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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

A Contemplação do Céu pode ser um Acto Religioso: Exemplo Textual


Fowden, Garth, 1993, The Egyptian Hermes: A Historical Approach to the Late Pagan Mind91-2.


Something was said at the beginning of the present chapter about the crucial role played by the stars in the dissemination of divine ‘energies’ through the universe, and in the related workings of cosmic sympathy and fate. This complex of beliefs - and, by extension, their religious dimension to be discussed here - was a characteristic product of the Hellenistic and Roman periods; for while such general notions as cosmic sympathy, fate, and even the influence of stars on human affairs can be traced in ancient Egypt and classical Greece, the fundamental presupposition of astrology - namely belief in a direct and calculable connection between planetary movements and human actions - first emerged in the aftermath of Alexander’s conquests, through a fusion of Greek with Egyptian and Babylonian ideas effected principally by the Stoics. The mechanistic character of this doctrine, with its vision of Man as the helpless victim of ineluctable forces, seems inimical to the religious spirit, at least in the individualistic sense in which the modern Western mind understands such things. By their very nature, astrological prognostications tended to induce gloom, or at least a sense of impotence; and there was often a temptation to dismiss the whole subject with a strong dose of Lucianic irony. Yet the astrologers saw themselves as men of religion, and clothed their teachings in the language of sacred cult. It is important to gain some understanding of the reasons for the wide appeal of astral religion in late antiquity.

There is a sense in which even the simple, untutored contemplation of the heavens can be a religious act. 



Fowden, Garth, 1993 (1986), The Egyptian Hermes: A Historical Approach to the Late Pagan Mind. Princeton: Princeton University Press


quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Livro: Fragmentos Astrológicos

 


Fragmentos Astrológicos


Os Fragmentos Astrológicos são uma forma de conhecer a astrologia antiga com um olhar contemporâneo e de encontrar um outro sentido para a astrologia enquanto linguagem ou representação da realidade. Neste livro, estão reunidos, com algumas correcções e actualizações, um conjunto de textos que se encontravam dispersos no sítio, no blogue e nas redes sociais do autor. As primeiras três secções (Dicas Astrológicas, Reflexões Astro-Filosóficas e Considerações Astro-Mitológicas) serviram de mote para o título, pois inscrevem-se no estilo fragmentário sem perderem, porém, a visão de totalidade. Na última parte, foram incluídos três ensaios (“Saturno e o Feminino na Astrologia Antiga”, “Dodecatemoria ou a Harmonia da 12ª Parte” e “O Mito como Sentido das Estrelas”) que, embora publicados em parte ou no seu todo, foram revistos e aumentados e que estão em harmonia com os excursos anteriores. Pode-se encontrar também um aprofundamento das referências bibliográficas, permitindo assim uma visão de conjunto que sustenta a proposta apresentada.


ISBN: 9798754265080

ISBN: 9798755562720 (Edição Capa Dura)

Edição: Setembro de 2021

Páginas: 240


À Venda no Amazon 

Livro (capa mole)

https://www.amazon.es/-/pt/dp/B09KDSV498  (Espanha-Portugal)

https://www.amazon.com/dp/B09KDSV498 (Internacional)

 

Livro (capa dura)

https://www.amazon.es/dp/B09LGPMR91 (Espanha-Portugal)

https://www.amazon.com/dp/B09LGPMR91 (Internacional)


Para mais informações acerca deste e de outros livros consulte o nosso sítio

https://rodolfomfigueiredo.wixsite.com/astrologia-e-tarot/livros

quinta-feira, 7 de maio de 2020

Consulta de Astrologia: Primeira Consulta ou Rectificação do Ascendente



Uma Consulta de Astrologia precisa de três informações fundamentais: data, hora e local. Quando esta informação está incompleta ou é imprecisa, o resultado, ou seja, a análise do tema e a hipótese de se estabelecerem previsões ficam comprometidas. Esta aspecto não deve nunca ser ocultado de quem procura um astrólogo.

Quando desconhecemos a hora de nascimento, não podemos fixar com rigor o Ascendente. Este muda de signo a cada duas horas e, a cada quatro minutos, o tema, estabelecido a partir do Ascendente, avança um grau, daí a importância de se saber a hora do nascimento (valores arredondados).

