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segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Logos e Revelação - O Enigma de Heraclito

Turner, Joseph Mallord William, The Angel Standing in the Sun, 1846.
Londres: Tate Gallery.


  O processo de cair em si ou a consciência de que somos um enigma constitui o primeiro momento de todo o acto filosófico, de todo o acto criativo. O enigma surge como um desafio. A sua presença suspende o curso da vida. É portanto necessário sobreviver ao enigma, pois a passagem pelo enigma indica e inicia uma outra vida, uma outra consciência. Ora essa sobrevivência depende do discernimento e da acção. O enigma apresenta-se como a origem de uma inquietude, ou seja, resume todas as disposições afectivas numa só e a partir dela perturba a realidade anterior. A inquietação torna-se assim a plena consciência do enigma e dos limites que ele impõe. O enigma suspende o mundo enquanto extensão do eu e anula o próprio eu até se alcançar a sua revelação. O Logos é para Heraclito a revelação do enigma, ele é o princípio unificador e o portador da candeia do sentido. 

  Antero de Quental (308-9, vv. 1-4), num soneto intitulado "Logos", expressa a mesma ideia que observamos em Heraclito: 
                                       Tu, que eu não vejo, e estás ao pé de mim
                                       E, o que é mais, dentro de mim - que me rodeias
                                       Com um nimbo de afectos e de ideias,
                                       Que são o meu princípio, meio e fim…
Estes versos, logo quando dizem "Tu, que não vejo, e estás ao pé de mim", indicam a impossibilidade dos sentidos apreenderem o Logos. Essa determinação aponta para o fragmento do Efésio: "Más testemunhas são para os seres humanos os olhos e os ouvidos, se tiverem almas que não compreendam a sua linguagem" (DK 22 B 107). A linguagem, o Logos, torna-se assim a cifra e a chave do enigma. Por outro lado, Antero de Quental, ao dizer "estás ao pé de mim" e "me rodeias", demonstra a presença suprasensorial do Logos. Este está presente em todas as coisas, é o seu "princípio, meio e fim". 

  A ideia de presença universal surge também quando Heraclito diz que "Daí que seja necessário seguir o comum; mas, apesar do Logos ser comum, a maioria dos homens vive como se tivesse uma sabedoria particular" (DK 22 B 2). O Logos é comum, estende-se a toda realidade e participa dela enquanto elemento activo, pois todas as coisas existem de acordo com o seus ditames (DK 22 B 1). Contudo, a maioria não segue esse Logos que é comum, prefere, por seu lado, uma sabedoria particular, que, na verdade, não é sabedoria alguma, porque a sabedoria não pode ser particular. A sabedoria tem de ser sempre uma experiência da totalidade.

  O soneto refere ainda "E, o que é mais, dentro de mim", ou seja, o Logos existe no humano. Heraclito afirma algo idêntico quando diz que "À alma corresponde um Logos que cresce por si só." (DK 22 B 115). Porém, convém referir que este Logo não existe apenas na alma, ele cresce, logo opera de forma dinâmica e estabelece um processo criativo. Na alma, o Logos tem a possibilidade de se auto-superar, de "crescer por si só". Bruno Snell comenta este fragmento da seguinte maneira: "Seja qual for o significado peculiar que tal frase possa ter, Heraclito atribui aqui à alma um logos que pode, a partir de si mesmo, estender-se e crescer. Por conseguinte, considera-se a alma como ponto de partida para determinados desenvolvimentos, ao passo que não teria sentido atribuir ao olho ou à mão um logos, que a si mesmo se amplia" (Snell: 44). 

  O Logos, enquanto revelação do enigma, não o anula, mas estende-se sim como uma síntese dos planos antropológico, cosmológico e teológico. O humano preserva em si essa qualidade essencial de enigma, pois o desenvolvimento do Logos, enquanto revelação constante do enigma, existe em si. Contudo, por mais que cresça, "Perante a divindade, o homem é considerado infantil, tal como a criança face ao homem" (DK 22 B 79; Cf. Fränkel: 214-28). O humano não pode superar os limites que lhe foram determinados, o seu valor sapiencial é nulo face à divindade, pois "Sábio é só um, que não consente e consente ser chamado pelo nome de Zeus" (DK 22 B 32). Jaeger diz que "Heraclito é o primeiro pensador que não deseja conhecer apenas a verdade, visto que sustem também que este conhecimento renovará a vida dos homens. Na sua imagem dos que estão acordados e dos que estão a dormir deixa ver o que espera do seu logos. Não tem nenhum desejo de ser outro Prometeu, ensinando aos homens novos e más engenhosos os métodos para alcançar os fins últimos; mas espera torná-los capazes de dirigir as suas vidas totalmente despertos e conscientes do logos segundo o qual ocorrem todas as coisas" (Jaeger: 115). 

