quarta-feira, 2 de maio de 2018

Os 7 Sistemas de Termos da Astrologia Antiga (5): Sistema por Triplicidade Caldaica ou Hermética


   Este é o segundo sistema a estabelecer-se pela ordem das triplicidades e o primeiro a manter uma constância variável dos graus de cada conjunto de termos, pois somente o sistema de Critodemo preserva uma constância invariável, ou seja, todos os conjuntos de termos têm um arco de 5°. No Tetrabiblos, Ptolomeu apresenta este sistema da seguinte forma: "O método caldaico é, de facto, mais simples e bem mais plausível, embora não auto-suficiente no que concerne à regência das triplicidades e à sequência das quantidades, podendo-se, no entanto, compreende-lo facilmente sem o recurso a uma tabela" (I, 21, 1088-1092, Ed. Hübner, trad. do grego). Existe, nesta passagem, um esforço para distinguir este sistema do egípcio, ou seja, Ptolomeu pretende que este modelo esteja, em termos da correcta adequação ao seu propósito formal, entre o egípcio e aquele que ele próprio vai apresentar. Não deixa, todavia, de referir as suas debilidades. Na verdade, este sistema é bem menos consistente que aquele que Vétio Valente apresentou, não só na atribuição do número de graus aos conjuntos de termos, como também ao nível das dignidades e da sua influência na tabulação.

   Ptolomeu confere a autoridade e a autoria deste sistema aos caldeus, sobretudo pela importância da sequência dos planetas. No entanto, como Pingree refere (Yavanajātaka, II: 214), a ordem dos planetas no período selêucida (312-63 A.E.C.) era Júpiter, Vénus, Mercúrio, Saturno e Marte, logo semelhante à utilizada nos termos egípcios. Foi, por outro lado, no período neobabilónico (626-539 A.E.C) que a ordem Júpiter, Vénus, Saturno, Mercúrio e Marte, a sequência da primeira triplicidade deste sistema, foi utilizada. Esta questão da ordem dos planetas serve também para mostrar que a comum ordem caldaica, Saturno, Júpiter, Marte, Sol, Vénus, Mercúrio e Lua, com base nos dados que possuímos, não é nem caldaica, nem de grande antiguidade, será porventura uma criação do século II A.E.C. e uma consequência da troca de conhecimentos resultante do império de Alexandre, o Grande, o que também levanta algumas dúvidas acerca da certeza absoluta de um geocentrismo. No entanto, a questão dos planetas é também levantada por Vétio Valente, quando diz: "Para mim não me parece acertado o que alguns propõem a respeito dos termos das sete esferas enquanto 8, 7, 6, 5 e 4 (e mais não existe harmonia nessa escolha), mas de outro modo seria se fosse de acordo com os domicílios, as exaltações e as triplicidades" (III, 6, 20-22, Ed. Pingree, 1986, tradução do grego). Esta passagem foi a que serviu também para introduzir o sistema de triplicidade por segmento, mas, no sistema em agora em análise, o problema de Valente é a relação das sete zonas (heptázônon) e o número de graus dos conjuntos de termos. Valente critica a artificialidade do modelo 8, 7, 6, 5 e 4, mas, na verdade, também não se aborda aqui a heptázônon, pois o modelo exclui o Sol e a Lua, coisa que o sistema expresso por ele, em alternativa, não fazia.

   Vétio Valente usa, por outro lado, a fórmula 8, 7, 6, 5 e 4 para legitimar a origem deste sistema, pelo menos esta é a tese de Pingree (Yavanajātaka, II: 214). O excerto em causa refere o seguinte: "Se elaborares a profecção (perípaton), deves consultar as unidades horárias (hôriaíois) [8, 7, 6, 5 e 4] ou se recorreres ao ano ou mês solar, então deves contar do Sol em trânsito até à Lua natal e igual distância a partir do horóscopo, assim como eu próprio retive de Hermeias" (IV, 29, 14-17, Ed. Pingree, trad. do grego). Nesta passagem, a atribuição de Pingree não é imediata, pois relacionar a palavra hôriaíois com o sistema de termos pode parecer forçado. Por um lado, o termo em causa, devido ao facto de uma hora, uma unidade, ser também convertível em um grau, pode indicar qualquer sistema de divisão da eclíptica, da monomoiria aos decanatos, passando pelos termos e a dodecatemoria, mas, por outro lado, a relação entre a soma planetária dos termos e os anos e os ciclos planetários pode, de facto, indicar o sistema de termos. A certeza sobre esta tese é frágil, todavia, é preciso salientar que Valente é dos autores que melhor preservou as tradições anteriores e, tendo em conta que a autoridade sobre a doutrina das profecções é claramente atribuída a Hermes, podemos extrapolar, sem prejuízo e com base nos indícios textuais, para o sistema de termos. 