Quem desconhece o Ascendente pode, porém, fazer a sua consulta, mas tem de aceitar um aumento da margem de erro. A metodologia será, no entanto, diferente. No meu caso concreto, estabeleço duas hipóteses: ou se avança para uma Primeira Consulta, utilizando-se horas ou signos pré-determinados ou estabelecendo-se horas médias, de acordo com a informação aproximada do cliente; ou se procede à Rectificação do Ascendente, que é uma técnica complexa e que exige uma grande número de cálculos, de modo estabelecer-se um padrão que chegue ao grau e minutos exactos de Ascendente. A diferença na complexidade dos procedimentos reflecte-se naturalmente no valor do serviço. 

Na Rectificação do Ascendente, o cliente e o astrólogo devem eleger as principais datas, os momentos que mais marcaram o cliente, como por exemplo, nascimento de filhos, casamentos, mortes, conclusão de estudos ou mudanças de emprego, e a partir daí o astrólogo procede à Rectificação do Ascendente. No meu caso, recorro também a técnicas da Astrologia Antiga, como por exemplo as Dodecatemoria, os Dias da Lua ou a Trutina de Hermes. Tudo dependerá da conciliação entre as horas aproximadas e as datas electivas. A Rectificação do Ascendente é,assim por essência, um trabalho de investigação. 

Não se pense, todavia, que uma Consulta de Astrologia sem a Rectificação do Ascendente é um serviço menor, pois existem outros elementos a analisar, nomeadamente as posições planetárias. Neste caso, a hora aproximada pode ser uma mais-valia, pois se apenas se souber o dia de nascimento as posições, em especial, da Lua, de Mercúrio e de Vénus podem ser imprecisas. De qualquer modo, o astrólogo deve fazer sempre, embora alertando para os condicionalismos, um esforço para encontrar nos dados disponíveis elementos de análise e previsão.


Consulte o preçário aqui em Consultas Particulares ou no sítio Astrologia & Tarot - Rodolfo Miguel de Figueiredo


Para mais informações, estou à vossa disposição.

terça-feira, 24 de março de 2020

Promoção - Consulta de Astrologia



PROMOÇÃO
Desconto de 15€

Consulta de Astrologia
1ª Consulta - (90 minutos)

Promoção válida de 24 a 31 de Março de 2020.

Sujeita a disponibilidade de agenda 
e apenas nas modalidade Telefone e Video-chamada 
(Skype, Messenger ou Zoom).

Para usufruir do desconto, utilize o código promocional 
disponível na página de Facebook.

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Previsões Astrológicas 2020 - Consultas



Esteja onde estiver, agende uma consulta e conheça o seu ano de 2020. Com recurso às mais antigas técnicas astrológicas, por telefone, video-chamada, e-mail ou presencialmente, pode compreender melhor o ano que se aproxima. 

Se necessitar de alguma informação adicional, estou à vossa disposição. 


Wherever you are, bookmark a counselling session and know your year of 2020. Using the oldest astrological techniques, by phone, videocall, e-mail ou in person, you can have a better understanding  of the coming year.

Please feel free to contact me if you need any further information



#RMdFPrevisões2020 #RMdFAstrologia #AstroWebCounselling #RodolfoMigueldeFigueiredo

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Alguns Elementos Textuais para o Estudo do Thema Mundi: Fírmico Materno, Paulo de Alexandria e Porfírio





Porfírio, Sobre a Caverna das Ninfas na Odisseia, 22.


Kaˆ œcous… ge ™fexÁj aƒ qšseij tîn zJd…wn: ¢pÕ mn Kark…nou e„j A„gÒkerwn prîta mn Lšonta oŒkon `Hl…ou, eŒta Parqšnon `Ermoà, ZugÕn d 'Afrod…thj, Skorp…on d ”Areoj, ToxÒthn DiÒj, A„gÒkerwn KrÒnou: ¢pÕ d/ A„gÒkerw œmpalin `UdrocÒon KrÒnou, 'IcqÚaj DiÒj, ”Areoj KriÒn, Taàron 'Afrod…thj, DidÚmouj `Ermoà, kaˆ Sel»nhj loipÕn Kark…non. DÚo oân taÚtaj œqento pÚlaj Kark…non kaˆ A„gÒkerwn oƒ qeolÒgoi, Pl£twn ddÚo stÒmia œfh: toÚtwn d Kark…non mn enai di/ oá kat…asin aƒ yuca…, AƒgÒkerwn ddi/ oá ¢n…asin. 'All¦ Kark…noj mn bÒreioj kaˆ katabatikÒj, A„gÒkerwj dnÒtioj kaˆ ¢nabatikÒj.