  A filosofia de Heraclito não é meramente cosmológica, a sua grande finalidade é antropológica, a sua preocupação é o humano, daí que diga "Tentei decifrar-me a mim mesmo" (DK 22 B 101). O Filósofo Obscuro assume-se como um enigma e, por extensão, prolonga essa qualidade de enigma a toda a humanidade. A alma carece assim de uma revelação. O plano divino permanece eterno, uno e indiferente à realidade humana, daí que Heraclito diga que "A natureza humana (ethos) não possui nenhum instrumento para se conhecer, mas a divina possui" (DK 22 B 78). Ao ser humano, falta-lhe a chave para ultrapassar o portão fechado do enigma, visto que, uma vez colocado o enigma, é impossível virar-lhe as costas. Nietzsche expressa essa via de sentido único quando diz: "Segues o teu caminho para a grandeza: aqui ninguém deve seguir-te furtivamente! O teu próprio pé apagou o caminho atrás de ti, e sobre ele está escrito: 'Impossibilidade' " (Nietzsche 5: 176). Édipo escolheu o seu caminho. Era-lhe impossível voltar as costas à esfinge, pois a sua vida dependia da resolução do enigma.

  Em Nietzsche, o enigma oculta-se nas imagens de Apolo e revela-se no êxtase de Diónysos, daí que diga: "É a vós, que buscais, que tentais com ousadia, e a quem alguma vez embarcou com ardilosas velas em mares terríveis, é a vós, ébrios de enigmas, rejubilantes com o lusco-fusco, cuja alma é atraída ao som das flautas para todos os abismos labirínticos, pois não quereis seguir o fio, tacteando-o com mão timorata, e detestais deduzir, quando podeis adivinhar, é unicamente a vós que eu conto o enigma que vi - a visão do mais solitário" (Nietzsche 5: 179). O enigma existe num plano que não é dedutivo, mas sim intuitivo, senão mesmo instintivo. Apolo cria "os abismos labirínticos" e Diónysos, a atracção pelo "som das flautas", que eleva a alma à visão do enigma e a sua revelação. É nesse sentido que afirma que "Temos aqui diante dos nossos olhos, numa suprema simbologia artística, aquele mundo apolíneo de beleza e o seu subsolo, a terrível sabedoria de Sileno, e entendemos por intuição a sua mútua necessidade" (Nietzsche 1: 39).

  O enigma é terrível, pois é ele que inicia a experiência da queda, o cair em si, esse choque inicial de toda a pulsão criativa. O dom de criar é assustador, pois provém do assombro que é a totalidade, do absoluto que o humano rejeita. Nessa estrada de muitos caminhos, a escolha torna-se imperativa. Porém, a sabedoria do enigma é mediada pela intuição e, segundo Nietzsche, Heraclito alcançou-a na perfeição: "O dom real de Heraclito é a sua faculdade sublime de representação intuitiva; ao passo que se mostra frio, insensível e hostil para com o outro modo de representação que se efectiva em conceitos e combinações lógicas" (Nietzsche 6: 40). Ora é com base no princípio de representação intuitiva que Heraclito diz: "O saber de muitas coisas não ensina a intuição. Se assim fosse teria ensinado Hesíodo e Pitágoras, e também Xenófanes e Hecateu" (DK 22 B 40; Cf. Mansfield: 442-48). O saber deve ser orientado para um fim e não se deve dispersar, senão a intuição não é alcançada. Não se chega ao Logos, que está presente em todas as coisas, sem uma visão teleológica de totalidade, daí que Heraclito afirme que "É mais necessário extinguir a desmedida que um incêndio" (DK 22 B 43). A não aceitação dos limites e a sua transgressão implica a prática de um crime, que deve ser severamente castigado. As Erínias hão-de perseguir os infractores, obrigando-os a pagar com a sua própria vida. Esse é o preço de seguir a outra via, pois, sem a visão de totalidade, é tudo destruição e morte.

  É a consciência dos limites que permite a apreensão do enigma e da sua revelação. No entanto, para ser a humano, o conhecimento dos limites implica o conhecimento da finitide e da morte, o que, tendo em conta a sua arrogância, a sua predisposição para ignorância e a sua incapacidade de acolher o dom do nascimento, não é fácil de alcançar. Nesse mesmo sentido, Heraclito diz que "É difícil combater contra a paixão; o que ela quiser, está disposta a pagá-lo com a alma" (DK 22 B 85). A alma descontrolada que se deixa mergulhar no sonho e na paixão enche-se de vapores húmidos e torna-se molhada e, segundo o Efésio, "A alma seca é mais sábia e melhor" (DK 22 B 118), pois o ar está mais próximo de se tornar fogo do que a água e é o fogo sempre vivo que governa todas as coisas. Encontramos assim em Heraclito a primeira doutrina dos elementos, não numa concepção cosmológica, mas sim como fundamento de uma teoria da alma e como modelo de sabedoria.

  Giorgio Colli afirma que "o enigma é a manifestação na palavra daquilo que é divino, oculto, uma interioridade indizível" (Colli: 49). Heraclito revela isso mesmo no célebre fragmento: "O Senhor, cujo o oráculo está em Delfos, não revela, nem oculta, mas sugere" (DK 22 B 40; Cf. Nietzsche 7: 203-5; Hölscher: 229-30). A palavra sugerida, qual canto oracular, possui um carácter demiúrgico, um valor de passagem entre o humano e o divino. Neste sentido, a sugestão torna-se superior à revelação, pois esta define e indica o fim, a outra abre caminhos, desbrava as florestas ignotas. Existe também na sugestão um sentido didáctico, uma vez que, na maior parte dos casos, o ser humano é incapaz de compreender o alcance da revelação, desse Logos comum, mas desconhecido, e assim a única solução é sugerir essa realidade, é indicar os sinais, as luzes que guiam na sombra. 