   A comparação entre os dois sistemas de termos baseados nas triplicidades permite que se conclua que este sistema revela um maior número de inconsistências. As debilidades que se destacam, até mais que a constância dos graus, são sobretudo a regência das triplicidades e o recurso aos segmentos. A exclusão do Sol e da Lua obrigou este sistema a eleger uma regência das triplicidades sustentada nos domicílios, em vez de uma regência que conjuga exaltações e domicílios. A inclusão, por outro lado, de uma regência por segmento para a terceira triplicidade resulta das próprias debilidades do sistema. Na primeira triplicidade, na ausência do Sol (domicílio de Leão e exaltação em Carneiro), Júpiter é apresentado como regente por ser o domicílio de Sagitário. Na segunda triplicidade, na ausência da Lua (domicílio de Caranguejo e exaltação em Touro), Vénus é o regente por ser o domicílio de Touro, embora nesta triplicidade a Lua, por razões óbvias, teria sempre de ser o regente nocturno. Na terceira triplicidade, Saturno é o regente diurno por ser o domicílio de Aquário e estar exaltado em Balança e Mercúrio é o regente nocturno por ser o domicílio de Gémeos, o que torna as inversões de regência um pouco artificiais, embora coerentes. Na quarta triplicidade, por exclusão de partes e por ser o domicílio de Escorpião, Marte é o regente diurno e nocturno. É a soma de todos estes aspectos que permite distinguir as intenções de Ptolomeu e Vétio Valente ao apresentar este sistema. O primeiro pretender introduzir o seu sistema de termos, apontando as incongruências dos outros sistemas, e o segundo pretende, por um lado, referir a superioridade formal do sistema de termos por triplicidade por si enunciado e, por outro lado, legitimar como hermética a sua doutrina das profecções. Independentemente da razão, este é um sistema que merece sobretudo uma avaliação comparativa.

sexta-feira, 27 de abril de 2018

Os 7 Sistemas de Termos da Astrologia Antiga (4): Sistema por Triplicidade e Segmento


   Este sistema é descrito por Vétio Valente (III, 6) e, embora a tabela não conste no capítulo, a reconstrução a partir dos dados por ele enunciados permitiu a avaliação de um modelo que tenta ser o mais abrangente possível. Apesar de revelar algumas inconsistências, procura reunir diversas tradições, algumas das quais já enunciadas aquando dos outros sistemas. Esta formulação é a única que apresenta os termos por segmento, haíresis, (o Sistema Caldaico ou Hermético apresenta apenas para a terceira triplicidade um regente diurno e nocturno) e que inclui os dois luminares, permitindo assim a divisão em sete conjuntos de termos por signo.

   A apresentação deste modelo por Vétio Valente tem levantado algumas dúvidas aos comentadores da sua obra, pois o sistema não surge indicado em nenhum horóscopo. No entanto, é um modelo completo e coerente na sua própria dinâmica, concluindo-se, desse modo, que possa resultar de um esforço teórico do próprio Valente ou de outro astrólogo em quem se tenha baseado. A estrutura base deste sistema consiste na atribuição do regente da triplicidade ao primeiro conjunto de termos, tanto no segmento diurno como no nocturno. Ora é a partir dessa primeira atribuição que as outras se constituem. Porém, existe um processo anterior de atribuições, que, na verdade, está base de toda a estrutura.

