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terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Astrologia Empresarial

  A premissa que julgo mais adequada para definir a astrologia é considerá-la, não uma ciência, não uma arte, mas uma forma de linguagem. Esta redefinição não diminui o seu valor, demonstra sim a sua função num mundo com outras exigências. Se a astronomia descreve o Nómos, a norma, a estrutura, a mecânica do céu, a astrologia aponta para o Logos, para a razão, para o sentido, para o discurso celeste. Logo, quando a comunidade científica afirmou, por exemplo, que Plutão não era um planeta,  isso não se traduziu num problema para a astrologia, pois Plutão é parte de um sistema simbólico, formado por ideias e arquétipos, e aquilo que expressa é mais relevante do que a forma como um outro sistema o define.  A astrologia é uma linguagem que tem o céu como imagem, como representação. A apreensão do sentido que a astrologia indica pode permitir que esta se transforma em astrosofia, ou seja, num modelo de interpretação da realidade em que o sentido e o mistério adquirem um valor de afinidade electiva e de escolha mimética. Ora se a natureza da astrologia pode ser alvo de uma redefinição, também o modo como a utilizamos e aplicamos é objecto de reavaliação.

Figura 1
Mapa Astrológico Natal de Warren Buffett
30-08-1930   15h00m
Omaha, Nebraska, EUA
  A astrologia esteve sempre, ao longo da sua história, em sintonia com os anseios do ser humano. Na verdade, contrariamente ao que se possa pensar, a astrologia não é nem geocêntrica, nem heliocêntrica, é, por essência, antropocêntrica. O seu objecto primeiro é o humano, daí que esteja em harmonia com aquilo que mulheres e homens procuram. O amor, a família, a saúde, o trabalho e o dinheiro são os temas que estão na origem da maioria das consultas de astrologia. No entanto, o exercício da astrologia apresenta outros vectores. A astrologia como modelo de transformação é quiçá o principal vector, alternativo à astrologia mundana ou comum. Este carácter transformador pode transpor um paradigma espiritual e, nesse caso, insere-se numa concepção teocêntrica do mundo, independentemente da ideia de divino, ou procurar um conhecimento de si cujo objecto é psique. Essa demanda aproxima-se mais da psicologia, não necessariamente da psicologia clínica, mas de uma psicologia que era uma área do saber da filosofia. Nesse modelo, a astrologia aproxima-se da filosofia prática, da psicanálise e da psicologia analítica. Porém, existe um outro vector que não tem tido grande expressão, sobretudo em Portugal. Falo de uma astrologia aplicada à sociedade, ou seja, de um modelo astrológico que transcende o ser humano, o individual, e se fixa nas expressões colectivas da humanidade. As empresas são uma parte desses esforços colectivos, logo a astrologia pode ser aplicada às empresas e nas suas actividades desempenhar uma voz activa.

Figura 2
Mapa Astrológico Natal de Bill Gates
28-10-1955   22h00m
Seattle, Washington, EUA
  A astrologia pode ser um importante contributo para aquilo que é denominado como business intellegence, uma vez que complementa, confirma ou aprofunda muitos dos dados ou até mesmo intuições de quem dirige ou coordena. O conhecimento da astrologia e a sua competência para interpretar signos e sinais permite a uma empresa, por um lado, redefinir-se e reavaliar-se e, por outro, possibilita que o sucesso seja mais tangível. A astrologia recoloca uma empresa no espaço e no tempo, não meramente através de um recurso predicativo, mas através do conhecimento do meio em que se insere e da compreensão das alternâncias temporais. Porém, a questão que se coloca é de como pode uma empresa utilizar a astrologia. A resposta imediata, com base no que quem sido a tradição astrológica mais comum, seria para avaliar as pessoas e não estaria incorrecta, todavia seria um recurso limitado e restrito. Os Recursos Humanos são um dos departamentos que mais pode beneficiar com o recurso à astrologia.



