova de Setembro, mas desta vez e progressivamente o simbolismo da
colheita e do serviço ganhará a sua gravidade.
Este ciclo foi mediado pela Lua Nova
de Agosto no décimo sétimo grau de Leão. Mais do que em qualquer outro período
do ano este ciclo marca a relação entre a individualidade (Leão) e a humanidade
(Aquário), ou seja, o humano terá de encontrar o lugar entre a consciência de
si, a chama pura do intelecto, e a consciência social e colectiva. A
necessidade de se encontrar um equilíbrio entre a criação individual e a partilha
colectiva é imperiosa. Veja-se, por exemplo, o desequilíbrio mundial no processo
de vacinação, entre países ricos e pobres, ou a forma como cada país responde
aos desastres naturais, à intolerância, à misoginia, ao racismo e à guerra. A
consciência de si terá de quebrar colectivamente a soma de todas as vaidades,
pois só onde existir solidariedade, a humanidade persistirá.
Um outro elemento de análise deste
ciclo, oferecido como uma pequena pista - a última das dignidades astrológicas
-, é a monomoiria. Segundo a lição de
Paulo de Alexandria (Introdução, cap.
5), ficamos a saber que tanto a Lua Cheia de Julho como a de Agosto ocorrem nas
mesmas monomoirias, isto é, a Lua
encontra-se na monomoiria de Júpiter e o Sol na de Vénus. O feminino e o
masculino alternam assim as suas dádivas. E a mediar estas bênçãos encontra-se,
na Lua Nova de Agosto, a monomoiria
de Mercúrio. Hermes Trismegisto indica o caminho do Pai e o da Mãe, o da
Vontade e o da Sabedoria, dizendo que são um e o mesmo. Por outro lado, calculados
os eventos lunares para Lisboa, no tema da Lua Nova e da Lua Cheia de Agosto,
Escorpião marca a hora, colocando assim o novilúnio e o plenilúnio junto ao
eixo polar vertical. A segunda parte do ciclo estabelece, deste modo, uma
relação entre a Morte (Escorpião), a Criação (Leão) e a Humanidade (Aquário).
Nesta segunda fase do ciclo, a morte e a extinção será necessariamente uma
ameaça à vaidade, pois o eu quando voltado apenas para si, criando apenas
simulacros de si próprio, extingue-se com a morte, com a sua própria destruição.
Com o eixo do plenilúnio sobre o de
culminação, a ideia de cume e de acção efectiva recai sobre o Sol que expande a
expressão leonina de criação e recebe a dádiva dos benéficos: de Vénus em
Balança (sextil), a partir da XII, do Mau Espírito (κακός δαίμων), e de Júpiter
em Aquário (oposição), junto da Lua, a partir da IV, do Lugar sob a Terra (ὑπόγειον).
Ora os benéficos, unidos triangularmente entre si, trazem consigo os dons do
bem, da beleza e da justiça, porém também a dádiva ocorre segundo a necessidade
e a presença de Saturno, junto à Lua e a Júpiter, é a lembrança dessa lei
divina. Ora esta relação entre a luz, a dádiva e a necessidade produz, se
tivermos também em consideração a posição de Úrano em Touro na VII, muitas das
transformações que temos assistido nos últimos dias ou semanas. A resposta da
Terra à agressão humana e o modo como em humanidade reage são expressos por
muitas destas posições.
Já em contraste com a ponte que
separa as margens do narcisismo e da genialidade leonina, estão Mercúrio e
Marte em Virgem, na XI, no Bom Espírito (ἀγαθόν δαίμων) e, olhando-os
de frente, está Neptuno em Peixes, na V, no Boa Fortuna (ἀγαθή τύχη). No eixo dos lugares
benéficos de Vénus (a V) e Júpiter (a XI), a força da palavra, que poderá
estender-se da opressão e da desinformação até à transformação radical pelo
espírito do serviço colectivo ao próximo, recebe a compaixão e o amor universal
como a face da verdadeira fortuna ou colhe a ilusão e constrói, sob uma mente
tolhida pela ignorância, o negacionismo e o populismo. De facto, estando Marte
fora do seu segmento de luz, o seu brilho espalhará uma energia maléfica que,
pela proximidade, corromperá primeiramente a palavra e o pensamento (Mercúrio)
e, por estar na XI, conduzirá, por força da necessidade, à intolerância e ao
extremismo, às propostas colectivas disruptivas.