As posições dos signos do Zodíaco têm a seguinte ordem, desde Caranguejo até Capricórnio: em primeiro Leão, o domicílio do Sol, a seguir Virgem, o de Mercúrio, Balança, o de Vénus, Escorpião, o de Marte, Sagitário, o de Júpiter, Capricórnio, o de Saturno; em sentido inverso, desde Capricórnio, Aquário a Saturno, Peixes a Júpiter, Carneiro a Marte, Touro a Vénus, Gémeos a Mercúrio e, por fim, Caranguejo à Lua. Os antigos cosmólogos estabeleceram assim estas duas portas, Caranguejo e Capricórnio, já Platão referia duas bocas. Delas, Caranguejo é por onde as almas descendem, Capricórnio por onde ascendem. Caranguejo é pois ainda setentrional e apropriado para se descender, já Capricórnio é meridional e apropriado para se ascender. 


Porfírio, Sobre a Caverna das Ninfas na Odisseia:
Seminar Classics 609 (J. M. Duffy, P. F. Sheridan, L. G. Westerink & J. A. White), 1969, Porphyry, The Cave of the Nymphs in the Odyssey. Buffalo (N.I.): Arethusa Monograph 1, Department of Classics, State University of New York at Buffalo.

Nota: As Traduções do Grego e do Latim são minha responsabilidade.


sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Dignidades: O Sistema Helenístico de Matriz Hermética



  O sistema de dignidades é um modelo indispensável para o estudo de qualquer tema astrológico. A astrologia helenística, sobretudo a de matriz hermética, fixa uma estrutura interpretativa que difere daquela que é utilizada pela astrologia dita tradicional, que descende sobretudo de Ptolomeu e do seu empírico-cepticismo. Curiosamente, o mesmo Ptolomeu que desdenhava dos sistemas astro-numerológicos de tradição hermética, que hoje são perfeitamente aplicáveis, vai ser o antecessor de um sistema que atribui pontos à ocorrência de determinadas dignidades, algo que não era utilizado pelos antigos astrólogos da tradição greco-egípcia. No entanto, independentemente da forma desse modelo, a matriz de sentido é coerente e estendeu-se no tempo. 

  Depois da análise do segmento, haíresis, e do regente do tema, a análise das dignidades segue, desde da primeira da fase da astrologia helenística (séculos III AEC a I EC) até aos nossos dias, a mesma sequência: domicílio, exaltação, triplicidade, termos e decanatos. A estes últimos, segundo o sistema hermético, acrescentar-se-ia a monomoiría, a última dignidade, já aqui abordada em Os Dois Esquemas de Monomoiria de Paulo de Alexandria I: Tradução do Grego e em Os Dois Esquemas de Monomoiría de Paulo de Alexandria II: Tradução do Grego. Esta sequência é aquela que encontramos em diversos horóscopos antigos, tanto em papiro como em ostraca, e dos quais podemos inferir a estrutura interpretativa dos mesmos. 

As dignidades helenísticas e herméticas diferem de outros modelos, pois, por um lado, preferem o sistema de termos egípcio e, por outro, por não darem o relevo que será dado mais tarde ao detrimento e à queda dos planetas nos signos. Este último factor deve-se ao facto de o conceito de oposição não ter na Antiguidade o sentido estrito de tensão que pode ter hoje, pois, tanto em grego como latim, o termo para oposição tem o sentido literal e profundo de diâmetro, que, na verdade, não é exactamente a mesma coisa que oposição. Contudo, poder-se-ia afirmar, sem grandes divergências, que as fundações conceptuais deste sistema não sofreram grandes alterações e, sendo este modelo mais antigo, é também aquele que é mais utilizado. As dignidades tornaram-se, deste modo, a base da interpretação astrológica.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Biblioteca II: Eduardo Gamaglia - Astrologia Hermetica


  Apresento aqui algumas sugestões para uma biblioteca astrológica. Contudo, como critério de coerência, não irei apresentar nenhum livro que não tenha lido. O objectivo é sobretudo apresentar títulos que permitam aprofundar os conhecimentos astrológicos e que, por norma, não sejam os mais comuns. Um dos piores erros em que pode cair um astrólogo é cingir-se ao superficial e cair no lugar-comum e na frase-feita. Deve-se portanto procurar como se nunca nada se encontrasse. Um livro lido deve assim servir de ponte para o seguinte.



