sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

O Dois de Paus ou o Domínio da Unidade sobre os Opostos

O Dois de Paus
Tarot Rider-Waite


O Dois de Paus diz-nos que o Domínio da Unidade sobre os Opostos fixa tanto o poder como a solidão, pois reunir é perder e casar, continuar, tornando-se a ordem da reunião e da criação.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

O Dois de Espadas ou a Incapacidade de Encontrar a Paz nos Elementos Dissonantes

O Dois de Espadas
Tarot Rider-Waite

O Dois de Espadas diz-nos que a Indecisão e o Conflito resultam da incapacidade de encontrar a Paz e a Harmonia nos elementos dissonantes, aceitando assim o igual e o diferente.       

Kepler: Astronomia e Astrologia, uma Harmonia Geométrica



Boner, Patrick J., Kepler's Cosmological Synthesis: Astrology, Mechanism and the Soul, 42 e 42 n.20.


Yet despite the many differences Kepler identified between astrology and astronomy, he claimed the two shared in geometry the same metaphysical foundations. As a consequence, Kepler applied geometrical principles to the two areas by way of analogy. He also extended these principles to the study of music. In fact, Kepler argued that all material phenomena, from the motions of the planets to the effects of the heavens on the weather to the production of particular melodies, derived from the same singular set of geometrical principles. Seen in this way, astrology, astronomy, and music shared the same archetypal origins. Kepler even described astrology as “a silent music” whose appreciation was made possible by a soul that could “dance to the tune of the aspects.” As Kepler made clear, the universal nature of geometrical principles accounted for the underlying consistency of the cosmos, where the idea of harmony encompassed far more meaning than our modern understanding. On the occasion of accepting three new aspects as influential, Kepler wrote to Herwart in 1599 on his discovery of an “absolute analogy” between astrology, astronomy, and musical theory:

. . . The analogy [analogia] with music and astronomy is absolute. I show that the analogy must necessarily be seen in this way, since the origins of all things are derived from geometry. Nature confirms these principles in the creation of a single species and employs these principles in everything that is capable of them. This occurs in music, the motions of the planets, the operation of the planets [on earth], the measure of musical notes according to time, the dances of men, and the composition of songs. For although these things are the discoveries of men, nevertheless man is the image of the creator.


n.20: JKGW, 14, no. 130, 640–651: “. . . perfecta sit analogia musices et astronomiae. Quam analogiam necessariò spectandam hoc medio demonstro, quia omnium rerum origines ex eometria petitae sunt, et quas natura rationes probat in creatione unius generis rerum easdem adhibet in omnibus omninò rebus, quae earum sunt capaces. Propterea in musica, in motibus planetarum, in operatione planetarum, in dimensione notarum musicalium causâ temporis, in hominum saltationibus, in ratione carminum. Nam etsi sunt haec hominum inventa, tamen homo imago conditoris est.”


Fonte:


Boner, P. J., 2013, Kepler's Cosmological Synthesis: Astrology, Mechanism and the Soul.
Leiden/ Boston: Brill.

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

O Dois de Copas ou a União dos Opostos

O Dois de Copas
Tarot Rider-Waite

O Dois de Copas diz-nos que a União dos Contrários ou Harmonia dos Opostos surge-nos como síntese e distinção, mas também como amor e discórdia, como união e separação.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

O Dois de Ouros ou o Eterno Devir

Dois de Ouros
Tarot Rider-Waite

O Dois de Ouros diz-nos que a Mudança, o Eterno Devir, é a ordem da natureza e que o equilíbrio necessário reside entre o que nasce e o que morre, entre o que se cria e o que se destrói.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Biblioteca III: Duas Histórias da Astrologia Antiga

  Apresento aqui algumas sugestões para uma biblioteca astrológica. Contudo, como critério de coerência, não irei apresentar nenhum livro que não tenha lido. O objectivo é apresentar sobretudo títulos que permitam aprofundar os conhecimentos astrológicos e que, por norma, não sejam os mais comuns. Um dos piores erros em que pode cair um astrólogo é cingir-se ao superficial e cair no lugar-comum e na frase-feita. Deve-se portanto procurar como se nunca nada se encontrasse. Um livro lido deve assim servir de ponte para o seguinte.


Beck, Roger, A Brief History of Ancient Astrology.
Malden, Oxford & Carlton: Blackwell Publishing, 2007
ISBN: 978-1-4051-1087-7
Páginas: 159
Preço: 32,16€ 
(Preço Amazon.es) 


Barton, Tamsyn, Ancient Astrology.
Londres: Routledge, 1994.
ISBN: 978-0415110297
Páginas: 245
Preço: 40,29€
(Preço Amazon.es) 

   Os dois títulos apresentados são, de facto, duas abordagens introdutórias ao estudo da Astrologia Antiga, todavia, os vectores de análise são totalmente distintos. O livro de Beck assenta numa abordagem temática, e não histórica, que é, por vezes, demasiado simplista. A constante depreciação da astrologia também não ajuda. Quando diz, por exemplo, "While I will of course respect the scientific distinction between astronomical fact and astrological fantasy, I will not be overly concerned with it." (16), está a recorrer a um mecanismo académico de defesa que, nossos dias, já se revela ultrapassado e, na verdade, pouco rigoroso.  O tom de paternalismo positivista relembra, para quem teve a oportunidade do ler, o texto de referência de Bouché-Leclercq de 1899, L'Astrologie Grecque, persistindo assim, a bem de uma pretensa superioridade académica, a necessidade de reduzir a astrologia a um lugar entre a superstição e a pseudociência. A visão de Beck torna-se, desta forma, limitada e demasiado centrada na distinção entre astronomia e astrologia. A sua notória preferência pelos textos ptolemaicos também não contribui para a divulgação da multiplicidade do pensamento astrológico antigo. No entanto, a forma como descreve a construção de um horóscopo ou tema natal é um dos aspectos positivos do livro e que faz merecer a sua leitura.