  O fragmento "Tentei decifrar-me a mim mesmo" não constitui um solipsismo radical. Heraclito não rejeita o mundo, mas nega a compreensão que a maioria julga ter. O filósofo não deixa de brincar com as crianças no templo de Ártemis (Diógenes Laércio: IX, 3; Marco Aurélio: VI, 42), pois existe na infância a mesma simplicidade e reconhecimento do Deus que joga aos dados. Nietzsche diz que o "«Conhece-te a ti mesmo», é toda a ciência - Só depois de conhecer todas as coisas o homem se conhecerá. Pois as coisas são simplesmente as fronteiras do homem." (Nietzsche 8: 44, §48). Heraclito tentou conhecer essas fronteiras, esse limiar que separe e une o cume e o abismo. A doutrina do Logos, a noção de harmonia e de guerra e a concepção de uma divindade una que assimila todos os contrários são a prova desse esforço gnoseológico. Em Heraclito, tudo aponta para a revelação do enigma.

  O Logos é o elemento central no pensamento de Heraclito, daí que Guthrie diga que "Heraclito acredita primeiro e acima de tudo no Logos" (Guthrie: 419). Existe portanto uma universalidade do Logos, todavia o Logos, sendo acessível a todos, mas não é partilhado por todos. Nietzsche afirma que "Nós veneramos tudo o que é tranquilo, frio, nobre, longínquo, passado, tudo aquilo cujo aspecto não obrigue a alma a defender-se e guarnecer-se, tudo aquilo a que se pode falar; sem elevar a voz." (Nietzsche 4: 109). A visão do Logos é sublime, ela traz paz à alma, pois é o seu "princípio, meio e fim". A alma não se defende dele porque ele é o seu motor, nela ele cresce por si só. Já Aristóteles defende, pelo contrário, que "Para Heraclito o princípio consiste na própria alma, em virtude de ela ser aquela emanação quente pela qual todos seres são criados. Trata-se, por conseguinte, de uma realidade incorpórea e em mutação contínua: conhece-se o movimento consoante mais se movimenta, sendo sua opinião (e também a de muitos outros) a circunstância de todos os seres se encontrarem em movimento" (De Anima, 405 a 25-30). Porém, não compreende que este movimento da alma é regulado por um princípio único e universal, o Logos.

  O estilo oracular de Heraclito não é um mero artifício de linguagem, mas sim uma metodologia do Logos, uma imagem sibilina da revelação do enigma. Nesse sentido, Nietzsche diz que "Nos escritos de um eremita nota-se sempre também algo do eco do deserto, algo do ciciar e do tímido olhar da solidão; das suas palavras mais fortes, mesmo do seu grito, ressoa ainda uma espécie nova e mais perigosa de silêncio, de mutismo. Quem esteve sentado durante anos, dia e noite, só com a sua alma em discussões e diálogos íntimos, quem na sua caverna - seja ela um labirinto ou uma mina de ouro - se tornou um urso ou um pesquisador ou guarda de tesouros, um dragão: as suas ideias acabam por adquirir um tom de meia-luz, um odor de profundidade e de decomposição, algo de incomunicável e de repugnante que lança um bafo frio aos que passam" (Nietzsche 3: 213, §289). Existe portanto uma impossibilidade hermenêutica de compreensão dos escritos de um eremita. Foi face a esse limite de interpretação que Heraclito colocou o seu livro no templo de Ártemis. Os seus escritos estavam ao alcance de todos, mas só os eleitos, os iniciados na sabedoria do Logos, os podiam ler. O elitismo de Heraclito resulta assim do valor do enigma e do sentido da sua revelação.

  Heraclito compreendeu que a maioria, o vulgo, era incapaz de compreender a verdade, pois estava preso à sua sabedoria particular, à incoerência das suas verdades, das suas opiniões. A ignorância parte sempre do particular, daquela negação individual, e só se torna colectiva quando, por vontade, o pensamento deixa de ser uma harmonia concordante e se torna uma comum discórdia. Nietzsche aponta para esse caminho quando afirma que "O filósofo grego atravessava a existência com o sentimento secreto de que havia muito mais escravos do que se pensava: quem quer que não fosse filósofo, era escravo do seu ponto de vista" (Nietzsche 2: 53, §18). No entanto, se não existisse uma esperança de que alguns seriam capazes de ler o seu livro, Heraclito teria-o destruído, mas ele não o fez, deixou-o à mercê da interpretação, daqueles que o procurassem.