   Vétio Valente apresenta este sistema como um contraponto de um outro. No início do capítulo afirma o seguinte: "Para mim não me parece certo o que alguns propõem a respeito dos termos (hória) das sete zonas (heptázônon) enquanto 8, 7, 6, 5 e 4 (e mais não existe harmonia nessa escolha), mas de outro modo seria se fosse de acordo com os domicílios (oíkos), as exaltações (hypsómata) e as triplicidades (trígônos)" (III, 6, 20-22, Ed. Pingree, 1986, tradução do grego). O primeiro modelo é aquele que Ptolomeu designa como Caldaico (I, 21, 12-19) e que Valente, pelo menos segundo Pingree (Yavanajātaka, II: 214), designa como Hermético ou pertencente a Hermeias (IV, 29). É face a esse sistema que Valente apresenta este outro como alternativa e para o sustentar indica as seguintes atribuições:
  • Sol - O seu domicílio é Leão, está exaltado em Carneiro e está na sua triplicidade em Sagitário, o que representa 3 termos por signo.
  • Lua - O seu domicílio é Caranguejo, está exaltado em Touro e está na sua triplicidade em Virgem e Capricórnio, o que representa 4 termos por signo.
  • Saturno - O seu domicílio é Capricórnio e Aquário, está exaltado em Balança e está na sua triplicidade em Gémeos, o que representa 4 termos por signo.
  • Júpiter - O seu domicílio é Sagitário e Peixes, está exaltado em Caranguejo e está na sua triplicidade em Carneiro e Leão, o que representa 5 termos por signo.
  • Marte - O seu domicílio é Carneiro e Escorpião, está exaltado em Capricórnio e está na sua triplicidade em Peixes e Caranguejo, o que representa 5 termos por signo.
  • Vénus - O seu domicílio é Touro e Balança, está exaltado em Peixes e está na sua triplicidade em Virgem e Capricórnio, o que representa 5 termos por signo.
  • Mercúrio - O seu domicílio é Gémeos, está exaltado em Virgem e está na sua triplicidade em Aquário e Balança, o que representa 4 termos por signo.
Nota: O texto, aquando da atribuição de triplicidade, refere apenas os signos que não estão nem no domicílio, nem em exaltação. Por outro lado, convém ressalvar que uso do plural termos conduz a uma associação com os graus.

   O número de cada conjunto de termos é assim estabelecido, bem como o regente de cada grupo. Na primeira triplicidade, o regente diurno é o Sol, devido à exaltação de Carneiro, e o regente nocturno é Júpiter, por ser o domicílio de Sagitário. O primeiro grupo de termos obedece a esta regra de regência: a maior dignidade estabelece o regente diurno e a que se segue, o nocturno. Se o primeiro grupo fixa a regência, o segundo é uma inversão do primeiro, à excepção da quarta triplicidade, pois regente o diurno e nocturno é o mesmo. Os grupos seguintes vão então construir uma sequência de triplicidades, por exemplo, os grupos de termos 3 e 4, da primeira triplicidade, reproduzem os grupos 1 e 2 da segunda triplicidade, e assim sucessivamente. Ora, desta forma, este é um sistema que se mostra coerente e dinâmico e, apesar de não existirem registos da sua utilização prática, não deixa de ser um modelo astrologicamente viável.

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Os 7 Sistemas de Termos da Astrologia Antiga (3): Sistema Egípcio


   O sistema egípcio de termos, contrariando uma ideia errónea que se estendeu do final da era de ouro da astrologia árabe até William Lilly, foi o mais consensual, não só pelas suas origens tradicionais como também pela sua profundidade na doutrina astrológica. Este é o sistema defendido por Doroteu de Sidon, quiçá o astrólogo mais influente de toda a antiguidade. Um outro factor que impera na sua opção é que se a Babilónia foi o berço da astronomia e da astromancia, o Egipto foi a casa da astrologia. Alexandria é por excelência a cidade dos astrólogos. Porém, é um erro assumir-se que as civilizações e as culturas se cingem ao seu pedaço de terra, pois, por exemplo, após o fim do império caldeu, em 539 A.E.C., o termo caldeu passou a ser utilizado como sinónimo de astrólogo, independentemente da sua origem geográfica, daí a persistência de alguma confusão. As tabuletas babilónicas estudadas por Jones e Steele seguem essa ideia de interculturalidade astrológica e lançam um outro olhar sob os termos.