Figura 3
Mapa Astrológico Natal de Mark Zuckerberg
14-05-1984   14h39m
Dobbs, Nova Iorque, EUA
  Para os Recursos Humanos, a primeira aplicação de uma consultadoria astrológica poderia ser ao nível do recrutamento, porém a astrologia trabalha a partir de alguns dados - data, hora e local de nascimento - que podem não ser do conhecimento do recrutador. Existem duas hipóteses que podem ser utilizadas: ou se pede uma certidão de nascimento, com a justificação de confirmar dados, uma vez que a actual legislação não permite a cópia do cartão do cidadão, ou se utiliza um formulário para a candidatura onde constem as informações necessárias. Este segundo modelo já é utilizado por algumas empresas no Brasil e nos Estados Unidos da América. Em Portugal, o uso da certidão de nascimento ainda é o mais utilizado, pois as empresas preferem esconder o recurso à astrologia. De facto, a interpretação do mapa astrológico natal é a melhor forma de conhecer o candidato a uma determinada função, pois indica a totalidade do indivíduo (figuras 1, 2 e 3). No entanto, se a hora e o local de nascimento forem desconhecidos e se não se possuir as informações necessárias para rectificar a hora de nascimento, é possível recorrer a outras duas possibilidades que, embora incompletas, podem auxiliar a decisão, são o momento da candidatura e, se a escolha já ocorreu, mas a pessoa ainda está à experiência, a inscrição na Segurança Social. Estas alternativas são possíveis, sobretudo, pela sua componente digital. Por exemplo, o e-mail do candidato possui esses elementos: data, hora e o local é onde estão sediados os Recursos Humanos. A inscrição na Segurança Social também pode ser utilizada, pois implica o compromisso público, perante o Estado, dessa relação laboral e, uma vez que hoje é quase sempre feita de forma digital, os dados são de acesso imediato. O momento de apresentação do Relatório Único pode indicar a relação da totalidade dos funcionários com a empresa. No entanto, estas duas hipóteses interpretam apenas as intenções da candidatura e a natureza da relação laboral e não todo perfil da pessoa. Nas grandes empresas,  pode até não ser viável a análise de todos aqueles que a ela se candidatam, mas para alguns cargos de chefia pode ser um importante contributo. Por exemplo, quando se escolhe um director financeiro ou um director comercial, a consultadoria astrológica pode ajudar numa escolha que já é por si mesma complexa. No entanto, a astrologia pode ser utilizada pelos Recursos Humanos de outras formas.

Figura 4
Sinestesia Exemplo
  As empresas podem, num quadro de consultoria astrológica, pedir que sejam elaborados os mapas natais dos seus colaboradores, neste caso seria mais adequado que fosse com o seu consentimento, de modo a explorar as potencialidades de cada um, bem como o modo como podem ser desenvolvidas. Com este recurso, é possível identificar, por exemplo, funcionários a quem não está a ser dado o devido valor ou cujo potencial não está de acordo com as funções desempenhadas. Pode-se, por exemplo, estar a verificar que um colaborador que era criativo e eficiente tem, nos últimos tempos, se revelado pouco produtivo, então a astrologia pode analisar o perfil da pessoa e determinar que essa pessoa coloca como prioridade absoluta a sua família e o trabalho está interferir com a sua vida pessoal. Ora este aspecto não faz da pessoa um mau trabalhador, mostra que, por exemplo, deve-se evitar que faça horas extraordinárias, apoiar a assistência à família e a até a possibilidade de isenção de horário, se as suas funções o permitirem e se puder realizar alguns dos seus objectivos em casa, assim a produtividade melhora e a empresa sai a ganhar. Porém, tanto o astrólogo como a empresa não devem ultrapassar o limite que é o interesse da empresa, mas também o da reserva da vida privada, pois ética gera ética e confiança gera confiança. Uma outra possibilidade de uso da astrologia é criação de sinestesias (figura 4), ou seja, de mapas astrológicos comparados. Por exemplo, existe um conflito entre o director-geral e o director comercial e o primeiro quer aprofundar as causas do conflito e o modo como o superar, então a astrologia mediante o recurso a uma sinestesia, um mapa natal comparado, pode aprofundar esse conflito e apresentar uma solução. Ou se num espaço que não a sede da empresa, tal como uma filial ou uma loja, existe um litígio entre o gerente ou o responsável e os restantes colaboradores, a astrologia pode também dar o seu contribuir. Neste caso, uma vez que distancia entre a sede e local do conflito não permite um testemunho directo e depende das versões dos intervenientes, a astrologia pode, mediante a elaboração de sinestesias entre os interlocutores, encontrar a origem do problema, o qual não era totalmente compreendido. Em situações como estas, o recurso à astrologia horária pode também ser uma escolha, ou seja, é elaborado um mapa do céu num momento em que é formulada a questão e será ele que indicará a resposta.

Figura 5
Mapa Astrológica de Empresa Exemplo
  Um modelo que é utilizado com frequência é a criação de um mapa natal para a empresa, explicitando o momento que está na génese da sua actividade. Hoje em dia com a simplificação do acto de criação de uma empresa, é mais fácil recorrer os dados necessários para o mapa: data, hora e local. Por exemplo, se o futuro sócio-gerente ou sócios criarem a empresa num serviço de Empresa na Hora ou na Conservatória do Registo Comercial, os dados são acesso imediato, sobretudo, se a taxa e o imposto de selo forem liquidados por pagamento com o multibanco, pois a hora fica impressa no comprovativo de pagamento. Uma outra hipótese é  a hora em que o Técnico Oficial de Contas entrega, via Internet, junto da Autoridade Tributária, a Declaração de Início de Actividade. Por fim, a data e a hora da inauguração da sede da empresa ou do começo efectivo da actividade podem também ser utilizados. Em empresas mais antigas e cuja hora da criação da empresa ou da inauguração se perde na memória ou no tempo,  será necessário recorrer ao mesmo procedimento que é usado quando se desconhece a hora de nascimento de uma pessoa. Para a Rectificação do Ascendente de uma empresa, é necessário reunir algumas das datas dos momentos mais marcantes da história da empresa, tais como: a data do Registo Comercial ou do Pacto Social, pois é a data do nascimento da empresa; a data de nascimento dos sócios ou dos CEOs, caso sejam diferentes ou se os sócios ou os accionistas forem num número que dificulte a análise; as datas de alterações significativas aos estatutos da empresa; abertura de filiais ou lojas; as datas do primeiro Break-Even e do primeiro ano de lucros ou dos anos de melhores resultados; as datas dos Bestsellers mais importantes e das campanhas de marketing mais relevantes; e qualquer outra data importante, layout, despedimento colectivo, recapitalização ou revitalização, pedidos de insolvência, etc. A partir destes dados, o astrólogo inicia um processo complexo de cálculos e associações, recorrendo a técnicas como análise de Trânsitos, Progressões Secundárias e Direcções do Arco Solar, que irão concluir uma hora específica. Nessa altura, é possível criar o mapa astrológico natal da empresa (figura 5).