  Heraclito não era apenas um filósofo, era um poeta, com a necessidade e o dever de cantar a Verdade. Aos seus olhos, tudo era nítido, não existia nem dúvida, nem hesitação, pois, como diz Dodds, "o poeta não pede para ser 'possuído', mas apenas para servir de intérprete para a Musa possuída." (Dodds, 82). Heraclito foi sobretudo um intérprete do Logos e é ele que o afirma: "Ouvindo, não a mim, mas o Logos, é sábio concordar que todas as coisas são uma" (DK 22 B 50). O Efésio surge com uma voz oracular que não é sua, mas sim do Logos. Nietzsche compreendeu na perfeição o valor da revelação de Heraclito, a obra a que ele se propunha, e expressa-o através de Zaratustra. O respeito por este filósofo é tão grande que o leva a afirmar que "o mundo precisa eternamente da verdade, precisa, portanto, eternamente de Heraclito: embora ele não precise do mundo." (Nietzsche 6: 55). 

  Heraclito decifrou-se a ele mesmo como um enigma e atingiu a revelação máxima do ser humano, do mundo e de deus. Foi essa transformação, aquela que estabelece a passagem entre o enigma e a revelação, que o tornou, não um filósofo, mas sim um sábio. O pensamento do Obscuro é o enigma, a sabedoria que, embora não ouvida, persiste como verdade e caminho.


Bibliografia

Antero - Quental, Antero de, "Logos" in Poesia Completa 1842-1891, Org. Fernando Pinto do Amaral. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2001.

Aristóteles (De Anima) - Aristóteles, Da Alma (De Anima), Trad. Carlos Humberto Gomes. Lisboa: Edições 70, 2001.

Colli - Colli, Giorgio, O Nascimento da Filosofia. Tradução Artur Morão. Lisboa: Edições 70, s/d.

Diógenes Laércio - Diógenes Laércio, Lives of the Eminent Philosophers, 2 Volumes. Tradução Robert Drew Hicks. Cambridge (MA) e Londres: Loeb Classical Library, 1925.

DoddsDodds, E. R., The Greeks and the Irrational. Berkeley and Los Angeles and London: University of California Press, 1951.

Fränkel - Fränkel, Hermann, "A Thought Pattern in Heraclitus" in The Pre-Socratics - A Collection of Critical EssaysOrg. Alexander P. D. Mourelatos. Princeton: Princeton University Press, 1993, pp. 214-228.

Guthrie - Guthrie, W. K. C., A History of Greek Philosophy, Vol. I. Cambridge: Cambridge University Press, 1971.

Heraclito (DK 22 B)Heraclito, Fragmentos. Tradução do Autor e Numeração Diels-Kranz.

Hölscher - Hölscher, Uvo, "Paradox, Simile and Gnomic Utterance in Heraclitus" in The Pre-Socratics - A Collection of Critical EssaysOrg. Alexander P. D. Mourelatos. Princeton: Princeton University Press, 1993, pp. 229-238.

Jaeger - Jaeger, Werner, La Teologia de los Primeros Filosofos Griegos, Trad. José Gaos. México, Madrid, Buenos Aires: Fundo de Cultura Económica; 1982. 

Mansfield - Mansfield, Jaap, Studies in the Historiography of Greek PhilosophyAssen/Maastricht: Van Gorcum & Comp. B.V., 1990.

Marco Aurélio - Marco Aurélio, Pensamentos, Trad. João Maia. Lisboa: Relógio D'Água, 1995.

Nietzsche 1 - Nietzsche, Friedrich, O Nascimento da Tragédia. Tradução Teresa R. Cadete. Lisboa: Relógio D'Água, 1997.

Nietzsche 2 - Nietzsche, Friedrich, Gaia Ciência, 2a. Edição. Tradução Alfredo Margarido. Lisboa: Guimarães Editores; 1977.

Nietzsche 3 - Nietzsche, Friedrich, Para Além do Bem e do Mal, Trad. Hermann Peluger; Lisboa: Guimarães Editores; 1978; p. 213 (§289).

Nietzsche 4 - Nietzsche, Friedrich, Genealogia da Moral, Trad. Carlos José de Meneses. Lisboa: Guimarães Editores, s/d.

Nietzsche 5 - Nietzsche, Friedrich, Assim Falava Zaratustra - Um Livro para Todos e Ninguém. Tradução Paulo Osório de Castro. Lisboa: Relógio D' Água, 1998.

Nietzsche 6 - Nietzsche, Friedrich, A Filosofia na Idade Trágica dos Gregos. Tradução Maria Inês Madeira de Andrade. Lisboa: Edições 70, s/d.

Nietzsche 7 - Nietzsche, Friedrich, Considerações Intempestivas, Trad. Lemos de Azevedo. Lisboa: Editorial Presença, 1976, p. 203-205.

Nietzsche 8 - Nietzsche, Friedrich, Aurora, Trad. Rui Magalhães. Porto: Rés Editora Lda., 1977, p. 44 (§48).

SnellSnell, Bruno, A Descoberta do Espírito. Tradução Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 1992.

quarta-feira, 10 de maio de 2017

O Filósofo e o Enigma

Bruegel, o Velho, Pieter, A Torre de Babel, 1563.
Viena: Museu de História de Arte.