   A tradição tende a atribuir a génese deste sistema a Nechepso e a Petosíris. O fragmento 3 da edição de Riess aponta para esse sentido: E, dessa forma, Apolinário está entre os que discordam da disposição dos termos de Ptolomeu, de tanto Trasilo como Petosíris e dos outros antigos (trad. do grego). Neste fragmento, encontra-se também uma pista para o esclarecimento de algumas das dúvidas de Ptolomeu em relação a este sistema. O texto quando diz kaì amphóteroi pròs Thrásyllon kaì Petósiron, esforça-se por mostrar que ambos seguiam a mesma disposição de termos. Ptolomeu critica este sistema por não seguir nenhuma ordem para as planetas, como a versão caldaica mais comum (I, 20), todavia a sequência inaugural de termos, ou seja, os que definem Carneiro já é por si o princípio conceptual de uma ordem. A formulação Júpiter-Vénus-Mercúrio-Marte-Saturno revela uma clara distinção entre os benéficos e os maléficos, tendo Mercúrio como intermediário. Ora o sumário da obra Pínax de Trasilo (CCAG VIII, 3: 99-101), aquando da descrição do dodekatópos, expressa um princípio idêntico, pois coloca Mercúrio no Ascendente, na linha do horizonte, Vénus e Júpiter no eixo das Casas V e XI e Marte e Saturno no eixo das casas VI e XII, ou seja, separa os benéficos e os maléficos. No entanto, o sumário de Trasilo, e provavelmente a concepção original dos termos de Nechepso e Petosíris, firma-se no princípio da haíresis, na divisão por segmento ou condição, a qual pressupõe uma natural harmonia dos opostos e uma regra de complementaridade. É nesse sentido, embora com um predomínio dos benefícios, que a soma dos graus perfaz o total do círculo e se associa com os anos planetários.

Júpiter - 79
Vénus - 82
Mercúrio - 76
Marte - 66
Saturno - 57

   Esta verificação de pressupostos leva também a que se compreenda a intenção de Critodemo no seu sistema de termos, ou seja, o esforço de conciliar este com outro método de divisão da eclíptica. A concepção, enraizada nos fundamentos da astrologia, de dividir e atribuir um sentido aos graus do círculo da eclíptica, de dar um carácter, um sentido ao destino, visto que a palavra grega para grau é moira, é uma criação de génese egípcia e desenvolvimento grego-egípcio. Esse é o espírito dos termos egípcios, algo que Ptolomeu não compreendeu, pois o seu aristotelismo impediu-o de ir para além das suas categorias. É porventura por essa razão que os seus termos não foram acolhidos pelos astrólogos do seu tempo, à excepção de Heféstion de Tebas e mais de dois séculos após a sua morte. O neoplatonismo e o estoicismo serviram melhor a construção de um sistema astrológico. O sistema egípcio, apesar de algumas inconsistências, é o mais comum, encontramo-lo parcialmente nas tabuletas babilónicas e em papiros demóticos (P. CtYBR inv. 1132 B), bem como em quase todos os astrólogos da antiguidade.

sábado, 21 de abril de 2018

Os 7 Sistemas de Termos da Astrologia Antiga (2): Critodemo


   Critodemo, de quem pouco se sabe, pode contudo ser colocado entre os últimas décadas do Século I A.E.C e as primeiras do Século I da Era Comum. No entanto, o esforço de datação não é nem simples, nem unânime. Plínio, que completou a sua História Natural em 77 E.C., designa a sua influência nos Livros II e III e, no Livro VII, menciona-o, juntamente com Beroso, em relação a uma fictícia cronologia da Babilónia, a qual consagra aos seus sacerdotes 490 000 anos de observação astronómica. O esforço de o aproximar à astrologia babilónia pode porém resultar mais de um reflexo de uma tradição que de uma influência de facto. Naturalmente, até por razões históricas, militares e políticas, existiu uma miscigenação de conhecimentos, mas os fragmentos de Critodemo apontam mais para a influência egípcia. O seu sistema de termos é uma estrutura conceptual de passagem entre os termos e os decanatos egípcios. A reconstrução que Pingree faz deste sistema alude também a uma relação com o P. Oxy 3, 465, onde, na esteira dos decanos egípcios, existem seres demiúrgicos que presidem a cada arco de 5° (Yavanajātaka, II: 212). 

