O Enigma do Feminino
Estendida sobre um anel de fada
Em enigma a sombra da mulher
Oculta surge a ménade a vestal
25 de Janeiro de 2020
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sexta-feira, 6 de março de 2020
segunda-feira, 2 de março de 2020
Erguido o Humano (Poesia)
Erguido o Humano
Erguei-vos etéreos sopros de revolta
Erguei-vos ígneas rochas de assalto
Tornai vosso o gume de uma palavra
A sombra férrea que só vós ergueis
E contra quem do alto ignora e nega
Sê o grito lançado de uma revolução
Erguei-vos cruzes anónimas sem rosto
De incautos e inocentes democratas
Contra as ditaduras de hoje e amanhã
Erguei-vos agora contra a fúria ébria
De vozes desumanamente intolerantes
Erguei-vos servos da impotente inacção
Erguei-vos ó desinteressado auditório
De sensibilidade vazia gelada e casta
De uma castrada conveniente empatia
Erguei-vos gente de caridade pregada
Sem alma ou espírito de transformação
Erguei-vos passivos e ocos cantadores
Erguei-vos crianças senhoras do futuro
Tomai como vossa a utopia do agora
Erguei-vos hoje esclarecidos humanos
25 de Janeiro de 2020
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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020
A Alma das Árvores (Poesia)
Andreescu, Ion, Edge of the Forest, c.1880.
Bucharest: Muzeul National de Arta.
https://www.wga.hu/
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A alma humana __________
Antes de voltar a ser estrela
Deseja regressar às árvores
Ser raiz e tronco ramo e folha
Ser da natureza a firmada torre
Guardiã da terra senhora do ar
_________________________
E nos seus veios pulsar o tempo
Registar em circundantes anéis
A memória que o humano apaga
__________ a alma das árvores
Acaricia o vento e a brisa quente
E pelo ar espalha-se e semeia-se
Renascendo simples noutro lugar
A serenidade habita a semente
_________________________
E não podendo ser apenas etérea
A alma das árvores é um corpo
Sólido, vivente, que exala o sopro
E verte a seiva _____________
Renova-se no sol novo de cada dia
10/12/ 2018
RMdF
10/12/ 2018
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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020
Virgem Mãe (Poesia)
Amigoni, Jacopo, Juno Receiving the Head of Argos, 1730-32.
Rickmansworth, Hertfordshire: Moor Park.
https://www.wga.hu/
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Virgem Mãe
Banhada no Egeu
Em Samos e Argos
Uma Hera Arcaica
Das águas anciãs
Retorna donzela
Não do falo oferta
Nem do virgo serva
Mas do parto rainha
4 de Fevereiro de 2019
4 de Fevereiro de 2019
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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020
Anima Mundi (Poesia)
Blake, William, The Book of Job:
When the Morning Stars Sang Together, 1820
New York: The Morgan Library and Museum.
https://www.wga.hu/
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Anima Mundi
__________Observas
__________Observas
Sob a luz do mundo
Com a profundidade da alma
Não a minúcia da sua mecânica
Não a teoria que te torna racional
Nem o tautológico silogismo
Que artificialmente te sustenta o entendimento
Mas sim a ordem e a beleza
Que fazem do universo uma obra de arte
__________ Sozinho
Como uma ínfima migalha de matéria
Vês a poesia de uma constelação
A arte pictórica de uma super nova
A escultura torneada de um buraco negro
A harmonia musical de uma galáxia
__________ O Universo
Orquestrado pela sua alma
Deixa de ser conhecimento
Para se tornar sentido
Representação
Primitiva Ideia
__________ A Origem
3 de Dezembro de 2018
3 de Dezembro de 2018
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sexta-feira, 27 de dezembro de 2019
O Daímon de uma Palavra (Poesia)
quinta-feira, 19 de dezembro de 2019
Revoltada a Rosa (Poesia)
Botticelli, Sandro, Retrato de Dante, c.1495.
Colecção Privada.
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Revoltada a Rosa
E não o albo dissidente
Da áurea cidade exilado
O nobre poeta universal
Não cai como corpo morto cai
Cai vivo inteiro na morte sua
Praguejando e pelejando
Revoltado voraz e triste
Consciente do que se perdera
Cai vivo inteiro na morte sua
Para uma cidade em queda
E uma divina amada já caída
8 de Outubro de 2019
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terça-feira, 3 de dezembro de 2019
O Sentido do Céu (Poesia)
segunda-feira, 2 de dezembro de 2019
Acreditar (Poesia)
Friedrich, Caspar David, Woman before the Rising Sun (Woman before the Setting Sun), 1818-20. Essen: Museum Folkwang. https://www.wga.hu/ |
Acreditar
Crepitava na alma a incandescência de cada oração
E abandonada às preces do amanhã fúlgida esperava
11 de Agosto de 2019
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quinta-feira, 7 de novembro de 2019
Voar (Poesia)
Troy, Jean-François de, An Allegory of Time Unveiling Truth, 1733.