  A máxima inscrita no templo de Delfos, Conhece-te a ti mesmo, segundo a tradição proferida pelo próprio deus Apolo, serviu de lema para a filosofia socrática, todavia Heraclito de Éfeso refere-se ao mesmo tema de uma forma mais íntima e desafiante, dizendo "Tentei decifrar-me a mim mesmo."(Heraclito: 101). Se, por um lado, a máxima de Delfos aplica-se a todos os que entrarem no templo e cumprirem a vontade do deus, por outro, o aforismo de Heraclito indica que ele é o seu próprio templo, ele é o enigma que se coloca perante si mesmo. Este é o momento inaugural de todo o filósofo, de todo o homem que procura conhecer-se, e a consciência de que somos um enigma constitui o ponto de partida de toda a investigação, na qual somos o objecto de análise.

  As palavras de Santo Agostinho vêm corroborar esta ideia, pois quando diz que "o homem é para si mesmo um desconhecido"(Agostinho 2: I, I, 3) afirma que ele é um Enigma sem resposta, mas que necessita de ser revelado, e é perante uma situação extrema que esta consciência adquire um carácter fundamental e existencial. O mesmo padre da Igreja confessa essa vivência aquando da perda de um amigo: "Eu próprio me tornara para mim uma questão magna e perguntava à minha alma porque estava triste e porque se perturbava tanto dentro de mim, e ela não sabia responder-me"(Agostinho 1: IV, IV, 9). Esta experiência está em sintonia com as palavras de Heraclito, sobretudo quando diz: "Não possível encontrar os limites da alma, nem mesmo percorrendo todo o caminho; tão profunda é a sua expressão (Logos)."(Heraclito: 45). Quando defrontado com uma experiência extrema, um acontecimento que nada nos revela ou diz, a angústia da indefinição faz com que nos tornemos numa grande questão, aparentemente sem solução, um enigma sem reposta, já que a nossa alma nada nos diz. A nossa compreensão não alcança os limites longínquos da sua expressão, é um caminho que não conseguimos percorrer, daí que Bruno Snell diga que "o que Heraclito quer expressar é que a alma, precisamente em contraposição ao corpo, é algo de ilimitado"(Snell: 41). O choque desta experiência, da tomada de consciência de que somos um enigma, pode ser confrontado com o verso de Dante: "E caí como um corpo morto cai."(Inferno, V, 142). Nesse momento passamos pela experiência da queda, não sentimos o chão que pisamos, não reconhecemos o ser que habita em nós. No entanto, o corpo não permanece caído, ele ergue-se, ele faz do enigma um desafio, e então procura levantar o véu que o cobre. É nesse instante que encontramos o terceiro desafio, já que o primeiro é o reconhecimento do eu enquanto enigma e o segundo a experiência da queda, do choque face a esse reconhecimento. Este terceiro momento é delimitado pelo caminho, pela investigação, pela procura. Aqui o homem tenta-se decifrar. Essa é a proposta de Heraclito.

  Nietzsche compreendeu esses desafios, esses três momentos, de tal forma que Zaratustra é a imagem viva dessa proposta, ele afasta-se da multidão e sobe para as montanhas, onde se encontra na solidão, onde se encontra com ele mesmo, o seu verdadeiro enigma. Este afastamento quase que parece indicar o próprio Heraclito, lembremo-nos pois das palavras de Diógenes Laércio: "E, por fim, tornou-se um misantropo e vagueou pelas montanhas, onde se alimentava de ervas e plantas."(Láercio: IX, 3). O afastamento de Zaratustra e de Heraclito não representa nada mais do que a aceitação da própria vida, a conclusão de que ela é uma enigma. No entanto, para a aceitar plenamente é preciso aceitá-la como a única referência, de forma a não ser-se influenciado por aqueles que não alcançaram essa compreensão, ou seja, o vulgo, a multidão, a maioria. Tanto para Heraclito como para Nietzsche a visão do vulgo corresponde à ignorância, ao falso saber, daí que o filósofo de Éfeso diga: "(…) Mas os outros homens não têm discernimento do que fazem quando acordados, tal como se esquecem do que fazem quando estão a dormir."(Heraclito: 1), "(…) a maioria dos homens vive como se tivesse uma sabedoria particular."(Heraclito: 2), sabedoria esta que não é nada, não produz nada, pois a sabedoria da parte nem sabedoria se pode chamar se não estiver inserida no todo. É a compreensão do universal que produz sabedoria. Semelhante perspectiva encontra-se em Nietzsche quando diz: "Estes estão profundamente submergidos em ilusões e visões oníricas, o seu olhar só desliza pela superfície das coisas e vê aí 'formas', a sua percepção não conduz em parte alguma à verdade mas satisfaz-se com receber estímulos e, por assim dizer, com um jogo tacteando à custa das coisas. Além disso, de noite o homem deixa-se, durante uma vida inteira, enganar em sonhos(…)"(Nietzsche 2: 216-7), o que mostra que quer para Nietzsche, como para Heraclito, a visão do vulgo é uma inadequação entre realidade e a sua compreensão, na qual estão tão iludidos como nos sonhos. Assim sendo "Um homem vale por dez mil, se for o melhor"(Heraclito: 49). É pela sua vontade, pelo seu carácter que o homem se eleva, se distingue, daí que o Efésio diga que "O carácter é para o homem um demiurgo (daimon)."(Heraclito: 119).