Nesta Lua Cheia, o Sol em Leão terá
de se esforçar por fazer da criação uma dádiva e ser um arauto da luz, caso
contrário, o perigo do egocentrismo, pessoal e social, poderá tornar a luz num
incêndio. Contudo, a posição, aparentemente maligna, de Marte conjunto a
Mercúrio é equilibrada, forçada a uma harmonia, pelo trígono destes a Úrano em
Touro, na VI, e a Plutão em Capricórnio, na III. Esta ligação coloca em destaque
a Revolução da Terra, o Poder da Morte e a Força da Palavra, unindo-se num
sentido que expressa, por exemplo, o relatório do Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas que, face às suas conclusões, terá de ser discutido
na próxima Assembleia Geral das Nações Unidas que vai começar a 14 de Setembro.
Desta forma, este trígono dos signos
de Terra é um sinal no caminho que se funde com o sextil de Úrano e Plutão a
Neptuno em Peixes. A percepção de que o planeta Terra é um organismo vivo - o
corpo da Deusa Mãe - será no tempo em que vivemos uma realidade indiscutível,
sobretudo por força de uma causalidade natural que traz, como reacção, a
resposta da Mãe Terra à agressão humana. Colhemos assim o fruto das nossas
acções.
Com Vénus em Balança, na XII, no Mau
Espírito, o pensamento e as ideias oprimem o feminino e criam uma discórdia na
sua dádiva de beleza e bondade. O mal cinge o feminino e a igualdade pede a sua
presença. O trígono entre a Deusa do Amor na XII e Saturno na IV, lançando, a
partir das profundezas da terra, o jugo do tempo sobre a Vénus dignificada, que
surge aqui como uma forma de repressão. A consciência dos direitos da mulher
avança, por um lado, mas é reprimida por outro. A ameaça dos talibãs sobre a
mulher e o feminino é disso exemplo. Ora esse sentido é reforçado pela
quadratura de Vénus a Plutão em Capricórnio, na III, no Lugar da Deusa da Lua.
O poder sobre o feminino afirma-se como domínio, submissão e abuso. A
possibilidade de destruição, enquanto expressão física da ignorância, ganha uma
força que obrigará a pensar a vida e a morte, o valor e a tradição. Essa é a
mensagem que encontramos na posição relativa do Dragão da Lua.
Vénus em Balança, na XII, une-se em
trígono à Caput Draconis em Gémeos,
na VIII, e em sextil à Cauda Draconis
em Sagitário, na II. A harmonia da dádiva do feminino (Vénus), reprimida pelo
lugar que ocupa (XII), pelo olhar opressivo da Necessidade (Saturno) e da Morte
(Plutão), mas obrigada a expandir-se (trígono a Júpiter), une-se à sabedoria da
palavra e à palavra da sabedoria. A proposta de futuro, a mensagem de eterno
retorno, indicada até ao Natal pelo eixo nodal Sagitário-Gémeos do Dragão da
Lua, sugere uma passagem, um caminho de sentido, que conduz a sabedoria à
palavra, ao discurso e ao conhecimento.
A nossa estrutura de pensamento, centrada na razão, no Logos, ignorou a sabedoria. Ora a Sabedoria, a deusa Sophia, é também o Eterno Feminino, o Espírito Santo. Porém, nesta Lua Cheia, com a Lua sob o horizonte, no Tártaro abismal, com Vénus sob o véu demoníaco de um Mau Espírito e o Sol reinando no alto cume, o feminino não só é temido como pode até ser rejeitado. Se a luz leonina aluminar o colectivo, então a Mãe Eterna deixará o seu santuário secreto e abençoará o mundo.
sábado, 7 de agosto de 2021
Lua Nova em Leão: Reflexões Astrológicas
Reflexões Astrológicas
Lua
Nova em Leão
Lisboa,
14h50min, 08/08/2021
Sol-Lua
Decanato:
Júpiter
Termos:
Saturno
Monomoiria:
Mercúrio
A Lua Nova de Agosto ocorre no signo de Leão, de dia e
acima do horizonte, no Lugar da Práxis (X), no decanato de Júpiter, termos de
Saturno e monomoiria de Mercúrio.
