Yáñez de La Almedina, Fernando, Santa Catarina, 1505-10.
Madrid: Museu do Prado.
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À minha filha Maria Madalena.
Quando o ódio galgar o humano
Pratica a nobre arte da contenção
Mede a palavra cultiva o pensar
Não dês lume ao fogo ignorante
Quando a ética for apenas nome
Palavra perdida num livro morto
Sê somente o melhor de ti mesma
E não deixes nunca que a sombra
Do passado te devore o amanhã
Quando tudo for líquido superficial
Efémero como a espuma da vaidade
Firma a gravidade no que é eterno
E acredita que sozinha serás o humano
Quando a sombra se estender em ti
Ergue a candeia no obscurantismo
E diante do mal comum ou universal
Sê o colosso da nossa humanidade
Um baluarte de bondade e concórdia
Quando a ignorância semear caminho
Concede o sal à terra e sê a fertilidade
De uma sábia via deixando à história
Às páginas revisitadas a lição do futuro
Quando os tempos forem sombrios
Permite ao Sol a luz da humanidade
E se tudo estiver perdido tombado
Sobre a profundidade do seu abismo
Não te percas tu permanece sempre
Humanamente humana e acredita
RMdF 15/11/2018