  A compreensão deste enigma surge ao filósofo como um acto gritante da sua vontade. É através dela que a resposta ao enigma pode ser encontrada. Píndaro diz: "O enigma que ressoa a partir dos maxilares ferozes da virgem."(Colli 1: 7 A 10) e Colli explica que "A conexão entre crueldade e enigma é aqui sugerida imediatamente pelo texto"(Colli 2: 47), isto é, o enigma aparece ao homem sob uma forma cruel, promove o sofrimento, mas, por outro lado, constitui também um desafio à vontade, enquanto aceitação da vida. Nietzsche, no posfácio ao Nascimento da Tragédia, define-se como "o cogitabundo amigo de enigmas", autor de um "livro bizarro e de difícil acesso"(Nietzsche 1: 7), definição esta que Heraclito poderia considerar para si próprio. Cícero considera-o o Obscuro, aquele que fala por Enigmas. Diógenes Laércio refere que ele colocou o seu livro no templo de Ártemis de forma a afastá-lo da compreensão vulgar da maioria e defende que ele o tornou mais enigmático de forma a que só os iniciados pudessem compreende-lo (Laércio: IX, 6). Ambas as posturas mostram duas personalidades marcadas pelo elitismo e pela valorização do enigma, apresentando-o como o método mais fidedigno de exprimir a verdade acerca das coisas. O enigma é uma verdade não demonstrada, mas sim sugerida.

  Nietzsche, n' O Livro do Filósofo, diz o seguinte: "Heraclito nunca envelhecerá. É a poesia além dos limites da experiência, prolongamento do instinto mítico; essencialmente também em imagens"(Nietzsche 3: 36/§53). Esta passagem mostra, por um lado, a profunda admiração por Heraclito e, por outro, descreve a filosofia de Heraclito como uma forma de poesia que, através de um instinto mítico expresso segundo imagens, supera os limites da experiência. Nos fragmentos de Heraclito, encontramos esta descrição quando diz: "As coisas que se podem ver, ouvir e conhecer por experiência, essas são as que eu prefiro."(Heraclito: 55) e "Más testemunhas são para os homens os olhos e os ouvidos, se tiverem almas que não compreendam a sua linguagem."(Heraclito: 107), pois ao dizer isto o filósofo grego mostra que a experiência sensorial é a que ele prefere, todavia esta exige uma compreensão da sua linguagem, do modo através do qual ela opera, modo este que para muitos homens é desconhecido. Sempre que nos deparamos com a filosofia destes dois filósofos encontramos a constatação que o conhecimento da verdadeira natureza de coisas não é propriedade de todos, para o atingir é preciso ver, ouvir e ter a experiência das coisas como elas são, e não como aparentam ser, é preciso intuir uma verdade que escapa ao olhar do vulgo, daí que o filósofo grego diga: "A verdadeira natureza das coisas gosta de se ocultar."(Heraclito: 123) ou "A harmonia que se oculta é mais forte do que a que se manifesta."(Heraclito: 54). É próprio do filósofo reconhecer a verdade que se oculta, logo sente a necessidade de se afastar do engano e da ilusão que habitam nas almas dos homens. É por isso que Nietzsche diz: "Heraclito era orgulhoso, e quando o orgulho entra num filósofo, então, é um grande orgulho. A sua acção nunca o remete para um «público», para o aplauso das massas e para o coro entusiasta dos seus contemporâneos. Seguir um caminho solitário pertence à essência do filósofo. O seu dom é o mais raro e, de certa maneira, o menos natural, excluindo e ameaçando todos os outros dons. O muro da sua auto-suficiência deve ser de diamante, para não ser destruído nem partido, porque tudo se movimenta contra ele."(Nietzsche 4: 53). Nietzsche nesta passagem descreve não só Heraclito, mas também o Filósofo, pois o Efésio é a imagem viva desse ideal, ele tem a postura, o carácter necessário. Zaratustra vai ter este mesmo orgulho que Heraclito possui e vai-se voltar para o vulgo tentando-lhe transmitir uma sabedoria que eles não possuíam, uma verdade que tem de lhes ser revelada.