Estando a Lua fora do seu Segmento de Luz e com as posições acima descritas, a
afirmação do masculino e do carácter solar torna-se evidente. Mercúrio vai
acentuar igualmente a expressão masculina desta sizígia, pois encontra-se sob
os raios do Sol e numa posição anterior, também ela masculina. Junto ao Ponto
de Culminação (MC), na XI, o Bom Espírito (ἀγαθόν δαίμων), Marte em
Virgem assume-se como o astro que brilha mais alto no céu.
O carácter masculino e solar apresenta-se portanto como o
principal elemento de significação. O intelecto agente expande a sua luz
criadora de uma forma que pode, se essa for a vontade, transformar o mundo e o
humano. Esta luz vibrante pede que se procure o lugar secreto onde o divino
habita em nós. Lembremo-nos, por exemplo, do Evangelho de Maria Madalena quando diz: “onde está o Intelecto, ali está o tesouro” (10). No entanto, o
caminho para se alcançar esse tesouro surge como um enigma. É a esfinge que
desafia o peregrino e, perante a inquirição da vida e da morte, é exigida uma
revelação.
A luz de Agosto arde na individualidade, consome o
narcisismo e o egocentrismo e alumia a consciência de si, a chama pulsante do intelecto,
do numinoso em nós. No entanto, olhando de frente, opondo-se em retrogradação,
o Espaço e o Tempo, a Verdade e a Necessidade, Júpiter e Saturno enfrentam os
luminares e também Mercúrio. Aquilo que brilha em nós pode, porém, não chegar
ao outro, pode não ser reconhecido. Em Aquário, a construção do Novo Humano e
da Humanidade traz sobre si, como se a si retornasse, o espírito do bloqueio e
a impotência da realização, ou seja, o espírito agregador de um colectivo
aquariano não nasce, nem floresce, pedindo espera e reflexão.
Existe, nesta posição, uma necessidade imperiosa e social
de pensar o valor da humanidade, da solidariedade como matriz do colectivo. No Lugar
sob a Terra (IV), Júpiter e Saturno ocultam nas profundezas da terra a sombra
do feminino, o elemento que neste novilúnio sente a sua expressão diminuída,
pois Júpiter encontra-se nos termos de Saturno e no decanato da Lua e Saturno
nos termos e decanato de Vénus. Na fundação, na base da realidade, o Humano
fita a luz e o cume, reconhecendo o caminho da luz.
Apesar de estar sob o horizonte, Júpiter é o benéfico que
reverbera a luz da dádiva, intensificando a mensagem de Mercúrio e dos
luminares. O elemento criativo, a genialidade, o que transcende o comum
firma-se como potencial e expressa-se como luz do amanhã. O colectivo, o
social, não conseguindo fazer nascer em si essa luz, terá de colher na excepção
do individual essa potência de criação. Sob o véu do outro, Úrano em Touro, na VII,
em quadratura aos luminares e a Mercúrio (X) e a Júpiter e Saturno (IV) força o
conflito entre a liberdade e a tradição e demonstra a dificuldade da luz da
individualidade chegar ao outro. No entanto, é aí que reside o esforço e a
possibilidade de se alcançar um verdadeiro espírito de humanidade, onde o génio
de cada individualidade se toque e crie, agregando um colectivo que una os
seres humanos em solidariedade e compaixão, mas também em sintonia com o
espírito da terra, com a mãe Gaia.
Entre o conhecimento da vida e conhecimento da morte,
entre a II e a VIII, o corpo do Dragão da Lua estende a sua mensagem ao
transportar a sabedoria (Sagitário) na palavra (Gémeos), ao infundir a
sabedoria nesse conhecimento da vida e da morte. Ora a importância dessa
mensagem é enfatizada pelos aspectos benéficos (trígonos e sextis) da sizígia
dos luminares, de Mercúrio, de Júpiter e Saturno. Pelo contrário, Vénus e
Marte, e também Neptuno, formam quadraturas com o Dragão da Lua, mostrando que
a harmonia dos contrários pode não ser acolhida por aqueles que recebem – ou
rejeitam - a sabedoria na palavra, no conhecimento.
Sabendo nós que o masculino tem regido os paradigmas
humanos da maioria dos séculos que a história grafa, mesmo que de forma deturpada,
o problema reside em aceitar o feminino como origem e sede da sabedoria. A
tensão de Neptuno aponta também para esse problema, para a dificuldade de se
compreender que a compaixão e o amor universal são também eles meios para a
sabedoria se expressar e a ilusão é teimar na negação dessa evidência. O
paternalismo e o chauvinismo que persiste nos nossos tempos – mesmos no seio
das espiritualidades – terão sempre dificuldade em acolher o Divino Feminino. O
medo do feminino torna-se assim um obstáculo no caminho.
