Livro: O Resto Permanece Humano - Livro I

 

O Resto Permanece Humano: Livro I

O Resto Permanece Humano é um projecto editorial que procura reunir a obra poética dispersa no blogue com o mesmo nome, bem como nos outros sítios e redes sociais do autor, incluindo também muitos poemas inéditos. Os noventa e dois poemas que estão reunidos neste primeiro livro foram escritos em 2018 e 2019 e estão organizados de forma a permitir uma percepção dos vários vectores que sistematizam o pensamento do autor. A obra cujo título segue os versos de Ovídio, “cetera sunt hominis, partem damnatur in unam /induiturque aures lente gradientis aselli” (Metamorfoses, XI, 178-9), pretende mostrar que, quando a acção humana e a espuma dos dias colocam o humano em remissão, esvaziando o sentido de humanidade, existe sempre algo que resta, algo que conserva esse humano que se perde. A sabedoria continua a ser um caminho de redenção.

ISBN: 9798753613622

Edição: Setembro de 2021

Páginas: 152

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O Resto Permanece Humano: Livro I (Poesia)

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O Resto Permanece Humano - Livro I (Livro Digital)

Título: O Resto Permanece Humano - Livro I

Autor: Rodolfo Miguel de Figueiredo

Edição: Setembro de 2021

Páginas: 152

Sinopse: O Resto Permanece Humano é um projecto editorial que procura reunir a obra poética dispersa no blogue com o mesmo nome, bem como nos outros sítios e redes sociais do autor, incluindo também muitos poemas inéditos. Os noventa e dois poemas que estão reunidos neste primeiro livro foram escritos em 2018 e 2019 e estão organizados de forma a permitir uma percepção dos vários vectores que sistematizam o pensamento do autor. A obra cujo título segue os versos de Ovídio, “cetera sunt hominis, partem damnatur in unam /induiturque aures lente gradientis aselli” (Metamorfoses, XI, 178-9), pretende mostrar que, quando a acção humana e a espuma dos dias colocam o humano em remissão, esvaziando o sentido de humanidade, existe sempre algo que resta, algo que conserva esse humano que se perde. A sabedoria continua a ser um caminho de redenção.  

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Mimésis (Poesia)

Rembrandt, Harmenszoon van Rijin, Scribe sharpening his quill by candlelight, c.1635.
Weimar: Kunstsammlungen.
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Mimésis

Textualizada a viagem

Da palavra um êxtase

E de chegada o verbo

Corria da letra a sílaba

06/06/2020

RMdF

No Trono de Eurínome (Poesia)

Francken, Frans II, The Triumph of Neptune and Amphitrite. 

Private collection 

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No Trono de Eurínome

Arconte de espuma e voragem

Eleito senhor do mar sem rosto

Ó tridente servo da deusa ninfa

Rainha da água mãe do tempo

Libertai no nosso fim a origem

Memória longínqua da criação

Da senhora trono seu novo rei

Libertai no nosso fim a origem

Um uterino mar de nascimento

Ó equino servo da deusa sereia

Criadora do mundo do humano

Libertai no nosso fim a origem

04/06/2020

RMdF

Da Clepsidra o Vendaval (Poesia)

 

Bellini, Giovanni, The Feast of the Gods, 1514. Washington: National Gallery of Art.

Da Clepsidra o Vendaval

Entram sem rosto denso

No antiquário da história

Na poeira das afinidades

Nos recantos da alegoria

Recuperando do passado

Das ruínas os estilhaços

Os fragmentos de um ser

Da memória resgatados

19 de Maio de 2020

RMdF

Do Vazio um Haiku (Poesia)

Bril, Paul, Pan and Syrinx, 1620-24. Paris: Musée du Louvre.
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Do Vazio um Haiku

Sem as gentes mar imenso

A paz o grito desesperante

Da desumana e bela cidade

13 de Maio de 2020

RMdF

Da Tempestade um Haiku (Poesia)

Rubens, Hero and Leander, c.1605. 

New Haven: Yale University Art Gallery. 

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Da Tempestade um Haiku

Crepitado o vento do norte

De um tempo a passagem

O agora fumegante do chá

9 de Maio de 2020

RMdF

O Castigo de Tirésias (Poesia)

Pietro della Vecchia, Tiresias transformed into a woman, 1626-1678.

Nantes: Musée d Arts de Nantes.