Londres: National Gallery.
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Voar
Se rasante
Voas
Sobre as coisas
Pairando
Vendo
Desconhecendo
Em nada encontrarás
A profundidade
Íntima
E electiva
Voa antes a pique
Falcão peregrino
Rasgando
Conhecendo
O abismo
Da realidade
27 de Setembro de 2019
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terça-feira, 15 de outubro de 2019
A Sombra da Vida (Poesia)
Caravaggio, Narciso, 1598-99.
Roma: Galleria Nazionale d'Arte Antica.
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Como setas e dardos
O vento nas folhas
Como espada e gume
A onda no areal
Como sangue e ferida
O fogo no madeiro
Como guerra e morte
A ignorância no humano
Essa é a sombra da vida
A sabedoria ausente
3 de Setembro de 2019
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segunda-feira, 12 de agosto de 2019
Uma Ferida no Ar (Poesia)
Gérard, François, Cupido e Psyche, 1798. Paris:Museu do Louvre. |
Uma Ferida no Ar
Não Não ______________
Nem o mar é rude e crespo
Nem as ondas ferem o ar
Violentos são os rochedos
Os cumes em alta escarpa
E os promontórios afiados
Não Não ______________
Nem a terra é mansa e triste
Nem as árvores ferem o ar
Belicosas são as montanhas
E ainda as pedras do ocaso
Do destino firmes contendas
Não Não ______________
Nem o vento é revoltado e só
Nem as aves do céu ferem o ar
Cortante é o grito de uma brisa
A ira dançarina de um tornado
E o vendaval numa madrugada
Não Não ______________
Nem o Sol é solitário e ardente
Nem os seus lumes ferem o ar
Cruel é o céu sem luz ou estrela
O astro errante do olhar ocultado
É a vida que sobrevivente recua
_____________ perdida a alma
Da sabedoria é uma ferida no ar
6 de Julho de 2019
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sexta-feira, 9 de agosto de 2019
Missão (Poesia)
Coli, Giovanni, The Triumph of Wisdom, 1671. Veneza: Convento de San Giorgio Maggiore. |
Missão
Se para a tua vida
queres uma missão
Outra não terás tu
Que tudo aprender
E no fim nada saber
Não te prendas pois
Em doces ilusões
De vã grandeza
Pois no mundo
És somente
Uma partícula
De estelar
Poeira
4 de Fevereiro de 2019
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quinta-feira, 8 de agosto de 2019
Orar ao Inevitável (Poesia)
Mantegna, Andrea, Introdução do Culto de Cibele em Roma, 1505-06. Londres: National Gallery. |
Orar ao Inevitável
Ó Adrasteia ninfa
Arcaica deusa
Do Inevitável fado
Para Reia, Cibele
Ou a Necessidade
Do númen o nome
De epíteto sagrado
Segue ó deusa antiga
O moderno humano
Concede à memória
Da vida e da morte
A feliz fortuna e a sorte
De um bom demiurgo
Ó Adrasteia ninfa
Arcaica deusa
Do Inevitável fado
Para Reia, Cibele
Ou a Necessidade
Do númen o nome
De epíteto sagrado
Segue ó deusa antiga
O moderno humano
Concede à memória
Da vida e da morte
A feliz fortuna e a sorte
De um bom demiurgo
28 de Outubro de 2018
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segunda-feira, 24 de junho de 2019
Obra ao Negro (Poesia)
Holbein, Hans o Jovem, Estudo das Mãos de
Erasmo de Roterdão, c.1523.
Paris: Museu do Louvre.
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Obra ao Negro
De cinzel
A tinta
Núbia
A marca
Que fere
O papel
Texto
Escrito
Lavrado
No alvor
Solitário
Traçado
26 de Maio de 2019
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Fonte da Imagem: https://www.wga.hu/cgi-bin/highlight.cgi?file=html/h/holbein/hans_y/2drawing/1530/07studie.html&find=writing
quinta-feira, 30 de maio de 2019
Entre a Vida e a Morte (Poesia)
Baldung Grien, Hans, Death and the Maiden, 1518-20.
Basel: Öffentliche Kunstsammlung.