O encontro de Vénus e Marte no signo de Virgem, estando
ambos fora do seu Segmento de Luz, vem reforçar a necessidade de se acolher a
harmonia dos contrários. Porém, a forma como os opostos são integrados tende, face
à fragilidade humana, a abarcar o seu aspecto de conflito, de guerra permanente,
o πόλεμος de Heraclito (frag, 53
Diels). A influência desta conjunção no signo de Mercúrio e no Bom Espírito
(XI) intensifica uma dimensão racional e traz ao plano das ideias um espírito
combativo, mas também estético. Por outro lado, a força e o desejo podem fazer
também com que a intolerância e a intransigência ideológica sejam potenciadas,
o que é expresso também pela oposição a Neptuno em Peixes (V). Firma-se a
ilusão e desvanece a empatia.
A relação benigna (trígono) de Vénus e Marte em Virgem
(XI) com Úrano em Touro (VII) e Plutão em Capricórnio (III) frisa a importância
de se alcançar um equilíbrio ecológico e sustentável. Esse é o desafio dos
nossos tempos. No entanto, Marte trará o conflito a esse processo, mostrando
como os seres humanos são tão relutantes em mudar os seus hábitos. Não se salva
o planeta com algumas mudanças alimentares e apanhando algum plástico para a
fotografia. Existe uma exigência mais profunda que obriga a mudanças radicais,
sobretudo ao nível dos transportes, do comércio e dos recursos. Não sendo Vénus
o benéfico mais favorecido, pois encontra-se fora do seu segmento de luz, e
estando Marte pela mesma razão exacerbando o seu carácter de maléfico, este é
um tema que firmará intensas discussões e obrigará a um marcar, por vezes
extremado, de posições.
Por outro lado, concedendo a dádiva e unidos em trígono e
sextis, Úrano em Touro, Neptuno em Peixes e Plutão em Capricórnio continuam a
transformar a nossa realidade. Essa união da revolução da terra, da compaixão
como unicidade e do poder da morte, nos lugares da Deusa, da Boa Fortuna e do
Poente, transporta o nascer de uma nova era. O Eterno Feminino, o regresso da
Grande Mãe marca aqui um caminho, uma senda de possibilidade. O dom do aspecto
feminino do Divino pede uma integração, que não obriga, mas leva
necessariamente a uma aceitação, a uma transformação da realidade. É preciso
ver a sabedoria que a maioria não vê e nega.
Com
Escorpião a marcar a hora e os luminares em Leão, a intensidade marcará o
novilúnio, trazendo a luz e a sombra, a vaidade e a morte. O caminho que é de tensão
entre o abismo e o cume, entre a terra e o céu exige que génio em cada um brilhe
como nunca, mas, sob a sombra dos nossos demónios, teremos, por força e necessidade,
de vencer esse medo do feminino. A Idade do Espírito Santo é a luz do Eterno Feminino.
quarta-feira, 28 de julho de 2021
sexta-feira, 23 de julho de 2021
Lua Cheia - Eixo Aquário/Leão: Reflexões Astrológicas
Reflexões Astrológica
Lisboa,
03h37min, 24/07/2021
Lua
Decanato:
Vénus
Termos:
Mercúrio
Monomoiria:
Júpiter
Sol
Decanato:
Saturno
Termos:
Júpiter
Monomoiria:
Vénus
O eixo da Lua Cheia de Julho coloca a Lua acima do
horizonte, no seu próprio segmento de luz, no Lugar de Deus (IX), no decanato
de Vénus, termos de Mercúrio e monomoiria
de Júpiter. Por seu lado, o Sol surge no Lugar da Deusa (III), abaixo do
horizonte, fora do seu segmento de luz, no decanato de Saturno, termos de
Júpiter e monomoiria de Vénus. Sendo
por natureza a Lua Cheia um fenómeno astrológico axial, esse carácter
estender-se-á e conjugar-se-á com outros eixos. Por um lado, a Lua Cheia ocorre
no eixo Aquário-Leão, trazendo à representação a dicotomia, também ela axial,
do individual e do colectivo, do pessoal e do social, por outro lado, essa
dinâmica axial surge no eixo dos lugares de Deus e da Deusa, do Deus-Sol e da
Deusa-Lua (IX-III). Ora o potencial axial coloca dois elementos, não numa
verdadeira oposição, mas a olharem-se de frente, a retesarem entre si uma linha,
um fio de Ariadne, que representa tanto uma tensão, própria da polaridade, como
uma harmonia, um encontro ou união amorosa dos opostos – algo que só se
concretiza ou se torna efectivo na Lua Nova ou numa qualquer conjugação.