O Castigo de Tirésias

Do falo agora vulva

A ofídia desmedida

Cego o sábio gesto

De Hera a punição

Como mulher viveu

Tirésias o adivinho

26 de Abril de 2020

RMdF

Criação (Poesia)

Boucher, François, The Birth of Venus, 1740. Estocolmo: 

Nationalmuseum. 

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Criação

Atrás do tempo___________

________ segue a madrugada

No humano a palavra vencida

Agora eleita imagem repetida

Traduzindo de Narciso a água

_______________________

Vence pois o autor a obra sua

Tornado ele relíquia a vaidade

________ e perdendo-se hoje

A obra-prima _____________

De liberdade origem a criação

_______________________

Segue solitário atrás do tempo

O autor a obra uma madrugada

3 de Maio de 2020

RMdF

De Abril a Maio (Poesia)

Parlamento Português (Wikipédia)

De Abril a Maio

Confinado o Abril

Imenso é o nome

De ser Liberdade

Nas suas gentes

Ontem o amanhã

Mas na sua casa

Hoje p'ra sempre

De Maio primeiro

Esperança nossa

De labor um leme

Direito a trabalhar

Sem deixar de ser

A luta a dignidade

Em Abril em Maio

19 de Abril de 2020

RMdF

Quietude (Poesia)

Vouet, Simon, St. Mary Magdalene, 1623-27. 

Rome: Galleria Nazionale d Arte Antica. 

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Quietude


Se viajar
No mundo
Já não podes
Habita apenas
Percorrendo
A imensidão
Do interior

Silencia-te
Concede a paz
Ao teu agora
Não lutes
Contrariado
Contra o tempo
Acolhe como tua
A sua passagem

Amanhã
Noutro mundo
Serás outro
Renovado
Renascido
O Novo Humano


23 de Março de 2020
RMdF

Desfeita Ilusão (Poesia)

Delacroix, Eugène, Hamlet and Horatio in the Graveyard, 1839. 

Paris: Musée du Louvre. 

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Desfeita Ilusão

Por terra a sebe alta

Os castelos de vidro 

De etéreos demónios 

Os firmados artífices 

Pastores de ilusões 

Por hora esquecidos 

11 de Março de 2020 

RMdF

Solitude (Poesia)

Bassetti, Marcantonio, St Antony Reading, s/d. 

Verona: Museo di Castelvecchio. 

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Solitude

Não encontrás caminhando

Fora de ti nas vastas terras 

O que ausente permanece 

Busca sem o passo inquieto 

Centrado no eixo de Sophia 

E ensimesmado descobrirás 

Como se fosse um tesouro 

O silêncio que tanto evitaste 

14 de Março de 2020
RMdF

Cisne (Poesia)

Cignaroli, Giambettino, Leda and the Swan, s/d.

Colecção Privada

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Cisne


Arensado o lago a regina ave

De asas erguidas a natureza

30 de Janeiro de 2020 

RMdF

Consciência (Poesia)

Boucher, François, The Rising of the Sun, 1753. 

London: Wallace Collection. 

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Consciência 

Vento e vertigem 

Vislumbre de hoje 

Abismo de ontem 

De Cintereia lume 

De Sileno sombra 

Humana margem 

24 de Fevereiro de 2020 

RMdF

Kaíros (Poesia)

Bor, Paulus, Ariadne, 1630-35,

Pznan, Muzeum Narodowe

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Kaíros


Ancorado o ser no tempo
Da humana possibilidade
Seguindo a electiva hora


16/02/2020
RMdF

Cavalo de Tróia (Poesia)

Tiepolo, Domenico, The Procession of the Trojan Horse in Troy, 1773.

Cavalo de Tróia

Arrastada a equina perdição

Recebia a cidade o seu fado

Findo o choque de falanges

E esgotado o bélico embate

Sai de cena a Divina Andreia

E entra a Astúcia a Quimera

Segue pois Príamo pesaroso

Da morte caído nobre Heitor

Esse divino logro de Odisseu

Oferta deles ao deus tridente

Funesta dádiva d'outro cheia

Que por o pórtico convidada

Traz da desmedida a queda

12/02/2020

RMdF

O Enigma do Feminino (Poesia)

Carracci, Agostino, The Three Graces, sd,

Frankfurt: Städelsches Kunstinstitut.

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O Enigma do Feminino


Estendida sobre um anel de fada
Em enigma a sombra da mulher
Oculta surge a ménade a vestal


25 de Janeiro de 2020
RMdF