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Entre a Vida e a Morte
Se viúva a vida chora
Só à morte dizeis vós
Esta não é a tua hora
Recua já ó cruel algoz
Se leda se nega a vida
Sombria a morte vem
E dizeis A toda a brida
Dai o corcel a alguém
Se em fio vai a gadanha
Escapar é célere gesto
Dizeis vós Se ela ganha
Nada vale o passo lesto
6 de Maio de 2019
RMdF
terça-feira, 28 de maio de 2019
Crepúsculo do Feminino (Poesia)
Botticelli, Sandro, Pallas, c.1490.
Florença: Galleria degli Uffizi.
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Crepúsculo do Feminino
De sangue e leite Reia cretense
Ou do eterno fluxo Magna Mãe
A placenta de um deus menino
Na Figália corrente rio se torna
Onde na rude e silvestre Arcádia
Outra divina destronada deusa
Num templo perdido permanece
Dando apenas o dia ao ano todo
Eclipsada está a antiga deidade
Esquecida está a materna rainha
Da terra e do ar da água e do fogo
Perdemos pois o divino feminino
E do novo homem tudo se tornou
Sombra e imagem representação
29 de Janeiro de 2019
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terça-feira, 14 de maio de 2019
Morrente o Tempo (Poesia)
Vouet, Simon, Saturn, Conquered by Amor, Venus and Hope, 1645-46. Burges: Musée du Berry. |
Moribundo clama o tempo
Esse agora sempre perdido
O oportuno momento seu
Que não é nem o passado
Funesto saudoso e iludido
Nem do futuro a sombra
Estendida fiel e prometida
Severa saturnina é a lição
Do tempo fiado ora tecido
Ora cortado das sapientes
Rubras deusas de outrora
Moribundo clama o Tempo
Divino eterno mas morrente
21 de Março de 2019
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quinta-feira, 25 de abril de 2019
Esse elástico em pés de menina (Poesia)
Gauguin, Paul, Breton Girls Dancing, 1888. Washington: National Gallery of Art. |
Esse elástico em pés de menina
Se escapares da rotina
Da autocarro atrasado
Do dinheiro que não estica
Das pessoas malignas
Que sem autorização
Te invadem a vida
E pensares em Deus e no Tempo
Não com o cálculo do físico
Nem com a razão do filósofo
Mas com o espírito livre de um poeta
Compreenderás não como metáfora
Mas como realidade vibrante
Visão primordial da totalidade
Que Deus e o Tempo
São três meninas a jogar ao elástico
Qual feminina trindade
Deusa tríplice e fiandeira
Nesse jogo de criança
Ouvirás as meninas a cantar
Batendo as palmas
Dando som ao universo
E as três trauteando dirão
Salta pisa e cruza
Pisa cruza e salta
E a gravidade o espaço e o tempo
Comprimindo-se e estendendo-se
Tornar-se-ão a unidade
De uma relativa verdade
E tu do quotidiano liberto humano
Observarás o elástico sob os pés da menina
Aquela que dança entre as irmãs
E então o tempo
Esse elástico em pés de criança
Saltado será a oportunidade
Pisado o momento
E cruzado e estendido
Toda uma vida
Agora longe da rotina
Da autocarro atrasado
Do dinheiro que não estica
Das pessoas malignas
Que sem autorização
Te invadem a vida
Quando procurares
A divina imagem
Não vejas pois o velho barbudo
Vê antes três meninas a brincar
Três mulheres que voltam a jogar
25 de Março de 2019
RMdF
segunda-feira, 1 de abril de 2019
Do Eu ao Todo (Poesia)
Curradi, Francesco, Narcissus, s/d. Florença: Galleria Palatina (Palazzo Pitti). |
Do Eu ao Todo
Se na vida
Algo queres ser
Perde o eu
A que tanto te agarras
Para abraçares o todo
Que tudo te dá
Não sejas pois a repetição
Desse eu que tudo detém
Sem nada conseguir ser
Sê antes a profundidade
De um poço vazio
Que paciente espera
A água as chuvas
Encher-se
Tornar-se outro
Cheio renovar-se
Perde pois esse eu
Que em tudo se inclui
Como Narciso
Dizendo
Fiz sou apareci
Dilui-te na obra do agora
Na sabedoria que é semente
E sê antes a árvore
Que vê e ouve
O rio que corre
Sem ter de ser
Se na vida
Ou além da morte
Algo queres ser
Perde esse eu
Que só a ilusão te dá
Para vivo puderes ser
Não uma parte no todo
Mas o todo por toda a parte
24 de Março de 2019
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