  Segundo Nietzsche, Heraclito "não precisava dos homens, nem sequer para o seu conhecimento; todas as informações que deles se podiam obter ao interrogá-los e tudo o que os outros sábios antes dele tinham pesquisado não lhe interessava."(Nietzsche 4: 54). Era o oposto da filosofia socrática, o único diálogo que ele estabelecia era consigo mesmo, não existe dialéctica neste filósofo, era impossível para ele conceber a procura da sabedoria como uma discussão de âmbito dedutivo, expresso por um rigor lógico e racional. Parménides aproximar-se-ia mais dessa hipótese. Heraclito era um autodidacta, um homem que acreditava que a sabedoria está dentro de nós. Ele esperava que surgisse a decifração do enigma. A alma aguardava por uma razão divina, por um Logos que lhe desse sentido. Essa demanda pelo desvelar do enigma é própria de um amante da sabedoria, mas também de todos os homens, daí que diga "É próprio de todos os homens conhecerem-se a si mesmos e serem sábios"(Heraclito: 116), ou seja, todos os homens devem levantar o véu que esconde o Logos, que oculta a verdadeira natureza das coisas. A Verdade para Heraclito não se aprende através de um esquema dedutivo que a tornaria algo distante, algo desprovido de vida, para este filósofo a apreensão da Verdade é directa, dá-se por intermédio da intuição, daí que Jaeger diga que "O curso do mundo não é para ele um espectáculo distante e sublime, em cuja contemplação o espírito se afunda e se esquece até de submergir na totalidade do Ser. Pelo contrário, através do seu Ser passa o acontecer cósmico"(Jaeger: 223), "O logos de Heraclito é um conhecimento de onde nascem, ao mesmo tempo, 'a palavra e a acção'."(Jaeger: 225). É desta forma que Heraclito funda a filosofia no humano e constrói a primeira antropologia filosófica. O humano é um princípio de acção e esta está em sintonia com o cosmo, o humano participa dele, tal como o Logos está nele e no cosmo. Para este filósofo, o humano é fundamento de si próprio, é pela decifração de si mesmo que alcança a plenitude do seu Ser, ou seja, a consciência de que "A sabedoria é uma só: conhecer a razão, segundo a qual todas as coisas são governadas através de tudo"(Heraclito: 41), ou seja, conceber a unidade através da multiplicidade.

  A sabedoria para Heraclito decorre da acção humana. O ser humano torna-se sábio através daquilo que vê, ouve e conhece, daí que Bruno Snell diga: "Heraclito pretende dizer que os fenómenos podem respectivamente mostrar ao sábio a vida em toda a sua profundidade"(Snell: 189). A sabedoria decorre da vida e passa pela aceitação da vida. Esta noção não poderia estar mais em sintonia com a filosofia de Nietzsche, pois este defende que a vida é a expressão da vontade, contudo a vida digna de ser vivida não é a vida que a maioria vive, o que o leva o dizer: "A vida é fonte de prazer; mas onde a gentalha também beber, todas as fontes estão envenenadas"(Nietzsche 5: 110). Ora Heraclito defende o mesmo quando este diz: "Para as almas a morte é tornar-se água, para a água a morte é tornar-se terra; a água nasce da terra, e a alma da água."(Heraclito: 36), "A alma seca é mais sábia e melhor."(Heraclito: 118), ou seja, a gentalha bebe demasiada água, o que leva à morte da sua alma, a qual se torna água e por sua vez terra e então mistura-se na lama e no lodo, o que indica uma aproximação entre a alma e o corpo, entre a alma e a vida (Kahn: 245-54). Esta aproximação entre a alma e o corpo conduz também a uma aproximação da vida enquanto princípio de acção, a qual está presente em Heraclito e Nietzsche. Sobre a concepção nietzschiana deste princípio, Gilles Deleuze diz o seguinte: "O corpo é um fenómeno múltiplo, sendo composto por uma pluralidade de forças irredutíveis; a sua unidade é a de um fenómeno múltiplo, 'unidade de dominação'. Num corpo, as forças superiores ou dominantes são ditas activas, as forças inferiores e dominadas são ditas reactivas"(Deleuze: 63). Estas afirmações poderiam também dizer respeito a Heraclito, sobretudo na relação entre multiplicidade e unidade, mas também na distinção entre uma força que puxa para cima e outra que puxa para baixo, forças estas que são determinadas por um mesmo agente. O fragmento que diz que "O caminho a subir e a descer é um e o mesmo."(Heraclito: 60) refere isso mesmo..

  A valorização da vida é descrita por Nietzsche da seguinte forma: "Todo o naturalismo na moral, isto é, toda a moral sã, está dominada por um instinto de vida - qualquer mandamento da vida é cumulado por um determinado cânon do 'deve-se' e 'não deve-se', qualquer restrição e aversão é assim eliminada do caminho da vida."(Nietzsche 6: 40-41). A vida é regulada pela vontade e não por normas estabelecidas, logo o ser humano age conforme a sua natureza. Neste ponto nota-se uma diferença entre Nietzsche e Heraclito, pois quando este último diz "O povo deve lutar pela Lei, como se da muralha da cidade se tratasse."(Heraclito: 44), revela uma defesa de um carácter normativo e legislativo, pois as leis são o fundamento da nossa segurança, tal como o é a muralha da cidade. Desta forma, o filósofo aparece-nos como aquele que tem consciência de si mesmo, enquanto enigma, e que toma esse enigma como expressão de vida. O filósofo afasta-se do vulgo como se de uma peste se tratasse, pois o pensamento da maioria corrompe a comunhão com a verdade, com a verdadeira natureza das coisas. O Enigma coloca-se perante ele como uma expressão da vida e como um desafio para a vontade. São estes aspectos que fazem com que Heraclito e Nietzsche estejam tão próximos um do outro, daí que Colli ao falar de A Filosofia na Idade Trágica dos Gregos diga: "Este escrito documenta, por conseguinte, um processo de amadurecimento, o início de uma conquista de autonomia por parte de Nietzsche: em relação a Wagner, com a substituição da arte pela filosofia, o vértice da cultura, e em relação a Schopenhauer, com a sua substituição por Heraclito como ideal de filósofo."(Colli 3: 32). Ora Cornford  refere que "Heraclito reivindica uma inspiração sem par que suplanta todos os poetas, profetas e sábios do passado e seu contemporâneos"(Conford: 189-9). Esta inspiração é produto de si mesmo e do Logos que está em tudo e dá razão a tudo. Foi esta altivez e esta consciência de si mesmo como homem superior, um homem que vê o que os outros não vêm, que agradou tanto a Nietzsche e que inspirou o seu Zaratustra, que era tanto o alter ego do Filósofo como imagem de Heraclito.