Gramaglia, Eduardo, Astrologia Hermetica: Recobrando el Sistema Helenistico.
Buenos Aires: Editorial Kier, 2007
ISBN: 9789501741131
Páginas: 400
Preço: 39€


Comentário

  O livro de Eduardo Gramaglia apresenta um outro lado, não menos importante, no estudo da Astrologia Helenística: a aplicação contemporânea das técnicas antigas. Neste livro, encontramos uma renovada práxis do sistema astrológico helenista, nomeadamente o de matriz hermética, ou seja, este é um texto que, sem ignorar a abordagem teórica, foca-se na utilização astrológica dos princípios antigos. Gramaglia mostra assim, através de exemplos, como as técnicas astrológicas, expressas pelos vários autores antigos, podem e devem continuar a ser experimentadas.

  A principal fonte de Gramaglia é a Antologia de Vétio Valente. Ora esta opção define a vertente hermética do texto e contrasta com o modelo exotérico de Ptolomeu. Esta distinção, que já abordámos em Para uma Leitura dos Textos Astrológicos Gregos e Latinos, apresenta aquela que seria a principal tradição astrológica na Antiguidade e a que marcou a revolução horoscópica do sistema greco-egípcio face à astromancia mesopotâmica. Foi a passagem de um sistema de manteía para um lógos astrológico que permitiu que hoje se defenda que a astrologia é uma forma de linguagem, uma representação do humano e do universo, e não uma técnica oracular. No entanto, como o próprio Gramaglia afirma, referindo-se a uma mesma opinião de Robert Schimdt, a astrologia não se desenvolveu através de séculos de observações empíricas, mas essa integridade e coerência foi obra de um  homem ou de uma escola de homens (p. 16). Naturalmente, estão-se a referir a Hermes e à escola hermética. Gramaglia diz também que, no século IV AEC, o corpus astrológico já se apresentava como um sistema organizado (p.17). 

  Estes aspectos levantam, todavia, algumas dúvidas. Por um lado, não podemos falar de uma creatio ex nihilo, pois existem diversos factores que colaboraram para a génese da astrologia horoscópica e genetlíacal, nomeadamente, o multiculturalismo do império de Alexandre, as tradições astronómicas e mitológicas e a permeabilidade ao contexto filosófico, especialmente, ao estoicismo, platonismo e pitagorismo e, por lado outro, fixar, no século IV AEC, essa estabilidade textual e sistemática parece algo forçado, pois seria mais prudente colocar esse processo entre os séculos III AEC e I EC. No entanto, a tese principal deveria ser comummente aceite, pois tudo indica que a génese astrológica provenha de uma escola hermética. A referência constante aos antigos ou aos antigos egípcios como autoridade prova, de facto, esse mesmo legado. 

  No século I EC, nomes como Critodemo, Teucro ou Trasilo revelam-se, através dos testemunhos e fragmentos, como continuadores desse linhagem, que, por sua vez, passará para Vétio Valento, Fírmico Materno e Paulo de Alexandria. No entanto, depois do legado de Hermes, encontramos, entre o fim do século II e o início do I AEC, os principais transmissores dessa tradição hermética. Nechepso e Petosíris, um faraó e um sacerdote egípcios, são, depois da fundação da astrologia, a base dessa linhagem. Gramaglia, embora force um pouco a tese de uma completa formação astrológica no século IV AEC, é fiel a esta linhagem e ao sentido profundo que ela indica. 

  O livro está dividido essencialmente em duas partes: a primeira é uma introdução à astrologia helenística, aos seus princípios, e a segunda, a maior, consiste na exposição das técnicas interpretativas e preditivas. No primeiro capítulo, que aborda os planetas e as suas significações, Gramaglia defende que a relação entre os planetas e os deuses foi, de um ponto vista filosófico, iniciada pelos pré-socráticos e continuada por Platão. Ora essa relação, que também podemos encontrar na Astronomica de Manílio, serve de alicerce conceptual - e também metafísico - de todo o sistema astrológico. A natureza dessa fundamentação, seguindo os princípios da astrologia helenística e hermética, leva a que os planetas trans-saturninos não tenham de ser excluídos por si só, pois seguem essa uniformidade significativa entre planetas e deuses, entre elementos físicos e ideias. Deve contudo ser contextualizada a sua acção tanto pela distância face à Terra como pela duração temporal dos seus ciclos. Esta posição, expressa por Gramaglia e tendo por base os princípios da astrologia de raiz hermética, difere da posição radical de alguma astrologia tradicional. 