Com este carácter axial a Lua Cheia de Julho coloca a
tensão na individualidade, no Sol que, na Noite Escura da Alma, perde a sua
luz. A individualidade leonina terá de enfrentar a sombra, terá de olhar-se ao
espelho e fitar a soma das suas vaidades. A presença de Marte no signo de Leão,
mas já fora do alcance dos raios solares, vai frisar e exacerbar a inquietude
radical desta dinâmica. No Lugar da Deusa, o Sol sente a orfandade do feminino
e a perda da palavra. Pelo contrário, a Lua, no Lugar de Deus, irradiando,
brilhando no seu segmento de luz, traz o feminino à espiritualidade, ao pensamento
e, por estar em Aquário, ao humano e à construção contínua da humanidade.
A Lua encontra-se, porém, junto a Saturno. Lembremo-nos
de uma tradição antiga, que contraria a correspondência comum de Ptolomeu (Apotelesmática I, 6, 1), e que nos diz
que Saturno é feminino. Essa é a tradição enunciada, primeiramente, por Doroteu
de Sídon (século I EC), no seu Carmen
Astrologicum (I, 10, 18-19), e que se encontra em harmonia com a doutrina
do segmento de luz (αἵρεσις), sobretudo se considerarmos que
existe um benéfico e um maléfico diurno (Júpiter e Saturno) e um benéfico e um
maléfico nocturno (Vénus e Marte), sendo um masculino e outro feminino. Esta
harmonia dos contrários só existe se Saturno for feminino. Como em todas as
tradições, tende a existir uma fundamentação cultural, filosófica ou
mitológica. Cronos derrota Úrano, castrando-o, com a ajuda de sua mãe, Gaia. É
uma divindade que reúne, também na sua forma romana, fortes elementos telúricos
e ctónicos, enraizando-se portanto na terra-mãe. Por outro lado, a sua
companheira é Reia, a deusa-mãe que se associará a Cíbele. Ora esta deusa,
Reia-Cíbele, a Mãe dos Deuses, é a mesma que Manílio coloca a reger o signo de
Leão, juntamente com Júpiter (Astronomica
II, 447). Existe portanto em Saturno uma subalternância de poder, uma certa
submissão ao feminino, à Necessidade e às Meras - as verdadeiras deusas do
tempo.
A Lua conjunta a Saturno, no Lugar de Deus, associa o
feminino ao tempo e à forma, pois se Júpiter concede a matéria, Saturno força a
forma na matéria. Essa é a tensão da criação. Por estarem em Aquário e no Lugar
de Deus, a Lua e Saturno, sobretudo se tivermos em conta que se opõem ao Sol e
a Marte, vão impor sobre o colectivo, sobre a dimensão social que procura a
revolução do humano, transformando-o e agregando-o numa verdadeira humanidade,
uma necessidade de forma, de construção de uma consciência de si, integrada no
tempo e no meio. A forma do colectivo, quando burilada com grande esforço pela
individualidade, exige sempre um espírito de serviço e uma vontade desapegada.
É preciso queimar no fogo da consciência a soma de todas as vaidades. Ora esse
esforço vai encontrar necessariamente Úrano em Touro (quadratura), no Mau
Espírito (κακός δαίμων), revelando que a sombra revoltada
da Terra paira sobre o mundo. A natureza está cansada dos seus opressores e,
como um animal ferido ou uma fêmea protegendo as suas crias, mostrará as suas
garras e o seu ferrão.