   Beck divide a sua obra em nove capítulos. Os dois primeiros abordam o lugar da astrologia na Grécia e Roma Antiga e no seu desenvolvimento a partir da Babilónia. Nestes capítulos, a visão de Beck, acima descrita, é bem evidente, todavia, no capítulo 3, inicia-se a parte fundamental do livro que assenta na compreensão do sentido por detrás da construção de um horóscopo, ou seja, como o mundo helenístico produziu um sistema que persistiu no tempo de forma quase inalterada. Do capítulo 3 ao capítulo 7, encontramos a génese conceptual da astrologia genetliacal e Beck, apesar dos preconceitos, criou uma boa síntese desta criação. O último capítulo, antes da conclusão, aborda o tema controverso dos métodos antigos para determinar a duração da vida. Mais um vez os preconceitos de Beck tornam-se evidentes, sobretudo ao não conseguir compreender o papel destes métodos, nem a profundidade dos sistema astrológicos praticados por Trasilo e Balbilo. Na conclusão, Beck tenta justificar o papel da astrologia antiga no século XXI, porém, como parte de premissas fundadas num juízo de valor prévio, as suas teses tornam-se necessariamente tendenciosas. No entanto, sem ter isso como finalidade, acaba por concluir que a base do sistema astrológico assenta no sentido, no processo de significação, próprio de uma representação da realidade e não de um método científico. Se tivermos uma consciência prévia da visão do autor, podemos, apesar de por vezes pensarmos que estamos a ler um livro do século XIX, encontrar o seu valor e dedicar-lhe um lugar numa biblioteca astrológica.

   O livro de Barton é radicalmente diferente. Neste livro, podemos encontrar uma verdadeira história, embora sintética, da astrologia antiga. Barton inicia a sua introdução ao que dizer que a "Astrology is a remarkably resilient discipline" (1), o que, na verdade, é uma das suas virtudes. De seguida, faz - e bem - a distinção entre o cliente antigo e o actual, ou seja, afirma que na Antiguidade procuravam-se previsões e não aconselhamento. No entanto, convém referir-se que, por exemplo, Trasilo e Balbilo fizeram mais do que previsões para os imperadores que serviram, pois foram, de facto, influentes conselheiros. Porém, o esforço de Barton pretende mostrar que a astrologia descrita no seu livro não é aquela que surge em jornais e revistas, mas sim uma forma "séria", como ele própria define, e que pode estar hoje presente em meios académicos, como qualquer outra disciplina intelectual. Esta premissa inicial é completamente diferente da de Beck, todavia Barton não deixa de referir que "The image of astrology today discourages scholarly investigation. Academics, if they do find themselves in the field, tend to concentrate on safer areas, such as the history of mathematics and astronomy revealed in astrological texts, or confine themselves to the manuscript tradition, so that they are not at risk of being perceived as moving outside the borders of acceptable scholarship" (4). No entanto, sem este caminho inicial não se poderá chegar a lado nenhum.

   Barton divide o livro em sete capítulos com várias subdivisões ao longo das cerca de trezentas páginas. No primeiro capítulo, são abordados os antecedentes históricos da Astrologia Antiga, ou seja, os contributos babilónicos, egípcios e gregos. Os exemplos textuais apresentados por Barton permitem ao leitor compreender a evolução de um modelo proto-astrológico, essencialmente mântico, para um sistema astrológico profundamente conceptual. O segundo capítulo trata da astrologia na Grécia e em Roma. Barton demonstra que a cultura astrológica foi transmitida essencialmente em grego, o que comprova que a astrologia era um saber intelectual, tal como qualquer outro saber ensinado em língua grega, e completamente inserido no seio de todas as formas de conhecimento da época. Neste capítulo, podemos também perceber como a astrologia se relacionou com o poder, em particular com o poder imperial, e como teve com a lei romana uma relação complexa e hostil, que contraria o exemplo da sua prática, em especial, na corte. No terceiro capítulo, encontramos a forma como a astrologia conviveu com a génese e triunfo do cristianismo. O quarto capítulo, um pouco à semelhança de Beck, explora os princípios da astrologia, ou seja, a sua matriz teórica. No quinto capítulo, Barton apresenta a prática astrológica antiga e a forma como se constrói um horóscopo ou tema natal, sobretudo a partir do exemplo do tema natal do Príncipe Carlos. Este capítulo é extremamente completo, tanto pela erudição dos textos apresentados como pela rigor da análise astrológica. No sexto capítulo, é introduzido o universo social em que se insere o astrólogo antigo, bem como a variedade das suas mundividências, que são transferidas naturalmente para os seus tratados. Este capítulo retrata alguns aspectos que nem sempre são abordados noutros livros como, por exemplo, o tratamento das orientações e práticas sexuais e as mortes violentas. Por fim, o sétimo capítulo apresenta algumas das ramificações da Astrologia Antiga, como a medicina e a magia, e algumas reflexões nomeadamente acerca da astrologia mundana e da relação com o culto de Mitra.  

   A leitura dos dois livros poderá iniciar o leitor no estudo da Astrologia Antiga e os contributos de Beck e de Barton mostrar-se-ão como complementares. A leitura das bibliografias de ambos os livros abrirá também os horizontes para novas leituras, pois esse é o valor inestimável de um livro.       

O Ás de Vontade ou a Acção que move o Céu e a Terra

Ás de Paus
Tarot de Rider-Waite

O Ás de Paus diz-nos que o Poder será daquele que segue, não o impulso dos seus desejos, mas sim a Vontade de Deus, a acção que move o céu e a terra, a alma e as gentes.