  No capítulo 2, que concerne aos signos zodiacais, Gramaglia mostra que o Zodíaco Tropical serviu mais de resumo de significados, unindo as constelações às divisões em dia e noite, estações do ano e idades do humano, do que uma adopção de um modelo alternativo e sobretudo exclusivo. Um exemplo que demonstra que a visão sideral dos astrólogos antigos era mais abrangente que o que se possa pensar é o recurso à paranatellonta. No capítulo 3, trata-se dos 5 modelos de regências: domicílio, exaltação, triplicidade, termo e decanato. Neste capítulo, faltou, no entanto, a regência por monomoiría. No quarto capítulo, estuda-se o sistema por segmento, haíresis, ou seja, a importância do dia e da noite, do Sol e da Lua, na análise das regências. Neste capítulo e no seguinte, acerca da herança babilónica e do ciclo das fases solares, Gramaglia demonstra a relevância das fases heliacais dos planetas, sobretudo as de Mercúrio e Vénus, no estudo de uma natividade, algo que hoje quase que deixou de ser utilizado, mas que serve, por exemplo, para determinar se Mercúrio assume um carácter masculino ou feminino. Os capítulos seguintes, 6, 7 e 8, apresentam, respectivamente, os aspectos, as casas e as partes. Neste último, encontramos a lista das partes utilizadas por Vétio Valente, mas também a divisão por dodekatemoira. A primeira parte termina com um capítulo sobre a Lua, que, devido à sua importância na Antiguidade, merece um tratamento mais aprofundado.

  A segunda parte é, porém, a mais relevante, pois é, ao longo dos seus três capítulos, 10, 11 e 12, que, de facto, a astrologia helenística de raiz hermética se revela um sistema actual e pragmático, tanto as técnicas de interpretação como as de previsão apresentam-se como modelos teóricos e conceptuais passíveis de contribuírem para uma melhor prática astrológica. O capítulo 10 define uma metodologia interpretativa do tema natal, para tal compara, em primeiro lugar, o método de Doroteu com o de Vétio Valente. A última parte do capítulo explora um método complementar de Valente baseado em quatro partes: a Parte da Fortuna, a Parte do Espírito, a Parte de Exaltação e a Parte da Base. O capítulo seguinte, aquele a que Gramaglia dedicou um maior número de páginas, é o mais complexo. No entanto, mediante o recurso a exemplos, a mapa natais específicos, o autor conseguiu, de uma forma acessível, transmitir ao leitor contemporâneo algumas das técnicas astrológicas mais complexas. O capítulo 11 é denominado de Pronoia: o Sistema Preditivo. Ora o termo grego  πρόνοια tem aqui tanto o sentido mais imediato de previsão como também o de providência. Este último aproxima, por exemplo, a astrologia da concepção estóica de destino. Gramaglia, no início do capítulo, introduz o problema clássico de conciliar o determinismo com a liberdade, referindo a opção dos astrólogos modernos em traçar tendências e não previsões. Contudo, essa alternativa depressa se torna artificial, pois a questão de fundo precisa necessariamente de uma abordagem filosófica.

  O capítulo 11 inicia a sua exposição dos métodos preditivos com a análise de um conceito fundamental para o desenvolvimento das técnicas em causa, o de Chronocrator, o regente do tempo. Este conceito resulta naturalmente de uma filosofia do tempo, de uma atribuição de valor a um determinado momento, o que conduz naturalmente a uma visão espiritual e esóterica. O tempo torna-se electivo e os gregos tinham um termo para esta consciência temporal: καιρός, o tempo certo ou o momento oportuno. Gramaglia analisa, de seguida, seis técnicas preditivas. Convém antes de mais fazer a mesma ressalva que faz o autor. Os trânsitos não são para o astrólogo antigo um método independente, mas sim o complemento de outras metodologias.  A razão prende-se ao facto de os trânsitos resultarem da acção dos ciclos planetários sobre a natividade e não de uma distribuição a partir dela. 

  A primeira técnica descrita é a profecção, cujo termo vem do latim proficiscor - avançar, marchar. Esta, bem como os outros métodos, sustenta-se numa ideia muito cara à astrologia helenista que é expressa pelo verbo grego έκβάλλω, ou seja, lançar ou liberar. No caso da profecção, por cada ano, uma determinada posição, seja ela a de um planeta, ponto na eclíptica ou parte, é lançada para o signo seguinte e não necessariamente para os 30° seguintes, pois esta fixa-se num sistema de divisão de casas de casa-signo, o que implica uma mudança de casa. O método seguinte é aquele que conjuga os ciclos planetários com os tempos de ascensão. Este, pela sua complexidade, é quiçá o método que melhor conjuga a astrologia com astronomia antiga, pois o cálculo dos tempos ascensão, baseados na obliquidade da eclíptica, mostra o quão próximas são as duas formas de conhecimento. 