Paralelamente, temos Júpiter em conjugação quase exacta à
Culminação (MC), despedindo-se - até voltar - do signo de Peixes. Ora no Ponto
Subterrâneo, em posição diametral, temos Vénus, recém-chegada à constelação de
Virgem. Os benéficos estendem-se, desta forma, da fundação ao cume. Por estar
no seu próprio segmento de luz, embora abaixo do horizonte, Vénus é o benéfico
cuja luz é mais intensa. No entanto, Júpiter, apesar de estar fora do seu
segmento, acima do horizonte e retrógrado, colhe a luz de Vénus. A posição dos
benéficos, neste plenilúnio, é como um feixe de luz, um raio fulgente que
espalha o desejo (Vénus) de verdade (Júpiter), o Amor e a Justiça. Neste eixo
zodiacal, os benéficos pedem que não se perca o serviço ao próximo, o acto
desapegado de cuidar do corpo e da alma.
Com os benéficos a olharem-se de frente, a luz que se une
por distinção, e não por conjugação, não se limita a si própria, jorra como uma
dádiva, um dom do céu. Vénus (IV) une-se diametralmente a Neptuno (X) e
triangularmente a Úrano (XII) e a Plutão (VIII). Já Júpiter une-se por presença
a Neptuno (X) e hexagonalmente a Úrano (XII) e a Plutão (VIII). Estas uniões apresentam
também o modo como, neste momento, os planetas transpessoais se unem: Úrano em
Touro em sextil a Neptuno em Peixes; Neptuno em sextil a Plutão em Capricórnio;
e Plutão em trígono a Úrano. A tessitura ou a urdidura destas relações surgem
como uma síntese dos nossos tempos e como uma proposta de futuro. Com os
benéficos vigiando, concedendo a sua dádiva, a revolução da terra (Úrano em
Touro), a compaixão como unicidade (Neptuno em Peixes) e o poder da morte
(Plutão em Capricórnio) transformam a nossa realidade. Estas posições trazem
consigo o dom da possibilidade. Não obrigam a mudança, mas estão lá, umas vezes
discretas, sussurrando, outras vezes pujantes, clamando e gritando pelas
transformações necessárias.
Mercúrio em Caranguejo, no Lugar do Modo de Vida, do
Viver, resume o valor da origem enquanto palavra, enquanto instrumento criador.
A comunicação fixará na tradição, no passado, no valor da vida e da morte, a bênção
do conhecimento. Esse potencial da palavra como origem é particularmente
expressivo pelo facto de Mercúrio (II) se unir de forma benéfica a Vénus
(sextil) e a Júpiter (trígono), mas também a Úrano (sextil) e a Neptuno
(trígono). Com esta união, a palavra torna-se uma dádiva, um dom de transformação.
Nesta posição, o valor do conhecimento trará consigo a alegria de um despertar,
de um renascer. É como se encontrássemos um manuscrito perdido e ao lê-lo
descobríssemos um novo mundo, um novo humano. A descoberta dos manuscritos de
Nag Hammadi trouxe essa sensação. Esta é a origem como potencial de transformação.
Porém, a potência da criação carrega consigo, como um desígnio inaugural, a
potência da destruição. A morte é a sombra da vida. Com Mercúrio (II) em
oposição a Plutão (VIII), a palavra como valor da vida encontrará a qualidade
da morte, o seu poder. Plutão no Lugar da Morte é o deus Hades a subir à terra
e a raptar Perséfone. É o lamento de Deméter, o Inverno e a destruição sobre o
manto de Gaia, daí que seja o senhor de pestes e pandemias, de incêndios e
secas, de vulcões e erupções.
À semelhança daquilo a que assistimos na Lua Nova de
Julho, a oposição de Marte a Saturno e a quadratura destes a Úrano continua a
ser, por excelência, o principal elemento de tensão neste novilúnio. Porém, no
novilúnio, este posicionamento recaía sobre os pólos, os pontos cardeais (κέντρα), mas agora situa-se em casas
cadentes, o que naturalmente reduz a sua condição malévola. A acção destes
planetas continuará todavia e os seus efeitos trarão tensão e destruição,
externa e interna. No entanto, o corpo do Dragão estende-se sobre o horizonte, troando
a importância da viagem da palavra à sabedoria e da sabedoria à palavra. Essa continua
a ser uma mensagem para o futuro.
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quinta-feira, 28 de janeiro de 2021
quarta-feira, 27 de janeiro de 2021
Lua Cheia - Eixo Leão/Aquário: Reflexões Astrológicas
Lisboa, 19h16min,
28/01/2021
Lua
Decanato: Saturno
Termos: Vénus
Monomoiria: Mercúrio
Sol
Decanato: Vénus
Termos: Vénus
Monomoiria: Marte