  O mapa da empresa apresenta um elemento que serve de base para quase todas as análises possíveis. No mapa, a partir das suas casas, estão inscritos os vários departamentos de uma empresa, bem como as pessoas que neles trabalham. A interpretação conjunta das casas, dos luminares, dos planetas e das relações que entre eles se estabelecem permite aferir as pessoas, os departamentos ou as estruturas que precisam de uma maior atenção, senão mesmo de alguma forma de reestruturação. É possível também fazer uma sinestesia, uma mapa comparado (figura 4), entre o mapa de uma pessoa e o mapa da empresa. Por exemplo, a identidade da Microsoft está intimamente ligada à  personalidade de Bill Gates (figura 2), logo uma abordagem comparada faz todo o sentido, bem como o caso de Mark Zuckerberg (figura 3) e o Facebook. A elaboração dos mapas natais do fundador ou do CEO de uma empresa pode ser sempre um importante contributo. Os três exemplos apresentados - Warren Buffett, Bill Gates e Mark Zuckerberg - demonstram a importância de um líder, de uma personalidade que determina o sucesso das suas empresas, bem como é possível constatar, através dos seus mapas, como impuseram as suas ideias no mundo. 

Figura 6
Astrocartografia aplicada ao Mapa da Empresa
  Para além da analisar a estrutura e o pessoal, o mapa da empresa possibilita que se crie um conjunto de linhas e modelos temporais de modo a prever a evolução da sua actividade num curto, médio e longo prazo. A curto prazo, por exemplo um mês, dados como os trânsitos e os aspectos da Lua, a Lua fora de curso ou a existência de um movimento retrógrado de Mercúrio podem afectar os resultados comerciais da empresa, daí que o conhecimento de dias ou semanas menos favoráveis permita que o departamento de comercial adopte medidas para alterar essa tendência. A médio prazo, por exemplo um ano, são avaliados os trânsitos e os aspectos entre os astros em trânsito e os astros natais, de modo a concluir quais são os períodos de crescimento e os de carência, os de expansão e os de contenção. Esse conhecimento permite que os vários departamentos adoptem medidas preventivas, de acção ou reacção. A longo prazo, o recurso a técnicas como a análise dos trânsitos, das progressões secundárias, das revoluções solares, das direcções primárias, das direcções do arco solar, bem como das direcções terciárias e da firdaria, permite que se estabeleçam e definam os ciclos da empresa. A este conhecimento temporal é possível acrescentar um conhecimento espacial. A astrocartografia (figura 6) permite que se avalie situações e tendências no planisfério. Por exemplo, uma empresa pretende expandir os seus negócios para a China, então, a através do recurso a esta técnica, pode-se estabelecer se num certo período temporal é favorável a expansão da actividade da empresa para a China ou até indicar como se desenvolverá o processo, poderá também indicar que outras áreas geográficas são adequadas a essa expansão. Em termos políticos e geoestratégicos, a astrocartografia oferece também um importante contributo. Por fim, a Astrologia Electiva é uma técnica que, não tendo um horóscopo prévio, procura aquilo que os gregos designavam como Kaíros, o tempo electivo, o tempo certo para fazer e escolher. Por exemplo, uma empresa procura saber qual é o melhor momento para lançar um produto ou uma campanha publicitária, então a astrologia electiva indaga, entre as efemérides e as afinidades celestes, qual o momento ideal. Todas estas técnicas oferecem às empresas um imenso quadro possibilidades.

  A astrologia empresarial é uma corrente da astrologia que permite às empresas adquirirem novas e importantes informações. A astrologia como linguagem interpretativa do humano e do universo oferece ao mundo dos negócios outros caminhos para o sucesso, os quais não deviam ser desperdiçados por um mero preconceito. A astrologia nunca foi uma parte cristalizada do saber, pois soube sempre, ao longo dos séculos, reinventar-se e adaptar-se à evolução do tempo e da história. Hoje, no pensamento astrológico contemporâneo já não existe nem determinismo, nem fatalismo, existem sim formulações de sentido que contemplam a liberdade humana e a capacidade do humano se transcender, seja através de um percurso espiritual, seja através da sua vida privada, mas também pela mão da sua realização profissional. O recurso à astrologia empresarial é um recurso que, quando utilizado, supera quase sempre as expectativas.


Nota: Todas as figuras apresentadas foram geradas no software Solar Fire.