  O terceiro método é o da aphesis e do cálculo do arco da vida. Esta técnica é a que mais mal-entendidos tem gerado, pois tem levantado questões éticas em relação a possibilidade do astrólogo calcular o termo da vida. Gramaglia defende que o fim do arco da vida ou a intercessão deste por um anareta, um destruidor, aponta mais para uma perda de vitalidade que para a morte do nativo. No entanto, a teoria afética tem uma aplicação mais abrangente que o mero cálculo da duração da vida e mesmo esta não deve ser desprezada com base num mero preconceito contemporâneo. O astrólogo não deve cair na tentação de dizer que é tudo bom, pois as crises, a destruição e a morte também fazem parte da vida.

  O quarto método é designado por Gramaglia de Diairesis: A Subdivisão dos Períodos Planetários. Ora o termo grego διαίρεσις tem o sentido de divisão, distribuição ou distinção e, neste caso, indica uma divisão e distribuição dos períodos planetários, em especial, dos períodos médios. Na análise deste quarto método, encontramos duas técnicas bastante interessantes: a circunvolução e a divisão do tempo a partir das partes da fortuna e do espírito. Esta última técnica, que Gramaglia apresenta em pormenor e com exemplos práticos, pode surpreender o astrólogo que a desconheça pelo seu potencial, tanto que deve ser conjugada com o tema da fortuna. O procedimento de fazer da Parte de Fortuna o Ascendente, o que aliás pode ser feito com qualquer parte, ponto ou astro, revela que a natividade era para a astrologia helenística - e em particular para a de tradição hermética - uma estrutura dinâmica.

  O quinto método, embora tenha a denominação medieval de Decénios (lat. decennium), ou seja, uma divisão em décadas, pode ser encontrado em Vétio Valente, Fírmico Materno e Heféstion de Tebas. É um método mais simples que os anteriores, mas com uma estrutura coerente e facilmente aplicável. O sexto e último método refere-se à Revolução Solar, que, na verdade, chega até nós por via da astrologia árabe, em especial, pelo contributo de Abū Ma'shar. No entanto, embora não tenhamos um texto antigo com uma metodologia para esta técnica, podemos encontrar nos textos várias indícios e referências, nomeadamente em Doroteu e em Vétio Valente.  O termo grego para este método é άντιγένεσις. A Antigénesis não é, todavia, um método que seja independente, ela surge, em particular, em combinação com a profecção. Valente descreve, por exemplo, a necessidade de se produzir a Antigénesis de forma observar-se a Revolução Lunar que ocorre no mês solar natal. Esta não é, porém, uma técnica tipicamente helenística.

  No último capítulo, Gramaglia explora os temas mais comuns numa consulta astrológica, seguindo as técnicas enunciadas pela tradição hermética da astrologia helenística. O primeiro tema é o do casamento, no qual podemos encontrar, por exemplo, as partes do casamento de Vétio Valente e de Paulo de Alexandria e a relação entre os amores ocultos e as fases solares. O segundo tema é o dos filhos. Neste ponto, analisa sobretudo a metodologia de Paulo de Alexandria. O terceiro tema é o da vocação ou profissão, que explora separadamente as posições de Paulo de Alexandria, Heféstio de Tebas, com referências directas a Doroteu de Sidon, e Fírmico Materno. O último tema é o da espiritualidade e do estado interno do nativo. Gramaglia esforça-se - e bem - por mostrar que, contrariamente a uma visão mais estreita que tende a persistir, a astrologia antiga, em especial, a hermética, abarca a espiritualidade. O recurso, por exemplo,  à Parte do Espírito, às fases heliacais ou ao eclipse pré-natal pode revelar-se bastante elucidativo. 

  Em suma, o livro Astrologia Hermetica: Recobrando el Sistema Helenistico de Eduardo Gramaglia é um importante contributo para o estudo da astrologia, pois ajuda a desmistificar alguns preconceitos, mostrando, nomeadamente, que a astrologia dita tradicional não é toda igual e que o sistema hermético é aliás bastante actual e, por outro lado, torna acessível uma forma de astrologia que tende a ser considerada erudita e académica, quando, na verdade, está ao alcance de todos.