   A principal fonte de Critodemo é Vétio Valente. Por outro lado, Neugebauer e Van Hoesen dizem que Critodemo "parece ser uma das suas (Valente) mais importantes fontes depois de Nechepso-Petosíris" (Greek Horoscopes: 185). Valente aborda o legado de Critodemo de duas formas: em primeiro lugar, apresenta um sumário da sua obra Hórasis (Visão), a qual atribui um estilo obscuro e artificial (III, 12, surge também pela mão de um autor anónimo no cod. Paris 2425, CCAG VIII, 3: 102) e, em segundo lugar, inclui fragmentos de doutrinas astrológicas específicas, destas pode-se destacar, por exemplo, o fragmento que explora a morte violenta, pois este inclui onze horóscopos, datados entre 65 e 123 da Era Comum, contribuindo assim para a sua fixação temporal (II, 41, este surge também em Retório, CCAG VIII, 4: 199, 15 - 202,10). A influência de Critodemo alcança o Liber Hermetis, sendo o seu Capítulo 25, respeitante aos termos, um desenvolvimento em latim de um excerto em grego (CCAG VIII, 1: 257, 21 - 261,2). Ora esta referência aos termos pode indicar uma confusão entre o sistema de termos de Critodemo, referido em Valente (VII, 8) e reconstruído por Pingree (Yavanajātaka, II: 212-13) e a abordagem do próprio Critodemo aos termos egípcios, daí que, por exemplo, Schmidt e Hand traduzam os termos egípcios atribuídos a Critodemo e presentes no compêndio de Achmet, o Persa, como sendo o seu sistema de termos (The Astrological Records of the Early Sages: 53-57).

   O sistema de termos de Critodemo é acima de tudo, e como já foi referido, uma estrutura conceptual de passagem entre os termos e os decanatos egípcios.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Os 7 Sistemas de Termos da Astrologia Antiga (1): P. CtYBR inv. 1132 (B)


   Segundo Bohleke, este papiro mostra os termos em língua demótica, o que, juntamente com outras fontes em papiro ou ostraca, revela que estes, bem como os cardinais ou pontos cardeais, os planetas, os signos, as casas, as partes e as triplicidades, pertenciam também à língua mãe egípcia, ou seja, existia um sistema astrológico egípcio nativo. Embora a datação paleográfica aponte para os séculos II e III E.C., a sua proveniência geográfica sustenta a tese base. O papiro provém de Tebtunis, uma cidade fundada por Amenemés III (XII Dinastia), em cerca de 1800 A.E.C., mas que floresceu no período ptolemaico. Os seus templos, em especial o dedicado a Sobek, tiveram um papel fundamental no desenvolvimento da prática astrológica. Para Bohleke, este sistema de termos colocar-se-ia entre o sistema egípcio e o de Critodemo, podendo inclusive ter servido de base para este último. Desta forma, é inequívoca a necessidade de o incluir no núcleo de sistemas a analisar. 

segunda-feira, 2 de abril de 2018

A Viagem do Carro

O Carro
Tarot Rider-Waite

O Carro é caminho e peregrinação, é aquele fio universal, sem começo, nem fim, que cinge a morte e liberta a vida,  é mudança e passagem.

O Carro é a alma alada que dança no céu da verdade e mergulha no abismo da sua natureza, que avança, sem medo, ou é arrastada pela fúria dos corcéis.

O Carro é escolha e seta, é alvo e caminho, é aquele domínio que se firma, não sobre os sulcos e rochas da via eleita, mas sim sobre a força ténue da vontade.

O Carro é a união no espírito dos dois demiurgos: o que trilha o caminho das estrelas e o outro que, por natureza ou necessidade, eclipsa o próprio Sol.

O Carro é o movimento interno onde o Eu já não avança sem o Si, pois a Alma não pode pairar na superfície, precisa de habitar as suas profundezas.

O Carro é aquele que, liberto do excesso de si, se purifica na água e se deixa iluminar pelo fogo e assim se une ao todo num caminho triunfal.

O Carro é o humano que avança, determinado e vitorioso, por cima das ruínas da discórdia e desarmonia, tornando-se mestre de si mesmo.

sexta-feira, 30 de março de 2018

A Roda da Fortuna ou o Fuso da Necessidade

A Roda da Fortuna
Tarot Rider-Waite

A Roda da Fortuna é o símbolo régio do poder que não promove a sorte, mas sim a justa medida da necessidade.

A Roda da Fortuna é a imagem da máxima do Efésio que diz que o carácter do ser humano é o seu destino.

A Roda da Fortuna é a revelação do enigma do tempo que reúne num e no mesmo o caminho a subir e a descer.

A Roda da Fortuna é o círculo da evolução que, girando no fuso da necessidade, determina a queda e a salvação.

A Roda da Fortuna é a representação de um processo natural no qual a divindade e a natureza se unem num só sentido.

A Roda da Fortuna é o conhecimento da realidade que decreta que a evolução da alma é também um processo de selecção.

A Roda da Fortuna é o símbolo de tudo o que diz e esconde, do que sugere e oculta, é o Eterno Feminino que nos atrai ao centro.