  A melhor forma de sintetizar o que foi tratado ao longo deste ensaio é com uma citação de Píndaro: "Tenho ainda debaixo do braço muitas setas agudas,/ que estão dentro da aljava,/ compreensíveis aos cultos; para o vulgo, é preciso/ hermeneutas. Artista é aquele/ que sabe muito por natureza. Os que tiveram de aprender,/ quais corvos loquazes,/ que grasnam em vão contra a ave divina de Zeus"(Pereira: 187). Estes versos mostram o carácter elevado do conhecimento em causa, apreendido de modo directo, o desprezo pelo vulgo e pelo seu pretenso saber e, por fim, a revelação de que o enigma não pode ser apreendido por todos, só o alcança aquele que tiver um carácter que lhe sirva de intermediário entre o plano ignorante dos seres humanos e o plano sábio dos deuses.


Bibliografia:
Agostinho 1 - Santo Agostinho, Confissões. Tradução Arnaldo do Espírito Santo, João Beato e Maria Cristina de Castro-Maia de Sousa Pimentel. Lisboa: INCM, 2000.

Agostinho 2 - Santo Agostinho, De Ordine. Tradução Paula Oliveira e Silva. Lisboa: INCM, 2000.

Colli 1 - Colli, Giorgio, La Sapienza Greca, 4ª Edição, Volume I - Dioniso-Apolo-Eleusi-Orfeo-Museo-Iperborei-Enigma. Milão: Adelphi Edizioni,1987(1977).

Colli 2 - Colli, Giorgio, O Nascimento da Filosofia. Tradução Artur Morão. Lisboa: Edições 70, s/d.

Colli 3 - Colli, Giorgio, Escritos sobre Nietzsche. Tradução Maria Filomena Molder. Lisboa: Relógio D'Água: 2000.

Cornford - Cornford, F.M., Principium Sapientiae - As Origens do Pensamento Filosófico Grego. Tradução Maria Manuela Rocheta dos Santos. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, s/d.

Dante - Dante, Divina Comédia, 5ª Edição. Tradução Vasco Graça Moura. Venda Nova, Bertrand Editora, 2000.

Deleuze - Deleuze, Gilles, Nietzsche e a Filosofia, 2ª Edição. Tradução António M. Magalhães. Lisboa: Rés Editora, 2001.

Kahn - Kahn, Charles H., The Art and Thought of Heraclitus - An Edition of the Fragments with Translation and Commentary. Cambridge: Cambridge University Press, 1979.

Heraclito - Heraclito, Fragmentos. Tradução do Autor e Numeração Diels-Kranz.

Jaeger - Jaeger, Werner, Paideia - A Formação do Homem Grego, 3ª Edição. Tradução Artur M. Parreira. São Paulo: Martins Fontes, 1995(1986).

Laércio - Diógenes Laércio, Lives of Eminent Philosophers, 2 Volumes. Tradução R.D. Hicks. Londres e Cambridge: The Loeb Classical Library, 1958(1925).

Nietzsche 1 - Nietzsche, O Nascimento da Tragédia. Tradução Teresa R. Cadete. Lisboa: Relógio D'Água, 1997.

Nietzsche 2 - Nietzsche, Acerca da Verdade e da Mentira em Sentido Extramoral, opúsculo  presente na edição de O Nascimento da Tragédia.

Nietzsche 3 - Nietzsche, O Livro do Filósofo (1872). Tradução Ana Lobo. Lisboa: Rés Editora, s/d.

Nietzsche 4 - Nietzsche, A Filosofia na Idade Trágica dos Gregos (1873). Tradução Maria Inês Madeira de Andrade. Lisboa: Edições 70, s/d.

Nietzsche 5 - Nietzsche, Assim Falava Zaratustra - Um Livro para Todos e Ninguém (1883). Tradução Paulo Osório de Castro. Lisboa: Relógio D' Água, 1998.

Nietzsche 6 - Nietzsche, Crepúsculo dos Ídolos ou Como se Filosofa com o Martelo (1888). Tradução Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 1988.

Pereira - Pereira, Maria Helena da Rocha, Helade - Antologia da Cultura Clássica, 7ª Edição. Coimbra: Instituto de Estudos Clássicos, 1998(1959).

Snell - Snell, Bruno, A Descoberta do Espírito. Tradução Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 1992.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

O Mistério do Tarot: A Sacerdotisa



O segredo que esta carta encerra é o centro do mistério do Tarot. Este Liber Mundi, tecido em imagens e símbolos, guarda um enigma que carece de revelação. A verdadeira Luz está oculta por detrás do véu da Sacerdotisa.